segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Como a Psiquiatria percebe a ‘possessão demoníaca’?

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Em 2008, o doutor Richard E. Gallagher, um psiquiatra e professor de Psiquiatria na clínica New York Medical College, documentou o caso de uma paciente com o nome de “Julia”, dizendo que se encontrava diante de um real caso de possessão demoníaca. É raro que um cientista e psiquiatra reconheça tal possibilidade, visto que em geral os médicos dizem que se trata de qualquer tipo de doença mental. O doutor Hallagher observou pessoalmente objetos voarem e notou que Julia era capaz de levitar, falar em línguas desconhecidas e saber coisas das pessoas ao redor dela.
Também a ciência cambaleia diante de episódios que se apresentam como inexplicáveis. Um destes é a possessão demoníaca, processo no qual o espírito demoníaco se apodera de um corpo mortal. Um processo não imediato e radical, mas que se manifesta em três frases, a última das quais (possessão de terceiro grau) é devastadora para o físico da pessoa, na qual o demônio altera fortemente as características físicas, a temperatura corpórea varia e a pele emite mau cheiro.
A Aleteia perguntou a especialistas do ramo da psiquiatria clínica e psicanálise como a medicina enfrenta este tipo de “via diabólica”.
A doutora Donatella Pace, especialista em Psiquiatria e em Psicologia Médica, seguiu em diversas ocasiões este tipo de pessoas, vítimas de opressões diabólicas. “Como psiquiatra - explica – avalio se seja mais indicado para os pacientes um percurso de psicoterapia, um tratamento psico-farmacêutico, ou eventualmente, os dois. A diferença entre um psiquiatra católico, ateu ou agnóstico está apenas no fato que o primeiro não exclui a verificação dos fenômenos pré-naturais”. Em alguns casos, de fato, verificam-se fenômenos não explicáveis em nível científico. “Ressalto, porém, que isso não acontece de forma frequente. 
Existe toda uma outra série de sintomas que não podem se assimilar a distúrbios psíquicos. “Fala-se de distúrbio bipolar – continua Pace – quando em um paciente se alternam períodos de excitação – marcados por hiperatividade, irritação, delírio de onipotência e outros – e períodos de profunda depressão. Este é um distúrbio puramente psiquiátrico. Em alguns casos, existem mudanças do tom de humor, que não são cíclicos como no distúrbio bipolar – meses de excitação, seguidos de meses de depressão – mas absolutamente repentinos e alternados no período de poucas horas: a pessoa pode ser tranquila e em uma hora se tornar agitada, furiosa, profundamente angustiada, alegre e assim por diante”.
Outro episódio que tem profundamente marcado a psiquiatria foi “a mudança improvisada de cor da pele em uma pessoa. A pele assumiu uma tonalidade indescritível e nunca observada clinicamente. Aquilo se associava a uma deformação do rosto e um timbre de voz também indescritível, acompanhados de uma força enorme”. Neste caso somente a intervenção do exorcista seria eficaz. “A pele retoma sua cor, o rosto parece doce em minutos e assim a voz volta ao timbre normal”.
“Antes de chegar a uma conclusão, o médico deve atender uma pessoa várias vezes, dizer quais são os sintomas físicos e psíquicos e debater com outros colegas. Às vezes, acontece que o trabalho do psiquiatra termina aqui. Ali entra o exorcista: será ele, e somente ele a comprovar através do discernimento dos fenômenos naturais e paranormais, ou seja, aqueles que se relacionam com situações de opressão, infestação ou possessão demoníaca”.
O professor Giorgio Codarini, psiquiatra e estudioso de demonologia, evidencia que no curso dos séculos existiu constantemente a tentativa de representar a força do mal. A neurose demoníaca se tornou objeto de estudo, evolução paralela da psicologia e da psicanálise. “A tarefa do psicanalista – afirma Codarini – é de tornar linguística, transformar em uma história, aquela experiência que transborda no delírio e busca elementos onde se origina o estado nervoso. Não é uma leitura ontológica, não crê na presença do ser que encarna o mal, mas estuda aquilo que é simbólico. E há casos em que ele admite ser impotente e encerra o trabalho”.
Segundo o psicanalista, existem pelo menos dois estados que, em alguns casos mais extremos, poderiam se chamar demoníacos: as histerias, que são nervosas, onde se registram mudanças de voz, o falar línguas desconhecidas; e as esquizofrenias, que são psicoses, caracterizadas por distúrbios psiquiátricos com êxtases muito perigosos, o contínuo ouvir vozes, ou emitir risadas anormais. Neste caso é como se tivesse diante de si mais pessoas que uma só. “Não tenho elementos para demonstrar que seriam possessões demoníacas - disse Codarini – mas naquelas pessoas percebo algo de anormal no rito do falar, na tipologia de linguagem adotada e no discurso. O mundo externo é como se não existisse, e existe uma apreciação fora dele”.
Em muitos casos é possível curar, transformando o estado de nervoso ou psicótico em uma história, banindo assim esta “presença” obscura, inexplicável, que anula o “eu”. “Em outras situações, não é possível curar a pessoa e, naquele ponto, pode entrar o exorcista para tirar a pessoa desta prisão”. 
É mais radical o pensamento do Padre Raffele Talmelli, psiquiatra e exorcista, autor do livro “Eu vejo o céu aberto”, no qual desmascara muitas obras do diabo. “A demonologia cuida de fatos extraordinários, com pessoas, frequentemente sãs na mente, que desmoronam no mal e o semeiam. Tudo isso não tem nada a ver com a psiquiatria. E após a Segunda Guerra, ocorreram muitas confusões entre as duas coisas”. 
Um exorcista ”nem deveria comentar sobre o diagnóstico de um psiquiatra”. Daqui a um tempo sairá um documento da Conferência dos Bispos Italianos neste sentido. “Será útil relatar a demonologia fora do fenômeno da aberração”. Uma “disciplina” que não tem nada a ver com sintomas como mudanças bruscas de humor, distúrbios de personalidade. Nem é correto aproximá-la somente de uma força extraordinária de tipo muscular que poderia originar uma fase maníaca, ou à glossolalia, falar línguas desconhecidas que poderiam ter sido aprendidas em qualquer circunstância da vida. “É necessário ter atenção em outros sinais, sobretudo de ordem moral, que revelam sob forma diversa, a intervenção diabólica”, explica o psiquiatra-exorcista.
“Não digo nada de novo – prossegue padre Talmelli – porque é o Magistérios da Igreja a falar de possessão diabólica nestes termos. Basta ler o ritual do exorcista, hoje facilmente encontrado na internet, para ver que existe uma dimensão não estritamente física que testemunha a presença do demônio”. O sacerdote dá o exemplo de uma pessoa anciã, mas com uma vitalidade enorme, possessa pelo demônio dos 75 aos 90 anos. Era um clarividente e em quinze anos tinha escrito 20 mil páginas sem nenhum erro ortográfico, seguidamente, sem dormir, nem mesmo uma hora ao dia. Uma pessoa que manifestava dentro de si uma maldade incrível. Buscava teorizar o mal, tendo uma cultura de base muito limitada e se sentia movido por uma força que o garantia uma energia sem fim.
“Nunca soube que levantasse objetos pesados – acrescenta o sacerdote -, ou cometesse outros gestos que são associados a uma possessão diabólica. Quero ressaltar que quando Jesus encontrou o demônio, este citou o salmo, dando uma interpretação distorcida à Palavra de Deus. Não cometeu nenhum ato físico contra Jesus, ou contra si mesmo. Um outro exemplo: Hitler era uma pessoa movida pelo demônio, um convicto sustentador da pureza da raça ariana, um germe difundido com maldade indescritível a milhões de pessoas. Por isso sou convencido que a possessão é algo que entra em uma esfera não classificável da ciência, e se insere no extraordinário dos fatos”. 
Fonte: Aleteia

Artigo sobre homossexualismo e Aids faz MP abrir investigação no RN.

Revista publicou artigo ‘Propagar o homossexualismo é disseminar AIDS’. Morador do Rio Grande do Norte denunciou editora por dano moral coletivo.

Artigo foi publicado na revista Catolicismo em fevereiro de 2012 (Foto: Reprodução/Internet)
G1 – O Ministério Público do Rio Grande do Norte instaurou um inquérito civil para apurar a denúncia de um possível caso de dano moral coletivo aos homossexuais por parte da Editora Padre Belchior de Pontes Ltda. De acordo com o MP, o artigo “Propagar o homossexualismo é disseminar Aids”, veiculado na revista mensal Catolicismo, na edição de fevereiro de 2012, “associou automaticamente a homossexualidade à Aids, como se todo homossexual fosse, pelo fato de ser homossexual, um propagador da referida síndrome e um risco para a saúde pública”.
O inquérito foi instaurado a partir da denúncia de uma pessoa que mora no Rio Grande do Norte e que prefere manter-se no anonimato. A abertura da investigação foi publicada na edição desta quinta-feira (31) no Diário Oficial do Estado. O G1tentou falar com a Editora Padre Belchior, que fica em São Paulo, mas os telefones que constam no site respondem como inexistentes.
O MP considerou que ao longo do artigo são feitas referências a estatísticas envolvendo quantidades e percentuais de proliferação da Aids entre homossexuais e concluiu que “se quisesse combater de fato e eficazmente a proliferação da Aids, o alertar à população sobre esses dados constituiria a primeira e mais urgente medida”. O MP avaliou ainda que as colocações existentes no artigo são ofensivas aos homossexuais e levanta preconceitos contra eles “que assim ficam atingidos em sua imagem, honra e vida privada”.
Fonte: http://fratresinunum.com

Como distinguir ‘possessão diabólica’ de doença mental?

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Entrevista  com o Dr. Valter Cascioli, médico psiquiatra, porta-voz e conselheiro científico da Associação Internacional dos Exorcistas (AIE), que recebeu recentemente o reconhecimento jurídico da Congregação Vaticana para o Clero. A Associação reúne cerca de 300 exorcistas de todo o mundo.
Não existem ainda números oficiais sobre a quantidade de pessoas que recebem assistência e rituais de exorcismo por meio da Associação. É certo que “sabemos, pelo que nos contam os sacerdotes exorcistas, que os casos estão aumentando constantemente por causa das práticas ocultas e da falta de fé”, afirmou Cascioli.
Deus chamou alguns sacerdotes ao “ministério do exorcismo e da libertação”. As recomendações da Igreja para um ritual de exorcismo incluem a assistência profissional de especialistas em medicina e psiquiatria. O Dr. Cascioli é psiquiatra com 30 anos de experiência profissional.
Por que os casos de possessão diabólica estão aumentando?
O aumento extraordinário da atividade diabólica, das infestações, obsessões, perseguições e possessões, aumenta por causa da falta de fé, adicionada às práticas esotéricas, de magia e de ocultismo. Estas práticas envolvem milhões de pessoas e podem levar ao caminho da possessão diabólica e de outras manifestações de atividade demoníaca extraordinária.
Quais são os sintomas de uma possessão diabólica?
A possessão diabólica é a mais grave atividade demoníaca extraordinária. Relembramos que a atividade ordinária do diabo é representada pela tentação. Ressalto este aspecto porque a tentação é o que abre caminho para os fenômenos mais graves. 
Como se reconhece a possessão diabólica?
A aversão a tudo aquilo que é sagrado. Repugnância pela oração, por tudo aquilo que é abençoado mesmo sem a consciência do que seja, reações inesperadas de violência em pessoas com uma índole diferente. Manifesta-se com blasfêmia, agressões físicas, reações furiosas se as abençoamos, ou se rezarmos diante delas.
Quais sintomas são suficientes para afirmar que existe uma possessão diabólica?
Alguns sintomas são: conhecer profundamente assuntos ou línguas desconhecidas ao sujeito; conhecer a localização de objetos escondidos à vista; conhecer coisas ocultas; manifestar uma força sobre-humana e anormal pela idade ou pelas as condições físicas da pessoa. Às vezes se manifestam com uma agitação psicomotora que, sem explicação, não responde à terapia farmacêutica sedativa. 
É possível que as pessoas possuídas levitem?
Seguramente o fenômeno extraordinário da levitação pode se somar aos sintomas antes mencionados da atividade diabólica. É um indício de possessão. Existem também outros sintomas extraordinários: clarividência do passado e do futuro, materialização. São alguns dos elementos do diagnóstico de possessão diabólica.
Como uma pessoa pode entender se está possuída por um espírito?
Não é fácil saber, sobretudo se não se conhece o assunto. Lembro que estes sintomas são claros somente se manifestados em conjunto. Às vezes é difícil reconhecê-los, se confundidos com doenças psíquicas por causas naturais. A possessão diabólica é “adquirida” por causas não naturais. Em alguns casos os sintomas da possessão podem levar a pensar em uma doença psíquica, por isso podem confundir. As pessoas que levam uma vida desordenada podem confundir os sintomas. Isso não é suficiente para falar de possessão.
Como se abre um caso psiquiátrico?
O sacerdote exorcista decide caso por caso, decidindo se envolve, ou não, um médico psiquiatra. Este profissional precisa ter uma preparação acadêmica, mas também espiritual. Existem médicos que não acreditam na existência do diabo, não reconhecem a atividade demoníaca ordinária ou extraordinária. Às vezes os exorcistas se encontram em dificuldades quando enviam seus pacientes aos psiquiatras que não têm fé e que não reconhecem o maligno.
Quais são as doenças psíquicas que podem ser confundidas com uma possessão diabólica?
Algumas como a esquizofrenia e o distúrbio obsessivo. Em um contexto de psicose delirante poderia, com base nos casos, parecer uma possessão diabólica. Devemos considerar estas patologias com grande atenção e com a competência pedida para este trabalho.
Qual é o primeiro passo que deve cumprir uma pessoa que tem um problema e quer saber se é uma questão espiritual ou psiquiátrica?
Muitas das coisas que mencionamos envolvem as pessoas que, na maior parte dos casos, vivem fora da graça de Deus, pessoas que vivem em situações de pecado mortal. É claro que para um crente o primeiro passo é reconciliar-se com Deus através da oração, Sagrada Escritura e os sacramentos. A pessoa pode seguir um caminho de fé acompanhada por um diretor espiritual. Obviamente, se estas pessoas manifestam problemas psíquicos, ou médicos, podem pedir a ajuda de um especialista. 
Um famoso exorcista Sante Babolin S.J., afirmou que, dos casos de pessoas que pedem um ritual de libertação, somente 2% são verdadeiros episódios de possessão demoníaca, enquanto os 98% são constituído de casos psiquiátricos. Existem estatísticas sobre o percentual de casos reais de exorcismo?
É difícil quantificar o fenômeno, porque as fontes são diferentes. Posso dizer que ao exorcista citado, de fama internacional, chega provavelmente um número superior de casos de problemas sobrenaturais em relação aos casos psiquiátricos. A mim, como especialista, chegam muitos casos psiquiátricos e constato que existe um percentual muito baixo de casos que pedem um exorcismo.
Fonte: Aleteia

Médico é demitido por se recusar a fazer aborto




Existe apenas uma razão que poderia justificar o aborto. E nesse caso, aliás, não seria aborto.
 
Seria uma consequência indesejada do princípio de "duplo efeito", quando a vida de uma mulher grávida está em grave perigo devido a doença ou emergência, e os médicos precisam realizar um procedimento que, a fim de salvar a vida da mãe, coloca em risco a vida do feto. O procedimento é realizado e, infelizmente, a criança morre em decorrência desse risco. A intenção era salvar a vida da mãe, não matar a criança. Mas o procedimento necessário tinha o "duplo efeito" de salvar uma e não conseguir salvar a outra.

Em nenhum outro caso existe justificativa moral para que um médico realize um aborto, não importando o quanto a situação possa parecer terrível. O médico tem o direito de se recusar a interromper a gravidez em qualquer caso e, para evitar cumplicidade, pode se recusar até a encaminhar a mulher a outro médico ou hospital que realize o procedimento.
 
Na Polônia, o Dr. Bogdan Chazan está pagando o preço de ter exercido o seu direito.
 
Chazan, diretor do Hospital Sagrada Família, de Varsóvia, foi demitido depois que se recusou a realizar um aborto. Em abril, uma mulher grávida o procurou porque outro médico tinha diagnosticado graves problemas de saúde no feto. Chazan afirmou que não podia permitir o aborto no Sagrada Família por causa de um "conflito de consciência" e deu a ela o endereço de um hospital onde a criança poderia receber cuidados paliativos depois do nascimento.
 
Em outras palavras, o médico tratou o paciente ainda não nascido como um ser humano que tem os mesmos direitos de qualquer outro ser humano, começando pelo de nascer e ser bem cuidado. A vida do pequeno pode ser curta e difícil, mas, na visão de Chazan, é para isso que as outras pessoas estão aqui: para cuidar de todos com amor.
 
"O bebê nasceu em outro hospital com severas deformidades faciais e na cabeça, além de deficiências graves no cérebro. Essas condições, segundo o médico responsável, resultariam na morte da criança dentro de um mês ou dois", relatou a agência Reuters.
 
Chazan, na opinião de pelo menos duas pessoas na Polônia, teria imposto a sua vontade e a sua fé a uma mulher e criado uma situação que obrigava um bebê inocente a sofrer desnecessariamente. Essas duas pessoas são a prefeita de Varsóvia, que demitiu Chazan do hospital, e o primeiro-ministro polonês, Donad Tusk, que emitiu um comunicado dizendo: "Independentemente do que a sua consciência lhe diz, [o médico] deve cumprir a lei".
 
Hanna Gronkiewicz-Waltz, prefeita da capital polonesa, disse que demitiu Chazan do hospital "porque ele não tinha o direito de recusar o aborto e não informou a mulher sobre as opções que ela tinha". O inquérito pedido pelo gabinete da prefeita afirma que Chazan não informou à paciente que o aborto passaria a ser ilegal após a 24ª semana de gravidez e solicitou exames desnecessários que a fizeram perder esse prazo final. Além disso, ele teria desrespeitado a lei polonesa que exige que os médicos ajudem o paciente a encontrar alternativas para resolver a própria situação.
 
Mas Chazan está recebendo apoio de um número relevante de indivíduos e organizações, como o cardeal Kazimierz Nycz, arcebispo de Varsóvia, que disse em comunicado que a demissão do médico é um "precedente perigoso, que viola os direitos não só dos católicos, mas de todos os povos".
 
Chazan não nega que se recusou a realizar um aborto, mas contesta os resultados do inquérito, explica a Reuters. Seu advogado confirma que o médico pode apelar contra a demissão.
 
"A decisão de hoje é o início de um ataque contra a consciência dos médicos e das pessoas que exercem cargos de gestão em serviços de saúde. É uma violação das consciências", declarou Chazan à razem.tv, um portal de notícias conservador. "O respeito pelas leis da natureza e, em primeiro lugar, pela lei que proíbe matar uma pessoa, provavelmente vai se tornar motivo para eliminar essas pessoas das posições de gestão".
Fonte: http://www.aleteia.org

É possível ser amigo dos santos?

© Pascal DELOCHE / GODONG
O teólogo e escritor Scott Hahn publicou um guia para relacionar-se com os santos, no qual conta também sua experiência de encontro real no dia em que caiu de joelhos para pedir pela cura do seu filho.

Scott estava no quarto do hospital ao qual seu filho havia sido transferido com caráter de urgência. O pequeno enfrentava a morte.

“Eu me sentia tão impotente como pai, que só pude me ajoelhar e rezar.” No lugar que aparentava ser um quarto solitário com um pai e um filho doente, havia, na verdade, mais alguém: “Estavam no quarto: São Francisco de Assis, Santa Clara e Maria. Eu não ficaria surpreso se, naquele momento, alguém tivesse acendido a luz e visto rostos de anjos”.

Este testemunho é parte do último livro do convertido ao catolicismo Scott Hahn, intitulado “Anjos e santos: um guia bíblico para a amizade com os santos de Deus”, que por enquanto só foi publicado nos Estados Unidos.

Com o livro, o autor pretende recordar que a solidão é apenas uma ilusão, e que realmente estamos submersos no plano de amor de Deus, em comunidade com os irmãos e com os santos, a quem nos dirigimos pedindo intercessão.

Santa Teresinha do Menino Jesus e São Josemaría Escrivá são dois dos santos cujas vidas são abordadas por Scott, em uma tentativa de aproximar estas figuras da Igreja da vida cotidiana dos católicos e de explicar melhor o conceito de “família cristã”.

“Não há nada que agrade mais um pai que ver seus filhos e filhas cada vez mais unidos, mais amigos”, afirmou o autor, que convida a uma reflexão sobre a vida de oração de cada um. “Em um mundo onde cada vez se impõe mais a ação, é preciso parar um pouco de fazer coisas e começar a sentar-se com calma para rezar. Deixar que Deus aja em nós.”
sources: Alfa y Omega

24 jovens explicam por que não usam anticoncepcionais.

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Em uma dos sites mais acessados do momento, o BuzzFeed, um mix de notícias e material produzido e compartilhado entre os usuários, 22 mulheres que trabalham no site postaram fotos delas mesmas com um cartaz na mão. No cartaz estava especificada a razão pela qual usam anticoncepcionais.
Em resposta ao post, 24 leitoras, com outras fotos e cartazes, expuseram o motivo pelo qual não usam anticoncepcionais. É possível ver as fotos aqui.
Traduzimos os cartazes sobre o “não usamos” anticoncepcionais(alguns uma resposta direta ao “sim”):
1) Porque posso evitar uma gravidez sem envenenar meu corpo
2) Porque apesar das cólicas e da possibilidade de aparecerem espinhas, isso faz parte do ser mulher
3) Porque vale totalmente a pena
4) Porque o meu corpo é um dom para o meu futuro marido, e este dom inclui a maternidade
5) Porque sou responsável e tomo decisões aceitando as consequências das minhas ações
6) Porque quero um corpo saudável e natural
7) Porque ser fértil não é uma condição à qual preciso remediar
8) Sexo = doação TOTAL de si #NFP (Natural Family Planning, ou seja, métodos naturais de regulação da fertilidade)
9) Porque não preciso renunciar minha maternidade para ser uma feminista
10) Porque consigo me controlar
11) Porque os anticoncepcionais permitem aos homens usar as mulheres SEM consequências 
12) Porque atingem os sintomas, NÃO o problema
13) Não quero colocar algo de artificial no meu corpo para impedir que aconteça algo natural
14) Porque o sexo é mais que diversão… gera a vida!
15) Porque tenho a PCOS (Síndrome do Ovário Policístico) e apílula é menos eficaz que as alternativas naturais, mas as companhias farmacêuticas querem ganhar dinheiro
16) Porque os filhos NÃO são algo inconveniente, são um dom 
17) Porque é mais legal ter dois filhos do que cães ou gatos
18) Porque o câncer de mama, câncer de colo de útero e infertilidade… não valem a pena
19) Porque NINGUÉM NUNCA está verdadeiramente pronto para ter filhos - e são uma das MELHORES e mais excitantes coisas, além da satisfação que podem causar
20) Porque ser mulher e a fertilidade são um dom lindo e eu quero um amor que seja doação de si e doação da vida
21) Porque me orgulho da minha feminilidade e porque conheço muitas jovens que têm problemas reprodutivos por causa dos anos de anticoncepcionais
22) Porque a vida é uma coisa linda, sempre
23) Porque quero um sistema reprodutivo 100% saudável e intacto quando estiver pronta para ter filhos
24) Porque a capacidade de gerar a vida é um super poder que sou orgulhosa de possuir
Fonte : Il Timone

O que a Igreja pensa oficialmente sobre a participação do católico na vida política?


politicaCONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
NOTA DOUTRINAL 
sobre algumas questões relativas
à participação e comportamento dos católicos na vida política

A Congregação para a Doutrina da Fé, ouvido também o parecer do Pontifício Conselho para os Leigos, achou por bem publicar a presente “Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política”. A Nota é endereçada aos Bispos da Igreja Católica e, de modo especial, aos políticos católicos e a todos os fiéis leigos chamados a tomar parte na vida pública e política nas sociedades democráticas.

I. Um ensinamento constante
1. O empenho do cristão no mundo em dois mil anos de história manifestou-se seguindo diversos percursos. Um deles concretizou-se através da participação na acção política: os cristãos, afirmava um escritor eclesiástico dos primeiros séculos, “participam na vida pública como cidadãos”[1]. A Igreja venera entre os seus Santos numerosos homens e mulheres que serviram a Deus através do seu generoso empenho nas actividades políticas e de governo. Entre eles, São Tomás Moro, proclamado Padroeiro dos Governantes e dos Políticos, soube testemunhar até ao martírio a “dignidade inalienável da consciência”[2]. Embora sujeito a diversas formas de pressão psicológica, negou-se a qualquer compromisso e, sem abandonar “a constante fidelidade à autoridade e às legítimas instituições” em que se distinguiu, afirmou com a sua vida e com a sua morte que “o homem não pode separar-se de Deus nem a política da moral”[3].  
As sociedades democráticas actuais, onde louvavelmente todos participam na gestão da coisa pública num clima de verdadeira liberdade[4], exigem novas e mais amplas formas de participação na vida pública da parte dos cidadãos, cristãos e não cristãos. Todos podem, de facto, contribuir através do voto na eleição dos legisladores e dos governantes e, também de outras formas na definição das orientações políticas e das opções legislativas que, no seu entender, melhor promovam o bem comum[5]. Num sistema político democrático, a vida não poderia processar-se de maneira profícua sem o envolvimento activo, responsável e generoso de todos, “mesmo na diversidade e complementaridade de formas, níveis, funções e responsabilidades”[6].
Através do cumprimento dos comuns deveres civis, “guiados pela consciência cristã”[7] e em conformidade com os valores com ela congruentes, os fiéis leigos desempenham também a função que lhes é própria de animar cristãmente a ordem temporal, no respeito da natureza e da legítima autonomia da mesma[8], e cooperando com os outros cidadãos, segundo a sua competência específica e sob a própria responsabilidade[9]. É consequência deste ensinamento fundamental do Concílio Vaticano II que “os fiéis leigos não podem de maneira nenhuma abdicar de participar na ‘política’, ou seja, na multíplice e variada acção económica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover de forma orgânica e institucional o bem comum”[10], que compreende a promoção e defesa de bens, como são a ordem pública e a paz, a liberdade e a igualdade, o respeito da vida humana e do ambiente, a justiça, a solidariedade, etc.
A presente Nota não tem a pretensão de repropor o inteiro ensinamento da Igreja em matéria, aliás resumido, nas suas linhas essenciais, no Catecismo da Igreja Católica; entende apenas relembrar alguns princípios próprios da consciência cristã, que inspiram o empenho social e político dos católicos nas sociedades democráticas[11]. Fá-lo, porque nestes últimos tempos, não raras vezes sob a pressão dos acontecimentos, apareceram orientações ambíguas e posições discutíveis, que tornam oportuna a clarificação de aspectos e dimensões importantes da temática em questão.
 II. Alguns pontos fulcrais no actual debate cultural e político
2. A sociedade civil encontra-se hoje dentro de um processo cultural complexo, que evidencia o fim de uma época e a incerteza relativamente à nova que desponta no horizonte. As grandes conquistas de que se é espectadores obrigam a rever o caminho positivo que a humanidade percorreu no progresso e na conquista de condições de vida mais humanas. O crescimento de responsabilidades para com os Países ainda em fase de desenvolvimento é certamente um sinal de grande relevância, que denota a crescente sensibilidade pelo bem comum. Ao mesmo tempo, porém, não se podem ignorar os graves perigos, para os quais certas tendências culturais tentam orientar as legislações e, por conseguinte, os comportamentos das futuras gerações. 
Constata-se hoje um certo relativismo cultural, que apresenta sinais evidentes da sua presença, quando teoriza e defende um pluralismo ético que sanciona a decadência e a dissolução da razão e dos princípios da lei moral natural. Em conformidade com essa tendência, não é raro, infelizmente, encontrar, em declarações públicas, afirmações que defendem que esse pluralismo ético é condição para a democracia[12]. Assim, verifica-se que, por um lado, os cidadãos reivindicam para as próprias escolhas morais a mais completa autonomia e, por outro, os legisladores julgam respeitar essa liberdade de escolha, quando formulam leis que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais transitórias[13], como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo valor. Ao mesmo tempo, invocando erroneamente o valor da tolerância, pede-se a uma boa parte dos cidadãos – entre eles, aos católicos – que renunciem a contribuir para a vida social e política dos próprios Países segundo o conceito da pessoa e do bem comum que consideram humanamente verdadeiro e justo, a realizar através dos meios lícitos que o ordenamento jurídico democrático põe, de forma igual, à disposição de todos os membros da comunidade política. Basta a história do século XX para demonstrar que a razão está do lado daqueles cidadãos que consideram totalmente falsa a tese relativista, segundo a qual, não existiria uma norma moral, radicada na própria natureza do ser humano e a cujo ditame deva submeter-se toda a concepção do homem, do bem comum e do Estado. 
3. Uma tal concepção relativista do pluralismo nada tem a ver com a legítima liberdade dos cidadãos católicos de escolherem, entre as opiniões políticas compatíveis com a fé e a lei moral natural, a que, segundo o próprio critério, melhor se coaduna com as exigências do bem comum. A liberdade política não é nem pode ser fundada sobre a ideia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor, mas sobre o facto de que as actividades políticas visam, vez por vez, a realização extremamente concreta do verdadeiro bem humano e social, num contexto histórico, geográfico, económico, tecnológico e cultural bem preciso. Do concreto da realização e da diversidade das circunstâncias brota necessariamente a pluralidade de orientações e de soluções, que porém devem ser moralmente aceitáveis. Não cabe à Igreja formular soluções concretas – e muito menos soluções únicas – para questões temporais, que Deus deixou ao juízo livre e responsável de cada um, embora seja seu direito e dever pronunciar juízos morais sobre realidades temporais, quando a fé ou a lei moral o exijam[14]. Se o cristão é obrigado a “admitir a legítima multiplicidade e diversidade das opções temporais”[15], é igualmente chamado a discordar de uma concepção do pluralismo em chave de relativismo moral, nociva à própria vida democrática, que tem necessidade de bases verdadeiras e sólidas, ou seja, de princípios éticos que, por sua natureza e função de fundamento da vida social, não são “negociáveis”. 
No plano da militância política concreta, há que ter presente que o carácter contingente de algumas escolhas em matéria social, o facto de muitas vezes serem moralmente possíveis diversas estratégias para realizar ou garantir um mesmo valor substancial de fundo, a possibilidade de interpretar de maneira diferente alguns princípios basilares da teoria política, bem como a complexidade técnica de grande parte dos problemas políticos, explicam o facto de geralmente poder dar-se uma pluralidade de partidos, dentro dos quais os católicos podem escolher a sua militância para exercer – sobretudo através da representação parlamentar – o seu direito-dever na construção da vida civil do seu País[16]. Tal constatação óbvia não pode todavia confundir-se com um indistinto pluralismo na escolha dos princípios morais e dos valores substanciais, a que se faz referência. A legítima pluralidade de opções temporais mantém íntegra a matriz donde promana o empenho dos católicos na política, e esta matriz liga-se directamente à doutrina moral e social cristã. É com um tal ensinamento que os leigos católicos têm de confrontar-se constantemente para poder ter a certeza que a própria participação na vida política é pautada por uma coerente responsabilidade para com as realidades temporais. 
A Igreja é consciente que se, por um lado, a via da democracia é a que melhor exprime a participação directa dos cidadãos nas escolhas políticas, por outro, isso só é possível na medida que exista, na sua base, uma recta concepção da pessoa[17]. Sobre este princípio, o empenho dos católicos não pode descer a nenhum compromisso; caso contrário, viriam a faltar o testemunho da fé cristã no mundo e a unidade e coerência interiores dos próprios fiéis. A estrutura democrática, sobre que pretende construir-se um Estado moderno, seria um tanto frágil, se não tiver como seu fundamento a centralidade da pessoa. É, aliás, o respeito pela pessoa que torna possível a participação democrática. Como ensina o Concílio Vaticano II, a tutela “dos direitos da pessoa humana é condição necessária para que os cidadãos, individualmente ou em grupo, possam participar activamente na vida e na gestão da coisa pública”[18]
4. É a partir daqui que se estende a complexa teia de problemáticas actuais, que não tem comparação com as dos séculos passados. O avanço da ciência, com efeito, permitiu atingir metas que abalam a consciência e obrigam a encontrar soluções capazes de respeitar, de forma coerente e sólida, os princípios éticos. Assiste-se, invés, a tentativas legislativas que, sem se preocuparem com as consequências das mesmas para a existência e o futuro dos povos na formação da cultura e dos comportamentos sociais, visam quebrar a intangibilidade da vida humana. Os católicos, em tal emergência, têm o direito e o dever de intervir, apelando para o sentido mais profundo da vida e para a responsabilidade que todos têm perante a mesma. João Paulo II, na linha do perene ensinamento da Igreja, afirmou repetidas vezes que quantos se encontram directamente empenhados nas esferas da representação legislativa têm a “clara obrigação de se opor” a qualquer lei que represente um atentado à vida humana. Para eles, como para todo o católico, vale a impossibilidade de participar em campanhas de opinião em favor de semelhantes leis, não sendo a ninguém consentido apoiá-las com o próprio voto[19]. Isso não impede, como ensinou João Paulo II na Carta Encíclica Evangelium vitae sobre a eventualidade de não ser possível evitar ou revogar totalmente uma lei abortista já em vigor ou posta em votação, que “um parlamentar, cuja pessoal oposição absoluta ao aborto seja clara e por todos conhecida, possa licitamente dar o próprio apoio a propostas tendentes a limitar os danos de uma tal lei e a diminuir os seus efeitos negativos no plano da cultura e da moralidade pública”[20]
Neste contexto, há que acrescentar que a consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a actuação de um programa político ou de uma só lei, onde os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos. Uma vez que a fé constitui como que uma unidade indivisível, não é lógico isolar um só dos seus conteúdos em prejuízo da totalidade da doutrina católica. Não basta o empenho político em favor de um aspecto isolado da doutrina social da Igreja para esgotar a responsabilidade pelo bem comum. Nem um católico pode pensar em delegar a outros o empenho que, como cristão, lhe vem do evangelho de Jesus Cristo de anunciar e realizar a verdade sobre o homem e o mundo. 
Quando a acção política se confronta com princípios morais que não admitem abdicações, excepções ou compromissos de qualquer espécie, é então que o empenho dos católicos se torna mais evidente e grávido de responsabilidade. Perante essas exigências éticas fundamentais e irrenunciáveis, os crentes têm, efectivamente, de saber que está em jogo a essência da ordem moral, que diz respeito ao bem integral da pessoa. É o caso das leis civis em matéria de aborto e de eutanásia (a não confundir com a renúncia ao excesso terapêutico, legítimo, mesmo sob o ponto de vista moral), que devem tutelar o direito primário à vida, desde o seu concebimento até ao seu termo natural. Do mesmo modo, há que afirmar o dever de respeitar e proteger os direitos do embrião humano. Analogamente, devem ser salvaguardadas a tutela e promoção da família, fundada no matrimónio monogâmico entre pessoas de sexo diferente e protegida na sua unidade e estabilidade, perante as leis modernas em matéria de divórcio: não se pode, de maneira nenhuma, pôr juridicamente no mesmo plano com a família outras formas de convivência, nem estas podem receber, como tais, um reconhecimento legal. Igualmente, a garantia da liberdade de educação, que os pais têm em relação aos próprios filhos, é um direito inalienável, aliás reconhecido nas Declarações internacionais dos direitos humanos. No mesmo plano, devem incluir-se a tutela social dos menores e a libertação das vítimas das modernas formas de escravidão (pense-se, por exemplo, na droga e na exploração da prostituição). Não podem ficar fora deste elenco o direito à liberdade religiosa e o progresso para uma economia que esteja ao serviço da pessoa e do bem comum, no respeito da justiça social, do princípio da solidariedade humana e do de subsidariedade, segundo o qual “os direitos das pessoas, das famílias e dos grupos, e o seu exercício têm de ser reconhecidos”[21]. Como não incluir, enfim, nesta exemplificação, o grande tema da paz? Uma visão irénica e ideológica tende, por vezes, a secularizar o valor da paz; noutros casos, cede-se a um juízo ético sumário, esquecendo a complexidade das razões em questão. A paz é sempre “fruto da justiça e efeito da caridade”[22]; exige a recusa radical e absoluta da violência e do terrorismo e requer um empenho constante e vigilante da parte de quem está investido da responsabilidade política. 
 III. Princípios da doutrina católica sobre laicidade e pluralismo
5. Se, perante tais problemáticas, é lícito pensar em utilizar uma pluralidade de metodologias que reflectem sensibilidades e culturas diferentes, já não é consentido a nenhum fiel apelar para o princípio do pluralismo e da autonomia dos leigos em política, para favorecer soluções que comprometam ou atenuem a salvaguarda das exigências éticas fundamentais ao bem comum da sociedade. Por si, não se trata de “valores confessionais”, uma vez que tais exigências éticas radicam-se no ser humano e pertencem à lei moral natural. Não exigem, da parte de quem as defende, a profissão de fé cristã, embora a doutrina da Igreja as confirme e tutele, sempre e em toda a parte, como um serviço desinteressado à verdade sobre o homem e ao bem comum das sociedades civis. Não se pode, por outro lado, negar que a política deve também regular-se por princípios que têm um valor absoluto próprio, precisamente por estarem ao serviço da dignidade da pessoa e do verdadeiro progresso humano.
6. O apelo que muitas vezes se faz à “laicidade” que deveria guiar à acção dos católicos, exige uma clarificação, não apenas de terminologia. A promoção segundo consciência do bem comum da sociedade política nada tem a ver com o “confessionalismo” ou a intolerância religiosa. Para a doutrina moral católica, a laicidade entendida como autonomia da esfera civil e política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral – é um valor adquirido e reconhecido pela Igreja, e faz parte do património de civilização já conseguido[23]. João Paulo II repetidas vezes alertou para os perigos que derivam de qualquer confusão entre esfera religiosa e esfera política. “São extremamente delicadas as situações, em que uma norma especificamente religiosa se torna, ou tende a tornar-se, lei do Estado, sem que se tenha na devida conta a distinção entre as competências da religião e as da sociedade política. Identificar a lei religiosa com a civil pode efectivamente sufocar a liberdade religiosa e até limitar ou negar outros direitos humanos inalienáveis”[24]. Todos os fiéis têm plena consciência de que os actos especificamente religiosos (profissão da fé, prática dos actos de culto e dos sacramentos, doutrinas teológicas, comunicação recíproca entre as autoridades religiosas e os fiéis, etc.) permanecem fora das competências do Estado, que nem deve intrometer-se neles nem, de forma alguma, exigi-los ou impedi-los, a menos de fundadas exigências de ordem pública. O reconhecimento dos direitos civis e políticos e a realização de serviços públicos não podem estar condicionados a convicções ou prestações de natureza religiosa da parte dos cidadãos.
Completamente diferente é a questão do direito-dever dos cidadãos católicos, aliás como de todos os demais cidadãos, de procurar sinceramente a verdade e promover e defender com meios lícitos as verdades morais relativas à vida social, à justiça, à liberdade, ao respeito da vida e dos outros direitos da pessoa. O facto de algumas destas verdades serem também ensinadas pela Igreja não diminui a legitimidade civil e a “laicidade” do empenho dos que com elas se identificam, independentemente do papel que a busca racional e a confirmação ditada pela fé tenham tido no seu reconhecimento por parte de cada cidadão. A “laicidade”, de facto, significa, em primeiro lugar, a atitude de quem respeita as verdades resultantes do conhecimento natural que se tem do homem que vive em sociedade, mesmo que essas verdades sejam contemporaneamente ensinadas por uma religião específica, pois a verdade é uma só. Seria um erro confundir a justa autonomia, que os católicos devem assumir em política, com a reivindicação de um princípio que prescinde do ensinamento moral e social da Igreja.
Intervindo nesta matéria, o Magistério da Igreja não pretende exercer um poder político nem eliminar a liberdade de opinião dos católicos em questões contingentes. Entende, invés – como é sua função própria – instruir e iluminar a consciência dos fiéis, sobretudo dos que se dedicam a uma participação na vida política, para que o seu operar esteja sempre ao serviço da promoção integral da pessoa e do bem comum. O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo de cada País. Não há dúvida, porém, que põe um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência, que é única e unitária. “Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida ‘espiritual’, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura. O ramo, enxertado na videira, que é Cristo, leva a sua linfa a todo o sector da actividade e da existência. Pois todos os variados campos da vida laical fazem parte do plano de Deus, que quer que eles sejam como que o ‘lugar histórico’ onde se revela e se realiza o amor de Jesus Cristo para glória do Pai e serviço aos irmãos. Qualquer actividade, qualquer situação, qualquer empenho concreto – quais, por exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação à família e à educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da verdade no ­âmbito da cultura – são ocasiões providenciais para um ‘constante exercício da fé, da esperança e da caridade’”[25]. Viver e agir politicamente em conformidade com a própria consciência não significa acomodar-se passivamente em posições estranhas ao empenho político ou numa espécie de confessionalismo; é, invés, a expressão com que os cristãos dão o seu coerente contributo para que, através da política, se instaure um ordenamento social mais justo e coerente com a dignidade da pessoa humana.
Nas sociedades democráticas todas as propostas são discutidas e avaliadas livremente. Aquele que, em nome do respeito da consciência individual, visse no dever moral dos cristãos de ser coerentes com a própria consciência um sinal para desqualificá-los politicamente, negando a sua legitimidade de agir em política de acordo com as próprias convicções relativas ao bem comum, cairia numa espécie de intolerante laicismo. Com tal perspectiva pretende-se negar, não só qualquer relevância política e cultural da fé cristã, mas até a própria possibilidade de uma ética natural. Se assim fosse, abrir-se-ia caminho a uma anarquia moral, que nada e nunca teria a ver com qualquer forma de legítimo pluralismo. A prepotência do mais forte sobre o fraco seria a consequência lógica de uma tal impostação. Aliás, a marginalização do Cristianismo não poderia ajudar ao projecto de uma sociedade futura e à concórdia entre os povos; seria, pelo contrário, uma ameaça para os próprios fundamentos espirituais e culturais da civilização[26] 
 IV. Considerações sobre aspectos particulares
7. Aconteceu, em circunstâncias recentes, que também dentro de algumas associações ou organizações de inspiração católica, surgiram orientações em defesa de forças e movimentos políticos que, em questões éticas fundamentais, exprimiram posições contrárias ao ensinamento moral e social da Igreja. Tais escolhas e alinhamentos, estando em contradição com princípios basilares da consciência cristã, não são compatíveis com a pertença a associações ou organizações que se definem católicas. Verificou-se igualmente, que certas revistas e jornais católicos em determinados países, por ocasião de opções políticas, orientaram os eleitores de modo ambíguo e incoerente, criando equívocos sobre o sentido da autonomia dos católicos em política, e não tendo em conta os princípios acima referidos. 
A fé em Jesus Cristo, que Se definiu a Si mesmo “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6), exige dos cristãos o esforço de se empenharem mais decididamente na construção de uma cultura que, inspirada no Evangelho, reproponha o património de valores e conteúdos da Tradição católica. A necessidade de apresentar em termos culturais modernos o fruto da herança espiritual, intelectual e moral do catolicismo torna-se extremamente urgente e inadiável, até para se evitar o risco de uma diáspora cultural dos católicos. Por outro lado, a espessura cultural alcançada e a madura experiência de empenho político que os católicos, em diversos países, souberam exprimir, sobretudo nas décadas a seguir à segunda guerra mundial, não permite pô-los em nenhum complexo de inferioridade relativamente a outras propostas que a história recente mostrou serem fracas ou radicalmente falimentares. É insuficiente e redutivo pensar que o empenho social dos católicos possa limitar-se a uma simples transformação das estruturas, porque, não existindo na sua base uma cultura capaz de acolher, justificar e projectar as instâncias que derivam da fé e da moral, as transformações apoiar-se-iam sempre em alicerces frágeis.
A fé nunca pretendeu manietar num esquema rígido os conteúdos socio-políticos, bem sabendo que a dimensão histórica, em que o homem vive, impõe que se admita a existência de situações não perfeitas e, em muitos casos, em rápida mudança. Neste âmbito, há que recusar as posições políticas e os comportamentos que se inspiram numa visão utópica que, ao transformar a tradição da fé bíblica numa espécie de profetismo sem Deus, instrumentaliza a mensagem religiosa, orientando a consciência para uma esperança unicamente terrena que anula ou redimensiona a tensão cristã para a vida eterna.
Ao mesmo tempo, a Igreja ensina que não existe autêntica liberdade sem a verdade. “Verdade e liberdade ou se conjugam juntas ou miseramente juntas desaparecem”, escreveu João Paulo II[27]. Numa sociedade, onde a verdade não for prospectada e não se procurar alcançá-la, resultará também enfraquecida toda a forma de exercício autêntico de liberdade, abrindo-se o caminho a um libertinismo e individualismo, prejudiciais à tutela do bem da pessoa e da inteira sociedade.
8. A tal propósito, convém recordar uma verdade que hoje nem sempre é bem entendida ou formulada com exactidão na opinião pública corrente; a de que o direito à liberdade de consciência e, de modo especial, à liberdade religiosa, proclamado pela Declaração Dignitatis humanae do Concílio Vaticano II, está fundado sobre a dignidade ontológica da pessoa humana e, de maneira nenhuma, sobre uma inexistente igualdade entre as religiões e os sistemas culturais humanos[28]. Nesta linha, o Papa Paulo VI afirmou que “o Concílio, de modo nenhum, funda um tal direito à liberdade religiosa sobre o facto de que todas as religiões e todas as doutrinas, mesmo erróneas, tenham um valor mais ou menos igual; funda-o, invés, sobre a dignidade da pessoa humana, que exige que não se a submeta a constrições exteriores, tendentes a coarctar a consciência na procura da verdadeira religião e na adesão à mesma”[29]. A afirmação da liberdade de consciência e da liberdade religiosa não está, portanto, de modo nenhum em contradição com a condenação que a doutrina católica faz do indiferentismo e do relativismo religioso[30]; pelo contrário, é plenamente coerente com ela. 
 V. Conclusão 
9. As orientações contidas na presente Nota entendem iluminar um dos mais importantes aspectos da unidade de vida do cristão: a coerência entre a fé e a vida, entre o evangelho e a cultura, recomendada pelo Concílio Vaticano II. Este exorta os fiéis “a cumprirem fielmente os seus deveres temporais, deixando-se conduzir pelo espírito do evangelho. Afastam-se da verdade aqueles que, pretextando que não temos aqui cidade permanente, pois demandamos a futura, crêem poder, por isso mesmo, descurar as suas tarefas temporais, sem se darem conta de que a própria fé, de acordo com a vocação de cada um, os obriga a um mais perfeito cumprimento delas”. Queiram os fiéis “poder exercer as suas actividades terrenas, unindo numa síntese vital todos os esforços humanos, familiares, profissionais, científicos e técnicos, com os valores religiosos, sob cuja altíssima jerarquia tudo coopera para a glória de Deus”[31].

O Sumo Pontífice João Paulo II na Audiência de 21 de Novembro de 2002 aprovou a presente Nota, decidida na Sessão Ordinária desta Congregação, e mandou que fosse publicada. 
Roma, sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 24 de Novembro de 2002, Solenidade de N. S. Jesus Cristo Rei do Universo. 

Joseph Card. Ratzinger
Prefeito
Tarcísio Bertone, SDB
Arcebispo emérito de Vercelli
Secretário

[1] Carta a Diogneto, 5.5. Cfr. também Catecismo da Igreja Católica, n. 2240.
[2] João Paulo II, Carta Apost. Motu Proprio dada para a proclamação de São Tomás Moro, Padroeiro dos Governantes e dos Políticos, n. 1, AAS 93 (2001) 76-80.
[3] Ibid., n. 4.
[4] Cfr.Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 31; Catecismo da Igreja Católica, n. 1915.
[5] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 75.
[6] João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 42, AAA 81 (1989) 393-521. A presente Nota doutrinal refere-se obviamente ao empenho político dos fiéis leigos. Os Pastores têm o direito e o dever de propor os princípios morais também sobre a ordem social; “todavia, a participação activa nos partidos políticos é reservada aos leigos” (João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 60). Cfr. também Congregação para o Clero,Directório para o ministério e a vida dos presbíteros, 31 de Março de 1994, n. 33. 
[7] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 76.
[8] Cfr. Ibid., n. 36.
[9] Cfr. Concílio Vaticano II, Decr. Apostolicam actuositatem, n. 7; Const. Dogm. Lumen gentium, n. 36 e Const. Past. Guadium et spes, nn. 31 e 43.
[10] João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 42. 
[11] Nos últimos dois séculos, o Magistério pontifício várias vezes se ocupou das principais questões relativas à ordem social e política. Cfr. Leão XIII, Carta Enc. Diuturnum illud, ASS 14 (1881/82) 4ss; Carta Enc. Immortale Dei, ASS 18 (1885/86) 162ss; Carta Enc. Libertas praestantissimum, ASS 20 (1887/88) 593ss; Carta Enc. Rerum novarum, ASS 23 (1890/91) 643ss; Bento XV, Carta Enc. Pacem Dei munus pulcherrimum, AAS 12 (1920) 209ss; Pio XI, Carta Enc. Quadragesimo anno, AAS 23 (1931) 190ss. Carta Enc. Mit brennender Sorge, AAS 29 (1937) 145-167; Carta Enc. Divini Redemptoris, AAS 29 (1937) 78ss; Pio XII, Carta Enc. Summi Pontificatus, AAS 31 (1939) 423ss; Rádio-mensagens natalícias 1941-1944; João XXIII, Carta Enc. Mater et magistra, AAS 53 (1961) 401-464; Carta Enc. Pacem in terris, AAS 55 (1963) 257-304; Paulo VI, Carta Enc. Populorum progressio, AAS 59 (1967) 257-299; Carta Apost. Octogesima adveniens, AAS 63 (1971) 401-441.
[12] Cfr. João Paulo II, Carta Enc. Centesimus annus, n. 46, AAS 83 (1991) 793-867; Carta Enc. Veritatis splendor, n. 101, AAS 85 (1993) 1133-1228; Discurso ao Parlamento Italiano em sessão pública comum, n. 5, in:L’Osservatore Romano, 15 de Novembro de 2002.
[13] Cfr. João Paulo II, Carta Enc. Evangelium vitae, n. 22, AAS 87 (1995) 401-522.
[14] Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 76.
[15] Ibid., n. 75.
[16] Cfr. Ibid., nn. 43 e 75.
[17] Cfr. Ibid., n. 25.
[18] Ibid., n. 73.
[19] João Paulo II, Carta Enc. Evangelium vitae, n. 73.
[20] Ibid.
[21] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 75.
[22] Catecismo da Igreja Católica, n. 2304.
[23] Concílio Vaticano II, Const. Past. Guadium et spes, n. 76.
[24] João Paulo II, Mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz de 1991: “Se queres a paz, respeita a consciência de cada homem”, IV, AAS 83 (1991) 410-421.
[25] João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, n. 59. A citação interna é do Concílio Vaticano II, Decr.Apostolicam actuositatem, n. 4.
[26] João Paulo II, Discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, in: L’Osservatore Romano, 11 de Janeiro de 2002.
[27] João Paulo II, Carta Enc. Fides et ratio, n. 90, AAS 91 (1999) 5-88.
[28] Cfr.Concílio Vaticano II, Decl. Dignitatis humanae, n. 1: “O Sagrado Concílio professa, em primeiro lugar, que o próprio Deus manifestou ao género humano o caminho por que os homens, servindo-O, podem ser salvos e tornar-se felizes em Cristo. Acreditamos que esta única verdadeira religião se verifica na Igreja Católica”. Isto não impede que a Igreja nutra um sincero respeito pelas várias tradições religiosas; pelo contrário, considera que nelas estão presentes “elementos de verdade e bondade”. Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Dogm. Lumen gentium, n. 16; Decr. Ad gentes, n. 11; Decl. Nostra aetate, n. 2; João Paulo II, Carta Enc. Redemptoris missio, n. 55, AAS 83 (1991) 249-340; Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Dominus Iesus, nn. 2. 8. 21, AAS 92 (2000) 742-765.
[29] Paulo VI, Discurso ao Sacro Colégio e aos Prelados Romanos, in: Insegnamenti di Paolo VI, 14 (1976) 1088-1089.
[30] Cfr. Pio IX, Carta Enc. Quanta cura, ASS 3 (1867) 162; Leão XIII, Carta Enc. Immortale Dei, ASS 18 (1885) 170-171; Pio XI, Carta Enc. Quas primas, AAS 17 (1925) 604-605; Catecismo da Igreja Católica, n. 2108; Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Dominus Iesus, n. 22.
[31] Concílio Vaticano II, Const. Past. Gaudium et spes, n. 43; Cfr. também João Paulo II, Exort. Apost.Christifideles laici, n. 59.