sábado, 16 de março de 2013

Quase 330 milhões de abortos foram realizados na China em 40 anos


n/dQuase 330 milhões de abortos foram praticados na China entre 1971 e 2010, segundo números do ministério da Saúde. O ministério divulgou em janeiro as estatísticas sobre as esterilizações e os abortos, antes de anunciar a fusão com a Comissão Nacional da População e de Planejamento Familiar.
Alguns analistas interpretam a reorganização como o início de uma flexibilização do número de nascimentos permitido na China, mas altos funcionários do governo afirmaram justamente o contrário esta semana.
"O planejamento familiar será reforçado, e não enfraquecido", declarou Wang Feng, diretor adjunto da agência de reforma do setor público. "Depois da reforma, a China seguirá com sua política de planejamento familiar", afirmou o secretário-geral do governo, Ma Kai.
Desde o início dos anos 1980, o limite do número de nascimentos imposto a todos os chineses e a política do filho único para os residentes nas cidades permitiu, segundo Pequim, evitar 400 milhões de partos no país de maior população do mundo, que tinha 1,354 bilhão de habitantes no fim de 2012.O número de abortos foi superior a 10 milhões por ano entre 1982 e 1992, com picos de mais de 14 milhões em 1983 e 1991, destaca o ministério.
Mas os abortos também serviram para a eliminação seletiva de embriões e fetos femininos, o que reduziu em dezenas de milhões o número de mulheres. A limitação dos nascimentos provocou um grande número de abortos forçados, atualmente proibidos, pelo menos em tese, pois ainda são comuns em algumas regiões.
Em junho do ano passado, o caso de uma mulher obrigada a abortar quando estava grávida de sete meses provocou um escândalo e obrigou as autoridades a pedir desculpas.
A médio prazo, a China será obrigada a flexibilizar o controle da natalidade em consequência do envelhecimento demográfico e da redução da população ativa, segundo demógrafos e analistas.
Fonte: Terra

Cardeal que articulou candidatura do Papa é apreciador da Teologia da Libertação



14.03.2013 - Algumas considerações sobre o Cardeal Oscar Rodrígues Maradiaga, de Tegucigalpa, Honduras, que foi o articulador da eleição do Papa Francisco.
Primeiro, ele já foi considerado um candidato forte da última vez, em 2005, quando no Conclave que elegeu o Papa Bento XVI. Muitos bispos disseram que Rodriguez parecia estar em campanha para Papa  Por algum tempo o Cardeal  Rodriguez Maradiaga era descrito como “papa à espera”, um candidato tão óbvio para ser o primeiro pontífice do mundo em desenvolvimento que se esperava que ele já estivesse escolhendo as cortinas do apartamento papal. O Cardeal Rodriguez é o predileto da centro-esquerda da Igreja  por sua histórica promoção das causas de justiça social, sua declarada simpatia pela Teologia da Libertação,
Se ele fosse eleito papa no conclave anterior, em 2005, não seria loucura imaginar veículos de comunicação conservadores afirmando, nas manchetes, “Marxista é eleito Papa”
Também lembrando que o Cardeal argentino eleito Papa Francisco neste conclave de 2013,, no anterior conclave de 2005, obteve mais votos para tentar enfrentar o então favorito, cardeal Joseph Ratzinger. Depois de quatro escrutínios, o alemão foi eleito Papa Bento XVI.
Então, pode-se concluir que ambos Cardeais, tanto o de Honduras, quanto o Argentino, eram fortes candidatos a Papas há muito tempo, principalmente o Cardeal Argentino.
A surpresa para os católicos de um Papa Argentino, latino-americano foi grande no Mundo, mas nos bastidores da Cúria Romana não foi tanto assim.
Apenas lembrando, que enquanto ainda era cardeal, nos anos 1980, Joseph Ratzinger,que depois se tornaria o Papa Bento XVI, condenou a Teologia da Libertação. Ratzinger, na época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, criticou "desvios prejudiciais à fé" pelo uso "de maneira insuficientemente crítica" de pensamentos marxistas na Teologia da Libertação. Agora, passados mais de 40 anos desde que o termo foi cunhado (em 1971), com a renúncia de Bento XVI e a eleição do novo papa, o "projeto de libertação", que teve tanto impacto no Brasil e na América Latina, parece ter à frente uma nova chance de encontrar uma aceitação maior dentro da Igreja, ainda mais tendo o Cardeal de Honduras, como articulador da eleição do Papa Francisco.
Uma reportagem da BBC Brasil citou que os defensores da Teologia da Libertação (TL) estão contando como certo,  com o apoio do novo Papa para poder impulsionar o movimento que tem como objetivo defender a justiça social. Em resumo: Teologia da Libertação, agora, espera mudança.
O mais estranho nisto tudo, foi uma declaração antes da eleição do novo Papa,  dada pelo teólogo  Leonardo Boff, um dos principais expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, ele disse que esperava a renúncia do Papa Bento XVI, e já antecipava que o substituto poderia ser um latino-americano
Durante a entrevista à TV Brasil ele ainda elogiou o cardeal-arcebispo de Tegucigalpa, Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Líder máximo da Igreja em Honduras o religioso é aberto às inovações e inclusive dialoga com a Teologia da Libertação, segundo Boff. Para ele seria muito bom ter um Papa da periferia do mundo e o cardial Maradiaga seria um bom nome. “Não temos grandes cardeais. Mas ele é um teólogo da libertação. Seria um Papa da periferia”, disse Boff (fonte Portal EBC de noticias)
Pois é, o Cardeal que Leonardo Boff queria como Papa não se elegeu, mas articulou a eleição do Novo Papa Francisco, confesso que isto é um tanto interessante.
Se o Cardeal Oscar Rodrígues Maradiaga, tivesse sido eleito, Boff possivelmente o chamaria de "Papa da Libertação",  por sua posição simpatizante a Teologia da Libertação. Também teria certeza de grandes mudanças progressistas nos ensinamentos e na própria doutrina da Igreja.
Infelizmente, como verdadeiros  católicos, precisamos ficar no mínimo vigilantes, pois, se o Novo Papa teve como apoiador e articulador de sua eleição um simpatizante declarado da Teologia da Libertação, esperamos que não haja algum acordo entre eles.
"Ai de vós, filhos rebeldes! - oráculo de Javé. Fazeis planos que não nascem de Mim, fazeis acordos sem a minha inspiração, de maneira que amontoais erros e mais erros". (Isaías 30,1)
E mais cedo ou mais tarde mostre que ao invés de manter as tradições e ensinamentos da Igreja, resolva de ”surpresa”, como de “assalto” mudar isto, com o pretexto da Igreja adaptar-se ao mundo moderno. (fazendo a vontade dos homens e não a de DEUS)
"Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus." (Jo 12, 43)
"Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade"  (Hebreus 13, 8)
O que me preocupa, é a frase de um amigo meu, católico tradicional, defensor dos ensinamentos da Santa Igreja, fiel aos Papas anteriores, como João Paulo II e Bento XVI, que lendo estas declarações recentes do Boff disse:  “Onde tem a mão do Boff, também tem a “pata” do diabo escondida”.
Falar de Boff e teologia da libertação é falar de desobediência aos ensinamentos da Igreja e rebeldia a DEUS. (tal como Satanás que desejou tomar o Lugar de DEUS, querendo ser mais sábio e poderoso)
Sempre lembrando as palavras proféticas de São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja: "A Igreja, nos últimos tempos, será espoliada da sua virtude. O espírito profético esconder-se-á, não mais terá a graça de curar, terá diminuta a graça da abstinência, o ensino esvair-se-á, reduzir-se-á, senão desaparecerá de todo o poder dos prodígios e dos milagres. Para o anticristo está se preparando um exército de sacerdotes apóstatas".
Nas aparições da Virgem em Akita, no Japäo,  foi das poucas reconhecidas no século XX pela Igreja, mas seu conteúdo e aviso são similares à de Fátima e a tantas outras ainda não reconhecidas nos dias de hoje.
Também sempre lembrando que Nossa Senhora disse:
"O Diabo se infiltrará até mesmo na Igreja de tal um modo que haverá cardeais contra cardeais, e bispos contra bispos".
Tenho obrigação, como católico de dizer, ,que neste ultimo conclave, realmente houveuma disputa muito forte interna e externa  pelo poder no Vaticano
Até nas ruas de Roma, adeptos de determinado Cardeal, no caso o de Gana, colavam cartazes a seu favor, para que fosse eleito Papa.
Como disse um amigo meu:  Desde quando se faz propaganda pública para eleição de um Papa?
Diante de tudo isto, esperamos que o novo Papa em algum momento futuro não adote a postura de um falso ecumenismo mundial, bem ao gosto da Nova Ordem Mundial illuminati e totalmente contrário a Doutrina bi-milenar da Igreja...
Ainda lembrando, No dia da posse, em 2005, o atual papa emérito Bento XVI preveniu:“o meu pontificado será de curta duração”. Ele já sabia muitas coisas que o esperavam, por sua longa experiência no Vaticano. Ele teria que impedir as tentativas de modernização da Igreja, conforme prescrito no Sermão da Montanha (Mt 5,17-20) e em Ap. 22,18-19. Ele não aceitou modernizar a Igreja, porque somente Jesus na Parusía fará novas todas as coisas (Ap 21,5).
E quantas vezes ele refletiu sobre a profecia de Zacarias“Espada, levanta-te contra o meu pastor. Meu valoroso companheiro, oráculo do Senhor dos Exércitos. Fere o pastor – e as ovelhas se dispersarão” (Zc 13,7-9).
No ano de 1976, o Papa Paulo VI, decepcionado com o avanço do poder das trevas nas dependências do Vaticano, lamentou: “O fumo de Satanás se infiltrou no seio da Igreja Católica e se expande, cada vez mais, rumo ao vértice”.
Devemos lembrar que mesmo diante de tudo isto, no final diz na Sagrada Escritura
"E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mateus" 16, 18)
Estaremos aqui, vigilantes e atentos contra qualquer desvio de conduta que seja contrário aos ensinamentos da Santa Igreja, pois servimos e adoramos a DEUS, sendo obedientes a ELE e não aos homens. Queremos sempre agradar a DEUS, não aos homens, conforme diz a Sagrada Escritura:
"É, porventura, o favor dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo".
Por Dilson Kutscher   -   www.rainhamaria.com.br
Fontes: Gazeta do Povo   -  Diário da Liberdade  -  BBC Brasil. - UOL noticias

A Igreja não funciona mais, afirma Dom Claudio Hummes, Arcebispo Emérito de SP



16.03.2013 -
n/d
Apontado como o cardeal brasileiro mais próximo do novo papa, dom Claudio Hummes, 78, diz que a igreja "não funciona" do jeito que está e pede mudanças em toda sua estrutura.
Na sua apresentação ao mundo, Francisco convidou dom Cláudio, arcebispo emérito de São Paulo, a ficar do seu lado no balcão da basílica de São Pedro.
Emocionado com o convite e com a homenagem ao fundador de sua ordem, o franciscano d. Cláudio disse à Folha que a escolha do nome é por si só uma encíclica.
O ex-bispo de Santo André disse ainda que as acusações de que o novo papa colaborou com a ditadura militar argentina são "grande equívoco, senão uma falsificação".
*
Folha - O sr. foi convidado pelo papa Francisco a estar ao seu lado na primeira aparição. Como é a relação entre vocês?
D.Claudio Hummes - Nós nos conhecemos de tantas oportunidades, porque fui arcebispo de São Paulo, e ele, arcebispo de Buenos Aires. Mas sobretudo foi em Aparecida (SP) onde estivemos mais tempo trabalhando juntos, na 5ª Conferência Latino-americana, em 2007. Existia ali a comissão da redação, a mais importante porque ali que se formulava o documento para depois ser votado. Ele era o presidente, e eu, um dos membros. Admirei muito a sua sabedoria, serenidade, santidade divina, espiritualidade. Muito lúcido e muito pastoral, grande zelo missionário, de querer que a igreja seja mais evangelizadora, mais aberta.
Como foi o convite para o balcão?
Quando se começou a organizar a procissão da Capela Sistina para o balcão na praça, ele chamou o cardeal Vallini, que faz as vezes do bispo de Roma, o vigário da cidade, e me chamou também. Disse: "D.Cláudio, vem você também, fica comigo neste momento". Disse até: "Busca o teu barrete [chapéu eclesiástico]", bem informalmente. Fui lá buscar o meu barrete e estava todo feliz....
Porque não é o costume, quem vai junto são os cerimonários, nunca tem cardeais com o papa, eles estão nos outros balcões. E o fato de que ele nos convidou acabou rompendo um monte de rituais. Mas foi realmente, para mim, muito gratificante. E também pelo fato de ele ter recém-escolhido o nome de Francisco. Eu sou franciscano, então isso me envolvia muito pessoalmente.
Como o sr. interpreta esse gesto?
Como um gesto pessoal dele, muito espontâneo, muito simples. Não sei quais os significados que ele queria dar. Eu digo que fiquei muito feliz, estava ali com o primeiro papa chamado Francisco.
O papa recusou a limusine, foi pagar a conta do hotel....
São gestos simples, mas que mostram quem ele é e como ele vê as coisas. A minha maravilha foi que esses gestos foram compreendidos pelo povo simples e pela mídia. A mídia também interpretou esplendidamente, entendeu as mensagens que o papa queria dizer.
Qual é o significado de ter um papa de fora da Europa depois de mais mil anos e além disso latino-americano?
Os outros papas que não foram exatamente europeus vinham da região do Mediterrâneo. Nesse sentido, era a Europa da época, era uma grande realidade geopolítica.
Mas o fato de que hoje venha um papa de fora da Europa tem um significado muito grande porque mostra o que a igreja sempre tem dito: a igreja é universal, para a humanidade. Não é para a Europa.
Ter um papa é o sinal maior. É o gesto de dizer: o papa pode vir de qualquer parte do mundo.
Também acho importante que tenha vindo da periferia ainda pobre, emergente. Isso é uma confirmação para todos os católicos de lá: "Nós temos um papa que vem daqui".
E não só para os católicos, até os países se sentem muito mais em pé de igualdade com os outros.
São Francisco também é lembrado pela missão de reformar a igreja como um todo. A escolha do nome também tem essa abrangência?
Certamente, para o papa, o nome é todo esse programa. Hoje, a igreja precisa, de fato, de uma reforma em todas as suas estruturas. Organizar a vida da igreja, a Cúria Romana, que tanto se falou e que precisa urgente e estruturalmente ser reformada, isso é pacífico entre nós. Porém uma coisa é entender que precisa ser feito e outra coisa é fazê-lo.
Será uma obra gigantesca. Não porque seja uma estrutura gigantesca, mas por um mundo de dificuldades que há dentro de uma estrutura como essa, que foi crescendo nos últimos séculos.
Alguém disse já que a escolha do nome Francisco já é uma encíclica [mensagens do papa à igreja], não precisa nem escrever. Isso é muito bonito, é muito promissor.
Em que sentido a reforma é necessária?
Não é só da Cúria, são muitas outras coisas: o nosso jeito de fazer missa, de fazer evangelização, essa nova evangelização precisa de novos métodos. O papa falou no encontro com os cardeais sobre novos métodos, nós precisamos encontrar novos métodos.
Mas se falou sobretudo da Cúria Romana, que precisa ser reformada estruturalmente. É muito grande, mas tudo isso precisa de um estudo, a gente não tem muitas coordenadas.
Muitos dizem que é grande demais, que foi feito um puxadinho aqui, um puxadinho lá,mais uma sala aqui, mais uma comissão lá, mas essa aqui não tem suficiente prestígio.... Essas coisas todas que acontecem numa estrutura dessas.
A igreja não funciona mais. Toda essa questão que aconteceu ultimamente mostra como ela não funciona. E depois, uma vez feito esse novo desenho, você tem de procurar as pessoas adaptadas para ocuparem esses cargos, esses serviços.
Reza a lenda de que o papa Francisco não gosta de vir a Roma, que sua formação foi longe daqui. Isso contribuiu para a sua escolha?
Não sei se contribui para a sua escolha, mas contribui agora, que ele é papa, a ser mais independente, a ser uma visão mais objetiva. É muito diferente ver um jogo da arquibancada e ver um jogo jogando futebol. Ele não jogou futebol. Vai ajudar, certamente.
Mas ele também vai ouvir pessoas que jogaram, porque é importante ouvir do jogador como ele viu o jogo e quais são as necessidades dentro da forma como se joga.
Continuando a metáfora, o sr. jogou aqui por quatro anos e já foi convocado por ele. O que o sr. pode dizer a ele sobre o que precisa ser feito?
Se um dia me perguntarem sobre isso... Claro, todos nós já falamos sobre isso nas congregações gerais [reuniões pré-conclave], em que ele estava presente. E estamos disponíveis sempre pra ajudar e precisamos ajudar. Os cardeais são o conselho que deve ajudar o papa.
Há relatos na imprensa argentina sobre o envolvimento --por omissão ou colaboração-- do papa Francisco com a ditadura militar. O que tem sr. pode falar sobre isso?
Certamente, isso não é real. Pode ser que alguém tenha se equivocado em certos discernimentos, mas conhecendo toda a pessoa dele.... Não conheço os detalhes, mas, conhecendo a pessoa, nem é possível imaginar isso. Ele é um homem extremamente dos pobres, dos direitos da gente, dos mais simples, dos mais oprimidos, dos mais humilhados, ele é um exemplo de defesa, de estar junto dos pobres.... É inimaginável. Tenho certeza de que tudo isso de fato é um grande equívoco, senão uma falsificação.
A igreja no Brasil, incluindo o sr., teve um papel muito importante na defesa dos direitos humanos durante a ditadura. Como isso se deu na Argentina, sem levar em conta o papa Francisco?
As igrejas pelo mundo afora tiveram as suas próprias avaliações e seu próprio modo de ser. Não me sinto autorizado para fazer um juízo sobre a igreja nesse ou naquele país.
Fala-se muito que a herança da Teologia da Libertação para a igreja na América Latina é o discurso em favor dos pobres. No caso do papa Francisco, qual é a relação dele com esse movimento?
Basta olhar como ele foi arcebispo em Buenos Aires e o documento de Aparecida, que diz tudo isso. Ele está nessa linha, certamente. Se a gente quer descobrir qual é a linha dele de pastoral social, de relação com os pobres, nós vamos encontrá-lo lá, sim.
A Teologia da Libertação foi uma fase histórica que, obviamente, tem essa questão da consciência que temos dos pobres e da necessidade de sermos solidários em termos construtivos da justiça social. Tudo isso a Teologia da Libertação também reforçou.
Eu acho que hoje, se a gente quer ver como as pessoas se relacionam com esse passado, é preciso olhar os documentos de hoje. Senão, você começa a transportar o passado, que não é mais uma resposta para hoje. O mundo já mudou, e as respostas são diferenciadas.
A primeira viagem do papa deve ser ao Brasil, onde a igreja enfrenta desafios muito grandes, como a evasão de jovens e o avanço das igrejas neopentecostais. O sr. tem uma ideia do que o papa pretende orientar sobre o futuro da igreja no país?
Ainda não transpirou nada sobre as mensagens que ele vai levar, mas a gente sabe, tem certeza de que ele vai falar, em primeiro lugar, da importância dos jovens, de que devemos estar do lado dele, devemos ser compreensíveis. Ele quer que a igreja seja compreensiva, misericordiosa, saiba caminhar juntos e que isso é um percurso que tem de fazer, não se pode exigir que amanhã alguém já seja um cristão perfeito. É um caminho, um processo.
É dar a certeza aos jovens de que a igreja os entende e quer acompanhá-los e também quer mostrar a luz. Quer dizer: "Prestem atenção, existe, sim, um sentido para a vida, existe alguém pelo qual vale a pena viver e dar a vida. Há alguém, que é Jesus Cristo, ele é uma luz que vocês deveriam seguir." Isto é, não deixar de mostrar o caminho, mas, ao mesmo tempo, ser compreensivo de onde o jovem ainda está nesse caminho.
E depois a nova evangelização certamente será um outro tema forte dele.
Desde o Concílio Vaticano 2º, há um grande esforço para o diálogo interreligioso, principalmente com as religiões mais antigas. No caso da América Latina, como é o diálogo neste momento entre a igreja e o neopentecostalismo, que não para de crescer?
O diálogo ecumênico com as outras igrejas cristãs não católicas existe de forma muito forte, sobretudo a partir do Concílio Vaticano 2º. Com as grandes igrejas: ortodoxa, oriental, as igrejas protestantes de origem luterana, calvinistas, que são igrejas históricas. Mesmo com o judaísmo, há um grande diálogo. E também com o islamismo, mas isso é outro setor porque, para eles, Jesus Cristo não é como para nós cristãos. Esse diálogo é lento, mas vai caminhando.
Com as igrejas neopentecostais, onde existe muito uma teologia da prosperidade, se dá muito acento ao exorcismo, ao dízimo e coisas assim, elas se diferenciam das igrejas pentecostais. Mas tanto uma com a outra são muito semelhantes. Com elas, é mais difícil, porque muitas delas simplesmente não aceitam o diálogo, mesmo se nós quiséssemos dialogar. Porque não aceitam pensar numa unidade um dia. E muitas vezes são agressivamente anticatólicas, então é muito complicado.
O sr. já é emérito, mas vai ficar no Vaticano em alguma função?
Não, não, eu vou ficar aqui até o dia 22, vou participar da cerimônia pública religiosa e vou participar de uma reunião no dia 21. E aí volto para os meus trabalhos.
Há relatos na imprensa italiana de que o sr. contribuiu durante o conclave para eleger o papa Francisco. O sr. confirma?
Tudo o que aconteceu dentro do conclave, eu não posso falar.
Voltando ao seu trabalho na cúria, de 2006 a 2010, na Congregação para o Clero, houve uma entrevista em que o sr. falava que o celibato era uma questão disciplinar e que, por isso, estava aberto à discussão. O sr. teria sofrido uma reprimenda quando chegou ao Vaticano. Está na hora de questões como celibato e a ordenação de mulheres serem menos ortodoxas?
Isso de reprimenda, você é quem está dizendo. Eu apenas digo que todas essas questões, todos esses desafios hoje, grandes questões que estão aí em aberto, a igreja não se fecha a discutir aquilo que é necessário ser discutido, ser aprofundado. E isso significa uma igreja capaz de dialogar, capaz de ouvir, capaz de aprofundar, discutir e procurar caminhos. É o que ela vai fazer, certamente.
E esse papa é muito aberto a ouvir. Ele mesmo disse que quer ouvir o mundo, e não só os cardeais e os bispos.
Fonte: Folha SP   -    www.rainhamaria.com.br

Ao dizer ao Papa “Não se esqueça dos pobres”, Dom Cláudio Hummes acabou inspirando o nome ‘Francisco’


Jéssica Marçal
Da Redação
Em encontro com jornalistas, Papa conta como escolheu o nome ‘Francisco’
Papa Francisco durante seu discurso em encontro com jornalistas na manhã deste sábado, 16. Foto: Reprodução
Dando continuidade aos seus primeiros compromissos como Sucessor de Pedro, o Papa Francisco participou na manhã deste sábado, 16, de um encontro com os jornalistas que fizeram a cobertura do Conclave. O encontro aconteceu na Sala Paulo VI, no Vaticano.
Em um primeiro momento, o presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, fez uma saudação inicial ao Santo Padre.
Já em seu discurso, o Papa contou qual foi a inspiração para a escolha de seu nome de pontificado: Francisco. Ele explicou que o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, esteve ao seu lado no Conclave, principalmente quando a contagem dos votos já havia alcançado 2/3 e os cardeais já sabiam quem seria o novo Papa. Nesse momento, o Papa contou que Dom Cláudio o abraçou, o beijou e lhe disse: “Não se esqueça dos pobres”.
Em relação aos pobres, o Papa logo pensou em São Francisco de Assis. E enquanto o escrutínio continuava, ele disse que pensou na questão das guerras, e Francisco é um homem da paz, então veio ao seu coração o nome Francisco de Assis.
“Para mim é o homem da pobreza, da paz, que ama e guarda a criação. Neste momento, infelizmente, não temos uma relação tão boa com a natureza, com a criação. Como eu gostaria de uma Igreja pobre, como eu gostaria de uma Igreja junto aos pobres”.
Agradecimentos
Papa Francisco destacou que estava muito feliz em poder participar desse encontro no início de seu ministério e agradeceu a todos os jornalistas.
“Agradeço o serviço que vocês prestaram levando notícias para o mundo inteiro, vocês realmente trabalharam. Nesses dias, todos os olhos do mundo católico, mas não só dos católicos, se voltaram aqui para este lugar, para a Praça São Pedro. Todos se voltaram para os ritos da Igreja católica, noticiando todos os acontecimentos da vida da Igreja, da Santa Sé e, em particular, daquilo que é próprio do ministério petrino”, disse.
Francisco também agradeceu a todos os que comunicaram aquilo que é justo da vida da Igreja, que é a fé. Ele enfatizou que a Igreja, mesmo sendo uma instituição humana e histórica, com tudo aquilo que comporta, não tem uma natureza política, mas essencialmente espiritual, porque ela é o povo de Deus, o santo povo de Deus, que caminha em direção ao encontro com Jesus Cristo.
“Somente colocando nesta perspectiva é possível dar razão aquilo que é a Igreja católica. Cristo é presente na vida da Igreja. Entre todos os homens, Cristo escolheu o seu vigário, que é o Sucessor de Pedro, mas Cristo é o centro, e não o Sucessor de Pedro. Cristo é o fundamento da vida da Igreja”.
O Santo Padre também agradeceu pelo empenho que os jornalistas tiveram, sobretudo, de terem buscado o conhecimento da natureza da Igreja, o seu caminho no mundo. E todo esse trabalho, segundo Papa Francisco, está em comunhão com a Igreja.
“Há uma comunhão, porque a Igreja existe para comunicar a verdade, a bondade e a beleza. O que deveria aparecer claramente é que somos todos chamados não a comunicar a nós mesmos, mas essa tríade existencial que é a verdade, a bondade e a beleza”.
A benção
Ao final da audiência, o Papa expressou seu desejo de abençoar o trabalho de todos os jornalistas e de que todos possam conhecer Cristo e a verdade da Igreja. Ele confiou o trabalho de todos à intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria, estrela da nova evangelização.
A benção foi dada de coração, e não como de costume. O gesto do Papa foi em respeito aos presentes que poderiam não ser católicos. “Muitos de vocês pertencem à Igreja católica, outros não são cristãos, mas eu gostaria de dar essa benção a cada um de vocês, respeitando a consciência de cada um, porque cada um de vocês é filho de Deus”.
No momento dos cumprimentos com os membros do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, o Papa recebeu de presente um Ipad.
Fonte: http://papa.cancaonova.com