terça-feira, 23 de abril de 2013

Vaticano: «Encontrar Jesus fora da Igreja não é possível», diz Papa.


Cidade do Vaticano, 23 abr 2013 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje no Vaticano à missa evocativa de São Jorge, nome próprio de Francisco, tendo afirmado que “encontrar Jesus fora da Igreja não é possível”, revela a Rádio Vaticano.

Na celebração que decorreu na Capela Paulina com a participação de dezenas de cardeais, Francisco recordou que o Papa Paulo VI (1897-1978) dizia ser “uma dicotomia absurda querer viver com Jesus sem a Igreja, seguir Jesus fora da Igreja, amar Jesus sem a Igreja”.
“A identidade cristã é uma pertença à Igreja, à Igreja mãe”, acrescentou.
A Igreja está entre as “perseguições do mundo” e a “consolação” de Deus, afirmou Francisco na homilia da eucaristia evocatória do mártir que o rito católico, sírio e bizantino assinalam a 23 de abril.
“No momento em que começa a perseguição, começa a atividade missionária da Igreja”, sublinhou Francisco, referindo-se à tradição associada a São Jorge, que terá sido morto cerca do ano 303 ao testemunhar a fé, aquando das persecuções aos cristãos ordenados pelo imperador romano Diocleciano.
O Papa frisou que esta expansão da mensagem cristã se deveu à ação do “Espírito Santo”, mesmo perante a desconfiança de alguns dos responsáveis pela comunidade de crentes.
“Pensemos hoje na missionariedade da Igreja, nos que saíram de si próprios, nos que tiveram a coragem de anunciar Jesus aos gregos – coisa quase escandalosa naquele tempo -, nesta mãe Igreja que cresce, cresce, com novos filhos aos quais dá a identidade de fé. Não se pode acreditar em Jesus sem a Igreja, di-lo o próprio Jesus”, prosseguiu.
Ao começar a homilia, Francisco dirigiu uma saudação aos membros do Colégio Cardinalício presentes: “Obrigado porque me sinto bem acolhido por vós. Obrigado. Sinto-me bem convosco”.
O decano (presidente) deste colégio, D. Angelo Sodano, apresentou uma mensagem de felicitações no início da celebração, pedindo o dom da “fortaleza” e lembrando os que sofrem “por causa da sua fé”.
No fim da missa Francisco deteve-se por instantes, em oração, diante de um ícone da Virgem Maria.
Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, tornou-se arcebispo da capital argentina em 1998, foi criado cardeal em 2001 e eleito Papa a 13 de março de 2013.
São Jorge, cavaleiro que abandonou o exército romano aquando da sua conversão ao cristianismo, era venerado desde o século IV na Palestina, onde havia uma igreja levantada em sua honra, e o seu culto propagou-se pelo Oriente e Ocidente, tornando-se patrono de vários países, cidades e instituições civis e eclesiais, como os Escuteiros.
Sepultado em Lod, próximo de Telavive, em Israel, o mártir São Jorge é habitualmente representado na iconografia cristã montado a cavalo, lutando contra um dragão que simboliza as forças do mal.
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“Se quisermos percorrer o caminho da mundanidade, negociando com o mundo, nós nunca teremos a consolação do Senhor”. 
Nota do Fratres – Tomamos a liberdade de traduzir um trecho da homilia não citado na matéria acima:  ”E assim vai a Igreja, como diz um santo — não me lembro qual agora — ‘entre as perseguições do mundo e as consolações do Senhor’. E assim é a vida da Igreja. Se quisermos percorrer o caminho da mundanidade, negociando com o mundo — como fizeram os Macabeus, que na época foram tentados — nós nunca teremos a consolação do Senhor. E se nós apenas buscarmos a consolação, ela será superficial, e não aquela do Senhor. A jornada da Igreja sempre se dá entre a Cruz e a Ressurreição, entre as perseguições [do mundo] e as consolações do Senhor. E este é o caminho: aqueles que o seguem não se enganam [...] E peçamos ao Senhor esta “parresia”, este fervor apostólico que nos impele a seguir adiante, como irmãos, todos nós adiante! Adiante, levando o nome de Jesus no seio da Santa Mãe Igreja [que], como dizia Santo Inácio, [é também] “hierárquica e Católica”. Assim seja.

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