Albert Mohler
17 de agosto de 2011 (AlbertMohler.com/Notícias Pró-Família) — A igreja cristã nunca enfrentou escassez de desafios em sua história de 2.000 anos. Mas agora está enfrentando um desafio que está abalando seus alicerces: a homossexualidade.
Para muitos espectadores, isso parece estranho ou até trágico. Por que é que os cristãos não podem simplesmente se juntar a essa revolução?
Não há a menor dúvida: é uma revolução moral. Como o filósofo Kwame Anthony Appiah da Universidade de Princeton demonstrou em seu recente livro “The Honor Code” (O Código de Honra), uma revolução moral geralmente acontece durante um longo período de tempo. Mas mal dá para dizer que esse é o caso com a mudança que temos testemunhado acerca da questão da homossexualidade.
Em menos de uma única geração, a homossexualidade passou de algo quase que universalmente entendido como pecado para algo agora declarado como equivalente moral da heterossexualidade — e merecedor de proteção legal e incentivo público. Theo Hobson, teólogo britânico, argumenta que isso não é simplesmente o desaparecimento de um tabu. Em vez disso, é uma inversão moral que deixou aqueles que são fiéis à velha ordem moral agora acusados de nada menos do que “deficiência moral”.
As igrejas e denominações liberais têm uma saída fácil dessa situação desagradável. Elas simplesmente se acomodam à nova realidade moral. A esta altura, o modelo está claro: Essas igrejas debatem a questão, onde os conservadores argumentam que guardam a velha ordem moral e os liberais argumentam que a igreja precisa se adaptar à nova ordem moral. Os liberais acabarão ganhando e os conservadores acabarão perdendo. Em seguida, a denominação ordena candidatos assumidamente gays ou decide dar sua bênção para uniões de mesmo sexo.
Essa é a rota que os evangélicos que têm compromisso com a plena autoridade da Bíblia não podem tomar. Já que acreditamos que a Bíblia é a Palavra revelada de Deus, não podemos nos acomodar a essa nova moralidade. Não podemos fingir que não sabemos que a Bíblia ensina claramente que todos os atos homossexuais são pecado, como é pecado toda conduta sexual humana fora da aliança conjugal. Acreditamos que Deus revelou um padrão para a sexualidade humana que não só aponta o caminho para a santidade, mas também para a verdadeira felicidade.
Portanto, não podemos aceitar os argumentos sedutores de que as igrejas liberais tão prontamente adotam. O fato de que o casamento de mesmo sexo é agora uma realidade legal em vários estados significa que precisamos, além disso, estipular que somos obrigados pelas Escrituras a definir o casamento como a união de um homem e uma mulher — e nada mais.
Fazemos isso sabendo que a maioria dos americanos outrora tinha as mesmas concepções morais, mas que um novo mundo está vindo rápido. Não temos de ler todas as pesquisas de opinião pública; tudo o que precisamos fazer é conversar com nossos vizinhos ou escutar aos bate-papos da cultura.
Nessa desagradável e difícil situação cultural, os evangélicos precisam ser dolorosamente claros de que não falamos sobre o pecado da homossexualidade como se não tivéssemos pecado. Na realidade, é precisamente porque vimos a nos conhecer como pecadores e conhecer nossa necessidade de um Salvador que temos vindo à fé em Jesus Cristo. Nosso maior temor não é que a homossexualidade seja normalizada e aceita, mas que os homossexuais não virão a conhecer que precisam de Cristo e do perdão de seus pecados.
Essa não é uma preocupação que é facilmente expressa em declarações curtas. Mas é no que verdadeiramente acreditamos.
Está agora abundantemente claro que os evangélicos cometeram muitos fracassos para fazer frente a esse desafio. Muitas vezes, falamos acerca da homossexualidade de modo cru e simplista. Não levamos em consideração o modo obstinado como a sexualidade nos define como seres humanos. Falhamos em ver o desafio da homossexualidade como uma questão do Evangelho. Afinal, somos aqueles que têm a obrigação de saber que o Evangelho de Jesus Cristo é o único remédio para o pecado, começando com nosso próprio pecado.
Temos demonstrado nossa própria forma de homofobia — não do jeito que os ativistas gays têm usado essa palavra, mas no sentido de que temos medo de enfrentar essa questão onde é mais difícil… face a face.
Minha esperança é que os evangélicos estejam prontos para enfrentar esse desafio de um jeito novo e mais fiel. Não temos realmente nenhuma escolha, pois estamos conversando sobre nossos próprios irmãos e irmãs, nossos próprios amigos e vizinhos, ou talvez o jovem que está no banco da nossa frente.
Não há como escapar do fato de que estamos vivendo no meio de uma revolução moral. Contudo, não é o mundo ao nosso redor que está sendo testado, mas a igreja que crê. Estamos para descobrir exatamente quanto acreditamos no Evangelho que pregamos com tanta paixão.
Publicado com a permissão de AlbertMohler.com