sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Os católicos nasceram para o combate

Só há uma razão para o combate dos católicos: a salvação oferecida por Deus

O respeito humano nunca fez parte da vida de São João Maria Vianney. O vilarejo de Ars, na França, testemunhou por quase meio século a grandeza do santo. Dono de uma retórica simples - porém sincera o suficiente para fazer tremer os corações -, o cura despendia todos os esforços no combate contra o pecado. Ameaçava, repreendia, exortava oportuna e inoportunamente, assumindo à risca o pedido de São Paulo na carta a Timóteo. Era imbuído por uma vontade insaciável: tinha um coração apaixonado por Cristo que o fazia proclamar a todos pulmões a miséria dos que Dele se apartavam. "É preciso trabalhar nesta vida, teremos toda a eternidade para descansar", dizia. O santo entendera cedo o que mais tarde proclamaria o Papa Leão XIII:"Os católicos nasceram para combater".
Dos esforços do Cura D’Ars surgiu uma Igreja pujante, "enraizada em Cristo e firme na fé" (Cf. Cl 2, 7). Ars tinha se tornado católica. E o resto da França também. Um grandioso milagre - se se levar em conta os delírios da revolução francesa que varriam o país naquela época. Não fossem os esforços de Vianney e, obviamente, o auxílio da graça de Deus, o vilarejo teria se transformado em terra de ninguém. Um pavoroso esgoto a céu aberto, atroçoado pelo alcoolismo, pelas danças imorais, pelas blasfêmias e pela ignorância religiosa. Mas venceu o estandarte da cruz em Ars, venceu a fé do pequeno sacerdote na verdadeira luz dos povos: Jesus Cristo.
A batalha empreendida por São João Maria Vianney em Ars tinha uma razão muito clara. Ele era sacerdote do Altíssimo, pescador de homens. Como pastor de almas, portanto, mais do que praticar boas ações, o cura deveria defender a reta fé, debelar o erro e ensinar o bem, a fim de conciliar os adversos, levantar os indolentes e declarar aos ignorantes a esperança cristã na salvação eterna. Máximas de Hugo de S. Vitor para os pregadores, que foram levadas a cabo pelo Santo de Ars, de modo fervoroso e intenso, já que "o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam." (Cf. Mt 11, 12). Mas nos dias de hoje, em que tanto se fala de amor, tolerância e pluralismo, parece que as coisas já não funcionam assim. Os primeiros cristãos não se conformavam com o mundo, os cristãos de agora não se conformam com a Igreja, e por isso enchem-na de paganismo, para vergonha de São João Maria Vianney e de tantos outros santos que deram a vida pelo bem de suas ovelhas.
O Papa Paulo VI assistia estarrecido ao que chamara de processo de "autodestruição" da Igreja. "Por alguma fissura a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus"01, denunciava o combalido Pontífice. Ele havia percebido o espírito mundano que tomara o coração de muitos católicos e que os fazia não mais confiar em Cristo e em Sua Esposa, mas no primeiro "profeta profano" que viesse propor alguma nova "fórmula da verdadeira vida". Haviam trocado a verdade de Deus pela mentira, "e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos." (Cf. Rm 1, 25).
Tristes dias. Tristes dias sãos estes em que a dúvida virou dogma e a fé cristã troça, motivo de escárnio. Sinais dos tempos! Se os próprios católicos se envergonham - escondendo seus rostos da opinião pública - quando um padre, ou mesmo um leigo, defende a fé perante as ideologias modernas, não se pode esperar muito dos inimigos do cristianismo. Eles apenas reproduzirão o que a máscara cínica dos falsos católicos almeja esconder: o desprezo pela mensagem de Deus.
É preciso um mea culpa. É preciso admitir que não se tem vivido como católicos, mas como cadáveres ambulantes. A Igreja que fundou a civilização ocidental, que deu ao mundo as universidades, a arte, a música, a ciência não pode ser associada a um grupo vergonhoso, incapaz de lutar, negociando a própria fé por algumas moedas de prata. Clama aos céus a indiferença dos cristãos, a falta de virilidade, a jactância de uns pobres coitados, toldados pela eterna síndrome do avestruz, quando a urgência dos fatos pede olhos vigilantes e atentos.
Em 1926, nos bancos de uma Igreja no México, dizia um velho sacerdote - prestes a ser martirizado pelos revolucionários - ao Beato José Sanchez del Río: "Quem és tu se és incapaz de lutar pelo que crês? Não há maior glória que morrer por Jesus Cristo". Sábias palavras de alguém verdadeiramente discípulo do Senhor. Não existe verdadeiro amor pelo bem, sem um ódio proporcional ao mal. Luta-se pela Igreja, porque luta-se pela salvação eterna. O católico é um soldado. E um soldado verdadeiro, lembrava Chesterton, "luta não porque odeia o que está à sua frente, mas porque ama o que está atrás dele". Atrás do católico existe uma miríade de santos, anjos e também a graça do Redentor. E esta é a única razão para o católico lutar: a salvação oferecida por Deus!
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Ex-”drag queen satânica” conta como se converteu a Jesus


Ex-”drag queen satânica” conta como se converteu a JesusEx-"drag queen satânica" conta como se converteu a Jesus
Pouca gente deve lembrar de Coma, nome artístico de Trace McNutt, a autoproclamada “Drag Queen Satânica”.  Mas ele voltou a ser mencionado este mês em diversos sites e jornais. O motivo é que McNutt receberá o prêmio “Coragem 2013”.
No final do mês ocorre a entrega, segundo anunciou a Voice of the Voiceless [Voz dos Sem voz], organização cristã que defende as pessoas que abandonaram sua opção homossexual. Ele contará como Jesus Cristo transformou sua vida e como passou a ser perseguido pelos seus ex-amigos e membros da comunidade LGBTS.
McNutt conta que cresceu em um lar religioso, mas disfuncional. Ele sofreu abusos físicos e sexuais durante sua infância e adolescência. No vídeo publicado online, ele conta que sempre se sentiu “diferente” e recebia muitas ameaças de colegas. Chegou a precisar ser “escoltado” regularmente pelo diretor da escola até a sala de aula. “Eu apanhava todos os dias”, lamenta.
Quando terminou os estudos do ensino médio, começou a se envolver com o estilo de vida sexual. “Eu me tornei obcecado com a beleza aparente da comunidade gay. Decidi que seria uma drag queen. Achava fascinante como aqueles homens iam para os bastidores e usavam maquiagem e perucas para se transformar em uma outra pessoa totalmente diferente”.
McNutt viu isso como a única oportunidade de ser aceito pelas pessoas. Quando optou por entrar na comunidade gay, uniu isso a sua paixão pelo rock. “Eu decidi que ia me tornar… uma versão satânica de uma drag queen”, pontua. Usando o nome artístico de Coma, passou a receber muita atenção por causa de seu visual excêntrico. Inspirado por grupos conhecido por seu envolvimento com satanismo como KISS e Marilyn Mason, McNutt fez diversas tatuagens e passou usar lentes de contato, que lhe davam um aspecto “demoníaco”.
Em suas apresentações, usava como trilha o heavy metal e logo veio a fama desejada. Mas também veio uma vida extremamente promíscua e um pesado envolvimento com as drogas. Em pouco tempo perdeu tudo o que tinha. Chegou a morar nas ruas por um tempo. Algum tempo depois, descobriu que era HIV positivo. Sua vida parecia haver acabado. Mais de uma vez tentou cometer suicídio, mas acabou sobrevivendo.
No entanto, alguns anos atrás encontrou com um conhecido que o convidou a participar de um seminário sobre a homossexualidade à luz do cristianismo. Após o evento realizado naquela igreja, McNutt começou a frequentar os cultos, até tomar a decisão mais importante sua vida: crer em Jesus.
“Eu saí da comunidade gay. Parei de usar maquiagem, joguei fora as minhas fantasias. Cancelei todos os meus compromissos. Eu estava começando a me transformar visual e espiritualmente”, lembra.
Dentro de pouco tempo, começou a ser perseguido pela comunidade homossexual. Chegou a receber ameaças de morte. “Um cara disse que ia meter uma bala na minha cabeça, pois eu era um traidor do meu povo”, conta.
Hoje ele á casado com uma mulher e formou uma família. Tem um trabalho secular, mas oferece aconselhamento para gays e ex-gays através da internet. Em 2011 lançou um DVD onde conta sua história de vida. Uma das questões mais marcantes do testemunho de McNutt é que ele faz exames regulares, mas os médicos não encontram qualquer sinal de AIDS em seu corpo. Para ele essa é só mais uma das bênçãos recebidas desde que entregou sua vida a Jesus Cristo.
O primeiro Prêmio Coragem Anual foi criado pela Associação Americana de Pais e Amigos de Ex-Gays e Lésbicas e pela Voice of the Voiceless (VoV). Christopher Doyle, co-fundador e atual presidente da VoV, vai entregar o prêmio para McNutt. “É preciso muita coragem para ex-gays, como Trace McNutt contar suas histórias, especialmente considerando o quanto isso traz desprezo e punição de seus ex-amigos…”
Três meses atrás, um grupo de ex-gays, representando cerca de 10 organizações cristãs, foram à Washington denunciar a perseguição aos que divulgam os testemunhos de homens e mulheres que abandonaram o estilo de vida homossexual. Eles pediram que a Suprema Corte dos EUA reconhecesse a igualdade de direitos, segundo a Constituição. Com informações Christian News.

Leia a íntegra da carta do Papa Francisco ao Fundador (ateu) do Jornal “La Repubblica”

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O jornal italiano “La Repubblica” publicou quarta-feira, 11, uma longa carta do Papa Francisco na qual ele escreve aos que não crêem e lhes assegura que “Deus perdoa a quem obedece a sua própria consciência”.
A carta de quatro páginas é uma resposta ao fundador do jornal, Eugenio Scalfari, que em vários artigos dirigia ao Pontífice algumas perguntas em nome daquele que como ele “não acreditam e não buscam a Deus”.
Eis a íntegra da carta:
|Ilustríssimo Doutor Scalfari, é com viva cordialidade que, embora somente em grandes linhas, gostaria de tentar com esta minha, responder à carta que, das páginas do ‘La Repubblica’, o senhor quis me endereçar em 7 de julho com uma série de reflexões pessoais suas, que depois as enriqueceu nas páginas do mesmo jornal, no dia 7 de agosto.
Agradeço-lhe, antes de tudo, pela atenção com que quis ler a Encíclica Lumen fidei. Ela, de fato, na intenção do meu amado predecessor, Bento XVI, que a concebeu e em grande medida a redigiu, e do qual, com gratidão, eu a herdei, é dirigida não somente para confirmar na fé em Jesus Cristo aqueles que nela já se reconhecem, mas também para suscitar um diálogo sincero e rigoroso com aqueles que, como o senhor, se definem como “um não crente há muitos anos interessado e fascinado pela pregação de Jesus de Nazaré”.
Parece-me, portanto, ser positivo não só para nós, individualmente, mas também para a sociedade em que vivemos determo-nos para dialogar sobre uma realidade tão importante como a fé, que diz respeito à pregação e à figura de Jesus. Penso, particularmente, que existam duas circunstâncias que tornam hoje necessário e precioso esse diálogo.
Isso, aliás, constitui, como se sabe, um dos objetivos principais do Concílio Vaticano II, desejado por João XXIII, e do ministério dos Papas que, cada um com a sua sensibilidade e o seu aporte, desde então até hoje caminharam no sulco traçado pelo Concílio. A primeira circunstância – como referida nas páginas iniciais da Encíclica – deriva do fato que, ao longo dos séculos da modernidade, assistiu-se a um paradoxo: a fé cristã, cuja novidade e incidência sobre a vida do homem, desde o início, foi expressa precisamente através do símbolo da luz, foi muitas vezes rotulada como a escuridão da superstição que se opõe à luz da razão. Assim, entre a Igreja e a cultura de inspiração cristã, por um lado, e a cultura moderna com marca iluminista, de outro, chegou-se à incomunicabilidade. Chegou agora o tempo, e o Vaticano II inaugurou a este propósito a estação, de um diálogo aberto e sem preconceitos que reabra as portas para um sério e fecundo encontro.
A segunda circunstância, para quem procura ser fiel ao dom de seguir Jesus na luz da fé, deriva do fato de que esse diálogo não é um acessório secundário da existência do crente: é, ao invés disto, uma expressão íntima e indispensável dela. Permita-me de citar ao senhor, a propósito, uma afirmação a meu ver muito importante da Encíclica: como a verdade testemunhada pela fé é a do amor – sublinha-se – “resulta claro que a fé não é intransigente, mas cresce na convivência que respeita o outro. O crente não é arrogante; ao contrário, a verdade o torna humilde, sabendo que, mais do que nós a possuirmos, é ela que nos abraça e nos possui. Longe de enrijecer-nos, a segurança da fé nos coloca a caminho e torna possível o testemunho e o diálogo com todos” (n. 34). É este o espírito que anima as palavras que eu lhe escrevo.
A fé, para mim, nasceu do encontro com Jesus. Um encontro pessoal, que tocou o meu coração e deu uma direção e um sentido novo à minha existência. Mas ao mesmo tempo um encontro que foi possível graças à comunidade de fé em que eu vivia e graças aos quais eu encontrei o acesso à inteligência da Sagrada Escritura, à vida nova que, como água que jorra, brota de Jesus através dos Sacramentos, à fraternidade com todos e ao serviço dos pobres, imagem verdadeira do Senhor. Sem a Igreja – acredite-me –, eu não teria podido encontrar Jesus, consciente de que aquele imenso dom que é a fé é custodiado nos frágeis vasos de barro da nossa humanidade.
Ora, é precisamente a partir daí, desta experiência pessoal de fé vivida na Igreja, que eu me sinto à vontade para ouvir as suas perguntas e para buscar, junto com o senhor, os caminhos ao longo dos quais possamos, talvez, começar a percorre um trecho de caminho juntos.
Perdoe-me se eu não sigo passo a passo as argumentações propostas pelo senhor no editorial do dia 7 de julho. Parece-me mais frutuoso – ou, ao menos, é mais natural para mim – ir de certo modo ao coração das suas considerações. Não entro nem mesmo na modalidade expositiva seguida pela Encíclica, em que o senhor entrevê a falta de uma seção dedicada especificamente à experiência histórica de Jesus de Nazaré.
Observo apenas, para começar, que uma análise desse tipo não é secundária. Trata-se, de fato, seguindo a lógica que guia o desdobramento da Encíclica, de fixar a atenção sobre o significado do que Jesus disse e fez, e, assim, em última instância, sobre o que Jesus foi e é para nós. As Cartas de Paulo e o Evangelho de João, aos quais é feita referência particular na Encíclica, são construídos, de fato, sobre o sólido fundamento do ministério messiânico de Jesus de Nazaré, atingindo seu auge resolutivo na páscoa de morte e ressurreição.
Portanto, é preciso se confrontar com Jesus, eu diria, na concretude e na rudeza da sua história, assim como nos é narrado sobretudo pelo mais antigo dos Evangelho, o de Marcos. Constata-se então que o “escândalo” que a palavra e a práxis de Jesus provocam em torno dele deriva da sua extraordinária “autoridade”: uma palavra, esta, atestada desde o Evangelho de Marcos, mas que não é fácil fazer entender bem em italiano. A palavra grega é “exousia”, que na carta remete ao que “provém do ser” que se é. Não se trata de algo exterior ou forçado, mas de algo que emana de dentro e que se impõe por si só. Jesus, com efeito, impressiona, surpreende, inova a partir – ele mesmo o diz – da sua relação com Deus, chamado familiarmente de Abbá, que lhe confere essa “autoridade” para que ele a use em favor dos homens.
Assim, Jesus prega “como alguém que tem autoridade”, cura, chama os discípulos a segui-lo, perdoa…coisas todas que, no Antigo Testamento, são de Deus e somente de Deus. A pergunta que mais vezes retorna no Evangelho de Marcos: “Quem é este que…?”, e que diz respeito à identidade de Jesus, nasce da constatação de uma autoridade diferente daquela do mundo, uma autoridade que não tem como fim exercer um poder sobre os outros, mas servi-los, dar-lhes liberdade e plenitude de vida. E isso até o ponto de colocar em perigo a sua própria vida, até experimentar a incompreensão, a traição, a rejeição, até ser condenado à morte, até desabar no estado de abandono sobre a cruz. Mas Jesus permanece fiel a Deus, até o fim.
E é precisamente então – como exclama o centurião romano aos pés da cruz, no Evangelho de Marcos – que Jesus se mostra, paradoxalmente, como o Filho de Deus! Filho de um Deus que é amor e que quer, com todo o seu ser, que o ser humano, cada ser humano, se descubra e viva também ele como seu verdadeiro filho. Isso, para a fé cristã, é certificado pelo fato de que Jesus ressuscitou: não para triunfar sobre quem o rejeitou, mas para atestar que o amor de Deus é mais forte do que a morte, o perdão de Deus é mais forte do que todo o pecado, e que vale a pena gastar a própria vida, até o fim, para testemunhar esse imenso dom.
A fé cristã acredita nisto: que Jesus é o Filho de Deus, vindo para dar a sua vida para abrir a todos o caminho do amor. Por isso, o senhor tem razão, ilustre Dr. Scalfari, quando vê na encarnação do Filho de Deus o eixo da fé cristã. Tertuliano já escrevia: “Caro cardo salutis”, a carne (de Cristo) é o eixo da salvação. Porque a encarnação, isto é, o fato de que o Filho de Deus veio na nossa carne e compartilhou alegrias e dores, vitórias e derrotas da nossa existência, até o grito da cruz, vivendo todas as coisas no amor e na fidelidade ao Abbá, testemunha o incrível amor que Deus tem por cada ser humano, o valor inestimável que lhe reconhece. Cada um de nós, por isso, é chamado a fazer seu o olhar e a escolha de amor de Jesus, a entrar no seu modo de ser, de pensar e de agir. Essa é a fé, com todas as expressões que são descritas pontualmente na Encíclica.
Sempre no editorial do dia 7 de julho, o senhor me pergunta, além disso, como entender a originalidade da fé cristã, uma vez que ela se articula justamente na encarnação do Filho de Deus, em relação às outras fés que gravitam, ao invés disto, em torno da transcendência absoluta de Deus.
A originalidade, eu diria, está justamente no fato de que a fé nos faz participar, em Jesus, à relação que Ele tem com Deus que é Abbá e, nessa luz, à relação que Ele tem com todos os outros seres humanos, incluindo os inimigos, no sinal do amor. Em outros termos, a filiação de Jesus, como ela nos é apresentada pela fé cristã, não é revelada para marcar uma separação intransponível entre Jesus e todos os outros: mas para nos dizer que, n’Ele, todos somos chamados a ser filhos do único Pai e irmãos entre nós. A singularidade de Jesus é pela comunicação, não pela exclusão.
Certamente, segue-se também disso – e não é uma coisa pequena – aquela distinção entre a esfera religiosa e a esfera política que é sancionada no “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”, afirmada com clareza por Jesus e sobre a qual, laboriosamente, se construiu a história do Ocidente. A Igreja, de fato, é chamada a semear o fermento e o sal do Evangelho, isto é, o amor e a misericórdia de Deus que alcançam todos os seres humanos, apontando para a meta ultraterrena e definitiva do nosso destino, enquanto à sociedade civil e política cabe a tarefa árdua de articular e encarnar na justiça e na solidariedade, no direito e na paz, uma vida cada vez mais humana. Para quem vive a fé cristã, isso não significa fuga do mundo ou busca de qualquer hegemonia, mas sim serviço ao ser humano, a todo o ser humano e a todos os seres humanos, a partir das periferias da história e mantendo desperto o senso da esperança que impulsiona a fazer o bem apesar de tudo e olhando sempre além.
O senhor me pergunta também, na conclusão do seu primeiro artigo, o que dizer aos irmãos judeus acerca da promessa feita a eles por Deus: ela foi totalmente esvaziada? Esta é – acredite-me – uma interrogação que nos interpela radicalmente, como cristãos, porque, com a ajuda de Deus, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, redescobrimos que o povo judeu ainda é, para nós, a raiz santa a partir da qual germinou Jesus. Eu também, na amizade que cultivei ao longo de todos esses anos com os irmãos judeus na Argentina, muitas vezes na oração interroguei a Deus, de modo particular quando a mente ia ao encontro das recordações da terrível experiência do Holocausto. Aquilo que eu posso lhe dizer, com o apóstolo Paulo, é que nunca falhou a fidelidade de Deus à aliança feita com Israel e que, através das terríveis provações desses séculos, os judeus conservaram a sua fé em Deus. E por isso, a eles, nós nunca seremos suficientemente gratos, como Igreja, mas também como humanidade. Eles, além disso, justamente perseverando na fé no Deus da aliança, lembram a todos, também a nós, cristãos, o fato de que estamos sempre à espera, como peregrinos, do retorno do Senhor e que, portanto, sempre devemos estar abertos a Ele e nunca nos encastelarmos naquilo que já alcançamos.
Chego, assim, às três perguntas que o senhor me faz no artigo do dia 7 de agosto. Parece-me que, nas duas primeiras, o que está no seu coração é entender a atitude da Igreja para com aqueles que não compartilham a fé em Jesus. Acima de tudo, o senhor me pergunta se o Deus dos cristãos perdoa quem não crê e não busca a fé. Posto que – e é a coisa fundamental – a misericórdia de Deus não tem limites se nos dirigimos a Ele com coração sincero e contrito, a questão para quem não crê em Deus está em obedecer à própria consciência. O pecado, mesmo para quem não tem fé, existe quando se vai contra a consciência. Ouvir e obedecer a ela significa, de fato, decidir-se diante do que é percebido como bom ou como mau. E nessa decisão está em jogo a bondade ou a maldade do nosso agir.
Em segundo lugar, o senhor me pergunta se o pensamento segundo o qual não existe nenhum absoluto e, portanto, nem mesmo uma verdade absoluta, mas apenas uma série de verdades relativas e subjetivas, é um erro ou um pecado. Para começar, eu não falaria, nem mesmo para quem crê, em verdade “absoluta”, no sentido de que absoluto é aquilo que é desamarrado, aquilo que é privado de qualquer relação. Ora, a verdade, segundo a fé crença, é o amor de Deus por nós em Jesus Cristo. Portanto, a verdade é uma relação! Tanto é verdade que cada um de nós a capta, a verdade, e a expressa a partir de si mesmo: da sua história e cultura, da situação em que vive etc. Isso não significa que a verdade é variável e subjetiva, longe disso. Mas significa que ela se dá a nós sempre e somente como um caminho e uma vida. Talvez não foi o próprio Jesus que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”? Em outras palavras, a verdade, sendo definitivamente uma só com o amor, exige a humildade e a abertura a ser buscada, acolhida e expressada. Portanto, é preciso entendermo-nos bem sobre os termos, e, talvez, para sair dos impasses de uma contraposição… absoluta, refazer profundamente a questão. Penso que isso seja absolutamente necessário hoje para entabular aquele diálogo sereno e construtivo que eu esperava no início deste meu dizer.

Na última pergunta, o senhor me questiona se, com o desaparecimento do ser humano sobre a terra, também desaparecerá o pensamento capaz de pensar Deus. Certamente, a grandeza do ser humano está em poder pensar Deus. Isto é, em poder viver uma relação consciente e responsável com Ele. Mas a relação entre duas realidades. Deus – este é o meu pensamento e esta é a minha experiência, mas quantos, ontem e hoje, os compartilham! – não é uma ideia, embora altíssima, fruto do pensamento do ser humano. Deus é Realidade, com “R” maiúsculo. Jesus no-lo revela – e vive a relação com Ele – como um Pai de bondade e misericórdia infinitas. Deus não depende, portanto, do nosso pensamento. Além disso, mesmo quando viesse a acabar a vida do ser humano sobre a terra – e para a fé cristã, em todo caso, este mundo como nós o conhecemos está destinado a desaparecer –, o ser humano não deixará de existir e, de um modo que não sabemos, assim também o universo criado com ele. A Escritura fala de “novos céus e nova terra” e afirma que, no fim, no onde e no quando que está além de nós, mas para o qual, na fé, tendemos com desejo e expectativa, Deus será “tudo em todos”.
Ilustre Dr. Scalfari, concluo assim estas minhas reflexões, suscitadas por aquilo que o senhor quis me comunicar e me perguntar. Acolha-as como a resposta tentativa e provisória, mas sincera e confiante, ao convite que nelas entrevi de fazer um trecho de estrada juntos. A Igreja, acredite-me, apesar de todas as lentidões, as infidelidades, os erros e os pecados que pode ter cometido e ainda pode cometer naqueles que a compõem, não tem outro sentido e fim senão o de viver e testemunhar Jesus: Ele que foi enviado pelo Abbá “para levar aos pobres o alegre anúncio, para proclamar aos presos a libertação e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos, para proclamar o ano de graça do Senhor” (Lc 4, 18-9).
Com proximidade fraterna,
Francisco

Na Siria, muçulmano decapita cristão e grita: Jesus não veio para salvá-lo


13.09.2013 -
n/d
As forças rebeldes jihadistas da Síria continuam sua perseguição implacável que deseja eliminar o cristianismo do país. Enquanto líderes políticos mundiais discutem qual o melhor caminho para a busca da paz, cristãos são mortos diariamente.
Os horríveis ataques contra ortodoxos, maronitas e católicos são justificados pelo apelido de “cruzados” que receberam dos soldados rebeldes. Moradores que fugiram da pequena cidade de Maalula contaram a jornalistas da agência France Press que desde que os jihadistas invadiram a cidade, na semana passada, estão forçando as pessoas a se converter ao islamismo.
“Eles chegaram à nossa cidade ao amanhecer… gritavam: ‘Nós somos da Frente Al-Nusra e viemos tornar a vida miserável para os cruzados”, disse uma mulher identificada como Marie que agora está refugiada na capital Damasco. O termo “cruzados” remete aos soldados cristãos que participaram das Cruzadas que tentaram retomar Jerusalém das mãos dos árabes na Idade Média.
Uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, Maalula se tornou um símbolo internacional por seu valor estratégico na ameaça de tomada da capital, que marcaria a derrota do regime de Bashar Al-Asaad. A pequena cidade vivia em harmonia religiosa há séculos. No verão, a população é de 4.500 pessoas, dentre elas cerca de 3.000, na maioria cristãos, vêm de Damasco e de outros países. Já no inverno a população fica reduzida a duas mil pessoas, e então os muçulmanos são a maioria.
Marie estava entre as centenas de outros cristãos que participaram do enterro de cristãos que acabou se tornando uma marcha de protesto contra os invasores patrocinados pela Al Qaeda. O movimento enfureceu ainda mais alguns líderes dos rebeldes que ocupam a cidade.
Adnan Nasrallah, 62, conta que uma explosão destruiu parte de uma igreja perto de sua casa. “Eu vi pessoas usando faixas da Al-Nusra na cabeça que começaram a atirar nas cruzes. Um dos atiradores, colocou uma pistola na cabeça do meu vizinho e obrigou-o a se converter ao Islã, obrigando-o a repetir que só Alá é Deus e Maomé o único profeta… Depois, ele disse aos outros soldados: Este é um dos nossos agora”.
Nasrallah disse que quando os rebeldes chegaram à cidade, muitos de seus vizinhos muçulmanos se alegraram, mas nem todos.
Outra moradora de Maalula, a jovem Rasha conta que os jihadistas assassinaram brutalmente seu noivo Atef e outros cristãos da cidade.
“Liguei para o celular e um deles respondeu: Bom dia. Somos do Exército Livre da Síria. Você sabia que seu noivo era um membro que apoiava o regime [do presidente] e por isso tivemos de cortar a garganta dele?”
Enquanto Rasha ainda tentava entender o que estava acontecendo, o homem contou sarcasticamente que Atef foi “convidado” a renunciar sua fé e se converter ao islamismo, mas se recusou. “Jesus não veio para salvá-lo”, finalizou o rebelde.
Com informações de Christian Post.  e  Gospel Prime

Elba Ramalho fala de sua conversão em Medjugorje

Devota de Nossa Senhora, cantora participa da JMJ e presenteará o pontífice com um kit da ONG Pró-Vida, que luta contra o aborto.

Luciana Tecidiodo EGO, no Rio
Elba Ramalho posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Elba Ramalho mostra o santuário que construiu em sua casa, no Rio (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Durante a Jornada Mundial da Juventude, que acontece no Rio até o dia 28 de julho, Elba Ramalho terá uma participação ativa. Após se apresentar no show “‘Vida in concert“, na noite desata segunda, 22, ela faz uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida no dia 23 e, no dia seguinte, 24, participa de uma missa com o Papa Francisco, ambas no Santuário de Aparecida, em São Paulo.
Voluntária do movimento Pró-Vida – que luta contra o aborto – a cantora prepara uma surpresa para o encontro com o pontífice.
“Irei presenteá-lo com um terço e um livro do movimento Pró-Vida. O terço é formado por gotas que reproduzem fetos. Sei que Francisco sabe de tudo, mas gostaria de presenteá-lo para ele ficar ciente do movimento que vem acontecendo aqui no Brasil na luta contra o aborto e em prol da vida. Além de fazermos as meninas desistirem de abortar, também damos assistência a elas durante a gestação”, explica.
O santuário
Católica atuante, Elba durante muitos anos se afastou de sua religiosidade. “Mas nunca da fé. Muitas vezes me ajoelhei e chorei à Virgem”. Há dez anos, no entanto, ela se transformou numa católica atuante. Vai à missa diariamente, comunga e se confessa. No quintal de sua casa, no bairro do Joá, na Zona Sul do Rio, ela construiu um santuário onde diariamente leva as três filhas adotivas – Maria Esperança, 9 anos, Maria Paula, 6, e Maria Clara, 10 -  para rezar diante da imagem da Virgem, que veio da Alemanha.
Elba Ramalho posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Elba com as três filhas em seu santuário
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
“Minha história com Maria vem desde criança. Ela já me deu muitas graças. A imagem que tenho no meu santuário já chorou mel seis vezes”, garante ela.
Voto de castidade
O amor à Maria e a dedicação às causas voluntárias são hoje uma prioridade em sua vida. Elba traz no braço direito uma corrente que representa a Consagração à Nossa Senhora. “Em minha vida não cabem mais romances terrenos, nem paixões devastadoras. Tenho desejos, mas não tenho mais a disponibilidade para relacionamentos. Essa pulseira simboliza minha escravidão por amor a Deus”, revela, sobre o voto de castidade.
Elba Ramalho posa para o EGO (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Essa pulseira simboliza minha escravidão por amor
a Deus’, diz Elba sobre o voto de castidade
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Para Elba, a fé precisa ser ativa. Além de atuar na Pró-Vida, ela também ajuda 40 idosos do centro kardecista Lar de Frei Luiz, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, e é vice-presidente da Amicca (Amigos da Infância com Câncer). “Conheço o céu e o inferno e para chegar ao céu, tenho que construir a minha ponte”, diz ela.
Militância envolta em misticismo
Recentemente, Elba parou seu carro em um estacionamento do Centro do Rio de Janeiro e caminhou até uma lanchonete, onde uma jovem, grávida de quatro meses, a aguardava. A moça era mãe solteira e pensava em fazer um aborto. Elba deu a mão à moça e a levou a um local tranquilo onde, através de uma conversa doce e carinhosa, tentou fazê-la desistir de abortar o filho que esperava. E conseguiu. Esse é o trabalho que a cantora paraibana de 61 anos vem fazendo há seis anos como voluntária da ONG católica Pró-Vida, que orienta mulheres de todas as idades a desistirem do aborto.
Em minha vida não cabem mais romances terrenos nem paixões devastadoras.”
Elba
A militância de Elba é envolta em misticismo e surgiu por acaso. Ela tomou conhecimento da Pró-Vida há seis anos, durante um show que fez em Brasília. Voluntários da ONG se apresentaram a ela por conhecerem sua posição contrária à prática abortiva. Na época, Elba achou interessante o movimento, mas não prestou muita atenção.
No entanto, meses depois, durante uma viagem que fez à região de Medjugorje, localizada entre a Bósnia e a Herzegovina, ela obteve a certeza do caminho a seguir. O lugar atrai devotos do mundo inteiro que acreditam ver aparições da Virgem Maria.
Naquela época, a cantora – que é devota de Nossa Senhora – sofria com o fim de um relacionamento e buscava consolo. Depois de se confessar com um padre que falava espanhol, ela ouviu a mensagem redentora do clérigo. “Ele disse que a resposta para todas as minhas dores e a solução dos meus problemas viria logo. Quando acabou minha confissão, segui pela rua e um padre polonês, que mal falava o português, me parou. Ele disse que estava no show que fiz em Brasília e que pertencia à ONG Pró-Vida da Europa. Me deu um terço de presente que simboliza fetos e um livrinho do movimento”, lembra ela.
As coincidências não pararam por aí. De Medjugorje, Elba seguiu para Roma e, sozinha, após comer uma pizza na Fontana di Trevi, seguiu para a famosa fonte onde turistas despejam moedinhas e fazem seus pedidos. Reconhecida, foi cercada por um grupo de 40 brasileiros vestindo a camisa da Pró-Vida. “Na mesma hora gravei um vídeo para eles apoiando a ONG e ali virei voluntária. Era o caminho que deveria seguir”.