sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Deve a Igreja “intervir” na sociedade moderna ou abster-se?


Fonte: Zenit via http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/35647
“Por que não podemos prescindir da voz da Igreja?”, propõe como reflexão dom Charles Morerod, bispo de Lausanne, Genebra e Friburgo e vice-presidente da Conferência Episcopal Suíça.

“Numa sociedade pluralista como a suíça, perguntamos se a Igreja ainda deve intervir publicamente ou abster-se. Esta pergunta afeta, evidentemente, cada Igreja e cada religião, mas aqui a formulamos em referência à Igreja católica”, começa a mensagem.
O texto afirma que “falar de intervenção pública não significa limitar-se às declarações dos bispos; está envolvido cada ato realizado por pessoas movidas pela fé. Ser cristão deve produzir efeitos; do contrário, não significa nada. Se o cristão crê que Deus ama imensamente os homens, ele então se sente chamado a fazer o mesmo, manifestando o amor na atenção para com aqueles que ninguém leva em consideração e no perdão até o ponto de amar os inimigos”.
A mensagem lembra ainda que “o perdão e a integração do mais fraco são essenciais à existência de uma comunidade humana unida. Se percorremos a história prestando atenção a este aspecto, veremos até que ponto o evangelho plasmou a nossa sociedade”.
Um recente estudo nacional, diz dom Morerod, revela que grande parte dos suíços considera positivo o impacto das Igrejas (não só da católica), pelo menos sobre os marginalizados.
Ele explica que “as posições assumidas pelos cristãos não são meramente individuais, porque o ser humano vive em sociedade e a fé integra essa dimensão comunitária”.
Morerod recorda que “se o comportamento dos fiéis, incluindo, obviamente, o clero, às vezes não corresponde ao do evangelho, isto não significa que esse evangelho não deva ser anunciado. Muito pelo contrário: devemos anunciá-lo a nós mesmos e aos outros, como fonte de renovação oferecida por Deus, possível de ser acolhido pela nossa liberdade. Sem uma constante renovação, a fé e as suas consequências práticas desaparecem e corremos o risco de que elas se percam”.
A seguir, o bispo cita exemplos do que a visão cristã da vida pode oferecer à sociedade: o homem não é apenas matéria, de modo que uma perspectiva puramente materialista não basta para fazê-lo feliz; o cristianismo nos convida a ir além do egoísmo e nos lembra que a vida terrena não é a única perspectiva; conhecer o fator religioso nas suas raízes é importante para o nosso mundo; conhecê-lo a partir de dentro favorece a nossa percepção do próprio mundo; uma visão religiosa contribui para o diálogo com outras religiões.
A mensagem conclui: “Se os bispos se manifestam publicamente sobre assuntos da sociedade, não é apenas para instruir a fé dos católicos, mas também para propor a todos a contribuição de uma visão cristã. Nós o fazemos escutando as ideias de outros e esperando ser escutados com a disponibilidade que se espera de uma sociedade democrática”.

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