sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Merecia o prêmio Nobel, mas lhe negaram por opor-se ao aborto eugênico e defender a vida


23/08/2012 por Everth Queiroz Oliveira

Fonte: Religión en Libertad | Tradução: Ecclesia Una – Ele entrou para a história como o descobridor da anomalia cromossômica que permite o diagnóstico prévio da síndrome de Down.No entanto, o francês Jérôme Lejeune (1926-1994) passou do prestígio profissional e do reconhecimento de toda a comunidade científica a uma escarnecedora perseguição midiática, por sua oposição frontal e declarada ao aborto.
A vida de Lejeune é uma história cheia de repetidos êxitos e fracassos. Com apenas 33 anos, em 1959, descobriu a causa da síndrome de Down, que fez com que ele se convertesse em um dos pais da genética moderna. Com esta conquista científica vieram outros muitos sucessos em sua carreira: em 1962, foi designado como especialista em genética humana na Organização Mundial da Saúde (OMS), e, dois anos depois, foi nomeado diretor do Centro Nacional de Investigações Científicas da França, e ocupou a primeira cátedra de Genética Fundamental na Faculdade de Medicina de Sorbonne. Tinha, portanto, todas as fichas para ser galardoado com o Prêmio Nobel. Mas este apreciado prêmio nunca chegou.
Em 1970, o aclamado cientista mostrou sua oposição ao projeto de lei do aborto eugênico na França. Esta foi a pedra de toque para que o mundo da Medicina lhe retirasse seu favor. Permaneceu sozinho na defesa da vida do nascituro, mas isto não lhe impediu de declarar-se abertamente inclusive na sede das Nações Unidas, quando tentavam justificar a legalização do aborto para evitar todos aqueles que realizavam a prática clandestinamente.
“Eis aqui uma instituição para a saúde que se transformou em uma instituição para a morte”, denunciou Lejeune, referindo-se à OMS. Consciente da repercussão que teriam suas palavras, o cientista escreveu a sua mulher e sua filha, dizendo: “Hoje joguei fora meu Prêmio Nobel”. E estava certo.
A partir de então, deixou de ser aclamado investigador e se converteu em um militante da causa pró-vida. Defendeu, a partir dos postulados da Medicina, a existência da vida desde o momento da concepção, e rechaçou termos como “pré-embrião” – que já eram usados até então, mas que estão nas teorias abortistas ainda hoje. Sua postura foi tão hostilizada, a ponto de deixar de receber financiamento para suas investigações. Mas Lejeune não cessou de empenhar-se, e dedicou-se a dar conferências a fim de pagar seus projetos e manter, assim, tanto a mulher quanto seus cinco filhos.
Os anos se passaram, mas a Igreja não esqueceu seu valente testemunho. De fato, ao morrer o cientista, em 1994, João Paulo II enviou uma carta ao então arcebispo de Paris, o cardeal Lustinger, exaltando as virtudes de Lejeune: “Tornou-se um dos ardentes defensores da vida, particularmente da vida dos nascituros, que em nossa civilização contemporânea é muitas vezes ameaçada, a ponto de se poder pensar em ameaça programada. (…) Lejeune assumiu plenamente a responsabilidade peculiar do cientista, disposto a tornar-se um ‘sinal de contradição’, sem levar em conta as pressões exercidas pela sociedade permissiva nem o ostracismo do qual era objeto.”

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