terça-feira, 25 de junho de 2013

Cardeal Burke: “A Igreja Católica jamais aprovará as uniões homossexuais”.



A conhecida revista francesa “Famille Chrétienne”, em sua edição de 20 de junho último, publica importante entrevista do Cardeal Burke, prefeito do Tribunal supremo da Signatura Apostólica, o mais elevado e decisivo Tribunal da Santa Sé.
Nessa entrevista, feita pelo jornalista Pierre de Calbiac, o Cardeal Burke, de origem norte-americana, expõe a doutrina católica e a lei natural a propósito de temas da maior atualidade, como a família, o aborto, a homossexualidade, a proibição da comunhão a políticos abortistas e a preservação moral das crianças.
Reproduzimos aqui a íntegra dessa entrevista com tradução de Helio Dias Viana. Abaixo, o título, a pequena introdução e as perguntas são da própria revista.
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Cardeal Burke: “A Igreja Católica jamais aprovará as uniões homossexuais”
Pierre de Calbiac
(Tradução Helio Viana)
O cardeal Raymond Leo Burke, prefeito do Tribunal supremo da Signatura Apostólica, esteve presente nas jornadas Evangelium vitae, concluídas pelo Papa Francisco I no dia 16 de junho em Roma. Ele exorta os católicos a se mobilizarem – inclusive na rua se necessário – para defender a família e a vida.
A defesa da vida é um combate incessante para a Igreja, como o atesta, entre outros, a continuação das jornadas Evangelium vitae lançadas por João Paulo II. Onde se radica essa prioridade?
A lei que a Revelação nos deu nos ensina que o primeiro direito de um ser humano é de viver. Esta verdade, que é a inviolabilidade de vida inocente, é tão mais evidente quando se lembra que Cristo morreu por todos os seres humanos sem exceção. Lembremos igualmente a parábola do juízo final: “O que fazeis ao menor dos meus é a mim que o fazeis” (Mateus 25,40). Ora, aqueles que são vivos, mas ainda não nasceram, são os menores. É por isso que a Igreja conclamará sempre a proteger a vida inocente. Mais ainda, o primeiro preceito da lei natural é o de promover e proteger a vida humana. Inscrito no coração de cada um, este preceito é participado por todo mundo, seja qual for a sua orientação espiritual.
Uma nota da Congregação para a Doutrina da Fé, assinada pelo cardeal Ratzinger em 2004, indicava que não se devia dar a comunhão a políticos católicos, homens e mulheres, que defendessem publicamente o aborto. Ela está ainda vigente?
Inteiramente! Os homens políticos que se dizem católicos, mas que defendem o aborto pretendendo não querer impor suas convicções religiosas, estão no erro, pois, como eu já o disse, a revelação divina não vem senão confirmar aquilo que a lei natural acessível a todos já estabeleceu. E aqueles que fazem abertamente a promoção do aborto não devem, portanto, ter acesso à sagrada comunhão. Esta regra de disciplina canônica está prevista no artigo 915 do Código de Direito Canônico. Os católicos devem saber manifestar sua oposição, inclusive na rua, quando necessário.
Qual é o papel da família no respeito pela vida?
A família tem o primeiro papel, pois são os pais que devem ensinar os filhos a respeitarem a vida humana e a si próprios. Em uma segunda etapa, a educação religiosa deve preparar os filhos nesse sentido. Nesta ótica, a catequese é muito importante. Durante os anos, a maneira de ensinar o catecismo às crianças foi de tal maneira pobre que há uma necessidade de realizar um verdadeiro trabalho nesse ponto. Espero que esse tempo em que a catequese foi empobrecida acabou. Lembro-me de que quando eu era bispo de uma diocese, tentei tanto que pude remediar esses problemas.
Vossa Eminência é o prefeito do Tribunal supremo da Signatura Apostólica, que vela pela boa administração da justiça eclesiástica. O que diz o ensinamento da Igreja sobre as uniões homossexuais?
O ensinamento da Igreja é muito claro. A união sexual é moral no âmbito do casamento, sendo ela a expressão de um amor fiel, permanente e fecundo, isto é, procriador, entre um homem e uma mulher. Uma nota da Congregação para a Doutrina da Fé, aparecida em 2003 e assinada pelo Cardeal Ratzinger, então prefeito dessa mesma congregação, condenava assim toda forma de legalização das uniões homossexuais. A natureza nos ensina que o homem e a mulher são feitos um para o outro. A alteridade é uma condição necessária ao casamento. Cumpre, pois, compreender que a Igreja Católica jamais aprovará as uniões homossexuais, que não podem ser naturalmente procriadoras.
Na França, a lei que legaliza o casamento homossexual foi votada. O que os católicos devem fazer doravante?
Acompanhei o combate dos franceses contra essa lei. Eu posso lhes dizer aqui: continuem a manifestar, continuem a mostrar que essa lei é injusta e imoral. A Igreja os apoiará nesse combate pela justiça. Eu incito assim os padres e os bispos a continuar nessa via e a manifestar sua oposição na rua se necessário. É importante que eles dêem o exemplo. Eu mesmo cheguei a manifestar, notadamente na Marcha pela Vida. Na Evangelium vitaeJoão Paulo II faz referência à desobediência civil, é nesse gênero de caso que devemos praticá-la. Os pais têm igualmente um trabalho a fazer contra essas leis insidiosas. Eles devem observar o que fazem seus filhos. O pior hoje é sem dúvida a pornografia. Os pais devem prestar atenção principalmente quando os filhos utilizam o computador e olham coisas cujos efeitos eles não medem e que fazem muito mal.
Como preservar as crianças desses desvios de conduta quando exibidos na rua?
É preciso que os pais procurem manter seus filhos longe de tudo isso e explicar-lhes o que é bem e o que é mal. A escola é também um lugar no qual importa investir. É necessário principalmente que o ensino católico seja ainda mais católico do que o é atualmente.
(Fonte: Famille Chrétienne)

Manifestantes, estão usando vocês!

Perseguição religiosa e os mártires do Cristo Rei


O martírio dos cristãos é um testemunho da realeza de Jesus Cristo na história da humanidade


Muçulmanos ameaçam cristãos de morte no Egito
A fé cristã tem raiz em forma de cruz. Essa verdade apresenta-se ao longo de toda a história do cristianismo, sobretudo nos dois últimos séculos, nos quais se fizeram mais mártires que todos os demais. Uma vez que o próprio Cristo certificou os discípulos acerca do ódio do mundo, nota-se a repetição, de tempos em tempos, da perseguição que acompanha a peregrinação da Igreja na Terra, como presságio da derradeira provação e páscoa do Senhor. É a aparente derrota do cristianismo dada pela cruz que, ao final, se transmuta em vitória e juízo final do amor de Deus por sua criatura.
Inspirado pelo exemplo de São João Batista, cuja memória litúrgica celebrou-se nesta semana, o Papa Francisco pediu durante sua homilia para que os cristãos tenham a coragem de proclamar a Palavra de Deus até o martírio. Desde os primeiros anos da era cristã, a começar pela morte de Santo Estêvão, os cristãos são chamados a não somente viver como Cristo, mas também a morrer como Ele, de modo que venha a se cumprir as palavras proferidas por São Paulo: "O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Cf. Cl 1, 24).
Sendo a Igreja a continuação da encarnação do Verbo na história da humanidade, também nela se encontram as chagas da crucificação. Apesar de ignorado pelos holofotes da grande imprensa, o massacre de fiéis cristãos têm se multiplicado ano após ano, ao ponto de algumas estimativas indicarem a morte de um cristão a cada cinco minutos. O autor do livro World Christian Trends AD 30-AD 2200, o sociólogo investigador David Barrett, calcula o genocídio de 160 mil cristãos só na primeira década deste milênio e 150 mil para a segunda. Os dados colocam a religião cristã no topo das mais perseguidas do mundo.
A título de exemplo, veja-se os recorrentes ataques de radicais muçulmanos a catedrais católicas ou - de outras confissões cristãs - no Egito, no Líbano, na Síria e em outras regiões do Oriente Médio, onde ocorre a chamada "Primavera Árabe". A pesquisadora do American Enterprise Institute, Ayaan Hirsi, chegou a denunciar em uma reportagem para a revista americana Newsweek que "nos últimos anos, a opressão violenta das minorias cristãs tornou-se a norma em países de maioria islâmica, da África Ocidental ao Oriente Médio e do sul da Ásia à Oceania". Ou então o recente ultraje à Igreja de São Francisco Xavier, em Colombo, Sri Lanka, perpetrado por extremistas budistas, que incendiaram o altar e quebraram uma imagem de Nossa Senhora.
Cristãos protestam e pedem liberdade religiosa
Todavia, o martírio do cristianismo não se resume ao derramamento de sangue, mas expande-se a outras categorias, como aquela da ridicularização. Foi o que lembrou o Papa Emérito Bento XVI, no seu discurso durante vigília para beatificação do Cardeal Newman, na Inglaterra. Na ocasião, o Santo Padre explicou que "na nossa época, o preço que deve ser pago pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado, afogado e esquartejado, mas muitas vezes significa ser indicado como irrelevante, ridicularizado ou ser motivo de paródia". Tanto é verdade que o veterano jornalista da rede BBC, Roger Bolton, chegou a declarar que faria piada com Jesus, mas não com Maomé, por ser perigoso. Uma rápida pesquisa em sites como Youtube ou qualquer outro dá conta da vasta quantidade de vídeos e artigos que pululam na internet zombando da fé em Cristo.
Essa situação dolorosa provoca, por conseguinte, a debandada de inúmeras pessoas que já não encontram a razão de sua fé, ou então, que sentem-se intimidadas pelo proselitismo agressivo dos agentes do secularismo. Por outro lado, também dentro da Igreja encontram-se os missionários do mundo que, diante da maldade e da perseguição, propõem "uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade" (Cf. CIC 675). É o "mistério da iniquidade", diz o Catecismo da Igreja Católica, trazido pelo Anticristo, cuja impostura religiosa é nada mais que "a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne".
Beato José Sanchez del RioBeato José Sanchez del Rio
Diante disso, os cristãos precisam saber de antemão, que o Reino de Deus "não se realizará por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua Esposa descer do céu" (Cf. CIC 677). Portanto, a única alternativa coerente à perseguição não é a do falso messianismo e da apostasia, mas o abraçar da cruz cotidiana, firme na promessa de Cristo que estará com seus seguidores até o fim dos tempos. Seja qual for a categoria do martírio, todos precisam recordar que "o sangue dos mártires é semente para novos cristãos". Assim, mesmo que o rebanho se reduza a um pequeno grupo, a um resto, é neste grupo que Deus operará a graça para a proliferação do anúncio da Boa Nova pelos séculos dos séculos, "porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Cf. Mt 18, 20).
A vitória de Deus é certa, cabe ao homem escolher o lado no qual quer estar quando chegar a hora. Muitos dos primeiros mártires iam para as fogueiras ou para as covas dos leões cantando hinos de glória, para arrepio dos pagãos que assistiam perplexos. Isso só é possível para aqueles cuja meta está em alcançar a Coroa da Justiça nos céus. Mesmo quando morre, o cristão vive. Por isso muitos que experimentaram a honra do martírio, como o Beato José Sanchez del Río, tiveram nos lábios as palavras "Viva Cristo Rei". Nestes tempos obscuros de materialismo e relativismo, a Igreja tem, mais uma vez, a missão de testemunhar até o martírio as Palavras Eternas: Viva Cristo Rei.
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere