segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Idosa mãe de três sacerdotes, um deles no Iraque, torna-se religiosa católica aos 82 anos.

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O Pe. Luis Montes, missionário argentino do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) no Iraque, compartilhou recentemente que a sua mãe, que ficou viúva há oito anos, converteu-se aos 82 anos de idade em religiosa que atende crianças no Lar Nossa Senhora da Divina Providência, de Rama Caída.
Em diálogo com o programa Sem Medo, do site Mediamza.com, o Pe. Luis Montes recordou que “somos sete irmãos, um já faleceu, três somos sacerdotes. Meu pai faleceu há oito anos e faz pouco tempo minha mãe, sendo viúva, entrou no convento das irmãs, assim, agora é religiosa”.
Outro de seus irmãos, assinalou, é leigo consagrado.
O sacerdote recordou como foi que chegou a ser pároco em Bagdá, no Iraque, um país que sofre com a violência, onde os cristãos, entre outras minorias religiosas, sofrem a perseguição do grupo extremista Estado Islâmico.
“Eu estava no Oriente Médio desde 96, já são quase 20 anos. A última missão que tive no Oriente Médio, depois da Terra Santa e Jordânia, foi o Egito. Estive lá por sete anos, fui o superior provincial da região para o meu Instituto”.
O Pe. Montes recordou que “terminado o meu mandato, perguntaram-me concretamente se queria ir para o Iraque. Eles sabiam o carinho que eu tinha pelo Iraque, o amor que sempre tive a essa fundação, que pude concretizar como provincial. Então me perguntaram e eu adorei”.
“Se eu tivesse que escolher entre todos os lugares do mundo, escolheria o Iraque”, assegurou.
O sacerdote argentino recordou que chegou ao Iraque “em 2010, isso foi em dezembro”, pouco tempo depois “do grande atentado que houve contra a Igreja Nossa Senhora da Salvação, no qual morreram cerca de 50 cristãos que estavam participando da Missa”.
Esse evento, assinalou, “marcou muito a comunidade de Bagdá, porque desde esse dia aumentou o êxodo de cristãos fugindo do país”.
O Pe. Montes assinalou que “missionar no Iraque é uma coisa maravilhosa, porque no coração do homem sempre se dá uma luta entre o bem e o mal. Deus quer levar-nos para si, quer dar-nos a vida eterna, e o diabo, inimigo de Deus, quer afastar-nos de Deus”.
“É realmente uma batalha, é algo que ocorre sempre nos nossos corações, portanto nós temos que estar pensando o tempo todo em fazer melhor as coisas”.
“E em um país como o Iraque, onde está o terrorismo, um terrorismo tão satânico, isso fica mais patente. Aí se vê ao que chega o homem que se separa de Deus”.
Por outra parte, assinalou, está “a força que Deus dá aos seus filhos, e temos assim casos de heroísmo, gente que dá a sua vida por Cristo, que dá a sua vida pelos seus irmãos. E isso faz que seja realmente ao mesmo tempo um espetáculo muito triste e algo muito edificante. Nós estamos aprendendo com os cristãos no Oriente Médio, com os cristãos iraquianos”.
O sacerdote assegurou que “Deus triunfa em seus santos, e faz que seus filhos deem um testemunho que é irrefutável”.
“No futuro, o Estado Islâmico vai desaparecer, assim como Nero desapareceu, assim como desapareceram os imperadores que perseguiram a Igreja. Eles morrem e a coisa acaba. Os santos viverão para sempre”.
“Assim como nós falamos agora dos santos perseguidos nos primeiros séculos, assim vai se falar dos santos iraquianos no futuro”, assegurou. 
Fonte: ACI

Proeminente jornalista deixa a BBC de Londres, depois de 25 anos para ingressar na vida religiosa contemplativa.

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Martina Purdy era até pouco tempo atrás uma das mais importantes correspondentes de política da maior rede de notícias do Reino Unido, a BBC; porém, depois de 25 anos de carreira como jornalista decidiu entrar no convento das Irmãs da Adoração, uma congregação de religiosas contemplativas.
Purdy, natural da Irlanda do Norte, agradeceu em sua conta do Twitter os 25 anos que exerceu como jornalista -15 deles na BBC-. “Foi uma profissão imensamente gratificante e estou muito agradecida por todo o apoio que tive nestes anos dos meus colegas, família, contatos e amigos”, expressou.
“Sei que muita gente não entenderá esta decisão. Não foi uma decisão tomada superficialmente, e sim com grande amor e alegria. Peço que rezem por mim, pois embarco neste caminho com humildade, fé e confiança”, manifestou a jornalista.
Purdy, que foi fotografada há pouco tempo junto com umas religiosas indo para a missa na Catedral de São Pedro, em Belfast, compartilhou que se trata de “uma decisão muito pessoal” e por isso pede aos meios de comunicação que respeitem a sua privacidade e da congregação religiosa que a acolhe, e indicou que não fará outro comentário público.
Por sua parte, o diretor da BBC na Irlanda do Norte, Peter Johnston, disse que estavam muito tristes por perder a Purdy de sua equipe de jornalistas políticos. Entretanto, desejou-lhe o “melhor na nova direção que escolheu para sua vida”.
Do mesmo modo, a chefe de informações, Kathleen Carragher, destacou o talento profissional da ex-jornalista, “vamos sentir saudades da sua inteligência e sabedoria”, e também desejou que corra tudo bem na sua decisão de seguir a vocação religiosa.
Martina Purdy nasceu em Belfast, mas foi criada no Canadá. Uniu-se à BBC da Irlanda do Norte em 1999 depois de trabalhar em um jornal.

Depois do Sínodo, tudo começa: Quando a segunda sessão do Sínodo ocorrer, o fruto estará maduro

26.10.2014 -
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O relatório final do Sínodo (Relatio Synodi) publicado em 18 de outubro de 2014 não conclui nada; muito pelo contrário, ele apresenta certos temas de reflexão dos quais as dioceses vão se ocupar agora, antes que o Sínodo de outubro de 2015 os reexamine.
Sobre a questão da comunhão dos divorciados recasados, o cardeal Walter Kasper não perde a esperança. No Il Messaggero, citado pelo blog do La Croix em 20 de outubro, ele confia:
    “A questão ainda está sobre a mesa. Ela ressurgirá nos documentos do próximo sínodo. A discussão está agora a nível de cada país. Veremos”.
Na véspera, em 19 de outubro, o cotidiano francês relatava essa confidência: “No início da semana, esperava-se poder ir mais longe“, comenta um cardeal próximo do papa Francisco, acrescentando logo em seguida, com um sorriso no rosto: “Mas paciência, paciência… estamos no caminho“. Em sua homilia de 19 de outubro pela beatificação de Paulo VI, Francisco descreveu essa “marcha que, nas Igrejas de toda a terra, nos prepara ao próximo Sínodo“. Ele convida a se deixar surpreender por Deus. Ele “não tem medo da novidade!“, sublinhou.
Em 20 de outubro, pelas ondas da Rádio Vaticano, Romilda Ferrauto sublinha que o relatório final “reconhece a presença de elementos válidos fora do casamento cristão, sob a condição de que essas formas sejam fundamentadas sobre uma relação estável e autêntica entre um homem e uma mulher e orientados rumo ao matrimônio cristão”. É o que já dizia o relatório intermediário de 13 de outubro: “Uma nova sensibilidade da pastoral de hoje consiste em compreender a realidade positiva dos casamentos civis e, levando em conta certas diferenças, dos concubinatos. (…) Também nessas uniões, pode-se ver valores familiares autênticos, ou ao menos o desejo deles. É preciso que o acompanhamento pastoral comece sempre por esses aspectos positivos“.
Sébastien Maillard, o correspondente em Roma do La Croix, num artigo intitulado Da arte de dirigir um Sínodo dividido, assinala o papel preponderante do papa “que se descreveu como “un po furbo” (um pouco astuto)”: “Enquanto que o relatório final freava nitidamente o documento preliminar e que três artigos sobre os temas sensíveis em debate eram rejeitados, ele superou a dificuldade em dois tempos, três movimentos – manobra que valeria ser estudada em ciências políticas. (…) Sínodo, tal como o orquestrou esse papa jesuíta para articular o exercício do discernimento. Desde o início, ele imaginou não uma, mas duas assembleias sinodais. Com, de uma a outra, em 2015, uma consulta real dos fiéis, que passará pelo encontro internacional das famílias na Filadélfia, em setembro próximo. A Igreja católica é assim colocada em estado de Sínodo permanente (sic), tradução institucional de um modo de sempre se colocar a caminho“. E se questionar continuamente é o que chamam também de a revolução permanente.
De volta de Roma, onde ele seguia o Sínodo, o jornalista Jean-Marie Guénois declara no Le Figaro de 21 de outubro:
    “Esse sínodo lançou a discussão. Os bispos dão agora a palavra ao mundo, para que o debate prossiga nas igrejas. Mas será preciso vigiar às manipulações. Vocês vão ver jorrar por toda parte petições, por exemplo. Semelhante àquela que o cardeal Marx – um dos membros do G8 – que se permitiu chegar ao sínodo afirmando, com documento em apoio, que “todos os bispos alemães” esperavam a reforma sobre os divorciados recasados. Então devemos esperar uma forte propaganda que vai fazer pressão sobre a opinião. Quando a segunda sessão do sínodo ocorrer, o fruto estará maduro. Mas os argumentos dos teólogos fundamentados sobre a tradição da Igreja, e não sobre a opinião, não terão mudado… Nesse meio tempo certas comissões de trabalho especializadas terão preparado soluções práticas e jurídicas para serem propostas. (…)
    Alguns evocam um risco de cisma. Já há cismas de fato na Igreja católica, com muitos padres ou fiéis que não compartilham a fé católica sobre a eucaristia ou sobre a Virgem Maria, por exemplo, mas que se dizem católicos, enquanto que eles são autênticos cristãos… protestantes!
Poderia então haver um cisma de fato silencioso, invisível se as decisões forem longe demais. O que é certo, por outro lado, é que esse sínodo abre uma crise na Igreja no sentido antigo dessa palavra, que é de fazer uma escolha, de decidir. Novamente, esse papa, que não é um teólogo, mas um pastor, vê a Igreja como um “povo a caminho” que descobre coletivamente, progressivamente o caminho, as vias novas a serem tomadas. E as pessoas ainda não entenderam, especialmente na França e em certos meios, como tento explicar em meu último livro (Até onde irá Francisco? – J.-C. Lattès ed.) a extensão e a profundidade da mudança de papado entre Bento XVI e Francisco. Provavelmente o choque desse sínodo abra os olhos de alguns. Essa mudança de papa não é somente a de um papa, é também um novo capítulo”.
A mais cândida confissão vem do presidente da Conferência episcopal canadense, Dom Paul-André Durocher, que escreve em seu blogue sem rodeios:
    “De certo modo, o que fizemos com a vida familiar é o que o concílio Vaticano II fez pela liturgia e o ecumenismo: dar o sinal verde a um estilo de ministério que já está emergindo na Igreja, assegurar os fundamentos teológicos e convidar toda a Igreja a fazer o mesmo. Certamente, aqueles que não gostaram do que o Vaticano II fez pela liturgia e o ecumenismo não devem gostar do que esse Sínodo tem feito pela vida familiar…”
Sem comentários; é melhor ler ou reler o Reno se lança no Tibre, o Concílio desconhecido de Ralph M. Wiltgen s.v.d. (DMM) e Vaticano II, uma história jamais contada de Roberto de Mattei (Muller).
Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com

Halloween: não brinquemos com fogo!

abobora
A ingenuidade é muitas vezes a causa de muitos males do nosso tempo. Muitas pessoas, de boa fé, são influenciadas por modismos e encontram-se brincando com fogo. Não percebem os riscos que poderiam se esconder atrás de situações aparentemente inócuas.
Um exemplo óbvio desta ingenuidade é a participação de muitos pais, crianças e jovens na festa de Halloween.
Há alguns anos atrás, este evento só poderia ser conhecido através de alguns filmes ou quadrinhos norte-americanos. Mas hoje o mundo mudou. O advento da Internet e a proliferação dos meios de comunicação contribuem facilmente para a disseminação de modas.
E assim, o Dia das Bruxas atravessou as fronteiras e se espalhou em muitos outros países.
Para dar-se conta do fenômeno basta olhar para as vitrines de restaurantes e lojas de brinquedos. Foram invadidas por objetos, figurinos e bonecos relacionados a este evento.
O símbolo do Halloween é uma abóbora esculpida com os olhos, nariz e boca, iluminada por uma vela colocada dentro. Na noite entre o 31 de outubro e 1 de novembro, as crianças americanas têm o costume de vestir-se como fantasmas, vampiros ou monstrinhos. Batem nas portas das casas com um saquinho na mão, pedindo doces e balas.
Alguém pode dizer: “O que há de errado? Por que não podemos fazer o mesmo? Afinal de contas, o Halloween é uma espécie de carnaval! Uma maneira de se divertir e brincar um pouco’!”. E é essa ingenuidade, a falta de profundidade, que leva muitos pais a não entenderem os possíveis riscos que se escondem por trás de certas modas.
Tentemos refletir sobre a realidade dos fatos. Vamos perceber, também, que Halloween não é apenas uma espécie de carnaval, mas algo mais. É uma moda que, muitas vezes, tem raíz na superficialidade com que se vive a fé cristã em certas famílias.
Muitos pais batizam seus filhos, os levam ao Catecismo e os fazem fazer a sua primeira comunhão. Mas depois se esquecem de leva-los à Missa, porque dizem que têm muitos compromissos no domingo. Depois das suntuosas festas de primeira comunhão as igrejas se esvaziam.
O batismo e a Primeira Comunhão parecem ter se tornado rituais com base na aparência, onde as pessoas se vestem bem e fazem grandes refeições no restaurante com parentes e amigos. Mas poucos pais, depois, se comprometem seriamente em acompanhar os filhos em um caminho de fé.
A participação ingênua no Halloween é um dos frutos dessa falta de compromisso. Em vez de vestir as crianças de monstros, os pais deveriam ensiná-las a orar. Deveriam contar-lhes as fascinantes histórias da vida dos Santos, tendo em vista o primeiro de novembro.
Em quantas famílias se reza hoje? Em um tempo as crianças recitavam uma oraçãozinha antes de ir dormir. Quantas o fazem ainda hoje? Talvez os pais estejam ocupados demais em disfarçar seus filhos de vampiros e não têm tempo para educá-los ao conhecimento das nossas tradições autênticas.
Em torno do Halloween se desencadeou também um fenômeno comercial que toca os jovens e os adolescentes: a dos “rave” e das festa na discoteca cheias de mau gosto. Representam uma verdadeira e real exaltação do macabro, em que as pessoas vestem trajes horríveis e irreverentes, muitas vezes ofensivos para a religião.
Em certas festas com temas esotéricos, além de dança, há o risco de se deparar com “mágos” e ocultistas que se aproveitam da ocasião para introduzir os jovens nas práticas mágicas e supersticiosas.
Halloween se transformou em uma ocasião a mais para chegar tarde e frequentar ambientes questionáveis. A moda acaba por distrair a atenção dos jovens em um período do ano que, por tradição, sempre foi reservado à memória de todos os santos e à comemoração dos mortos.
A memória dos santos e dos mortos foi substituída pela vulgaridade de certos costumes. Os momentos de meditação e oração foram trocados pelos volume ensurdecedor da discoteca.
É por isso que o Dia das Bruxas não pode ser considerado simplesmente um segundo Carnaval. Por trás das abóboras, fantasias e festas, aparentemente inofensivas, poderia esconder-se algumas armadilhas.
É preciso estimular um maior senso crítico nos jovens, ajudando-os a não beber passivamente as mensagens enganosas que estão associados a esta festa. Começa como uma brincadeira, aceitando o convite de um “mago” na discoteca para ler o futuro nas cartas, e depois corre-se o risco de se tornarem escravos do ocultismo.
Não esqueçamos as nossas tradições! Não precisa ter medo de lembrar aos rapazes o significado da época do ano em que nos encontramos. Será uma oportunidade preciosa para redescobrir a riqueza espiritual das nossas raízes cristãs.
Os jovens precisam de uma cultura nova, alternativa e contra-corrente, que substitua o som de certos fenômenos de massa com a intimidade e os silêncios de uma fé viva, vivida na beleza da sua jornada diária.

Fonte: Zenit

Resistir à tendência herética. O relatório do Cardeal Erdö elimina com um só golpe o pecado e a lei natural.

Por Roberto de Mattei – Il Foglio, 15-10-2014 | Tradução: Fratres in Unum.com – Eliminado o sentido do pecado; abolidos os conceitos de bem e de mal; suprimida a lei natural; arquivada qualquer referência a valores positivos como virgindade e castidade. Com o relatório apresentado em 13 de outubro de 2014 no Sínodo sobre a família pelo Cardeal Péter Erdö, a revolução sexual irrompe oficialmente na Igreja, com consequências devastadoras para as almas e a sociedade.

Relatio post disceptationem elaborada pelo Cardeal Erdö é o relatório resumitivo da primeira semana de trabalhos do Sínodo e aquele que orienta as suas conclusões. A primeira parte do documento pretende impor, com uma linguagem derivada do pior ‘Sessenta e oito’ [NdT: Revolução anarquista da Sorbonne, de maio de 1968], a “mudança antropológico-cultural” da sociedade como um “desafio” para a Igreja. Diante de um quadro que da poligamia e do “casamento por etapas” africanos chega à “prática da convivência” da sociedade ocidental, o relatório encontra a existência de “um difuso desejo de família”. Nenhum elemento de avaliação moral está presente. À ameaça do individualismo e do egoísmo individualista o texto contrapõe o aspecto positivo da“relacionalidade”, considerada um bem em si, sobretudo quando tende a transformar-se em relação estável (nos. 9-10).
A Igreja renuncia a emitir juízos de valor para limitar-se a “dizer uma palavra de esperança e de sentido” (no. 11). Afirma-se em seguida um novo surpreendente princípio moral, a “lei da gradualidade”, que permite colher os elementos positivos em todas as situações até agora definidas como pecadoras pela Igreja. O mal e o pecado propriamente não existem. Existem apenas “formas imperfeitas de bem” (no. 18), segundo uma doutrina dos “graus de comunhão” atribuída ao Concílio Vaticano II. “Tornando-se portanto necessário um discernimento espiritual em relação às coabitações, aos matrimônios civis e aos divorciados recasados​​, compete à Igreja reconhecer que a semente do Verbo se espalhou além das fronteiras visíveis e sacramentais” (no. 20).
O problema dos divorciados recasados ​​é um pretexto para fazer passar um princípio que mina dois mil anos de moral e de fé católica. Após a Gaudium et Spes“a Igreja se volta com respeito para aqueles que participam em sua vida de modo incompleto e imperfeito, prezando mais os valores positivos que guardam, do que as limitações e as faltas” (ibidem). Isso significa que cai todo o tipo de condenação moral, porque qualquer pecado passa a constituir uma forma imperfeita de bem, um modo incompleto de participar na vida da Igreja. “Nesse sentido, uma nova dimensão da pastoral familiar hodierna consiste em entender a realidade dos casamentos civis e, feitas as devidas diferenças, também das coabitações” (no. 22).
E isso sobretudo “quando a união alcança uma notória estabilidade através de um vínculo público, e caracteriza-se por profunda afeição, de responsabilidade em relação à prole, da capacidade de resistir nas provas” (ibid). Com isso fica de cabeça para baixo a doutrina da Igreja segundo a qual a estabilização no pecado através do casamento civil constitui um pecado mais grave do que a união sexual ocasional e passageira, porque esta última permite com mais facilidade o retorno ao caminho certo. “Uma sensibilidade nova na pastoral hodierna consiste em entender a realidade positiva dos casamentos civis e, feitas as devidas diferenças, também das coabitações” (no. 36).
A nova pastoral impõe, portanto, o silêncio sobre o mal, renunciando à conversão do pecador e aceitando o status quo como irreversível. São estas que o relatório chama de “opções pastorais corajosas”(ponto 40). A coragem, ao que parece, não está em opor-se ao mal, mas em adaptar-se a ele. As passagens dedicadas ao acolhimento às pessoas homossexuais são as que pareceriam mais escandalosas, mas constituem a consequência lógica dos princípios acima expostos. Até o homem da rua compreende que se ao divorciado recasado é possível aproximar-se dos sacramentos, tudo é permitido, a começar pelo pseudo casamento homossexual.
Nunca, realmente nunca, sublinha Marco Politi no “Il Fatto” de 14 de outubro, ele tinha lido, em um documento oficial produzido pela hierarquia eclesiástica, uma frase do gênero: “As pessoas homossexuais têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã.” Seguida de uma pergunta dirigida aos bispos do mundo inteiro: “estamos em condições de acolher essas pessoas, garantindo-lhes um espaço de fraternidade em nossas comunidades?” (no. 50). Embora não equiparando as uniões entre pessoas do mesmo sexo ao casamento entre homem e mulher, a Igreja se propõe “elaborar maneiras realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica integrando a dimensão sexual” (no. 51). “Sem negar os problemas morais conexos às uniões homossexuais, nota-se que há casos em que o suporte mútuo com vistas ao sacrifício constitui um apoio precioso para a vida dos parceiros” (no. 52).
Nenhuma objeção de princípio vem expressa em relação à adoção de crianças por duplas homossexuais: aqui limita-se a dizer que “a Igreja tem uma atenção especial para com as crianças que vivem com casais do mesmo sexo, insistindo que em primeiro lugar são colocados sempre as exigências e os direitos dos pequenos” (ibid). Na conferência de imprensa de apresentação, Mons. Bruno Forte chegou a auspiciar “uma codificação dos direitos que podem ser assegurados às pessoas que vivem em uniões homossexuais”.
As palavras fulminantes de São Paulo segundo as quais “nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os salteadores hão de herdar o reino de Deus” (I Carta aos Coríntios, 6, 9) ficam esvaziadas de sentido para os malabaristas da nova moralidade pansexual. Para eles é necessário entender a realidade positiva daquele que foi chamado de pecado que clama ao Céu por vingança (Catecismo de São Pio X). A “moral da proibição” deve ser substituída pela do diálogo e da misericórdia, e o slogan de 68, “é proibido proibir”, é atualizado pela fórmula pastoral segundo a qual “nada se pode condenar”.
Não caem apenas dois mandamentos, o sexto e o nono, que proíbem pensamentos e atos impuros fora do casamento, mas desaparece a ideia de uma ordem natural e divina objetiva sintetizada no Decálogo. Não existem atos intrinsecamente ilícitos, verdades e valores morais pelos quais se deve estar disposto a dar até a vida, como os define a encíclica Veritatis Splendor (no. 51 e no. 94). No banco dos réus não estão apenas a Veritatis Splendor e os recentes pronunciamentos da Congregação para a Doutrina da Fé em matéria de moralidade sexual, mas o próprio Concílio de Trento que formulou dogmaticamente a natureza dos sete sacramentos, a começar pela Eucaristia e pelo Matrimônio.
Tudo começa em outubro de 2013, quando o Papa Francisco, após ter anunciado a convocação dos dois sínodos sobre a família, o ordinário e o extraordinário, promove um “Questionário” dirigido aos bispos de todo o mundo. O uso enganoso de pesquisas e questionários é bem conhecido. A opinião pública julga que uma escolha é justa quando feita pela maioria das pessoas. E as sondagens atribuem a essa maioria, opiniões já predeterminadas pelos manipuladores do consenso. O questionário desejado pelo Papa Francisco abordou os temas mais prementes, da contracepção à comunhão aos divorciados, das uniões de fato aos casamentos entre homossexuais, mais com o objetivo de orientação que de informação.
A primeira resposta, publicada em 3 de fevereiro pela Conferência Episcopal alemã (“Il Regno Documenti”, 5 [2014], pp. 162-172), foi claramente anunciada para condicionar a preparação do Sínodo e sobretudo para oferecer ao cardeal Kasper a base sociológica de que precisava para a preleção ao Consistório que o Papa Francisco lhe havia confiado. O que de fato emergiu foi a recusa explícita dos católicos alemães “às pretensões da Igreja sobre as relações sexuais pré-maritais, a homossexualidade, os divorciados recasados ​​e o controle da natalidade” (p. 163). “As respostas recebidas das dioceses – dizia-se ainda – deixam entrever quão grande é a distância entre os batizados e a doutrina oficial, sobretudo no que diz respeito à convivência pré-matrimonial, ao controle de natalidade e à homossexualidade” (p. 172).
Esta distância não vinha apresentada como uma separação dos católicos em relação ao Magistério da Igreja, mas como uma incapacidade da Igreja em compreender e secundar o curso dos tempos. O cardeal Kasper, em sua exposição ao Consistório de 20 de fevereiro, definirá tal distância de um “abismo” que a Igreja deveria ter preenchido adaptando-se à prática da imoralidade. 
De acordo com um dos seguidores do cardeal Kasper, o sacerdote genovês João Cereti, conhecido por um estudo tendencioso sobre o divórcio na Igreja primitiva, o questionário foi promovido pelo Papa Francisco, a fim de evitar que o debate ocorresse “em ambientes confinados” (“Il Regno-Attualità” 6 [3014], p. 158). Mas se é verdade que o Papa desejava que a discussão se desenvolvesse de forma transparente, não se compreende a decisão de realizar o Consistório extraordinário de fevereiro e, em seguida, o Sínodo de outubro a portas fechadas. O único texto de que se teve conhecimento, graças ao “Foglio”, foi a exposição do Cardeal Kasper. Em seguida baixou o silêncio sobre os trabalhos.
Em seu Diário do Concílio, em 10 de novembro de 1962, o Padre Chenu anota estas palavras do padre Giuseppe Dossetti, um dos principais estrategistas da frente progressista: “A batalha eficaz se joga no regulamento. É sempre por esta via que eu ganhei”. Nas assembleias, o processo decisório não pertence à maioria, mas à minoria que controla o regulamento. Não existe democracia na sociedade política nem na religiosa. A democracia na Igreja, observou o filósofo Marcel De Corte, é cesarismo eclesiástico, o pior de todos os regimes. No processo sinodal em curso a existência deste cesarismo eclesiástico é demonstrada pela pesada atmosfera de censura que o acompanhou até hoje.
Os vaticanistas mais cuidadosos, como Sandro Magister e Marco Tosatti, sublinharam que, ao contrário dos Sínodos precedentes, neste foi proibido aos padres sinodais de intervir. Magister, recordando a distinção feita por Bento XVI entre o Vaticano II “real” e o “virtual” que se lhe sobrepôs, falou de uma “divisão entre sínodo real e sínodo virtual, este último construído pela mídia com a sistemática ênfase às coisas caras ao espírito do tempo”. Hoje, no entanto, são os próprios textos do Sínodo que se impõem com a sua força explosiva, sem a possibilidade de deturpações pelos meios de comunicação, que se têm mostrado até mesmo espantados com o poder explosivo do Relatório do cardeal Erdö.
Naturalmente este documento não tem qualquer valor magisterial. É também lícito duvidar que ele reflita o verdadeiro pensamento dos Padres sinodais. Contudo, a Relatio prenuncia a Relatio Synodi, o documento final da assembleia dos bispos.
O verdadeiro problema que agora se porá é o da resistência, anunciado no livro Permanere nella Verità di Cristo [Permanecer na Verdade de Cristo], dos cardeais Brandmüller, Burke, Caffarra, De Paolis e Müller (Cantagalli 2014). O cardeal Burke, em sua entrevista com Alessandro Gnocchi no “Foglio” de 14 de outubro, afirmou que eventuais mudanças na doutrina ou na prática da Igreja pelo Papa seriam inaceitáveis, “porque o Papa é o Vigário de Cristo na terra e, por conseguinte, o primeiro servo da verdade da fé. Conhecendo o ensinamento de Cristo, não vejo como se possa desviar daquele ensinamento com uma declaração doutrinária ou com uma prática pastoral que ignore a verdade”.
Os bispos e os cardeais, até mais do que os simples fiéis, encontram-se diante de um terrível drama da consciência, muito mais grave do que aquele que tiveram de enfrentar no século XVI os mártires ingleses. Com efeito, tratava-se então de desobedecer à suprema autoridade civil, o rei Henrique VIII, que por um divórcio abriu o cisma com a Igreja Romana, enquanto hoje a resistência é feita à suprema autoridade religiosa, caso ​​esta se desvie do ensinamento perene da Igreja.
E quem é chamado a resistir não são católicos desobedientes ou dissidentes, mas precisamente aqueles que mais profundamente veneram a instituição do Papado. Outrora, quem resistisse era entregue ao braço secular, que o destinava à decapitação ou ao esquartejamento. O braço secular contemporâneo aplica o linchamento moral, através da pressão psicológica exercida pela mídia sobre a opinião pública.
O resultado é muitas vezes o colapso físico e mental das vítimas, a crise de identidade, a perda da vocação e da fé, a menos que se seja capaz de exercitar, com o auxílio da graça, a virtude heroica da fortaleza. Resistir significa, em última análise, reafirmar a total coerência da própria vida com a Verdade imutável de Jesus Cristo, invertendo o argumento dos que hoje pretendem dissolver a eternidade do Verum na precariedade do quotidiano.