quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Por que namorar? Quando namorar? Como ter um namoro cristão?

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Se existe algo que mexe como coração de um jovem que começa a descobrir a sua afetividade e a sua sexualidade, é o desejo de namorar. Cantada em verso e prosa, esta fase da vida faz parte do desenvolvimento humano e do plano de Deus para nos fazer crescer e amadurecer no relacionamento, sendo também um caminho (embora não o único, nem o maior) de exercitar a capacidade de amar.
Entretanto, para um jovem cristão, muitas interrogações se levantam: Por que namorar? Quando namorar? Como ter um namoro cristão?
Porque namorar?
Em primeiro lugar, é importante saber que o desejo de relacionar-se com o sexo oposto é algo natural e implica na forma como Deus nos criou.
A partir de um certo momento do desenvolvimento humano,sente-se a necessidade e a sadia curiosidade de relacionar-se com o sexo oposto, de descobrir parte da riqueza, da diversidade da obra criativa de Deus,uma outra pessoa que não é igual a mim, mas que em muitos pontos chega a me complementar. Neste ponto, o relacionamento com pessoas do outro sexo é enriquecedor e fonte de formação e edificação do meu crescimento como pessoa.
Entretanto, o que é belo e edificante pode-se transformar em situações que nem sempre nos edificarão ou contribuirão para o nosso crescimento. Devemos levar em conta que estamos vivendo em meio a uma sociedade hedonista, marcada pela sensualidade. A partir dos meios de comunicação, as próprias crianças, adolescentes e jovens vão sendo manipulados nos seus afetos e instintos para que, de maneira precoce e deformada, vejam na pessoa do outro sexo um objeto de prazer genitalista ou um meio de satisfação de suas carências afetivas.
Isto é fruto do pecado que marcou as faculdades do nosso ser e também das feridas de família, onde a fé e o desenvolvimento dos valores cristãos foram abandonados e a unidade e indissolubilidade do matrimônio e da família, na vivência do amor, são negligenciadas ou até atingidas de maneira irremediável,produzindo no meio de nós gerações marcadas pela dor, insegurança, desvios afetivos, psicológicos e sociais.
Por estes e muitos outros fatores, quando o (a) adolescente vai atingindo sua puberdade (e muitas vezes ainda como criança), a sociedade e,em muitos casos, a própria família, começam a exigir que este (a) jovem”arranje” seu namorado (a) para provar sua masculinidade ou feminilidade.
É preciso que entendamos que o processo natural e salutar de conhecimento do sexo oposto como pessoa não implica necessariamente em um relacionamento de namoro, quando, pelo contrário, a amizade é o passo fundamental e sadio aonde, pelo diálogo e a convivência, vamos podendo construir mutuamente a nossa personalidade de maneira sadia e equilibrada.Muitos jovens cristãos, como muitos que encontramos, se perguntam: Qual é a hora de iniciarmos o namoro?
Em primeiro lugar, é necessário que alguns tabus possam ser quebrados. Isto não significa que todas as pessoas tenham que namorar.Precisamos nos lembrar neste momento das Palavras de Jesus que dizem: “Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem tiver capacidade para compreender que compreenda.” (Mt 19,2)
Devemos nos lembrar que há muitos são chamados para a virgindade como uma oblação espiritual e um serviço à Igreja e aos homens, e nisto encontram sua plena realização. Alguns, muito cedo podem descobrir este chamado no seu interior e, apesar de como pessoa experimentarem a complementariedade do sexo oposto na convivência comum e fraterna, não viverão esta complementariedade no plano da afetividade-genitalidade, próprio dos que são chama¬dos ao Sacramento do Matrimônio.
Alguns passam por relacionamentos de namoro antes de descobrir este sublime chamado, outros não precisam passar por esta etapa, pois a vocação já se faz manifesta no seu interior de maneira definida.
Para isso é necessário que o jovem cristão tenha sempre no seu interior este questionamento: – Qual é a vocação que Deus me chama a viver?– e uma reta e séria motivação de respondê-la. Sabemos que isso, para muitos,se constitui em um longo processo, onde graças a Deus vai iluminado, tirando a cegueira e apontando onde encontrar e aderir à sua vontade, pois aí está a felicidade.
Entrando no processo de namoro propriamente dito, falando para os jovens que acompanhamos, procuramos orientá-lo em algumas etapas para este discernimento:
A amizade
A amizade entre sexos opostos é benéfica e edificante. A amizade se constitui em uma identificação que, se baseada em Cristo Jesus e nos valores do Evangelho, caracterizando-se pela doação de si e respeito mútuo,muito contribuirá para o nosso amadurecimento e crescimento. Atenção, nem toda amizade precisa desembocar em um namoro. Pelo contrário, é perigoso confundiras coisas.
Às vezes a pessoa atrai fisicamente e afetivamente, mas isto não significa que seja da vontade de Deus e edificante para os dois um relacionamento mais profundo pelo namoro. Podemos acabar uma bela amizade se precipitarmos as coisas. É compreensível também que em um relacionamento entre um rapaz e uma moça que são atraentes, possam aparecer desejos e aspirações mais superficiais que, de uma maneira geral, pode jogar esses jovens em um relacionamento sem maiores bases. Ora, o aparecimento destes sentimentos só atestam a normalidade da afetividade e sexualidade de ambos e não deve ser ele,principalmente nos primeiros momentos, o ponto de discernimento de um compromisso de namoro.
Para evitar namoros precipitados (baseados só na atração física, carências ou sentimentos efêmeros), que fazem alguns mudarem de namoro como se troca de roupa e que, em vez de gerar crescimento, pode gerar tantas feridas, dores e marcas na pessoa e nos futuros relacionamentos, é preciso que se tenhamos um relacionamento de amizade. O momento é de aprofundar o conhecimento do outro e procurar ir à luz da oração e da convivência buscando alguns pontos de discernimentos.
Pontos de discernimento no plano psicológico:
Enquadramos aqui alguns pontos na maturidade humana e na identificação dos projetos e planos de vida, inclinações, aspirações, gostos,formação e educação que cada um teve e que não podem ser ignoradas, sob o risco de serem fonte de profundos desgastes e verdadeiros furos que farão naufragar o relacionamento. Não se trata de que o outro seja igual a mim, mas que se nestes pontos podemos nos completar, aceitar e nos construir mutuamente, e se há maturidade em ambos para isto.
Pontos de discernimento no plano espiritual:
Se queremos nos relacionar em Deus e com Deus, este plano não pode ser esquecido. É necessário, na convivência, perceber as aspirações espirituais e se o outro está disposto a colocar Deus como o centro de um relacionamento, para que o relacionamento não seja nada de egoísta, para a”minha”, ou “nossa” satisfação, mas para que ele, apoiado na Graça de Deus, seja voltado para Jesus, seguindo os Seus ensinamentos de renúncia, pureza e abertura. Conhecer a espiritualidade do outro, suas aspirações de conduta moral e de compromisso com a Igreja é fundamental para evitar conflitos futuros, ou namoros onde Deus e sua Palavra estejam ausentes.
Pontos para discernimento no plano afetivo:
A afeição em um relacionamento afetivo é o primeiro passo,mas com certeza não se constitui em sinal de presença real de uma semente de amor. Se o que me faz afeiçoar-me ao outro é só sua aparência física, isto tem sua importância, mas não é tudo.
As aparências passam e o coração, mentalidade e forma de ser permanecem. É preciso descobrir se o sentimento que me move tem a maturidade de ENXERGAR e ACEITAR os limites, defeitos e fragilidades do outro. Pondo na balança o que pesa mais, é o que nos une ou o que nos divide? Neste momento, um certo realismo é salutar, para que a paixão não cegue, e evitemos dar um passo que depois vai nos ferir e ferir ao outro.
Também convém ter a sensibilidade para perceber se eu ou o outro estamos buscando um relacionamento para “minha” satisfação,fechado sobre nós mesmos e a nossa “fantasia romântica” ou se o relacionamento, mesmo com o tempero de romance, é voltado para Deus, para o outro e para as outras pessoas, numa perspectiva de abertura.
Permeando todas estas considerações e orientações, devemos encontrar a oração. É através dela, que a graça de Deus vai purificar as nossas motivações, iluminar a nossa cegueira, fazer-nos entender o que só humanamente não nos é possível, e perceber os reais sinais do Espírito que nos move ou nos detém para um relacionamento que, se quer ser cristão, deve buscar, em todos os sentidos, a maior glória de Deus.
A ajuda de uma pessoa mais amadurecida e vivida no campo espiritual e humano se constitui em ajuda indispensável para chegarmos a um discernimento claro e uma decisão conjunta e madura em nos comprometer em um relacionamento de namoro.
O namoro
Uma vez sedimentado no nosso interior o processo de discernimento (que exige tempo, pois não se resume a dias ou poucas semanas,mas a alguns meses de convivência e oração) e chegando a um discernimento positivo em relação ao namoro, alguns pontos não podem ser esquecidos:
A amizade
O namoro é, antes de tudo, uma amizade que se aprofunda e sedimenta uma caminhada a dois. É essencial que o tempo que os namorados passam juntos seja animado pelo diálogo e a abertura do seu ser que se deixa conhecer e revelar. Muitos namorados não sabem conversar e fogem em carícias,desagradáveis a Deus e destruidoras do relacionamento. O esforço do diálogo,conversar assuntos que unem e saber também conversar as divergências;revelar-se para o outro através da arte do diálogo é fonte de relacionamentos saudáveis e maduros.
A oração
A presença de Jesus dentro de um namoro cristão não pode ser decorativa ou em plano inferior. Ele tem que ser o primeiro para dar fertilidade ao relacionamento. Por isto, é necessário dar tempo e espaço para a oração, partilhar de experiências da vida espiritual, de leitura espiritual. É importante que se saiba que se tem a responsabilidade de levar o outro para Deus e para a Igreja, e não ser um obstáculo para a comunhão com Deus e o serviço na Igreja. A oração e os sacramentos serão também a fonte da graça para permanecer sob as orientações da Palavra e da Igreja, e nos capacitará acrescer na escola do verdadeiro amor, que é aquele que ama apesar dos defeitos e limites do outro.
A abertura
Os namorados cristãos não podem estar somente voltados para si mesmos, como se só o outro existisse, ou que este relacionamento, se não foro único, torne os outros opacos e insignificantes.
Os namorados cristãos sabem fugir do risco da dependência,que sempre é sinal de carência e não de verdadeiro amor, e se aplicam na abertura, amizade e dedicação aos outros (amigos, família), que também são fontes de complemento para a nossa vida, e esta abertura toma-se fonte de enriquecimento do próprio namoro.
Os carinhos
Especial cuidado devemos ter neste campo, pois, muitas vezes, mesmo em namoros cristãos, constatamos cenas de carícias que levam a estados de profunda excitação emocional e orgânica que, seguindo o modelo do mundo considera-se normal, quando na verdade estes atos são apropriados para a preparação do ato conjugal dentro do matrimônio.
O não se deter no físico, e o traçar limites bem definidos e claros para os dois, buscando a pureza e evitando o puritanismo, é ponto básico e que muito necessita da graça para não se deixar levar pelas”facilidades” mútuas, que o sensualismo deste mundo e a concupiscência da carne plantaram em nós.
Nós precisamos construir um Mundo Novo, baseado na Boa Nova de Jesus e da Sua Igreja. Entretanto, não haverá Mundo Novo se não houver Famílias Novas. Não haverá Famílias Novas se não houver Namoros Novos, baseados na graça e no poder do Espírito.
Se meditarmos nestas orientações, sentiremos que são superiores à nossa capacidade. Lembre-se de que “o Verbo se fez carne”, por isto a graça penetrou em todas as realidades da vida humana, e Pentecostes é a certeza de que o Espírito nos capacita a dar nosso sim integral a Deus.

A difícil formação dos bons hábitos em nossos filhos. É trabalhoso, mas vale a pena!

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Educar é chato, você sabe. A gente fala, repete, volta a falar a mesmíssima coisa vinte vezes num dia só. Haja. E ainda saímos da história com fama de chatos. Chatos! Nós? Pais são uns incompreendidos. Mas o que nos redime é o lado nobre dessa missão de interesse público: criar pessoas ajustadas, cidadãos de bem, seres felizes. Além do quê, volta e meia dá um orgulho danado. A visita te olha com aquela cara de espanto porque a pequena de 2 anos pediu licença para sair da mesa e obrigada depois. Licença!? Ora, ora…E você bota uma cara de simplicidade para esconder o show pirotécnico no seu coração. Eita baixinha…resolveu mostrar rudimentos de etiqueta social.
Por isso tento ser incansável. Tenho fé que, num futuro não muito distante, nós quatro permaneceremos à mesa comendo, civilizadamente, sem que eu e meu marido tenhamos que nos revezar para limpar cocô nem arrastar ninguém de volta para a cadeira. Estaremos realmente interessados em trocar impressões sobre a vida e gastando tempo para se conhecer melhor. Porque se tem um hábito que anda me dando arrepios é o olhar das pessoas grudado num celular, num ipad, num Ipod, ou num gadget qualquer, diante de outro ser humano hipnotizado pela tela brilhante. A cena está se tornando um déjà-vu da vida moderna. Famílias sentadas à mesa em restaurantes, silenciosamente entretidas com seus objetos de uso pessoal eletrônicos. Não falam. Não se comunicam entre si. Às vezes, sequer se olham. Não piscam! Desperdiçam tempo de se conhecer. Sabe como isso começa? Lá atrás, nas tentativas de manter crianças pequenas comportadas num restaurante.
É um desafio, eu sei. Dependendo da energia contida, elas querem andar, falar, brincar, desenhar ou simplesmente sair do lugar. Aff. E não adianta nem falar que criança muito pequena não combina com restaurante, melhor não comer fora, ué, esqueça. Essa ideia de jerico fecharia vários estabelecimentos, geraria desemprego e uma onda de desdobramentos econômicos e psicológicos, porque todo mundo gosta de passear. Pais saem com crianças pequenas, desde que o mundo é uma cidade grande com ofertas de entretenimento, inclusive para restaurantes. Aí tem que encarar.
Mas voltemos ao início da minha tese. O que está por trás do vício em joguinhos eletrônicos? Em Ipad? Em Ipod? Em celular? O que fazer para meu filho não chegar lá dessa forma cega? Qual o limite do saudável? Quando elas poderão ser apresentadas a esses joguinhos? São mesmo inevitáveis? Eu me pergunto isso. É da natureza da criança certa inquietude. E nós queremos paz. Inevitável recorrer a brincadeiras, brinquedos. Nós costumamos inventar histórias em pedaços. Um começa e o seguinte completa. Damos várias voltas na mesa até a história ficar sem pé nem cabeça, porque, toda vez que volta para a pequena de dois anos, ela recomeça tudo dizendo “ela uma vez, há muito, muiiiiito tempo…”, sob protesto da outra. “Ah nãooooo….”. Eu também lanço mão de papéis e giz de cera (que bela invenção). Desenhos podem ser muito relaxantes para toda a família, além de abrir uma brecha para eu e meu marido conversarmos. Porque tem hora que precisamos pedir chance para falar. Dá a vez?
Mas há algo de inofensivo num desenho, porque desenho a criança mostra. Ela pede opinião enquanto cria. Há um mínimo de interação. Não há a ansiedade de “passar para a próxima etapa”. Ela pode olhar ao redor e se inspirar em algo presente para criar. A gente sempre dá pitacos, pede para ver, diz “huuummmm”. Há algo a partilhar. Jogos eletrônicos, para mim, aprofundam o isolamento do adolescente que já tende a achar pai e mãe chatos. Posso estar implicando demais, gente, mas peguei horror. Prontofalei.
As pessoas se acostumam a silenciar os filhos, desde cedo, porque barulho incomoda, bagunça incomoda, e incomoda também os outros num lugar público. Minha utopia é canalizar essa energia para uma troca saudável, chamá-las para a brincadeira e não prendê-las numa camisa-de-força eletrônica. Quando a gente deixa a criança falar, revelações surpreendentes surgem. Você fica sabendo de coisas que aconteceram na escola e das quais talvez nunca soubesse. Nem tudo os filhos estão prontos para nos contar se não dermos várias chances seguidas porque às vezes eles têm vergonha até de repetir o que o outro fez. Me chamou de feio, disse que sou burro ou gordo. Não é fácil para uma criança se apropriar do discurso que lhe ofendeu, mesmo que seja apenas para passar adiante a história. Repetir é um sofrimento e é preciso estar muito relaxado e confiante da atenção dos pais para deixar a alma vazar. Mas o joguinho eletrônico faz a gente esquecer essas coisas…pra quê falar?
Lá em casa, a batalha é diária. A gente chama para perto, por mais trabalho que isso dê. Senta aqui, está na hora do café da manhã. Já me irritei muito com o desassossego delas e até me arrependi de ter saído para restaurantes. Mas a coisa evolui aos poucos porque, vocês sabem, educar dá trabalho, é repetitivo e chato. Hoje, apesar de a menorzinha tomar sua vitamina no copo antes de todo mundo (mas não tão antes assim), conseguimos arrastá-las para a mesa. A pequena reclama. “Quelo café e pão!”, com a xícara na mão. Não come nada, mas a intenção lhe basta. A filha mais velha já entendeu que é o momento família e que há um propósito em estarmos juntos e disponíveis uns para os outros. Percebo que, aos poucos, nossa insistência surte efeito. Nem sempre a contento, nem sempre como queremos, mas sinto uma evolução.
Eu não quero dispensá-las do convívio enquanto são barulhentas e desorganizadas porque poderá ser tarde demais tentar recuperá-las de volta depois. Eu quero que elas gostem de uma boa conversa. Faz parte do processo de educação ensiná-las também a participar, a ouvir e a falar. Como a natureza humana é capaz de tudo, inclusive de milagres, e nós, pais, não somos os únicos elementos determinando o caráter dessas pessoas que geramos, pode ser também que não haja lógica nenhuma no que estou falando, e que, de uma hora para outra, a criança falante e feliz se torne um adolescente fechado, que sequer dá bom dia aos pais. E que a criança criada na base do Ipad esteja genuinamente interessada nas reuniões com primos, por exemplo. Tudo é possível… Mas, parodiando a música dos mal encarados frequentadores de um pub do filme Enrolados, eu tenho siiim…um sonho siiimmm…que minhas filhas digam sempre algo pra mim!!!
Autor: Isabel Clemente

Católicos conservadores dos EUA se sentem excluídos do abraço do papa.

The New York Times – Quando o papa Francisco foi eleito em março, Bridget Kurt recebeu um pequeno santinho de oração com a imagem dele na igreja dela e o colocou em seu refrigerador em casa, ao lado das fotos de seus amigos e imagens de seus santos favoritos.

Ela vai regularmente à missa, participa há muito tempo do movimento antiaborto e acredita que todas as doutrinas de sua igreja são verdadeiras, belas e devem ser obedecidas. Ela gostava muito dos dois últimos papas e mantém um livro de recortes com lembranças de sua viagem a Denver, em 1993, para ver o papa João Paulo 2º no Dia Mundial da Juventude.
Mas Kurt removeu recentemente o santinho do papa Francisco e o jogou fora.
“Parece que ele está se concentrando em trazer de volta a esquerda que tinha perdido espaço. Mas e quanto aos conservadores?” disse Kurt, uma educadora. “Mesmo quando era desencorajador trabalhar no pró-vida, você sempre sentia que a madre Teresa estava ao seu lado e que os papas estavam encorajando você. Agora me sinto jogada debaixo do ônibus.”
Nos oito meses desde que se tornou papa, Francisco conquistou afeição mundial por sua humildade e toque comum. Seus índices de aprovação estão nas alturas. Até mesmo ateus estão aplaudindo.
Mas nem todo mundo está tão encantado. Alguns católicos da ala conservadora da igreja nos Estados Unidos dizem que Francisco os deixou se sentindo abandonados e profundamente perturbados. Pela internet e em conversas entre eles, eles se desesperam que, após 35 anos nos quais os papas anteriores –João Paulo 2º e Bento 16– traçaram fronteiras claras entre certo e errado, Francisco está turvando a doutrina católica para ter apelo ao público mais amplo possível.
Eles ficaram particularmente alarmados quando ele disse a um proeminente ateísta italiano, em uma entrevista publicada em outubro e traduzida para o inglês, que “todo mundo tem sua própria ideia de bem e mal”, de modo que todo mundo deveria “seguir o bem e combater o mal como os percebe” –um comentário que muitos conservadores interpretaram como parecendo apoiar o relativismo. Ele chamou o proselitismo de “uma bobagem solene”.
Eles ficaram chocados quando viram que Francisco disse em uma entrevista que “os mais sérios dos males” atuais são “os jovens desempregados e a solidão dos idosos”. E o desgosto aumentou depois que ele disse em uma entrevista anterior que intencionalmente “não fala muito” sobre aborto, casamento de mesmo sexo ou contracepção porque a igreja não pode ficar “obcecada com a transmissão de um conjunto desarticulado de doutrinas”.
Steve Skojec, vice-presidente de uma imobiliária na Virgínia e um blogueiro que escreve para vários sites católicos conservadores, escreveu sobre as declarações de Francisco: “Elas são explicitamente hereges? Não. Estão perigosamente perto? Certamente. Que tipo de cristão diz a um ateísta que não tem intenção de convertê-lo? Isso por si só deveria perturbar os católicos em toda parte”.
Em uma entrevista recente, Skojec disse ter ficado impressionado com a resposta positiva ao seu blog por pessoas que disseram pensar o mesmo que ele, mas que não queriam dizê-lo em público. Ele disse que passou a suspeitar que Francisco é um “pretenso revolucionário” que deseja mudar a igreja fundamentalmente.
“Existiram papas ruins na história da igreja”, disse Skojec, “papas que assassinaram, papas que tinham amantes; eu não estou dizendo que o papa Francisco é terrível, mas não há proteção divina que o impeça de ser o tipo de sujeito que mina sutilmente os ensinamentos da igreja para promover uma visão diferente”.
Mas a maioria dos católicos americanos não compartilha as objeções dele. Uma pesquisa realizada após uma entrevista pela Universidade Quinnipiac apontou que 2 entre 3 concordam que a igreja está “obcecada” demais com algumas poucas questões.
Analisando as declarações de Francisco nas últimas semanas, outros conservadores católicos estão concluindo que ele não disse nada que contradiga o catecismo católico, com parte de sua linguagem até mesmo lembrando a de Bento 16. Mas, em entrevistas, as palavras que os conservadores usam com mais frequência para caracterizar Francisco foram “ingênuo” e “imprudente”, porque ele está dizendo coisas de forma que a mídia e os “inimigos” da igreja podem distorcer, e há consequências.
Alguns apontaram para a votação do casamento gay na semana passada em Illinois. Dois legisladores estaduais católicos que votaram pela aprovação do casamento de mesmo sexo citaram as palavras do papa Francisco: “Quem sou eu para julgar”.
O papa disse essas palavras em resposta a uma pergunta sobre os gays durante uma longa entrevista informal em um avião, em julho. Mas Francisco não mudou o ensinamento católico, que defende que o casamento é apenas entre um homem e uma mulher, e que o sexo gay é errado, mas que os gays são dignos de piedade e respeito.
Matt C. Abbott, um colunista católico de Chicago do “Renew America”, um site politicamente conservador, disse em uma entrevista na sexta-feira: “Eu preferiria que ele tivesse escolhido palavras diferentes, se expressado de um modo diferente, que não pudesse ser tão facilmente tirado de contexto”.
Abbott disse: “Para os católicos ortodoxos e conservadores, os últimos meses foram como um passeio em montanha-russa”. E acrescentou, por e-mail: “Eu não sou um grande fã de montanhas-russas”.
Alguns conservadores católicos estão compartilhando online profecias que falam das tribulações da igreja. Em uma, uma mulher irlandesa previu que Bento seria mantido como refém. Outras citam a mística alemã Anne Catherine Emmerich, que escreveu sobre uma “relação entre dois papas”, um que “vive em um palácio diferente do anterior”, que alguns agora veem como uma referência a Bento 16, que renunciou como papa neste ano, mas ainda vive na Cidade do Vaticano. Durante esse período surgiria uma “falsa igreja das trevas”.
Mas alguns católicos inicialmente alarmados com os comentários de Francisco agora estão tentando acalmar os outros.
Judi Brown, presidente e cofundadora da American Life League, um grupo católico antiaborto, disse: “Os membros do pró-vida estão incomodados por sentirem que o papa está traindo o movimento. Mas isso não é verdade. Se você ler tudo o que ele está dizendo, especialmente nos seus sermões de quarta-feira, não há dúvida de que ele permanece consistente com o que a igreja vem ensinando”.
Na Pregnancy Aid Clinic, de Hapeville, Geórgia, um centro católico sem fins lucrativos onde as mulheres que buscam exames de gravidez são orientadas contra o aborto, os funcionários se reuniram em torno da mesa da cozinha na semana passada e disseram cautelosamente que estão tentando assimilar a mensagem do papa.
Alexandra P. Shattuck, diretora da clínica, disse que estudou a primeira entrevista publicada do papa na aula de estudos da Bíblia em sua paróquia e concluiu que a mídia tirou de contexto o alerta de Francisco sobre a obsessão com o aborto. Ela disse que Francisco estava realmente tentando ensinar sobre misericórdia.
“Eu acho que ele está completamente certo”, acrescentou Katie Stacy, coordenadora de desenvolvimento da clínica, que se formou recentemente na faculdade. “O foco não deve ser apenas no amor e na misericórdia, mas em tratar as mulheres nessas situações de crise com amor e misericórdia.”
A sala estava lotada de cestas com embalagens vazias de alimentos para bebês, que seriam distribuídas pelas paróquias de Atlanta para serem enchidas com notas e moedas de doações. Os funcionários disseram que a maioria dos padres está longe de obcecada com o aborto e contracepção, pregando contra apenas durante o “Domingo de Respeito à Vida”.
“Quando o papa faz uma declaração de improviso ou em uma entrevista, ela não é uma declaração infalível”, disse Chris Baran, o presidente do conselho diretor da clínica. “O que ele diz em uma declaração não muda nenhum ensinamento da igreja existente há mais de 2.000 anos.”
Tradutor: George El Khouri Andolfato

Ateísmo começa a ser ensinado como disciplina curricular em escolas públicas.

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Os alunos do ensino primário na Irlanda, pela primeira vez, irão aprender os princípios básicos do ateísmo como parte do currículo.
Segundo a revista Time, seriam cerca de 16 mil alunos a ouvir sobre os sistemas de crenças seculares ainda este ano. O novo currículo, que falará sobre humanismo e agnosticismo, é um projeto da ONG ateísta Educar Juntos. Fundada a 5 anos, seu site afirma que são um grupo dedicada a “promover o ateísmo, a razão, a ética e um Estado laico”.
As primeiras versões do material contemplam o ensino de crianças dos 4 até os 13 anos. São dez lições, uma por aula, entre 30 e 40 minutos de duração. Além disso, haverá aplicativos para smartphones e atividades interativas no seu site.
Na Irlanda, 90% dos alunos estudam em escolas pertencestes à Igreja Católica. 
Para o co-fundador da Atheist Ireland, Michael Nugent, o fim deste monopólio religioso na educação é necessário. “Se os pais dessas crianças em idade escolar e sob o controle da igreja desejarem, poderão usar o nosso curso como uma alternativa para os seus filhos”.
O grupo lançou uma campanha online para arrecadar os 50 mil euros que acreditam serem necessários para fornecer o material para as escolas e dar treinamento aos professores. Por enquanto, menos da metade do alvo foi alcançado, mas segundo a ONG o dinheiro está vindo de diferentes partes do mundo, o que indica um crescente interesse pelo projeto que poderá se estender a todas as nações interessadas.
Embora em muitos países seja proibido o ensino religioso nas escolas públicas, esta é a primeira vez que ocorrem aulas sobre ateísmo de maneira programática. Contudo, é crescente o número de instituições de ensino superior na Europa e nos EUA que oferecem aulas sobre o pensamento ateísta.
Fonte: Catolicidade