sexta-feira, 13 de julho de 2012

Salvatore Crisafulli, paralisado há nove anos, implora por uma chance de viver.




Salvatore Crisafulli tem 46 anos de idade e há nove está completamente paralisado em consequência de um acidente de carro. Ele sofre também da síndrome do encarceramento. O italiano de Catânia começou uma greve de fome em protesto contra a impossibilidade de fazer transplante de células-tronco ADULTAS
“Durante nove anos eu vivi num abismo. Me ajudem! Eu quero tentar o tratamento imediatamente, não me deixem morrer!”, apela Crisafulli. O tratamento que o paciente pede é o transplante de células-tronco mesenquimais, ou “adultas”, extraídas do estroma da medula.
Este método é praticado pelo profº Marino Andolina, do Centro de Transplante do Hospital Burlo Garofolo, deTrieste, que segue o protocolo da Stamina Foundation de Turim, do profº David Vannoni. Na Sicília, porém, não existem laboratórios especializados no tratamento.
“Não estamos mais dispostos a esperar por um sistema de saúde que, por interesses econômicos, obriga os pacientes a vegetar”, afirma Pietro Crisafulli, irmão e representante legal de Salvatore.
Em entrevista, Pietro contou ontem, dia 11, que “os obstáculos que a saúde pública impõe para a criação desses laboratórios especializados, e, portanto, para o transplante de células-tronco, escondem interesses econômicos das empresas farmacêuticas, que têm todo o interesse em se opor ao desenvolvimento de novos métodos que poderiam substituir o uso de muitíssimos medicamentos”.
O caso de Salvatore Crisafulli não é único na Itália. Várias outros pacientes com deficiências graves são afetados no país, assim como as suas famílias. De acordo com Pietro, “o transplante é apoiado pelos parentes de Giuseppe Marletta, arquiteto de Catânia que está em estado vegetativo há dois anos, e pela família da pequena Smeralda Camiolo, de 15 meses, em coma irreversível desde o nascimento”. Smeralda já foi submetida a um primeiro e bem-sucedido ciclo de tratamento em Brescia.
Há pelo menos sete anos, Crisafulli é um ponto de referência para os pacientes que rejeitam a eutanásia e lutam para viver. Após o acidente de carro que sofreu em 11 de setembro de 2003, Salvatore entrou em coma e só acordou dois anos depois, completamente paralisado e incapaz de falar.
Em seu livro de memórias De olhos bem abertos (2006), Crisafulli escreveu que, durante o que foi chamado superficialmente de “estado vegetativo”, ele conseguia ouvir e ver tudo. Inicialmente favoráveis a abreviar o sofrimento de Salvatore, seus familiares agora são defensores do direito à vida e contrários a todas as formas de eutanásia.
Salvatore Crisafulli e seu irmão Pietro, que é presidente da organização sem fins lucrativos Desperte Sicília, estão na vanguarda da batalha civil por melhor atendimento às pessoas gravemente incapacitadas. É um esforço hercúleo, considerando-se os cortes de verba que ao longo dos anos vieram sendo aplicados constantemente ao sistema italiano de saúde pública.
Veja a notícia de seu “despertamento” em 2005
Terra
Um italiano que passou quase dois anos em coma profundo e era considerado um caso perdido pelos médicos despertou dizendo ter ouvido e entendido tudo o que se passava ao seu redor durante esse período, segundo seus familiares.
Salvatore Crisafulli, pai de quatro filhos, descreve seu caso como um “milagre” que prova que não existem causas perdidas. Sua recuperação parece ter fortalecido a posição dos italianos contrários à eutanásia. Seu irmão chegou a compará-lo à americana Terri Schiavo, a americana vítima de lesões cerebrais que morreu em março, depois que a Justiça autorizou a retirada do seu tubo de alimentação.
“Os médicos diziam que eu não estava consciente, mas eu entendia tudo e gritava desesperado”, disse Crisafulli, segundo a imprensa italiana na quarta-feira. Os comentários foram feitos ao seu irmão na Sicília quando Crisafulli, 38 anos, começava a se recuperar lentamente. Ele saiu do coma há três meses, mas só começou a falar recentemente. Sua primeira palavra foi “mamma”, disse sua mãe aos jornalistas.
A notícia surge no momento em que uma comissão nacional de bioética defendeu a obrigatoriedade dos cuidados a pacientes inconscientes, mesmo àqueles contrários a medidas médicas extraordinárias para mantê-los vivos. A comissão governamental, que serve de ponto de referência para os parlamentares, tomou essa decisão no final de setembro, mas um documento sobre o tema ainda está sendo finalizado.
“Alimentar um paciente inconsciente por meio de um tubo não é um ato médico”, disse o presidente da comissão, Francesco D’Agostino. “É como dar uma mamadeira a um recém-nascido que não pode ser amparado por sua mãe. E então refletimos sobre o caso Schiavo. A mulher foi deixada para morrer de fome.” O caso da americana provocou comoção no mundo inteiro, mas principalmente na Itália, onde a Igreja Católica exigiu que os médicos continuassem a alimentá-la, apesar da vontade em contrário do seu marido.
O papa João Paulo II morreu dois dias depois de Schiavo, e o Vaticano comparou um tribunal americano a um “verdugo” por exigir que o tubo de alimentação fosse retirado dela. Crisafulli provavelmente nunca mais será o mesmo de antes do acidente. A mãe diz que ele tem dificuldades de fala, mas a família garante que ele parece alerta e consciente.
“Meu irmão fala e se lembra. Não espero que seja como era, mas já é um milagre”, disse Pietro ao jornalCorriere della Sera. “E pensar que alguns médicos disseram que tudo seria inútil e que ele estaria morto em três ou quatro meses.”
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI695660-EI298,00.html


Fonte: http://www.comshalom.org/blog