quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PODE A PARAPSICOLOGIA EXPLICAR A FÉ?

Marcos Bueno

A parapsicologia tem dado certa contribuição para esclarecer alguns fenômenos paranormais, que à primeira vista podem ser percebidos, equivocadamente, como sobrenaturais. A própria Igreja exige que tudo, em se tratando de fenômenos e grandes milagres sejam postos à prova científica, antes de dar a palavra final de reconhecimento.

A parapsicologia como ciência no campo na paranormalidade, colaborou para desvendar os fenômenos como telecinesia, hiperestesia, telergia etc., que explicam os casos da psicografia, adivinhações, mediunidade, assombrações, entre outros casos curiosos. Outra contribuição positiva é na área da psicoterapia.

Porém, o discernimento sobre as afirmações de alguns expoentes da parapsicologia se faz necessário, em vista da perplexidade causada a muitos católicos. Quando a parapsicologia extrapola seu campo de atuação, inevitavelmente incorre em sérios erros com as questões relacionadas à religião. Compete à parapsicologia investigar o campo da paranormalidade, concernente aos fenômenos da mente humana. Contudo, não lhe compete adentrar nas questões de fé e nem no campo do sobrenatural, que pertencem ao Sagrado Magistério da Igreja.

A pretensão de dar explicações fora de sua alçada, alguns parapsicólogos, particularmente os ligados ao Centro Latino Americano de Parapsicologia (CLAP), tendo como diretor o padre Oscar Quevedo SJ, resultou na propagação de sérias contradições com a Fé Católica, que são abordadas neste texto, à luz do Catecismo da Igreja Católica (CIC).

Além de outras fontes utilizadas, o Catecismo da Igreja (1992) aqui é considerado a principal referência para as questões da fé, nesta abordagem: “É uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento válido e legítimo e como uma norma segura para o ensino da fé” (João Paulo II. CIC, Introdução).

A propósito, apresentamos um confronto entre padre Quevedo e o Catecismo da Igreja. “O "Catecismo da Igreja Católica", aprovado pelo Papa João Paulo II, não era para ser publicado [...] O Catecismo da Igreja Católica, como tal, não tem valor dogmático e certamente muita coisa poderá ser modificada” (Quevedo 1).

As afirmações do padre Quevedo e de parapsicólogos ligados a ele são de amplo conhecimento público, através das inúmeras participações nas redes de televisão, livros, artigos e cursos realizados em muitos lugares.

Em síntese, são seis tópicos em exposição, que representam os temas de maior relevância, o que negam e o que afirmam tais parapsicólogos, em franca oposição com a Igreja.

1. Negam que a alma se separa do corpo no momento da morte

A Igreja afirma justamente o contrário, confirmando a própria Sagrada Escritura (I Rs 17, 21; Lc 23,43; At 20, 10), que a alma se separa do corpo no momento da morte, passa pelo juízo particular (Hb 9, 27) e vai para eternidade, diretamente para o céu, ou se purifica antes no purgatório, ou vai para o castigo eterno (CIC 1030 – 1037). Ora, se a alma não se separasse do corpo na morte, onde ou em que estado ficaria?

Pe Quevedo 1: Não existe em nenhum momento, alma sem corpo nem corpo sem alma, portanto, na hora da morte, o ser humano ressuscita e assim nunca deixa de ser um ser individual de corpo e alma, como prega o credo católico.

[...] Nunca. Nunca. Nunca o corpo se separa da alma 2

Márcia Côbero, parapsicóloga 9 : Não há separação de corpo e alma na morte. Somente uma nova correlação entre corpo e alma.

Catecismo da Igreja n.º 997: Na morte, que é a separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao que a sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida ao seu corpo glorificado.

N.º 366 [...] ela não perece quando da separação do corpo na morte, e se unirá novamente ao corpo quando da ressurreição final.

N.º 1005: [...] Nesta partida que é a morte, a alma é separada do corpo. Ela será reunida ao seu corpo no dia da ressurreição dos mortos.

A alma, sendo de natureza espiritual e imortal (CIC n.º 364) é criada e dada por Deus ao indivíduo, mas não é produzida pelos pais, como ocorre com o corpo (CIC n.º 366). Nas palavras de padre Quevedo e de Márcia Côbero, se percebem ambigüidades quanto ao conceito de alma humana. A crença de que a alma não se separa do corpo na morte, inevitavelmente remeterá a outros erros na área da escatologia, como está exposto mais adiante.

2. Afirmações heréticas sobre Purgatório, Vida Eterna e Ressurreição da Carne.

Em matéria de escatologia, alguns parapsicólogos do CLAP seguem à risca a linha do teólogo Renold Blank, cujas teses são questionadas por Dom Estêvão Bettencourt 4. Blank se apóia nos achados da parapsicologia para sustentar suas teorias, enquanto tais parapsicólogos encontram nas teorias de Blank elementos que acomodam suas teorias. O que um fala, outro repete: que não haverá a segunda vinda de Cristo 5, não existe purgatório, nem inferno e nem ressurreição da carne, na forma como crê e ensina o Sagrado Magistério.

Renold J. Blank 6, sobre o purgatório: Portanto, quando após o 8º dia, com um corpo mais glorioso ou ressuscitado do que físico e mortal, no bebê, como no pagão, o corpo deixará de atrapalhar e suas almas terão plena manifestação do conhecimento paranormal e conhecerão plenamente a doutrina cristã, e poderão escolher com pleno conhecimento de causa. O Purgatório tem que ser, entre o 8º e 21º dias após a morte. Na eternidade não há tempo nem modificação. A Purificação não é questão de tempo.

Catecismo da Igreja, n.º 962: Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja.

(n.º 1031): Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham a garantida a sua salvação eterna, passam, após a morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do Céu.

(n.º 1479): Uma vez que os fiéis defuntos em vias de purificação também são membros da mesma comunhão dos santos, podemos ajudá-los obtendo para eles indulgências, para libertação das penas temporais devidas por seus pecados.

São Francisco de Sales, doutor 7: As almas ali vivem uma contínua união com Deus; querem permanecer na forma que agrada a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

Blank tenta explicar o purgatório reduzindo todo o mistério da doutrina numa simplória alusão aos desenlaces cerebrais durante o estágio da morte. Com isso acaba negando o purgatório como um estado da Igreja (Igreja Padecente). Nega direta ou indiretamente a doutrina das indulgências aplicadas aos fiéis defuntos, tal como é (CIC n.º 1471; DI), já que para o autor, com 21 dias acaba o “purgatório”, não importando qual a necessidade das penas expiatórias, não importa “se é pagão ou um bebê”, e assim subtrai a crença da necessidade do tempo de expiação, concedido pela misericórdia de Deus a cada indivíduo.

João Paulo II, Papa 8: A Igreja do Céu, Igreja da Terra e Igreja do Purgatório estão misteriosamente unidas nesta cooperação com Cristo para reconciliar o mundo com Deus.

Márcia Côbero, parapsicóloga 9: “Depois da morte, o ser humano passa por vários estágios de uma possível conversão [...] A morte é apenas mais um processo de transformação da nossa energia corporal”.

(...)23 A morte é um processo. Entre a morte clínica, atestada pelo médico, e a morte real (quando não existe vida em mais nenhuma célula) em média há um período de mais ou menos 21 dias. Esse é o "período" do purgatório. Como já afirmei, na eternidade não há tempo. O tempo de conversão tem realmente que ser antes da morte real.

Márcia Côbero, assim como Blank, defende uma teoria que não se sustenta diante da Igreja, pois, na morte encerra-se o tempo de livre escolha e o tempo conversão (CIC n.º 1013; 1021). Não há mais conversão após o Juízo Particular, e sim purificação no purgatório. A sua expressão “processo de transformação da nossa energia corporal” revela uma hermenêutica muito estranha ao Magistério da Igreja.

Padre Quevedo, sobre a ressurreição da carne 10: [...] na hora da morte, o ser humano ressuscita e assim nunca deixa de ser um ser individual de corpo e alma, como prega o credo católico: “creio na ressurreição da carne e na vida eterna. [...] Eu admiro a fé dos cristãos, mas no Brasil, quando os padres rezam o Creio, se diz: "... creio na ressurreição da carne...", me dá uma vontade de levantar os olhos e dizer: Eu não... E continuar rezando. Em grego, a palavra que está na oração não significa carne, significa ser humano. "Creio na ressurreição do homem...", não da carne. [...] Com Cristo, havia um motivo especial para que ressuscitasse precisamente aquela energia corporal [...] Cristo ressuscitou aqui, no plano material, e depois "subiu aos céus", foi para o Pai (plano sobrenatural); mas conosco, ressuscitaremos não aqui, mas na eternidade, no plano sobrenatural.

Catecismo da Igreja n.º 997 – 999: Na morte, que é a separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao que a sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida ao seu corpo glorificado. Deus na sua onipotência restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus. [...] todos ressuscitarão com próprio corpo, que tem agora.

As afirmações do padre Quevedo afrontam acintosamente com os ensinamentos da Igreja.

Quevedo 10: À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. A mesma alma, com o mesmo corpo, embora em outra situação: um corpo "espiritual". Nem por um instante a alma é separada do corpo. Isto é sobrevivência na ressurreição [...] Há todo um processo para a ressurreição. Nós não morremos num instante. Entre a morte clínica e a morte real (morte de todas as células) há alguns dias, em que vamos morrendo e ao mesmo tempo ressuscitando. Ou seja, vamos abandonando um corpo corruptível e ressuscitando num corpo incorruptível. Vamos deixando um corpo físico e ressuscitando num corpo espiritualizado.

Examinando as expressões “corpo incorruptível” e “corpo espiritualizado”, pode até parecer estar de acordo com o credo católico. No entanto, para a Igreja, corpo incorruptível significa corpo ressuscitado, glorificado, condição prometida para os redimidos no último dia (CIC n.º 989). Na concepção do padre Quevedo esse corpo espiritualizado não é um corpo carnal glorificado, já que o mesmo afirma que “que vamos morrendo e ao mesmo tempo ressuscitando”.

3. Negam a existência de dois juízos: Particular e o Juízo Final.

O Juízo Particular e o Juízo Final são pontos altos na escatologia. Negá-los, é negar a verdade como tal. Matéria grave de heresia.

Padre Quevedo 11: Durante séculos todo o povo como também todos os teólogos e filósofos cristãos pensaram, e ainda hoje a maioria pensa, que haverá dois juízos, o Juízo Particular e o Juízo Universal ou Juízo Final. [...] Juízo Particular seria quando cada um morre. E Juízo Final seria após uma Ressurreição Universal que pensavam que seria no fim do mundo (?!): "Ao som das trombetas" (?!) surgiriam dos túmulos todos os corpos (?!) dos mortos para unirem-se às suas almas que teriam estado separadas (?!) dos corpos, "esperando" (?!) na Eternidade. Tal opinião de dois Juízos é uma coleção de absurdos, aos que há que acrescentar o absurdo de atribuir a Deus dois julgamentos, pois Deus não troca seu julgamento. Além do mais é contraditória com o próprio conceito que os teólogos e filósofos cristãos sempre tiveram de Eternidade, sem tempo nem modificação.

Catecismo da Igreja n.º 1022; 1038: Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo [...]. A ressurreição de todos os mortos, dos justos e dos injustos, antecederá o Juízo Final. Este será a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão [...] O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo.

O Catecismo não está usando parábolas nem metáforas nem simbolismos. É a voz clara e objetiva da Igreja de Cristo. É a voz da infalibilidade do Papa. “Mas, quando vier o Filho do homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18, 8b).

4. Negam a existência de demônios.

Outro problema grave. Neste ponto não estamos referindo aos fenômenos paranormais, que às vezes são atribuídos aos espíritos malignos. Mas sim quanto à afirmação de que não existem demônios nem satanás.

Padre Quevedo 12: Lúcifer não tem nada a ver com anjo rebelde e nem com Príncipe dos Demônios. A palavra Lúcifer significava a estrela da manhã, a estrela que mais brilha no céu a noite, e hoje sabemos que é o planeta Vênus [...] Portanto, na Bíblia, Satã nunca designa um ser que possamos considerar um demônio no sentido, errado, tão difundido entre os cristãos de um ser sobre-humano e perverso. Não significa um ser, mas sim a própria inimizade com Deus, o que afasta o homem de Deus.

Catecismo da Igreja n. 2851; 2852: O mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus [...] Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira, Satanás, sedutor de toda a terra habitada, foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota definitiva que a criação inteira será liberta da corrupção do pecado e da morte.

Padre Quevedo 12: Não é verdade que na Bíblia se revele a condenação de Satã e seus anjos rebeldes. Na realidade, nada há de Revelação na Bíblia a respeito de guerra e queda de demônios, como temos visto nestes artigos. E veremos em outra oportunidade que não há absolutamente nenhum Dogma de Fé a respeito de demonologia. Nem pode haver, precisamente porque a demonologia não faz parte da Revelação.

Catecismo da Igreja, n. 391: A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste anjo destronado, chamado Satanás ou diabo. A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente anjo bom, criado por Deus [...] Com efeito, o diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em (sua) natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa.

O Próprio N. S. Jesus viu Satanás cair do céu como um raio (Lc 10, 18). Na segunda carta de S. Pedro, cap. 2, vers. 4, o Apóstolo ensina que Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno. O Padre Quevedo não se intimida em contestar às Sagradas Escrituras e ao Magistério.

Negar a existência de espíritos malignos pode levar direta ou indiretamente a negar também a existência dos anjos, verdade de fé que a Igreja obriga a crer (CIC, 328): “Essas forças da natureza e do homem, quando em si mesmas benfazejas ou trazem benefícios, podem também ser representadas por Anjos de Deus.” (Quevedo 12).

Com efeito, negar a existência do tentador, autor do pecado e pai da mentira, o diabo, é também insinuar lacunas sobre a necessidade do sacrifício redentor de Cristo, pois Ele veio também para destruir as obras de satanás, mentor do pecado original.

5. Negam a possibilidade da possessão e das opressões demoníacas.

A Igreja afirma a realidade das possessões ou opressões, corroborando com o que está nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, recomendando, inclusive, o rito de exorcismo (Cân. 1172; CIC n.º 1673). Ora, se não existisse estes tipos de influência maligna, a Igreja recomendaria exorcismos, como se estivesse mentindo para seu rebanho?

Padre Quevedo 12: De fato, oito vezes os evangelhos usam de modo distinto os termos "doentes" e "endemoninhados". Mas, destes textos não se pode deduzir que a Bíblia pretendesse distinguir entre doentes e endemoninhados. Tal exegese não é válida. Quem fizer tal exegese, ao pé da letra, está adulterando a exegese, também ao pé da letra, bem mais documentada, do que os chamados endemoninhados que são simplesmente doentes. [...] Não pertence à Revelação nem, portanto, à Teologia. Trata-se de fatos observáveis do nosso mundo. Pertence à Parapsicologia dar a última palavra a respeito "dessa experiência natural em torno de diversos poderes" ou fatos incomuns e por isso, misteriosos. Teremos que dar especial destaque às chamadas possessões demoníacas, às tentações, aos exorcismos.

Catecismo da Igreja n.º 1673: É Dele (Jesus) que a Igreja recebeu o poder e o encargo de exorcizar [...] O exorcismo visa expulsar os demônios ou livrar da influência demoníaca, e isto pela autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica.

Por isso, não se pode, absolutamente, generalizar todos os casos como fenômenos paranormais, como defendem os parapsicólogos. O Catecismo distingue possessão das demais doenças. Há muitos sacerdotes, autoridades neste assunto, que não só confirmam a realidade de tais influências malignas, como também atuam no ministério de libertação com muito êxito.

6. Negam as aparições e as revelações particulares de N.S. Jesus, de Nossa Senhora e de Anjos

Aqui se trata daquelas aparições reconhecidas pela Igreja, em que tais parapsicólogos insistem em dizer que não passa de alucinações projetadas pelo inconsciente, e que não existem revelações particulares 13. Observem que os parapsicólogos usam o termo “visões” para suprimir o termo “aparições” 13, como se Deus não tivesse a liberdade de se manifestar como e quando quiser, ou conceder que Nossa Senhora, santos e anjos possam se manifestar por Seu desígnio:

Padre Quevedo13, 5: Não existem aparições, apenas visões a gosto do consumidor.

[...]14: Não se trata de aparições. Todos os presentes veriam e ouviriam. Nem podem atribuir-se a Deus as incongruências e alucinações dos Videntes [...] As visões são em si mesmas naturais [...] Sem revelações, sem segredinhos, sem ameaças.

O argumento de Quevedo de que não existem aparições, porque “todos os presentes veriam e ouviriam” é leviano, pois Deus permite a aparição somente a quem Ele escolhe, para um desígnio determinado.

Neste ponto, a Igreja muitas vezes fala explicitamente em aparições ou manifestações 15; 16; 17, como nos casos de Jesus à Santa Faustina, o Papa João Paulo II sublinha os diálogos entre Jesus e a Santa, considerando-as como revelações particulares18; o Papa Pio XI fala da aparição de Jesus a Margarida Maria Alacoque 19; sobre os acontecimentos em Lourdes e em Fátima, o Papa João Paulo II usa o termo aparições de Nossa Senhora em sua Carta Apostólica 20.

Há contradição quando o padre Quevedo, repetidas vezes argumenta que “Deus assina embaixo com milagres”, para comprovar a autenticidade das visões (e não aparições, como ele insiste). Ora, se são apenas visões, fruto das “incongruências e alucinações dos videntes”, Deus assinaria embaixo?

São, portanto, numerosas referências legítimas em que se encontram a expressão aparição ou manifestação, considerando o teor das mensagens reveladas, particularmente para os casos de Juan Diego de Guadalupe, Ir. Lucia de Fátima, Bernadete Soubirous de Lourdes21, Catarina Labouret de Paris, e outros.

Defende o padre Quevedo que as aparições de Jesus se encerraram na sua ascensão, e da mesma maneira a Revelação terminou com a morte do apóstolo São João14. Afirma que não pode haver mais revelações depois disso. Mas como então o padre Quevedo vê os ensinamentos dos santos Padres e dos santos doutores, após a morte de São João Evangelista, na era patrística, que trazem toda a riqueza da Sagrada Tradição?

Já, a respeito das revelações particulares, quando autênticas, não se tratam de novas revelações que vieram se acrescentar à santa doutrina. Nunca houve essa pretensão por parte de videntes e de tantos místicos da história da Igreja, particularmente daqueles beatificados e canonizados.

A Igreja não obriga crer nas revelações particulares nem nas aparições particulares. Porém, aqueles que sempre se recusam severa e sistematicamente a acolher os sinais concedidos por Deus, pode estar preso ao orgulho que não lhes permitem aceitar com docilidade as intervenções da providência divina.

Considerações

Ficaria bem melhor se a parapsicologia atuasse somente em seus domínios. Sua tarefa é de investigar fenômenos, se há ou não fatores psíquicos intervenientes em cada caso, para que se possa depor em favor da verdade.

Nenhuma ciência pode provar que Deus existe ou que Deus não existe. Da mesma forma a parapsicologia não pode provar se existe ou não existem demônios, purgatório, dons carismáticos, aparições, ressurreição da carne, se Jesus voltará ou não, e tudo mais que se refere ao campo da fé, sobretudo na matéria de escatologia, que só pertence ao Magistério da Igreja.

O que muito nos preocupa é que diante de todas essas e outras evidências contundentes de heresias e de disseminação de ceticismo, a direção do Centro Latino Americano de Parapsicologia (CLAP) afirma estar credenciado pela CNBB2 para promover cursos com apoio da Igreja. Talvez o CLAP esteja exagerando na propaganda. Confiamos no zelo apostólico da CNBB.

Infelizmente, como as teorias do padre Quevedo, como a do CLAP, foram amplamente disseminadas, resta agora a tantos católicos no Brasil e no mundo discernir com quem está a verdade, e escolher qual doutrina seguir:

a da Igreja, ou a do CLAP.

Notas:

1. http://oepnet.sites.uol.com.br/Duvidas.htm . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

2. http://lenilsonazevedo.com/?p=2435 . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

3. Oscar Quevedo: Jornal Pulsando, n. 438, pg. 14.

4. http://www.pr.gonet.biz/search.php?search=renold%20blank&onde=keyw&topic=Pergunte%20e%20Responderemos . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

5. http://joseboy.spaceblog.com.br/1081760/PADRE-QUEVEDO-NEGA-A-REENCARNACAO-A-EXISTENCIA-DO-DIABO-E-A-SEGUNDA-VIDA-DE-CRISTO/ . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

6. Textos extraídos do livro: "Escatologia da Pessoa – Vida, Morte e Ressurreição" – Editora Paulus. Fonte: http://oepnet.sites.uol.com.br/purgatorio.htm

7. O Breviário da Confiança. Mons. Ascânio Brandão, Ed. Rosário, Curitiba, 1981, apud Escola da Fé – I Sagrada Tradição, Felipe Aquino, Ed. Cleófas, 2000. Lorena – SP.

8. Reconcioliatio et poenitentia, 12.

9. Prof. Marcia Cobêro. Jornal do Evangelizador do Pe Reginaldo Manzotti, n.º 49.

10. http://oepnet.sites.uol.com.br/a_ressurreicao_do_homem.htm . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

11. http://oepnet.sites.uol.com.br/juizo_final.htm . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

12. http://oepnet.sites.uol.com.br/demonologia.htm . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

13. http://www.fimdostempos.net/padrequevedo.html . Acesso em 09 de fevereiro de 2012.

14. Oscar Quevedo. Nossa Senhora de Guadalupe: O olhar de Maria para a América Latina. Coleção Lições e respostas do CLAP, N. 01, pg. 07, 08, 17, 19, 20.

15. Liturgia das Horas: próprio dos santos - 11 de fevereiro, no comentário inicial, 2004.

17. Bento XVI: homilia na procissão das velas, em Lourdes, dia 13.09.2008.

18. Pio XII, Carta Encíclica Le Pélerinage de Lourdes, 1957.

19. Homilia do Papa João Paulo II, durante a Canonização de Santa Faustina, em 30 de abril de 2000.

20. Miserentissimus Redemptor, Pio XI.

21. Rosarium Virginis Mariae, n.º 7 - Introdução.

22. Decreto De Tuto para a canonização de santa Bernardete, 2 de julho de 1933: AAS 25(1933), p. 377.

23. Reposta dada pela Márcia Côbero por e-mail, em 29/11/2011, sobre a matéria publicada no Jornal do Evangelizador do Pe Reginaldo Manzotti, n.º 49.

Sigla:

DI - Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências, do Papa Paulo VI, 1967.

Marcos Bueno

RG. 4354595-7

Professor de Administração na FECEA.

Leigo, participante da Renovação Carismática Católica.

Paróquia da Catedral – Diocese de Apucarana – PR.

e-mail: marcos-20-09@uol.com.br



2 comentários:

  1. Apesar da riqueza de detalhes e de algumas denúncias realmente pertinentes, o artigo deixou a desejar quanto à investigação do especialista que se deseja enquadrar.

    Um exemplo claro está no item 6, onde se afirma que Quevedo nega as aparições de Nossa Senhora e de revelações particulares, enquanto se usa como base para tal um livro seu, "Nossa Senhora de Guadalupe", onde ele afirma ostensivamente sua perplexidade pelos fatos. Houve uma má compreensão da parte do autor deste artigo, dado que Quevedo sempre distingui "alucinação" de "aparição" no sentido de descrever que nestes VERDADEIROS milagres (como o de Fátima), Nossa Senhora não apareceu de modo natural, de corpo comum e igualmente visível para todos, mas como uma alucinação DIVINA. É um termo técnico para especialistas, mas livre de maiores dificuldades para quem realmente está interessado no que está lendo.

    A propósito, o supracitado padre é especialista em milagres, e mais ainda nos de Guadalupe e do manto de Turim. Estive com ele em abril, quando recitava em espanhol um hino guadalupano, embevecido por sua memória e com olhos lacrimejantes. Jamais me esquecerei.

    Abraços.

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  2. Apesar da riqueza de detalhes e de algumas denúncias realmente pertinentes, o artigo deixou a desejar quanto à investigação do especialista que se deseja enquadrar.

    Um exemplo claro está no item 6, onde se afirma que Quevedo nega as aparições de Nossa Senhora e de revelações particulares, enquanto se usa como base para tal um livro seu, "Nossa Senhora de Guadalupe", onde ele afirma ostensivamente sua perplexidade pelos fatos. Houve uma má compreensão da parte do autor deste artigo, dado que Quevedo sempre distingui "alucinação" de "aparição" no sentido de descrever que nestes VERDADEIROS milagres (como o de Fátima), Nossa Senhora não apareceu de modo natural, de corpo comum e igualmente visível para todos, mas como uma alucinação DIVINA. É um termo técnico para especialistas, mas livre de maiores dificuldades para quem realmente está interessado no que está lendo.

    A propósito, o supracitado padre é especialista em milagres, e mais ainda nos de Guadalupe e do manto de Turim. Estive com ele em abril, quando recitava em espanhol um hino guadalupano, embevecido por sua memória e com olhos lacrimejantes. Jamais me esquecerei.

    Abraços.

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