sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Deve a Igreja “intervir” na sociedade moderna ou abster-se?


Fonte: Zenit via http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/35647
“Por que não podemos prescindir da voz da Igreja?”, propõe como reflexão dom Charles Morerod, bispo de Lausanne, Genebra e Friburgo e vice-presidente da Conferência Episcopal Suíça.

“Numa sociedade pluralista como a suíça, perguntamos se a Igreja ainda deve intervir publicamente ou abster-se. Esta pergunta afeta, evidentemente, cada Igreja e cada religião, mas aqui a formulamos em referência à Igreja católica”, começa a mensagem.
O texto afirma que “falar de intervenção pública não significa limitar-se às declarações dos bispos; está envolvido cada ato realizado por pessoas movidas pela fé. Ser cristão deve produzir efeitos; do contrário, não significa nada. Se o cristão crê que Deus ama imensamente os homens, ele então se sente chamado a fazer o mesmo, manifestando o amor na atenção para com aqueles que ninguém leva em consideração e no perdão até o ponto de amar os inimigos”.
A mensagem lembra ainda que “o perdão e a integração do mais fraco são essenciais à existência de uma comunidade humana unida. Se percorremos a história prestando atenção a este aspecto, veremos até que ponto o evangelho plasmou a nossa sociedade”.
Um recente estudo nacional, diz dom Morerod, revela que grande parte dos suíços considera positivo o impacto das Igrejas (não só da católica), pelo menos sobre os marginalizados.
Ele explica que “as posições assumidas pelos cristãos não são meramente individuais, porque o ser humano vive em sociedade e a fé integra essa dimensão comunitária”.
Morerod recorda que “se o comportamento dos fiéis, incluindo, obviamente, o clero, às vezes não corresponde ao do evangelho, isto não significa que esse evangelho não deva ser anunciado. Muito pelo contrário: devemos anunciá-lo a nós mesmos e aos outros, como fonte de renovação oferecida por Deus, possível de ser acolhido pela nossa liberdade. Sem uma constante renovação, a fé e as suas consequências práticas desaparecem e corremos o risco de que elas se percam”.
A seguir, o bispo cita exemplos do que a visão cristã da vida pode oferecer à sociedade: o homem não é apenas matéria, de modo que uma perspectiva puramente materialista não basta para fazê-lo feliz; o cristianismo nos convida a ir além do egoísmo e nos lembra que a vida terrena não é a única perspectiva; conhecer o fator religioso nas suas raízes é importante para o nosso mundo; conhecê-lo a partir de dentro favorece a nossa percepção do próprio mundo; uma visão religiosa contribui para o diálogo com outras religiões.
A mensagem conclui: “Se os bispos se manifestam publicamente sobre assuntos da sociedade, não é apenas para instruir a fé dos católicos, mas também para propor a todos a contribuição de uma visão cristã. Nós o fazemos escutando as ideias de outros e esperando ser escutados com a disponibilidade que se espera de uma sociedade democrática”.

Governo “tenta” minimizar IMPACTO da aprovação da lei que abre forte precedente para o aborto.


Ministros Alexandre Padilha, da Saúde, Gilberto Carvalho, da Secretaria da Presidência, e Eleonora Menicucci, de Políticas para as Mulheres, explicaram a lei à imprensa.Foto: José Cruz / Agência Brasil

Fonte: Terra

Apesar de agora ter força de lei, a oferta de pílula do dia seguinte a vítimas de estupro oferecida por hospitais da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser recusada pelos médicos que atuam nas santas casas de misericórdia, instituições médicas ligadas à Igreja Católica, contrária ao método contraceptivo. Somadas aos hospitais filantrópicos, as santas casas atendem 51% das internações no SUS, segundo o Ministério da Saúde.
“A instituição, o hospital, os serviços credenciados ao SUS, é fundamental, eu tenho certeza absoluta, que todos os serviços credenciados ao SUS não vão se negar a atender de forma humanizada, respeitosa, crianças, adolescentes, homens e mulheres vítimas de estupro. Tenho certeza absoluta disso”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva.
Ele ponderou, no entanto, que a nova lei não afeta a garantia legal que os profissionais de saúde têm de “objeção de consciência”, isto é, podem se negar, de maneira individual, a não realizar o procedimento por não concordar com a práticaInstituições religiosas, sobretudo a Igreja Católica, condenam a pílula do dia seguinte por considerarem o medicamento como abortivo.
Para o presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Etelvino Trindade, a pressão dos profissionais que atuam nas santas casas deverá levá-los a alegar objeção de consciência para negar o procedimento. “Vai haver um problema pragmático real. É claro que vai acontecer”, avalia. Institucionalmente, os hospitais não poderão se negar a prestar os procedimentos estabelecidos em lei.
Trindade observa ainda que as santas casas são predominantes em municípios desassistidos por hospitais públicos – onde há uma vulnerabilidade maior das vítimas – e que um descredenciamento da rede SUS por uma eventual desobediência à nova lei não seria uma solução producente. Ele acrescenta ainda que a recusa da aplicação da pílula do dia seguinte em municípios pequenos poderá forçar a jovens que levem adiante uma gestação, já que o medicamento deve ser tomado até 72 horas após o ato sexual.
Procurada, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não atendeu o Terra até a publicação.

CNBB emite nota oficial onde “lamenta” sanção pela Presidente Dilma de Lei que “Facilita a prática do aborto”




A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou no final da tarde desta sexta-feira, 2 de agosto, uma nota oficial sobre a sanção da lei 12.845/2013.
No texto, os bispos lamentam que o Artigo 2º e os incisos IV e VII do Artigo 3º da referida lei não tenham sido vetados pela Presidente da República, conforme pedido de várias entidades.
De acordo com a CNBB, a “nova lei foi aprovada pelo Congresso com rápida tramitação, sem o adequado e necessário debate parlamentar e público, como o exige a natureza grave e complexa da matéria”.
A seguir, a íntegra da nota:
Brasília, 02 de agosto de 2013 P – N – Nº 0453/13
NOTA DA CNBB SOBRE A SANÇÃO DA LEI 12.845/2013
Ao reconhecer a importância e a necessidade da lei que garante o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual (Lei 12.845/2013), sancionada pela Presidente da República, nesta quinta-feira, 1º de agosto de 2013, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB lamenta profundamente que o Artigo 2º e os incisos IV e VII do Artigo 3º da referida lei não tenham sido vetados pela Presidente da República, conforme pedido de várias entidades.
A nova lei foi aprovada pelo Congresso com rápida tramitação, sem o adequado e necessário debate parlamentar e público, como o exige a natureza grave e complexa da matéria. Gerou-se, desta forma, imprecisão terminológica e conceitual em diversos dispositivos do texto, com riscos de má interpretação e implementação, conforme evidenciado por importantes juristas e médicos do Brasil.
A opção da Presidente pelo envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional, para reparar as imprecisões técnicas constantes na nova lei, dá razão ao pedido das entidades.
O Congresso Nacional tem, portanto, a responsabilidade de reparar os equívocos da Lei 12.845/2013 que, dependendo do modo como venha a ser interpretada, entre outras coisas, pode interferir no direito constitucional de objeção de consciência, inclusive no respeito incondicional à vida humana individual já existente e em desenvolvimento no útero materno, facilitando a prática do aborto.
Cardeal Raymundo Damasceno Arcebispo de Aparecida (SP) e Presidente da CNBB
Assis Dom José Belisário da Silva Arcebispo de São Luís (MA) e Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília (DF) e Secretário Geral da CNBB

Arcebispado investiga possível milagre Eucarístico em Guadalajara

Foto da hóstia consagrada publicada pelo site da Arquidiocese de Guadalajara
GUADALAJARA, 02 Ago. 13 / 11:31 am (ACI/EWTN Noticias).- O Vigário Geral da Arquidiocese de Guadalajara (México), Monsenhor Ramiro Valdés Sánchez, informou que a Arquidiocese investiga o possível milagre Eucarístico que teria ocorrido em 24 de julho na paróquia Maria Mãe da Igreja localizada na colônia Jardins da Paz; enquanto isso, a hóstia consagrada não voltará a ser exposta.
Mons. Valdés Sánchez foi instruído pelo Arcebispo de Guadalajara, Cardeal José Francisco Robles Ortega, para que encabece a correspondente investigação.
O fato
O Pe. José Dolores Castellanos Gudiño, pároco da igreja, disse que em 24 de julho, enquanto fazia sua oração ajoelhado diante do Santíssimo, viu um brilho e escutou uma voz que lhe disse: "Toque os sinos para que venham todos, derramarei benções aos que estejam presente e todo o dia. Pega o teu pequeno sacrário de adoração particular e leva-o ao altar da paróquia, coloca também junto ao pequeno sacrário a custódia grande, não abra o Sacrário até as três da tarde, não antes, farei um milagre na Eucaristia, o milagre que se realizará será chamado o 'Milagre da Eucaristia na Encarnação do Amor junto com nossa Mãe e Senhora'... Depois lhe disse que o transmitisse a seus apóstolos (os sacerdotes) para que lhes servisse em sua conversão e que encheria de benções a todas as almas.
O sacerdote, conhecido como Pe. Lolo, disse que não conseguiu falar nada mais que: "meu senhor sou seu servo, faça-se a tua vontade".
Logo fez tudo o que lhe ordenou "e por volta das três da tarde as pessoas que estávamos reunidas, rezávamos uma estação ao Santíssimo Sacramento, quando perguntei se já eram três da tarde e todos me disseram que sim, aproximei-me do Sacrário e ao abri-lo a hóstia consagrada por nosso Senhor Jesus Cristo estava banhada em sangue".
O Pe. Lolo explicou que Jesus quer que se adore seu corpo e seu sangue unidos à Virgem Maria todos os dias 24 de julho. "Escutei também que me disse (a voz) que lhe erigisse nesta comunidade um local onde estivesse à adoração de todas as almas e que se em algum momento querem mandar fazer estudos, podem levar uma parte para fazer todos os estudos que queiram".
Jesus, disse o sacerdote, está aqui presente "e eu transmito somente o que escutei e junto com os que viram o que vi".
A investigação
Mons. Valdés Sánchez indicou que os estudos se farão em Guadalajara. "Primeiro é necessário recolher o testemunho de três pessoas que estiveram no ato, obviamente neste caso, o testemunho do pároco. Depois, é necessário manifestá-lo por escrito.", explicou.
Após esta primeira etapa, disse que "nomeia-se uma equipe técnica de peritos: médicos, químicos, biólogos, pessoas especialistas com técnicas científicas modernas que investiguem a que se deve a cor da Hóstia, se tem uma explicação ou se é inexplicável".
"Enquanto isto ocorre, a Igreja de Guadalajara, através de seu Arcebispo Cardeal indicou que não se exponha ao olhar do povo essa Hóstia e se pede que se guarde em um lugar seguro, em um sacrário", assinalou.
O Vigário Geral recordou que "a doutrina jurídica da Igreja Católica manifesta que quando houver um fato extraordinário, fora do comum, sejam tomadas as devidas precauções para conhecer se o fato pode explicar-se com causas naturais ou se é necessário investigar mais a fundo para conhecer se excede o natural e se constata como um fato milagroso ou não".

A jornada após a Jornada: o que nos restou da fé?

Com o fim da Jornada, uma outra começa. Os nossos jovens estão verdadeiramente dispostos a testemunhar a sua fé ou tudo foi apenas "fogo de palha"?

A Jornada Mundial da Juventude terminou com uma missão aos jovens: "Ide e fazei discípulos entre as nações!" (Mt 28, 19). Esta missão, que também foi o lema da Jornada, está contida na própria essência da fé da Igreja. Quem descobre Cristo e a grandeza de seu amor não pode ficar indiferente ou esconder esta dádiva. Faz como aquele homem que achou um tesouro escondido no campo: "cheio de alegria", ele "vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo" (Mt 13, 44). Em sua encíclica Lumen Fidei, o Papa Francisco escreveu que "quem se abriu ao amor de Deus, acolheu a sua voz e recebeu a sua luz não pode guardar esse dom para si mesmo".
Foi muito bom ver mais de 3 milhões de jovens reunidos em Copacabana. Era praticamente impossível não encher os olhos diante de um testemunho tão belo da vivacidade da Igreja. No entanto, como já dito, a peregrinação ao Rio é só o começo. Se os mesmos jovens que gritavam ser a juventude do Papa não fizerem um encontro real com nosso Senhor Jesus Cristo e não lutarem para manter acesa em seus corações a luz da fé, por meio da oração, dos Sacramentos e do estudo, então, toda esta bela festa terá sido em vão.
Na mesma semana da Jornada, por exemplo, a mídia fez alarde com uma pesquisa que demonstrava que, supostamente, os jovens "católicos" teriam visões opostas às da Igreja em temas cruciais, como a contracepção ou o "casamento" gay01. Pondo de lado a confiabilidade desta pesquisa – encomendada por um grupo abortista –, não é preciso procurar muito para ver que, infelizmente, muitos de nossos católicos não assumem para si os ensinamentos de sua Igreja. De fato, ainda não entenderam que certos temas, especialmente no campo moral, não são opináveis, mas, por fazerem parte do patrimônio de nossa fé ou – para utilizar uma expressão da Lumen Fidei – do "corpo da verdade", são irrenunciáveis. "Precisamente porque todos os artigos de fé estão unitariamente ligados, ensina o Papa Francisco, negar um deles – mesmo dos que possam parecer menos importantes – equivale a danificar o todo".
Daqui surge a importância, especialmente em nossos tempos, do estudo. Afinal, como podemos amar aquilo que não conhecemos? Bento XVI, ao pedir aos jovens que lessem e estudassem o Catecismo, alertou:
"Tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação".
A Jornada foi um grande êxito, mas toda aquela multidão que seguia o Papa está realmente disposta a assumir a missão dada por Cristo de ir ao mundo e anunciar o Evangelho a toda criatura? Todas essas pessoas estão realmente dispostas a remar contra a maré e dizer "não" ao pecado e ao mundo? Ou tudo foi só oba-oba, para encenar uma grande coreografia?
Não podemos simplesmente enfiar a cabeça na areia e fingir que está tudo bem... 3,5 milhões de jovens na praia de Copacabana não dizem nada, se esses jovens não estiverem "enraizados em Cristo e firmes na fé", como dizia o tema da Jornada de Madri. O Reino de Deus começa como um grão de mostarda, não como uma árvore frondosa.
Se quisermos verdadeiramente nos salvar e ajudar nosso Senhor a salvar almas, precisamos entender que toda conversão passa pelo caminho da Cruz. Foi a mensagem de Bento XVI aos jovens em Madri: "Fora de Cristo morto e ressuscitado, não há salvação! Só Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino de justiça, de paz e de amor pelo qual todos aspiram"; foi a mensagem de Francisco aos jovens no Rio: "A Cruz continua a escandalizar; mas é o único caminho seguro: o da Cruz, o de Jesus, o da Encarnação de Jesus."; e é a mensagem perene da Igreja para todos os homens. Não deixemos que a graça divina emanada do sucessor de São Pedro passe por nós sem fruto.
O mundo que aguarda o retorno desses jovens que foram à Jornada não é amigável, muito menos cordial. Pelo contrário, como o lobo que espreita o rebanho de ovelhas, também eles - os inimigos da Cruz - farão qualquer coisa para dissipar a fé e desencorajar a missionaridade cristã, seja com heresias, seja com perseguições. Assim, cabe ao jovem, seguindo os passos do Opúsculo de Hugo de São Vitor sobre o estudo, ser "defensor da reta fé, debelador do erro, e ensinar o bem". E isso requer uma grande humildade, uma entrega total a Deus e à sua vontade, uma vez que, como ensinava Pio XII, "o preceito da hora presente não é lamento, mas ação (...). Pertence aos membros melhores e mais escolhidos da cristandade, penetrados por um entusiasmo de cruzados, reunirem-se em espírito de verdade, de justiça e de amor, ao grito de "Deus o quer", prontos a servir, a sacrificar-se, como os antigos cruzados". Não, jovens, não tenhais medo de abrir as portas para o Senhor. Soldados de Cristo, levantai-vos!
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere

Assista esse vídeo: Como os avançados na vida espiritual podem aumentar a fé?


Troquei Che Guevara por Jesus Cristo, o ateísmo não preenchia meu vazio existencial.



Lilian Kirsten
“Aos 47 anos me dei conta de que Deus existia. Ter que enfrentar essa mudança nessa idade não foi fácil”. Assim descreve sua experiência Lilian Kirsten, uma professora de Matemática chilena que se converteu à fé católica ao descobrir que era filha de Deus e que lhe levou à mudar da rebeldia de seu ídolo Che Guevara pela de São José Maria Escrivá, o Fundador do Opus Dei.
Ao relatar sua conversão, a professora descreve como toda sua vida esteve marcada pelo ateísmomilitante: suas convicções eram atéias, seu esposo era ateu, todos seus amigos eram ateus. “Todo o espiritual, não existia”, confessa. No entanto, no interior de um oratório que havia procurado ao experimentar o que ela chama um “vazio existencial”, irrompeu nela a com ciência da presença do Senhor que lhe transformou a vida e a encheu de felicidade.
Comecei a estudar na década de 70, uma época bastante agitada politicamente. Saíamos com pedras e marchas e muita reunião”, rememora agora na cidade de Concepção. “O Che Guevara era para nós um modelo: era um rebelde que se rebelava contra a injustiça do mundo”.
“Quando penso nessa época, a pessoa humana não tinha nenhum valor para mim. Quando se falava de aborto, essa pessoa para mim não tinha nenhum valor. Além disso, quanto mais pequenininha, menos valor”, revela quando recorda seus anos estudantis. “Era muito egoísta, muito centrada em mim mesma”, reflete hoje Lilian.
O dogma marxista da luta e conflito não era só algo que escutava e sustentava ela nas aulas mas também algo que vivia na intimidade de seu lar, com seu esposo e seus filhos, situação que levou sua família a viver uma permanente situação de insegurança, angústia e desencontros.
“Havia um desencanto. Fazia muitas coisas mas não encontrava sentido nelas. Eu podia viver majestosamente por fora, mas interiormente tinha uma raiva e um vazio interiores imensos. Estava vivendo muito mal. Então é quando aterrizas e se não tens fé, te vem como um “vazio existencial”.
Um primeiro encontro-desencontro com São José Maria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, cuja imagem via nos santinhos que tinham suas alunas durante os exames (“Quem é este senhor, que o teem como algo tão importante?”, se perguntava) conduziu a Lilian, finalmente, a um oratório. Ali, de joelhos, e pela primeira vez…
Veja abaixo o vídeo ( em espanhol)
Fonte: religionenlibertad.com


Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio

A JMJ foi um duro golpe nos que acreditavam no ‘definhamento’ do cristianismo na alma do povo brasileiro.




FRANCISCO E A NAÇÃO NAS RUAS
Percival Puggina

Quanto é oportuna a vinda ao Brasil do Papa Francisco!
O país que ele visitou durante a Jornada Mundial da Juventude se convulsiona num misto de repugnância e angústia. Repugnância diante da realidade política e da despudorada conduta das classes dirigentes; angústia porque não vislumbra alternativas viáveis para reverter essa situação.
Precisávamos muito de que alguém, com elevadíssima autoridade moral, falasse aos corações dos brasileiros num momento em que ocorreu o inimaginável – a nação saiu de sua letárgica paciência e tolerância. Nestas últimas semanas, milhões saíram às ruas. E não foi para pular e dançar, mas para explicitar indignação perante os males que tomam conta do nosso corpo institucional.
Por outro lado, a febricitante acolhida que o Papa recebeu foi um duro golpe naqueles que, intimamente, cantavam vitória ante o que avaliavam como definhamento do Cristianismo na alma do povo brasileiro.
Em nome da laicidade do Estado exigiam que cada brasileiro exonerasse e sepultasse os mais elevados valores de origem cristã plasmados na sua consciência individual. Dedicavam-se a esse trabalho infame como quem engorda rebanho para abate. Mas vimos, por onde o Papa passou, o quanto é vão esse delírio! Jesus Cristo e sua Igreja movem e comovem parcela imensa da nossa gente. Como movem e comovem populações no mundo inteiro.
A fé enraizada na alma do povo resistirá, também aos muitos – e tão influentes! – que cortejam os vícios e debocham das virtudes. Resistirá àqueles que não se cansam de distribuir maus conselhos aos jovens, de atacar por todos os flancos a instituição familiar e de usar os estabelecimentos de ensino para cauterizar e extirpar da alma do povo os sinais de sua fé.
Paulo VI, na encíclica Populorum Progressio, referiu-se à Igreja como mãe e mestra, perita em humanidade. Junto com outras igrejas cristãs, ela é guardiã de um tesouro de ensino moral que envolve apreço a tudo que seus adversários precisam destruir no coração humano. Falo do amor a Deus, ao próximo, a si mesmo e da vivência da política como elevadíssima expressão do amor ao próximo. Falo da solidariedade como virtude social. Do respeito à vida humana desde a concepção. Da eminente dignidade da pessoa humana, imagem e semelhança de Deus. Da liberdade como irmã gêmea univitelina da verdade, porque, desconectada da verdade, a liberdade se converte em desorientação.Falo do apreço ao bem e da rejeição ao mal. Do amor à à justiça e, além da justiça, à misericórdia. Falo da família como instituição essencial às sociedades humanas. E falo, também, da prudência, da fidelidade, da probidade e da modéstia.
Precisamos de tudo isso em altas doses. E nada do que precisamos nos será entregue pelo pós-modernismo, pelo relativismo moral, ou pelos inimigos de Jesus Cristo. Os líderes sem caráter já fizeram todo o estrago possível.
A imensa maioria dos bons brasileiros que saíram às ruas nas últimas semanas era formada por jovens. Notável! Eles são, como disse o Papa, a janela por onde chega o futuro. Exatamente por isso foram os primeiros que se mobilizaram para dizer “basta!”. Meditemos sobre tudo que Papa nos falou. É hora de amar o Bem e de fazer o bem. E de assumir, com todas as energias da vontade, aquelas virtudes individuais e sociais sem as quais não se constrói a nação com que todos temos o direito de sonhar.
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/35594

Porque as feministas não “suportam” a Igreja Católica?


O cristianismo foi um motor propulsor da autêntica liberdade da mulher, afirma Lucetta Scaraffia, uma das mais conhecidas estudiosas do movimento feminista, professora de História na Universidade «La Sapienza» de Roma, nesta entrevista concedida a Zenit.
--Por que há correntes do movimento feminista que vêem sua relação com Igreja como um conflito irredutível?

–Lucetta Sacaraffia: Ainda quando a investigação histórica demonstrou que o cristianismo sempre mostrou um respeito e uma atenção às mulheres ignoradas nas demais tradições culturais, persiste a convicção de que a Igreja católica é desde sempre «inimiga das mulheres». Na realidade, se se vê desde a teologia ou desde a normativa eclesiástica à história social, a valorização da relação entre mulheres e Igreja se apresenta bem diferente.

A verdadeira inovação que trouxe o cristianismo foi a eleição da castidade como caminho espiritual, porque ela permitiu às mulheres evitar seu destino biológico. Pela primeira vez, de fato, a castidade se propôs como caminho espiritual a mulheres e homens: tratava-se de uma ideia revolucionária na medida em que permitia um acesso democrático, aberto então também a analfabetos e mulheres, para a evolução espiritual, para alguns até a santidade.

Para as mulheres, enfim, esta possibilidade de evitar seu próprio destino biológico constituiu uma nova possibilidade de seguir um caminho de crescimento espiritual e no mínimo também intelectual até então negado.

A igualdade espiritual entre mulheres e homens, pelo mais, foi sempre mantida pela tradição cristã, também na separação dos roles e na consideração das mulheres como seres socialmente inferiores que caracterizaram as culturas antigas: as virtudes heroicas necessárias para certificar a santidade de um ser humano, de fato, são as mesmas para as mulheres e para os homens, ainda que se realizem papéis diferentes. E o reconhecimento da dignidade humana e espiritual das mulheres conformou sempre o pensamento da Igreja sobre a família.

–Historicamente, o feminismo nasce simultaneamente com o movimento do controle de natalidade.

–Lucetta Scaraffia: Isso mesmo! O controle da natalidade se une desde o princípio a duas correntes de pensamento: a emancipação feminina e o ateísmo, isto é, a rejeição para reconhecer a vontade de Deus na criação dos seres humanos, de onde deriva, a tentação eugenésica de intervir para melhorar a humanidade com «instrumentos científicos»

Os movimentos neomalthusianos ingleses, de fato, estão intimamente ligados; com freqüência trata-se dos mesmos líderes, como Charles Bradlaugh com os movimentos de «livre pensamento», destinados a arrancar as raízes religiosas da sociedade vistas como fonte de reclusão e obscurantismo–, e ao mesmo tempo com cientistas como Francis Galton que transportam o evolucionismo darwiniano sobre os seres humanos.

A seleção eugenésica que se esconde detrás do controle da natalidade se propõe portanto como uma intervenção legítima que os cientistas devem aplicar à sociedade para acelerar o processo natural de seleção.

As raízes dos movimentos para o controle da natalidade, que consideram a queda dos nascimentos e a liberdade de abortar como sinais positivos da modernidade de um país, estão assim ligados à secularização por um lado e à emancipação da mulher por outro, e este enlace originário segue caracterizando-os também hoje.

–Como reagiu a Igreja frente às limitações da procriação?

–Lucetta Scaraffia: A força profética da discutida encíclica «Humanae vitae» (1968) de Paulo VI espera ainda ser reconhecida até por alguns setores da própria Igreja.

Com efeito, não se trata somente de uma proibição, mas da identificação nos meios de controle da natalidade de um perigo preciso: o da introdução de meios artificiais em um processo natural de primordial importância –o que garante a continuidade da vida– segundo um processo que se poderia estender até chegar a um controle total da reprodução humana por parte das tecnologias.

Hoje vemos que precisamente isto é o que se está levando adiante: intervindo com métodos científicos que cada vez são mais poderosos e sofisticados, abre-se a porta a monstruosidades como a clonagem ou a máquina que substitui o ventre materno da gravidez.

Bolívia do socialista Evo Morales deve aprovar Lei da “Mãe Terra”.


A reportagem foi publicada pela revista Diálogos do Sul, 30-07-2013.
A Bolívia está em vias da aprovar a primeira legislação mundial dando à natureza direitos iguais aos dos humanos. A Lei da Mãe Terra, que conta com apoio de políticos e grupos sociais, é uma enorme redefinição de direitos. Ela qualifica os ricos depósitos minerais do país como “bençãos”, e se espera que promova uma mudança importante na conservação e em medidas sociais para a redução da poluição e controle da indústria, em um país que tem sido há anos destruído por conta de seus recursos, informa o Celsias.
Na Conferência do Clima de Cancun, a Bolívia destoou da maioria quando declarou que todo o processo era uma farsa, e que países em desenvolvimento não apenas estavam carregando a cruz da mudança do clima como, com novas medidas, teriam de cortar também mais suas emissões.
Lei da Mãe Terra vai estabelcer 11 direitos para a natureza, incluindo o direito à vida, o direito da continuação de ciclos e processos vitais livres de alteração humana, o direito a água e ar limpos, o direito ao equilíbrio, e o direito de não ter estruturas celulares modificadas ou alteradas geneticamente. Ela também vai assegurar o direito de o país “não ser afetado por megaestruturas e projetos de desenvolvimento que afetem o equilíbrio de ecossistemas e as comunidades locais”.
Segundo o vice-presidente Alvaro García Linera. “ela estabelece uma nova relação entre homem e natureza. A harmonia que tem de ser preservada como garantia de sua regeneração. A terra é a mãe de todos”. O presidente Evo Morales é o primeiro indígena americano a ocupar tal cargo, e tem sido um crítico veemente de países industrializados que não estão dispostos a manter o aquecimento da temperatura em um grau. É compreensível, já que o grau de aquecimento, que poderia chegar de 3.5 a 4 graus centígrados, dadas tendências atuais, significaria a desertifição de grande parte da Bolívia.
Esta mudança significa a ressurgência da visão de um mundo indígena andino, que coloca a deusa da Terra e do ambiente, Pachamama, no centro de toda a vida. Esta visão considera iguais os direitos humanos e de todas as outras entidades. A Bolivia sofre há tempos sérios problema ambientais com a mineração de alumínio, prata, ouro e outras matérias primas.
O ministro do exterior David Choquehuanca disse que o respeito tradicional dos índios por Pachamama é vital para impedir a mudança do clima. “Nossos antepassados nos ensinaram que pertencemos a uma grande família de plantas e animais. Nós, povos indígenas, podemos com nossos valores contribuir com a solução das crises energética, climática e alimentar”. Segundo a filosofia indígena, Pachamama é “sagrada, fértil e a fonte da vida que alimenta e cuida de todos os seres viventes em seu ventre.

Pe. Beto ingressa contra ação na esfera cível contra excomunhão. Fratres in Unum anuncia em primeira-mão: Juiz rejeita pedido liminar, sugere a Beto que se confesse e afirma que não há “retomada da aptidão para receber os sacramentos, sem com que haja uma efetiva comunhão do fiel com a fé preconizada pela igreja”.

Ação contra Diocese de Bauru, SP, pedirá direito de defesa na Justiça. Pároco foi excomungado da Igreja Católica por declarações polêmicas.

G1 – Os advogados do padre Roberto Francisco Daniel, conhecido como padre Beto, excomungado da Igreja Católica pela Diocese de Bauru (SP) no final de abril deste ano, protocolaram na Justiça um pedido de medida cautelar para obter o direito de defesa no processo canônico que proibiu o religioso de celebrar e frequentar missas.
Antonio Celso Galdino Fraga, advogado do padre e especialista na área, diz que vai até onde for preciso para conquistar o direito de defesa. “Por uma questão de bom senso, a Diocese de Bauru pode resolver essa questão de uma forma inteligente, anulando o processo que inicialmente instaurou contra o padre Beto, iniciando um novo. Desde que respeitando o devido processo legal. E nós como advogados, estaremos aptos a defender o nosso cliente até o com o Santo Padre em Roma se for preciso”.
Uma ação deverá ser protocolada daqui a 20 dias. Os advogados acreditam que o caso é inédito na Justiça brasileira. “A ação principal será proposta provavelmente em 20 dias. O Código de Processo Civil estabelece o prazo de 30 dias da concessão da liminar, mas estamos propensos a ajuizar a ação anulatória. Talvez seja o primeiro caso que a Justiça brasileira enfrente oriundo de um processo eclesiástico. Tivemos no passado a notícia só da Suprema Corte reconhecendo a sua soberania para julgar a Igreja Católica instituída nos Estados Unidos em ações indenizatórias que pessoas propuseram por atos que caracterizariam abuso sexual no passado. Esperamos que a Justiça brasileira também se pronuncie no mesmo sentido de que a Diocese de Bauru, enquanto pessoa jurídica de direito privado, criada, organizada e submissa, portanto, ao nosso ordenamento jurídico, respeito a Constituição, anule esse processo que foi instaurado contra o padre Beto permitindo-lhe se defender”, enfatizou Fraga.
O advogado informou também que a Constituição Brasileira tem que ser respeitada. E que padre Beto deve ter a chance de defesa. “Com um decreto de 2010, que é uma concordata, ficou muito claro que no exercício das atividades, das confissões, que são as instituições que a igreja mantém no Brasil, como a Cúria, a Diocese, todas são confissões. Elas têm de observar no exercício de suas atividades permitidas pelo Brasil enquanto estado laico, que respeitem a nossa Constituição e o nosso ordenamento jurídico. Então, no caso de uma excomunhão automática sem o respeito do devido processo legal, com acesso ao processo, instituição de um advogado para realizar os atos de defesa e execução de defesa propriamente, isso é incompatível e inaplicável no Brasil”.
Declarações polêmicas sobre temas como a homossexualidade, fidelidade e a necessidade de mudanças na estrutura da Igreja Católica, todas publicadas nas redes sociais, foram os motivos alegados pela Diocese, que excomungou Padre Beto por heresia e cisma. “São duas acusações sérias. O padre não teve condições de questionar a excomunhão que lhe foi aplicada. Ainda mais para ele, que foi ordenado, enfim, a ligação com a Igreja Católica, de não poder na circunstância que se encontra, de receber o sacramento. E até a extrema unção na hipótese de morte para ter a salvação”, completou Antonio Fraga. Ao lado dele no caso está o advogado Tito Costa.
‘Quero voltar’
Em meio aos conflitos, padre Beto lançou na noite de terça-feira (30), em Bauru, o livro intitulado “Verdades Proibidas”. Ele afirmou ao G1 que a ação na Justiça é para conseguir o direito de defesa da decisão da Igreja Católica e tentar reverter a decisão da excomunhão. “Nenhuma instituição pode fazer isso com uma pessoa. Me senti um adolescente em um internato. Quero voltar a celebrar missas. Não deixei de ser padre. Não foi uma decisão minha. Continuo me sentindo um padre”.
A Diocese de Bauru preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Papa x Homossexualismo
Um dos motivos da excomunhão de padre Beto seriam as declarações polêmicas sobre o homossexualismo, por exemplo. Durante a visita do Papa Francisco ao Brasil na semana passada, uma declaração chamou a atenção. O pontífice disse que “se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgá-la?”.
O discurso e a postura do Papa tiveram a aprovação do padre bauruense. “Ele mostrou que devemos pensar teologicamente. Racionar e refletir. São novas realidades que estamos vivendo. Não podemos seguir uma cartilha. Temos que pensar como Deus agisse. O Papa Francisco mostrou claramente que a discussão é algo necessário. E isso é o que tentei fazer durante toda minha vida como padre. A postura é essa. É preciso revisar”.
De acordo com o padre, a decisão de entrar com a ação partiu antes da vinda do Papa ao Brasil. “Já estava decidida antes porque não tivemos acesso ao processo. Assinei uma procuração para os meus advogados no início de julho”.
No entanto, ele também afirmou que está mais motivado e confiante com as declarações do pontífice em relação a temas polêmicos. “Deixa a gente mais confiante. A vinda do Papa nos animou com suas declarações. A postura dele de ser gente como a gente. Com uma postura teológica do encontro e não do afastamento. Ele resgata a questão da igreja do povo de Deus”.
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Escreve a gentil leitora que nos indicou o artigo e a quem agradecemos a informação:
O Sr. Roberto pretende voltar… E ele buscou as vias judiciais para tanto! Esperou o final da JMJ e distribuiu medida cautelar ontem contra a Diocese de Bauru. Não sou de Bauru, mas algum correspondente lá pode tentar pegar cópia da Inicial e ver seu pedido. Pela reportagem, quer o exercício pleno do contraditório no “processo” de excomunhão ?!?!… O advogado entende que o Estado pode obrigar a Igreja a rever o caso do mesmo…  Preocupada mais com a tese de fundo do que com o pedido, localizei a ação e fiquei acompanhando on-line o andamento do processo, e há pouco, o Juiz da 6ª Vara Cível de Bauru indeferiu o pedido liminar do Sr. Roberto Francisco Daniel. Segue abaixo cópia do despacho e seus fundamentos, os quais não tive tempo hábil de analisar. Cabe recurso.
 31/07/2013 19:00:56
 
ProcessoCÍVEL
Comarca/FórumFórum de Bauru
Processo Nº0027122-18.2013.8.26.0071
Cartório/Vara6ª. Vara Cível
CompetênciaCível
Nº de Ordem/Controle1206/2013
GrupoCível
ClasseCautelar Inominada
Assunto
Tipo de DistribuiçãoLivre
Distribuído em29/07/2013 às 17h 56m 08s
MoedaReal
Valor da Causa1.000,00
Qtde. Autor(s)1
Qtde. Réu(s)1
PARTE(S) DO PROCESSO[Topo]
 RequeridoDIOCESE DE BAURU DO DIVINO ESPIRITO SANTO
 RequerenteROBERTO FRANCISCO DANIEL
Advogado: 6550/SP   ANTONIO TITO COSTA
Advogado: 131677/SP   ANTONIO CELSO GALDINO FRAGA
ANDAMENTO(S) DO PROCESSO[Topo]
(Existem 6 andamentos cadastrados .)
 31/07/2013Autos no Prazo – exped. c
 31/07/2013Decisão ProferidaVistos. O autor ajuíza ação cautelar preparatória inominada, apontando a nulidade de ato jurídico como fundamento da lide principal. Invoca a violação ao devido processo legal pela imposição da excomunhão latae sententia; ou seja, pela punição automática reservada aos casos mais graves de delitos previstos no Código de Direito Canônico. E para ser reabilitado imediatamente aos sacramentos, alega o periculum in mora. No entanto, o perigo da demora não está presente, daí a ausência dos requisitos da tutela cautelar liminar. Alguns pecados particularmente graves são passíveis de excomunhão, a pena eclesiástica mais severa, que impede a recepção dos sacramentos e o exercício de certo atos clericais. Neste caso, a absolvição não pode ser dada, segundo o direito da Igreja, a não ser pelo Papa, pelo Bispo local ou por presbíteros autorizados por eles. (Catecismo da Igreja Católica, Fidei Depositum, § 1463). Logo se vê que a excomunhão imposta autor não é pena definitiva, – mera pena medicinal – , até porque tal conceito conflita com a misericórdia divina: “Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; porém, a blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhes será perdoada. E todo o que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoada; porém, o que disser contra o Espírito Santo, não terá perdão neste mundo nem no outro (Mateus, 12, 30-31) Assim, para fazer valer a revisão da excomunhão, o cânone 1.354 prevê a cessação das penas pela remissão ou perdão concedido pela autoridade competente. E o cânone 1.356 §1º, prevê a autoridade competente para a remissão dos delitos feredae ou latae setentia. De sorte que inexiste periculum in mora no caso dos autos. Se o autor teme a ineficácia do provimento jurisdicional se deferido apenas ao final da cognição exauriente do processo principal, ou seja, se teme ficar privado dos sacramentos até o final do processo, bastaria a providência extrajudicial consistente no pedido de absolvição ao ordinário local, a qualquer Bispo em ato de confissão sacramental (cân. 1355, §2º), ou ainda ao Romano Pontífice, de quem o autor já declarou acreditar na revisão da pena . Escreve Humberto Theodoro Júnior que o perigo de dano refere-se, portanto, ao interesse processual em obter uma justa composição para o litígio, seja em favor de uma ou de outra parte, o que não poderá ser alcançado caso se concretizar o dano temido (Curso de Direito Processual Civil, vol. 2, pág. 340). Daí se inferir que o interesse para a obtenção da medida liminar não se faz presente no caso dos autos, dada a existência de meio extraprocessual para se obter a proteção aos direitos judicialmente discutidos. O perigo da demora nem sequer atinge o direito do autor ao último dos sacramentos, pois a unção dos enfermos só é vedada aos que perseverarem obstinadamente em pecado grave manifesto (cânone 1.007). Ainda sobre o requisito do perigo, inexiste informação nos autos de que o autor tenha se utilizado das vias impugnativas previstas no Código Canônico. O cânone 1628 prevê o recurso da apelação, com efeito suspensivo (cân. 1639), disponível a qualquer parte que se julgar prejudicada por alguma sentença, não figurando, a decisão de excomunhão dentre os atos insuscetíveis de apelação (cânone 1629). Além disso, até mesmo a sentença transitada em julgado admite a restitutio in integrum, caso ela tenha sido preferida com evidente negligência de alguma prescrição (cân. 1.645, §4º), como alega o promovente quanto ao devido processo legal. Ademais, a afronta ao direito de defesa, também invocado pelo acionante, justifica a querela de nulidade prevista no cânone 1.620, 7º, deduzida junto ao próprio juiz ordinário ou delegado que proferiu a sentença (Cruz e Tucci e Azevedo. Lições de Direito Processual Civil Canônico, pág.152, Ed RT). Por fim, no arsenal de meios de impugnação da sentença também está prevista a apelação per saltum diretamente ao Romano Pontífice (favorável às opiniões do autor, segundo manifestação deste à imprensa), caso o autor tenha dúvidas sobre a imparcialidade dos tribunais inferiores: A partir do momento em que se estruturou a hierarquia eclesiástica, permite-se que, per saltum qualquer causa seja levada à apreciação do Papa. (ob. cit, pág. 147). Em síntese, porque não esgotadas as vias impugnativas extrajudiciais, também por isso o autor não reúne os requisitos da medida liminar. E sobre o uso das vias impugnativas canônicas, é importante mencionar que a decisão pública a folhas 32 – disponível na web – é suficiente para a instrução dos recursos, não sendo verossímil, ao menos nesta fase de cognição sumária, a alegação de que a ré deliberadamente obstaculiza o acesso do autor à defesa nos meios canônicos. Ademais, força convir a incongruência da alegação de nulidade do processo penal canônico por vício formal, com a retomada da aptidão para receber os sacramentos, sem com que haja uma efetiva comunhão do fiel com a fé preconizada pela igreja, em cujo corpo o autor pretende ser reintegrado por decisão secular. Santo Agostinho define os sacramentos como o sinal visível externo de uma graça espiritual, interna (Keeley, Robin, org., Fundamentos da Teologia Cristã, pág. 343. Ed Vida). Logo, até poder-se-ia argumentar que uma decisão liminar conferiria ao autor a retomada dos sacramentos como mero sinal externo da graça espiritual, i. .e, um lugar na mesa eucarística. No entanto, a graça interna, consistente na participação na vida divina (Catecismo, pág. 460), na associação do fiel à obra da Igreja, não há decisão judicial que garanta. A graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja (ob. Cit, pág; 460). Vale dizer, a declaração de ineficácia da excomunhão por vício formal do processo canônico até pode garantir a reintegração do autor ao corpo formal da igreja, mas não teria o condão de reintegrá-lo à comunhão com o corpo místico de Cristo : Igreja Triunfante, constituída pelas almas que já se encontram no Céu; Igreja Padecente, constituída pelas almas do purgatório; e Igreja Militante, constituída pelos os fiéis na terra que comungam a mesma fé, segundo os preceitos ditados pelas cabeças invisível – Jesus Cristo – e visível – o Papa – desse corpo (Carta Encíclica Mysticy Corporis) E o sinal de unidade da Igreja, assim entendida como o Mysticy Corporis , é dado pela eucaristia, ou seja, pelo sinal da comunhão, do qual o acionante encontra-se privado por iniciativa própria. Fosse o vício formal do processo canônico igual ao da exclusão de um associado de clube recreativo, por exemplo, não haveria outras implicações na reintegração liminar. Mas a elisão da excomunhão tão só pelo vício formal não reintroduziria o acionante nos quadros da associação cuja profissão de fé negou (apostasia – fato incontroverso -, segundo o decreto de excomunhão) e o levou a ser dela excluído. Afora isso, a reinserção judicial do autor entre os fiéis, sem com que haja a sintonia dele com os preceitos da Igreja, não encontra amparo no direito canônico. Segundo o cânone 209, Os fiéis são obrigados a conservar sempre, também no modo próprio de agir, a comunhão com a igreja. §2º Cumpram com grande diligência os deveres a que estão obrigados para com a Igreja universal e para com a Igreja particular à qual pertencem de acordo com as prescrições de direito. Em suma, a efetiva reincorporação do autor aos sacramentos passa ao largo da discussão formal do processo de excomunhão. Para a retomada do elo entre o promovente e a igreja, é necessária a comunhão no entendimento sobre a fé, assim entendida como o pedido de readmissão do acionante, que passa pela remissão prevista nos cânones, ou seja, pela atividade extraprocessual do autor. Ante o exposto, indeferida a liminar, cite-se com observância do artigo 803 do Código de Processo Civil. Intimem-se.
 30/07/2013Despacho ProferidoV. RA. Após, tornem conclusos para apreciar pedido de liminar.
 30/07/2013Recebido pelo Distribuidor (movimentação exclusiva do distribuidor)Recebimento de Carga sob nº 9760953
 29/07/2013Remetidos os Autos ao Cartório (movimentação exclusiva do distribuidor) sob nº 9760953
 29/07/2013Distribuído Livremente (por Sorteio) (movimentação exclusiva do distribuidor) p/ 6ª. Vara Cível