quarta-feira, 5 de março de 2014

O sincretismo religioso nos esmaltes da Risqué.

A Risqué se inspirou nas crenças do povo brasileiro para criar sua nova coleção de esmaltes. A linha de primavera/verão 2014 “Brasil por Risqué Fé” traz seis cores diferentes, sendo 3 tons pastel, 2 mais intensos e um que lembra o famoso renda.

1 – Fé na figa: nude rosado
2 – Ô meu Santo Antônio: vinho
3 – Joga Sal Grosso: madrepérola


4 – Amarração para o amor: rosa fúcsia
5 – Flores para Iemanjá: verde água
6 – Anota a simpatia...: coral

Não podemos servi a dois senhores, que o nosso sim seja sim ou não seja não, além disso é armação de satanás, a moda passa e são as nossas atitudes que determinam a nossa salvação e perdição, tudo posso mas nem tudo me convém.
Nota: Marcos A. Inácio

Amar, uma tarefa diária para todo cristão

O amor é um ato de determinação; requer-se uma vontade deliberada de amar

O chamado de Jesus consiste unicamente no amor, de modo que as palavras dirigidas a Mateus – “Segue-me” (Cfr. Mt 9, 9) – podem também significar o imperativo do verbo amar: ame! Seguir Jesus é amar. A vocação cristã, portanto, se resume nessa atitude de doação, que só um coração contrito e apaixonado por Deus é capaz de ofertar aos outros.
O Catecismo da Igreja Católica, aprofundando um pouco mais neste mistério, explica que somos vocacionados do amor, porque fomos “criados à imagem e semelhança de Deus”[1]. Visto que Deus é amor, como narra São João, também nós somos predestinados a tomar parte nesta natureza, tornando-nos, em Cristo, filhos de Deus e, por conseguinte, membros de seu Corpo. Nesse sentido, que belo exemplo nos dá a Virgem Maria, como modelo de perfeição, ao acolher com total obediência – “eis aqui a escrava do Senhor” (Cfr. Lc 1, 38) – o propósito divino para sua história. Ela escolheu a melhor parte.
Por outro lado, lembra-nos o livro de Gênesis (Cfr. Gn 3, 10) a vocação do homem ao amor foi abalada a partir do momento em que – assistido pelos conselhos perniciosos da serpente – ele optou por ser um deus sem Deus. Com efeito, o amor ao Criador e suas criaturas, que era antes doação, converteu-se em amor próprio: amo-me acima de todas as coisas. Esse amor doentio (filáucia), que os padres da Igreja consideram a mãe de todas as doenças espirituais, permeia todo o orbe católico, até mesmo os lugares onde se exala certa piedade e zelo apostólico[2]. As liturgias impecáveis, a oração do terço, a opção preferencial pelos pobres, por sua vez, podem muitas vezes esconder um teatro com aparência de santidade. Diz o Papa Pio XII[3]:
[...] Sabeis, veneráveis irmãos, que o divino Mestre considera indignos do templo sagrado e expulsa dele os que crêem honrar a Deus somente com o som de bem construídas palavras e com atitudes teatrais e estão persuadidos de poder prover de modo adequado à sua salvação sem arrancar da alma os vícios inveterados.
O cristianismo não é uma religião de formalismo sem fundamento e sem conteúdo. Quando São Josemaria Escrivá pede que tenhamos uma oração litúrgica, nada mais faz do que obedecer à lei de Deus, exortando-nos a conhecer “a genuína natureza da verdadeira Igreja”[4]. Na liturgia, celebramos o mistério pascal, com o qual Cristo nos redimiu e tornou-nos coerdeiros das graças divinas. Mas essa celebração deve estar acompanhada por uma atitude interior de entrega e amor a Deus, de sorte que o homem respire a beleza de uma vida em comunhão com o Senhor. Ensina o Catecismo da Igreja Católica: “a liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a fonte donde emana toda a sua força”[5]. Mas sem o amor, torna-se pouco eficaz, pois, com a liturgia – insiste oportunamente Pio XII –, a Igreja “quer que todos os fiéis se prostrem aos pés do Redentor para professar-lhe o seu amor e a sua veneração”[6].
Pelo contrário, se este propósito não estiver em todo coração católico, por mais belas que sejam as casulas e os ornamentos do altar, a celebração não passará de um monólogo: uma conversa comigo mesmo, em cujo cerne se encontra apenas a minha própria vontade. Analisando muitas atitudes ao nosso redor – e até mesmo a nossa – perceberemos que infelizmente não estamos muito distantes disso.
O amor é um ato de determinação; requer-se uma vontade deliberada de amar. Não se trata de um sentimento, mas de uma resposta à ação de Deus, bebendo “incessantemente da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo”[7]. Recorda-nos Bento XVI, na sua encíclica Deus Caritas Est, que “quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom”[8]. A esse respeito, une-se à voz do Santo Padre a “pequena via” de Santa Teresinha[9]:
[...] Oh! Como eu gostaria de ser hipnotizada por Nosso Senhor! Foi o primeiro pensamento que me veio quando acordei. Com que doçura eu lhe entregaria a minha vontade! Sim, eu quero que ele se apodere de minhas faculdades de tal modo que não faça mais ações humanas e pessoais, mas, ações divinas, inspiradas e dirigidas pelo Espírito de Amor!
Quando posto à prova pelos fariseus em relação ao maior de todos os mandamentos, Cristo não hesitou em dizer: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” (Cfr. Mt, 22, 37-39). Esta é a nossa única tarefa diária: amar, amar, amar!
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Catecismo da Igreja Católica, n. 27.
  2. Padre Paulo Ricardo, Filáucia, a mãe de todas as doenças espirituais, Curso de Terapia das doenças espirituais, aula 1.
  3. Pio XII, Carta Enc. Mediator Dei (20 de novembro de 1947), n. 21.
  4. Constituição Conciliar Sacrosanctum concilium, n. 2.
  5. Catecismo da Igreja Católica, n. 1074.
  6. Pio XII, Carta Enc. Mediator Dei (20 de novembro de 1947), n. 21.
  7. Bento XVI, Carta Enc. Deus Caritas Est (25 de dezembro de 2005), n. 7.
  8. Ibidem.
  9. Uma noviça de Santa Teresinha, Carmelo de Cotia, p. 111

Quer conhecer Dom Helder Câmara? Leia essa retrospectiva de fatos

Tenho sobre minha mesa 10 pastas cheias de recortes sobre D. Helder Câmara. Cobrem o período que vai de 1964 até 1977. A simples existência dessas pastas, cheias de recortes que nos informaram, aqui no Brasil1 de TODOS os pronunciamentos de D. Helder Câmara, muitos transcritos na íntegra e em TODOS os jornais, desmentem por si só a alegação de que D. Helder é aqui "totalement censuré", como costuma dizer contra nós o jornal "La Croix" de Paris. Mas, como não pretendo ser democrata nem partidário da liberdade de imprensa (no sentido em que esta expressão é entendida nos Estados Unidos) acrescento que uma coisa D. Helder Câmara tem sido e continua sendo, graças a Deus, impedido de fazer pelo Governo brasileiro. Não que seus pensamentos sejam expressos e publicados mas, sim, que ele faça CAMPANHAS públicas em que mistificaria a opinião pública com sua condição de Arcebispo, fingindo que a Igreja Católica, a que tem 20 séculos e é sempre a mesma, endossa suas atitudes. Isso sim, graças a Deus, lhe é proibido.

Helder Câmara nasceu em 7/12/1909. Tem hoje, portanto, 68 anos. Foi feito bispo auxiliar do Rio de Janeiro em março de 1952. Nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, no nordeste brasileiro, em março de 1964, dias antes que eclodisse o levante militar que depôs seu amigo e companheiro, o Presidente João Goulart, a quem ajudou como pôde.
 
Durante a década de 1930/40, Helder Câmara, já um padre, era integralista (partido fascista brasileiro, cujo "fuherer" era o escritor Plínio Salgado e cujas camisas, à semelhança dos partidos fascistas europeus, era não negra nem parda mas verde). O jornal "O Estado de São Paulo", de 25 de maio de 1968, publicou uma antiga fotografia do padre Helder Câmara, em 1934, na cidade de Belém, capital do Estado do Pará, norte do Brasil, cercado de "camisas verdes" e em plena arenga política com os mesmos gestos dos braços e as caretas como hoje faz (hoje as caretas de D. Helder Câmara são "bondosas"; naquele tempo eram ameaçadoras). Esta fotografia foi também publicada no "Jornal do Comércio" de Recife, de 23/5/68 e reproduzida na revista francesa "Minute", de 4/10 de fevereiro de 1971, página 5.
 
Durante cerca de 12 anos, Helder Câmara foi assistente eclesiástico do nosso Centro Dom Vital, a associação de escritores católicos presidida por Alceu Amoroso Lima da qual saíram Gustavo Corção e a maioria dos sócios em 1963, quando Alceu Amoroso Lima, juntamente com Helder Câmara, já mostrava inequívocos sinais de progressismo e esquerdismo.
 
A partir de 1955, Helder Câmara, já bispo auxiliar do Cardeal D. Jaime Câmara, do Rio de Janeiro, e secretário-geral da CNBB ganhou fama de organizador, por ter sido o responsável (segundo se dizia) pela boa marcha dos trabalhos do Congresso Eucarístico Internacional. Por essa época, o jornal "O Globo", de Roberto Marinho, possivelmente com boa intenção, colocava jornalistas e fotógrafos à disposição de Helder Câmara que não dava um passo sem ser muito fotografado e muito noticiado. Sua paixão pela notoriedade, seu excessivo interesse pela publicidade e auto-promoção, tiveram aí talvez um reforço irresistível e avassalador. Dizem que ao dar comunhão, se pressente o "flash" de um fotógrafo, pára com a hóstia no ar e compõe uma atitude fotogênica.
 
A notoriedade que alcançou, sua influência junto a donos de jornais e também a empresários que, por meio dele, procuravam, às vezes sem intuitos subalternos, prestar algum auxílio à diocese ou a organizações caritativas, fizeram de Helder Câmara (que não sopitava sua ânsia de prestígio e influência) uma personalidade cada vez mais importante. Cercado de senhoras que o viam como uma espécie de São Vicente de Paulo (mas que também sabiam que ele era um ambicioso político como pude testemunhar pessoalmente) tinha a serviço da promoção de suas campanhas mas também de sua auto-promoção, as esposas de muitos homens influentes e poderosos na política, nos negócios, na alta finança. Durante os anos em que governaram Juscelino Kubistchek e João Goulart (1956 a 1964), foi uma das mais poderosas eminências pardas do mundo político no Brasil, como se pode comprovar, entre outros, pelos seguintes exemplos indiretos:
 
― Em 1958 os jornais publicaram subitamente, com grande destaque, que o presidente de uma organização governamental de âmbito municipal, ocupada em obras públicas do Rio de Janeiro, chamada Sursan, denunciava como ladrão o seu assistente imediato (cujo nome conheço mas deixo de publicar em vista dos anos passados). Esse assistente era um protegido de Helder Câmara, por ele nomeado para aquele posto através da condescendência do Presidente Kubistchek para com o bispo. A acusação do Presidente da Sursan, Sr. Maia Penido, era específica. O acusado roubava pagamentos a serem feitos, para cada caminhão de transporte de terras usado no desmonte do morro de Santo Antônio. O Sr. Maia Penido era, também ele, um homem influente, e ordenara a abertura de um inquérito de apuração dos fatos. No dia seguinte, 24 horas depois, o referido assistente da Sursan foi transferido administrativamente para o Gabinete da Presidência do Brasil, isto é, saíra do âmbito municipal para o federal e além disso, para o gabinete presidencial. Escapava assim ao inquérito e à punição. A prova de poder político de Helder Câmara que todos os jornais disseram, na ocasião, ser o autor da transferência, era evidente. Para nós, desnecessária. Todos, no Brasil, sabiam da influência de D. Helder Câmara.
 
 ― O que nem todos sabiam porém era até que ponto ia essa influência. Quando houve o levante militar em 1964 e o governo da cidade do Rio de Janeiro ficou livre das pressões do Presidente João Goulart, o novo presidente nomeado pelo Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, para o Banco do Estado da Guanabara, Sr. Dario de Almeida Magalhães, denunciou ao Governador que havia encontrado entre os documentos importantes do Banco, uma nota promissória, vencida e não paga, cujo devedor era o Sr. Dom Helder Câmara. O valor do dinheiro levantado pelo referido bispo, no montante de um bilhão de cruzeiros (cruzeiros de 1962) era igual ao do capital total do Banco. Esse dinheiro foi usado por D. Helder Câmara para suas promoções demagógicas irresponsáveis como, por exemplo, construir prédios de apartamentos para favelados no meio de áreas residenciais mais abastadas como a Praia do Pinto. O fato foi mais tarde tornado público pelo próprio Governador Carlos Lacerda em depoimento publicado no jornal "O Estado de São Paulo", de 17/6/77, já depois de sua morte, depoimento esse em que o conhecido orador e político dizia de Dom Helder Câmara que ele era "a humildade mais bem organizada do Brasil". O que nos lembra (como aliás todas as caretas "bondosas" de Dom Helder) a figura de Uriah Heep de "David Copperfield".
 
Estes dois exemplos (há outros) são suficientes. Nessa época D. Helder Câmara ― freqüentador de ricaços, banqueiros e membros de "international set" ― influia na eleição da diretoria do Jockey Club, na nomeação de ministros, na composição de arranjos políticos e foi então que algumas das senhoras ricas que o julgavam um São Vicente de Paulo descobriram que Helder Câmara, como dizia o Dr. Zhivago dos comunistas, é um homem que mente. Afirmo isso porque sou testemunha de tais descobertas e de tais decepções.
 
Nos dias que antecederam o levante militar de 1964, quando a angústia apertava a garganta de todos os homens de bem e pais de família do Brasil; quando João Goulart e os comunistas que o cercavam já tinham dado início a diversas providências para sovietizar o país, inclusive criando "comissariados", ocupando fazendas e fábricas, mantendo um clima de agitação permanente nas ruas, nas universidades e nos jornais e, finalmente, começando a organizar comícios de "protesto" de marinheiros e soldados e comícios "gigantes" como o da Central do Brasil em 13 de março de 1964, Helder Câmara, já nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, juntamente com o Cardeal de São Paulo de então, procuravam ajudar a obra de decomposição de João Goulart. No dia 24 de março, dias antes do levante militar, quando já havia começado a reação das senhoras católicas de Minas Gerais e São Paulo e já se programava a primeira "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", Helder Câmara, talvez pela primeira e última vez, vestiu as mais solenes vestes vermelhas que um bispo pode usar e foi, em companhia de Dom Carlos Mota, Cardeal de São Paulo e conhecido simpatizante do Presidente Goulart, fazer a este uma visita no Palácio. Com ele almoçaram. Foram fotografados e, com toda a sua fapela, ambos e mais Goulart saíram nos jornais de esquerda do dia 25/3/64 em grandes fotografias. Na véspera do dia 31 de março, quando eclodiu o levante, as estações de rádio favoráveis a Goulart repetiam o dia inteiro: ― "O Presidente Goulart não é um comunista. Agora mesmo a Igreja, na pessoa do Cardeal Mota e Arcebispo Helder Câmara foram prestigiá-lo por suas reformas sociais etc".
 
Derrubado Goulart, Helder Câmara, que era, não o esqueçamos, secretário-geral da CNBB, onde já havia montado ― com o auxílio das senhoras que o cercavam, as que ainda o consideravam um santo ― todo um "staff" de gente de sua confiança, procurou entender-se com o Presidente Castelo Branco. Mas este, homem inteligente, que conhecia muito bem quem era Helder Câmara, não se deixou influir e não esqueceu os serviços prestador por Helder Câmara aos presidentes da República que haviam corrompido, desonrado e quase destruído o Brasil. Helder Câmara, segundo se dizia então, compreendeu perfeitamente no encontro que teve, juntamente com outros bispos ― com o general Castelo Branco, que as portas dos palácios estavam fechadas para ele enquanto os militares governassem o Brasil. Data dessa época sua "descoberta" da necessidade de empenhar-se em campanhas difamatórias no exterior em que procurava sobretudo estabelecer movimentos de "opinião" que acabassem influindo no país.
 
Ao longo de todos esses anos, enquanto passamos lentamente, um após outro, os numerosíssimos recortes de jornais, vemos que a trajetória de Helder Câmara foi, evidentemente, facilitada por contatos no Vaticano, em organizações suspeitas tipo "Associação dos Amigos da Democracia no Brasil" com sede em Paris e outras com sede na Alemanha, muitas das quais o próprio Helder Câmara relacionou com uma certa coragem impudente na cínica resposta que deu a uma entrevista do então Governador Abreu Sodré ― datada de outubro de 1970, assunto a que faremos alusão mais adiante.
 
Apesar de todas as aparências, apesar do caráter de muitas de suas declarações ― francamente marxistas, favoráveis a assassinos subversivos, explicitamente socialistas, etc. ― a nosso ver o que temos diante de nós é tão somente um espetáculo em que se misturam um oportunismo que não recua diante de nada, uma insopitável ânsia de notoriedade e um grande desejo de influir politicamente. Sabendo-se definitivamente afastado de qualquer possibilidade de influência política e notoriedade fácil no Brasil, Helder Câmara, como tantos outros homens públicos fizeram, procurou usar o nome que já tinha de um modo que obrigaria os jornais, as agências noticiosas, enfim, os órgãos de comunicação de prestígio a ocupar-se dele. Como se sabe, é o "sensacional", o inusitado, o conflitante, o escandaloso, que realmente interessa aos jornalistas. É por isso que Helder Câmara dedicou-se a estes temas e o fez de um modo que chega a absurdos como veremos mais adiante. Ele explora o que pressente no ar, ele diz o que os temos corrompidos e perturbados gostariam de ouvir, ele atende aos desejos que, antes de seus pronunciamentos, eram para muitos apenas uma tentação; com tais pronunciamentos passam a ser atos praticados. O caráter moral desses atos tornar-se-á mais claro no dia do seu julgamento pessoal que não nos compete. Mas compete-nos a impossibilidade de crer até mesmo no seu comunismo. Ele não tem suficiente vigor para ser comunista. Quanto aos seus pronunciamentos, são de índole comunista, é indiscutível, como veremos adiante.
 
Já em junho de 1964 o jornal "La Croix", órgão da Arquidiocese de Paris, em editorial de primeira página transcrito no "Jornal do Brasil" e outros jornais de 6/6/64, examina um Manifesto de Bispos brasileiros, movidos pelo então secretário-geral da CNBB que, embora reconhecendo o perigo comunista que ameaçava o Brasil e que justificava o levante militar, já começavam a se referir a uma inquietação pela depuração e prisão de comunistas, aliados do Presidente Goulart. "La Croix" não hesita em ir mais longe do que os bispos brasileiros, ainda muito tímidos. Nega que os comunistas estivessem a ponto de tomar o poder apesar do que os próprios bispos dizem. E logo aproveita o que os bispos dizem para estender seu sentido: "Com suas fórmulas gerais parece que os bispos visam não só alguns fatos concretos mas também as próprias disposições da lei constitucional provisória promulgada pelo poder revolucionário".
 
Mais tarde, no seu afã de movimentar "opiniões públicas" fabricadas pela máquina que se montava na Europa, com a ajuda daquelas "Associações", Helder Câmara funda, um atrás do outro, inúmeros movimentos de pressão, esperando, da iniciativa da fundação de cada um (e da repercussão que a fundação tem, habitualmente, nos órgãos de difusão) que o impacto deles exercesse alguma influência aqui. Cito ao acaso:   Em 1968, funda o Movimento "Ação, Justiça e Paz"; nesse mesmo ano, outro movimento: "Pressão Moral Libertadora"; em 20/8/69, outro movimento, ainda sem nome, prometido para ser fundado no dia 12/10/1969, data do centenário de nascimento de Gandhi, "para libertação de todos os povos da América Latina e do Terceiro Mundo, de qualquer tipo de imperialismo", como disse em entrevista ao jornal "Avvenire" de Milão. E vários outros. É claro que esses "movimentos" logo desapareciam, para outros serem fundados depois.
 
D. Helder voa ao redor do mundo. Londres, Paris, Milão, Roma, Nova York, Montreal, Pekin etc. Em Liverpool prega a atividade política para a Igreja: "Todas as igrejas devem mobilizar a força moral que lhes resta (sic) para trabalhar pela libertação do homem, mesmo se para isso devem sair do terreno religioso para entrar no político". Alemanha, Japão, Austrália, Suécia. A toda parte leva ele a difamação contra o governo do seu país alegando que seus pronunciamentos não são publicados em sua pátria. O que é uma mentira, como mostram meus recortes. Mas, como disse, é verdade que não lhe é permitido mistificar um povo humilde, simples e ainda dotado, em grande parte, de uma certa religiosidade católica, enganando-o com sua condição de Arcebispo que pretende misturar (e mistura, no exterior) com suas opiniões (muitas vezes falsas) a respeito de temas políticos, fazendo constar que é a própria Igreja que estaria contra o Governo militar do Brasil.
 
Em 1968, o Papa Paulo VI dirige-se a Medellin, Colombia. Helder Câmara encarrega um assessor, o padre belga Joseph Comblin, de preparar o que ele (e seus cúmplices da CNBB) chamam "um documento-base". É uma visão marxista da sociedade e uma análise preparatória para a guerra revolucionária que se iria organizar no Brasil.
Cito alguns trechos:
 
"A Igreja Falha ― A Igreja realiza o milagre de ser mais tradicionalista na cultura que transmite do que as próprias classes que controlam o ensino do Estado".
 
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"A Igreja adotou e continua adotando a mesma atitude dos grandes proprietários: desconhece a existência das massas rurais e seu caráter humano... Nunca a Igreja fez tão pouco por uma categoria social... O clero é formado exclusivamente por pessoas assimiladas às classes altas.
 
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"A religião que se ensina ao povo é freqüentemente uma religião primitiva, medieval, tipicamente sub-desenvolvida".
 
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"Quanto à doutrina social o que falta na "Gaudium et Spes" e na encíclica "Populorum Progressio" é a consideração dos problemas relacionados com a "arrancada" do desenvolvimento..."
 
"Ninguém pode acreditar que as reformas fundamentais que exige o desenvolvimento poderão ser promovidas por uma evolução política normal dentro dos princípios que regem a sociedade ocidental. Esses princípios se aplicam somente em situações de calma e sem problemas. As reformas não se farão pela persuasão nem pelas discussões platônicas em assembléias legislativas, nem por via de eleições segundo os moldes do sistema ocidental moderno".
 
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"Bastaria a Igreja armar um grupo (ficaria muito mais barato do que os gastos das obras assistenciais) e tudo ficaria resolvido...".
  
Compreenda-se que quem fala assim (e há muito mais e muito pior no longo documento) é um Padre, sustentado pelo seu bispo, D. Helder Câmara, que levou este documento e o ofereceu à consideração dos demais participantes do Congresso Eucarístico de Medellin, Colombia, na presença do Papa Paulo VI. O Padre Joseph Comblin foi expulso do Brasil (é claro) debaixo da feroz oposição de Helder Câmara e seus companheiros da CNBB o que mostra, para nós evidentemente, que a CNBB não é uma instituição idônea. Resta acrescentar que apesar do caráter francamente subversivo desse documento ele foi publicado em todos os jornais do país, e em vários deles, como no "O Estado de São Paulo", o jornal de maior circulação daquele Estado e um dos mais divulgados do Brasil, foi publicado na íntegra, ocupando páginas inteiras dos dias 14, 15 e 16 de junho de 1968. Como se vê, o jornal "La Croix", que afirma sempre que, no Brasil, esses assuntos são "totalement censurés", é um jornal que não diz a verdade.
 
Em abril de 1968, na Europa, Helder Câmara começa a incluir nas afirmações com que compõe a figura que quer impor aos jornalistas (o que consegue tendo em vista o que os jornalistas gostam de publicar) a nota do "ameaçado". O "heróico" bispo dos pobres está com sua vida ameaçada pela "camarilha militar" que, com o dedo no gatilho das armas, ocupa-se em pesar sobre os pobres e enriquecer os ricos. No dia 26/4/68 os jornais publicam: "Dom Helder diz que vai ser morto". Diz que vai ter a sorte de Martin Luther King, a quem admira. O "Jornal do Brasil" acrescenta por sua conta, "essa afirmação vem preocupando os fiéis brasileiros porque estes sabem que o Prelado não fala sem ter razões para isso...". Mas o sociólogo e famoso escritor brasileiro Gilberto Freyre, declara aos jornais, quando interrogado a respeito, que o Dom Helder, se corre o risco de morrer, é atropelado porque o trânsito em Recife é 'realmente infernal'". Os fatos posteriores desmentiram, como tantas outras mentiras, a afirmação do "Prelado que só fala quando tem razões para isso".
 
No dia 24/5/1970 o jornal "O Estado de São Paulo" publica notas pessoais a respeito de Dom Helder Câmara encontradas entre os papéis privados de um dos mais eminentes e conhecidos escritores católicos brasileiros, um dos mais eminentes e respeitados sacerdotes, recentemente falecido, o Padre Alvaro Negromonte, cuja "verve", ironia, sabor da linguagem, grangearam-lhe fama ainda durante sua vida. Diz que Helder Câmara, que considera inteligente, tem enorme capacidade de trabalho e sabe ser insinuante, fazendo-se estimar "em vista da aparente bondade e tolerância que emprega com excepcional esperteza".
 
Mas, acrescenta ele:
"... pertenceu a todos os Movimentos que o podiam projetar enquanto tiveram projeção, mas logo os abandonou quando caíram na rotina do trabalho humilde... Como as obras materiais no plano social dão glória fácil, orientou-se para elas. Realiza-as com verbas do governo e com dinheiro tirado dos ricos por processos demagógicos... Daí ser cortejador de todos os governos com um oportunismo exagerado... Para atingir o episcopado insinuou-se na confiança de D. Jaime Câmara... Tornou-se amigo íntimo do núncio Chiarlo e do atual núncio (na época Dom Lombardi) através de régios presentes, logrando assim o cargo de secretário-geral da CNBB... Os seus planos notáveis redundam em fracassos porque é desorganizado e sem perseverança. Desbarata o dinheiro que recebe, do qual jamais prestou contas a ninguém... Não cumpre seus compromissos com notável facilidade... Não tem amigos, tem interesses. Por esse seu mau caráter é que consegue numerosas amizades e dedicação, distribuindo verbas... Chegou a falsificar um documento da Conferência dos Bispos para agradar o governo João Goulart, fato público denunciado pelo Cardeal Silva da Bahia. O Cardeal Silva declarou à imprensa que aquele não era o documento que ele assinara e que não o assinaria naqueles termos... Suas ligações com esquerdistas são públicas... Os que com ele trabalham de perto participam dessas idéias... Seu "vedetismo" não irrita só os católicos...".
 
No dia 16/8/1968, o jornal "O Globo" publicou cinco perguntas que o Arcebispo de Diamantina, Dom Geraldo Sigaud fez a Dom Helder Câmara a respeito de sua pregação por uma nova sociedade no Brasil.
 
As perguntas são as seguintes:
 
1a. ― Se nessa sociedade ele, Helder Câmara, admitiria a iniciativa particular.
 
2a. ― Se admitira a propriedade, por particulares, de meios de produção.
 
3a. ― Se o Estado deveria ter uma função supletiva ou a direção e a exclusiva responsabilidade nas questões econômicas e sociais.
 
4a. ― Se seria lícita a economia de mercado livre.
 
5a. ― Se admitiria a propriedade particular de bens pessoais.
 
Essas perguntas foram feitas de viva voz a D. Helder Câmara durante a reunião de bispos em que foi lançado um dos movimentos criados por D. Helder para sua promoção pessoal. A resposta dada por D. Helder foi a de que deixaria o assunto para as universidades. Diante da insistência de D. Sigaud, Helder propôs a nomeação de uma comissão de peritos para responder. Diante da insistência repetida, disse que qualquer aluno de sociologia católica sabe qual a posição da Igreja a respeito. Dias depois da publicação de todo esse debate, o "Jornal do Brasil" (de 28/8/1968) publicou a irritação de D. Helder que não conseguiu deixar de se mostrar "touché". O próprio jornal é que informa que ele ficou irritado. O que, somado a sua recusa de responder, é bastante significativo.
 
Pulando um pouco no tempo (do contrário esse trabalho não acabaria mais), chegamos à famosa entrevista dada por D. Helder Câmara à revista "L´Express", publicada por esta revista no princípio de junho de 1970 e aqui reproduzida em todos os jornais (na íntegra, no "O Estado de São Paulo", de 5 de julho de 1970. Como sempre, tudo "totalement censuré" segundo o jornal "La Croix" de Paris). Essa entrevista é um modelo de impudência em que até sua vida de seminarista é apresentada por D. Helder, provavelmente mentindo, segundo as cores que na época são apreciadas pelos que o ouvem com gosto. É assim que menciona, certamente sem saber o que está dizendo e por isso provavelmente mentindo, que um "grande padre" que não nomeia o livrou do temor de Deus e lhe deu uma "visão muito confiante da vida da qual o pecado está excluído". "Eu não tinha medo de Deus. Eu tinha confiança nele". Diz que "não era obediente" e que não se fez "filho de Maria" porque "eu ria, eu falava, eu zombava, eu era normal". Dá um exemplo: era proibido, no seminário, falar nos corredores, "mas eu não aceitava essa proibição, eu falava". ― Sozinho? Pergunta o entrevistador. ― "Não", responde, "eu procurava corromper os outros". Nessa entrevista ele afirma que deixou o integralismo (o fascismo brasileiro) porque o Cardeal do Rio de Janeiro assim lho pedira. Afirma textualmente: "O que eu acatei sem grande dificuldade pois começara a ter dúvidas quanto à ascensão do nazismo e do fascismo". Ele parece não perceber o que, subrepticiamente, confessa com frases assim.
 
A entrevista ocupa duas páginas do jornal. Ele confessa que o Governo Kubistchek era "muito simpatizante" com as suas obras. Depois entra na parte política em que afirma que: a "Igreja era uma força alienada, que se alienava a si mesma. "Convencemo-nos de que era preciso 'conscientizar' as massas". Mais adiante explica o que entende por "conscientizar": "É fazer tomar consciência da injustiça e da necessidade de fazer pressão para a libertação". Afirma que "Che Guevara" era um gênio que ele admira:
 
"Eu respeito todos aqueles que, em consciência, escolhem a violência ativa: Che Guevara ou os jovens que fizeram a mesma opção entre nós. Porque eles se sacrificam pela justiça". O entrevistador do L´Express pergunta: ― Já não acredita na guerrilha urbana? D. Helder responde: "Já não acredito. Eu não digo isso para desanimar esses jovens que tentam alcançar a libertação de nosso povo. Eu os amo e persigo o mesmo fim. Eles são extraordinários esses guerrilheiros urbanos. Eles têm coragem. Eles assaltam bancos para obter dinheiro, a fim de comprar armas. Mas quando se conhece um pouco o preço das armas sabe-se perfeitamente que eles nunca terão o suficiente... O sr. há de dizer que eles têm êxito com o seqüestro de personalidades. Mas alguns são apanhados. Eles são torturados e por vezes falam. É muito difícil resistir quando eles arrancam as suas unhas e esmagam seus testículos".
 
Quando nos lembramos que quem assim fala é um Arcebispo que nunca foi punido como devia por Roma; que essas palavras constam de uma publicação francesa muito conhecida e portanto não podem ser postas em dúvida; que o criminoso que ousa dizê-las não tem uma palavra de piedade pelas vítimas inocentes dos "jovens" que ele "ama" os quais lançam bombas em supermercados, escolas e hospitais e seqüestram personalidades que ameaçam de morte e muitas vezes matam, como mataram Dan Mitrione, Pedro Aramburu, Carlo Sacheri, Capitão Chandler e tantos outros, sem falar nos soldados e policiais mortos no cumprimento do dever; que suas alegadas "torturas" se realmente ocorressem, como ele diz, teriam por objetivo não roubar dinheiro de bancos ou adquirir armas para impor o terror comunista a uma sociedade estuprada mas obter informações para prender outros criminosos como esses que ele apóia e cujo fim também ele persegue como diz; quando nos lembramos disso tudo, é difícil manter o equilíbrio. Este homem que ousa falar assim e o Papa que o sustenta, Deus não permitirá que deixem de responder pelo que fizeram e fazem.
 
Repugnado por tudo isso, em fins de setembro de 1970, o então Governador do Estado de São Paulo concedeu candente entrevista aos jornais em que acusa D. Helder Câmara de estar a serviço da máquina de propaganda do Partido Comunista, chamando-o de "Fidel Castro brasileiro". Essa entrevista, que causou grande repercussão no país, não bastou, juntamente com as declarações do próprio Helder Câmara que acabamos de transcrever, para ao menos reduzir ao silêncio os demais membros do episcopado que, por suas omissões e declarações, antes e depois, assumem a responsabilidade de cúmplices das manobras políticas de baixo nível que Helder Câmara executava e continua executando. Ao contrário, premido pela evidente repercussão causada na opinião pública do país, o então presidente da CNBB, Cardeal Agnelo Rossi, hoje prefeito da Sagrada Congregação para Evangelização dos Povos em Roma, teve a audácia de vir a público pedir "provas" ao Governador Sodré. Possivelmente esperava recibos assinados por Kruschev ou Brejnev. Em carta que entregou a Dom Agnelo e fez publicar na íntegra nos jornais de 24 de outubro de 1970, Sodré responde com argumentos, principalmente com o princípio latino "Cui prodest?", a quem aproveitam suas campanhas?, e mais de 55 documentos e citações, dentre as quais algumas transcritas acima e outras, especialmente um franco elogio ao Partido Comunista, publicado no jornal clandestino do Partido chamado "Missão Operária", no. 4, ano II, pág. 48, bastante comprometedoras.
 
Depois dessa época, Helder Câmara prossegue seus giros internacionais cujos financiadores reais nunca foram conhecidos. Sua tecla é insistir na idéia de "torturas" no Brasil e durante algum tempo empenha-se, especialmente com parlamentares socialistas alemães e suecos e com membros luteranos do Conselho Mundial de Igrejas, tentando obter o Prêmio Nobel da Paz. A princípio, essa visível intenção de um farsante que se auto-promove, sabendo que os militares católicos brasileiros jamais o molestarão fisicamente, causava-nos enorme indignação. Depois, a verificação de que o Parlamento Norueguês e a Academia Sueca premiaram personalidades indignas como Sean Mac Bride, Jean Paul Sartre e o "pelego" russo Mikkail Cholokov ― perseguidor de Boris Pasternak, da mulher de Pasternak quando este morreu e de Soljenitzin, por ser cunhado de Kruschev, conforme denúncia publicada em 21 de novembro de 1970 pelo presidente da Associação Européia de Escritores, o italiano Giancarlo Vigorelli ― tudo isso nos livrou da nossa indignação. Se Dom Helder Câmara não merecia o Prêmio Nobel, a instituição Nobel que àqueles premiou, merece Dom Helder. É de sua laia. Cabe dar-lhe o prêmio, agora.
 
A repercussão internacional dos giros de Helder Câmara, entretanto, diminuiu. Ele cansa. Apesar das tentativas que se fizeram recentemente no sentido de injetar novo alento nesse "mito" de repugnante contorno, como por exemplo uma entrevista promovida pelo "Jornal do Brasil" que ocupou duas páginas, com várias fotografias do prelado, em 24 de abril de 1977, o interesse por sua pessoa parecia diminuir. Em princípios de outubro de 1977, em Atenas, num simpósio internacional sobre a "democracia", fez o processo e moveu a condenação das "multinacionais" conforme a moda da época, juntamente com outros esquerdistas como o ex-Presidente do México, Echeverria, o economista Galbraith, etc.
 
Reitero o que disse. Não consigo acreditar no comunismo, nas convicções comunistas de Helder Câmara, coisa que, aliás, foi dita por várias outras pessoas, dentre as quais, citado acima, o falecido Padre Negromonte. O escritor Gustavo Corção, que também não crê nisso, costuma dizer que Helder Câmara não tem nem sequer caráter bastante para ser comunista.
 
O que é terrível, a nosso ver, é pensar na ousadia com que um sacerdote, arcebispo, visivelmente para obter resultados políticos em manobras com que busca prestígio pessoal, que esse Arcebispo ouse espalhar pelo mundo e sobretudo pelos humildes, que utiliza demagogicamente como massa de manobra, idéias que corrompem as almas, que incitam ao ressentimento, que prestigiam a maldade mais horrenda que nos tempos modernos se expandiu em assassinatos, seqüestros e atentados cruéis, que, em suma, favorecem o Partido Comunista Internacional. Esse Arcebispo envenena os que o escutam, reforça também a crescente e pérfida corrupção do mundo em que vivemos, mundo apóstata, paganizado e ateu que já construiu sombrias câmaras de tortura nos países socialistas e que se prepara para estender o sinistro império que já exerce sobre metade da humanidade, aos restos de uma sociedade que já foi cristã. São Pio X tremia de horror constatando, já no seu tempo, o quanto se afasta o mundo em que vivemos, da fé que o poderia salvar. Que dizer da situação do mundo de hoje que o Concílio Vaticano II pretende ser palco de um "novo humanismo" encorajador e que o Papa Paulo VI vê como um mundo que ama a Paz, porque se multiplicam os congressos pró-paz etc. (ver seus Discurso de 1o. de janeiro de 1975). É possível que esse mundo ame a paz, mas não a paz que vem do Cristo. Amará a paz que dá o mundo, ele mesmo.
 
Que o Senhor todo-poderoso nos venha socorrer diante da abominação que se instalou em nossa época. Roguemos para que sejam abreviados os dias, como Ele mesmo nos disse. E repitamos, como no Apocalipse: "Vem, Senhor Jesus".

Fonte: http://www.permanencia.org.br/

Mais uma jogada do PT governo, para divulgar através da Copa 2014 a ideia do GÊNERO!



Vinte organizações que trabalham na defesa dos direitos humanos foram selecionadas pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos para o edital Megaeventos Esportivos e Direitos Humanos, em parceria com a Fundação Ford, entidade sediada em Nova York, nos Estados Unidos, que financia programas de promoção da democracia e redução da pobreza no mundo.

A coordenadora de Projetos do Fundo Brasil, Maíra Junqueira, disse hoje (5) à Agência Brasil que, desde 2011, a organização vinha observando aumento de projetos que discutem e questionam o modelo de direitos das cidades, “principalmente em função de obras de infraestrutura, tanto nos centros urbanos, como em áreas mais rurais”.

O edital lançado no início deste ano tem foco nas grandes áreas metropolitanas que vão sediar os jogos da Copa do Mundo de Futebol, com o objetivo de minimizar o impacto que o evento pode acarretar para as populações e como as relações de direitos humanos estão sendo afetadas pelas obras que estão em andamento nas cidades-sede.

A ideia, disse Maíra, "é que essa população consiga se informar melhor sobre seus direitos, consiga defender seus direitos para saber o que pode ou não fazer, e tente fazer com que as políticas sejam respeitadas”.

Em razão da proximidade da Copa, que começa no dia 12 de junho e termina no dia 13 de julho, o edital terá prazo mais curto para execução dos projetos, explicou. As organizações terão até o final de dezembro para concluir os trabalhos a que se propuseram. Cada organização receberá até R$ 30 mil, em duas parcelas. Os recursos são oriundos da Fundação Ford.

O Fundo Brasil de Direitos Humanos acompanhará o desenvolvimento dos projetos, por meio de relatórios parcial e final de atividades e relatórios financeiros. Em agosto ou setembro, haverá um encontro entre o grupo, em São Paulo. “Será um momento de informação e planejamento do pós-Copa”, destacou a coordenadora. No caso do Rio de Janeiro, o edital engloba também os impactos negativos e as violações de direitos humanos vinculados às Olimpíadas de 2016, que ocorrerão na capital fluminense.

Entre os dias 4 de dezembro de 2013 e 7 de fevereiro de 2014, o Fundo Brasil recebeu 104 propostas para o edital. Após um processo de triagem, foram pré-selecionadas 48 iniciativas e, finalmente, 20 projetos foram contemplados.

Segundo informou a assessoria de imprensa do Fundo Brasil de Direitos Humanos, foram analisadas propostas que abordam temas relacionados ao direito à cidade, à moradia e ao acesso a serviços básicos; transporte público e mobilidade urbana; trabalho informal; combate à violência e à criminalização da sociedade civil; democratização do acesso à informação; além de trabalhos relativos a questões de gênero, raça, etnia e respeito à diversidade.

As organizações selecionadas para o edital são Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (SP), Associação das Prostitutas de Minas Gerais (MG), Associação de Moradores da Comunidade da Paz de Itaquera (SP), Centro Popular de Direitos Humanos (PE), Ciranda-Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (PR), Comissão Nacional de Ambulantes (SP), Comitê Popular da Copa de Curitiba (PR), Comitê Popular da Copa de Fortaleza (CE), Comitê Popular da Copa de Pernambuco (PE), Comitê Popular da Copa de Porto Alegre (RS), Comitê Popular da Copa de São Paulo (SP), Comitê Popular da Copa do Distrito Federal (DF), Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro (RJ), Comitê Popular dos Atingidos pela Copa - Belo Horizonte (MG), Fórum Estadual de Reforma Urbana do Rio Grande do Sul (RS), Fórum Popular Permanente de Defesa da Criança e do Adolescente (RJ), Grupo de Desenvolvimento Familiar (CE), Instituto de Desenvolvimento de Ações Sociais (BA), Instituto Favelarte (RJ) e Tambores de Safo e Fórum Cearense de Mulheres (CE).

O Fundo Brasil de Direitos Humanos é uma fundação nacional de direito privado criada em 2005, cujo objetivo é contribuir para a promoção dos direitos humanos no país.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-03/edital-apoia-20-iniciativas-de-defesa-dos-direitos-humanos-na-copa

Lembrando: Dom Lourenço Fleichman -O Mundo está pronto para o Anticristo

Por Dilson Kutscher
O artigo abaixo foi publicado aqui no site no ano de 2011. Se naquela época o mundo já estava pronto para receber de braços abertos o anticristo, que dirá hoje.
Aliás, quantos anticristos já não temos agindo livremente no mundo?
O mundo virou verdadeiramente uma grande Sodoma e seu lider maligno vai surgir para ser reverenciado como um verdadeiro "deus".
Este lider já está agindo no mundo e acredito que neste momento prepara sua "grande peça teatral" para que a humanidade o aplauda como um "salvador".
Aquele que tem o poder de fazer "a guerra e a paz" da noite para o dia pode ser o anticristo., basta a "ocasião" perfeita para torna-lo adorado por grande parte da humanidade. A midia vai idolatra-lo como nunca se viu e o falso profeta vai declara-lo o lider que o mundo necessitava para a tão sonhada paz, assim ambos seduzirão a grande parte da humanidade.
Diz na Sagrada Escritura:
"A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar. Por isso, Deus lhes enviará um poder que os enganará e os induzirá a acreditar no erro. Desse modo, serão julgados e condenados todos os que não deram crédito à verdade, mas consentiram no mal". (II Tessalonicenses, 2, 9)
"Mas a Fera foi presa, e com ela o falso profeta, que realizara prodígios sob o seu controle, com os quais seduzira aqueles que tinham recebido o sinal da Fera e se tinham prostrado diante de sua imagem. Ambos foram lançados vivos no lago de fogo sulfuroso". (Apocalipse 19, 20)

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O Mundo está pronto para o Anticristo
n/d
Por Dom Lourenço Fleichman
Se viver mergulhado no mundo não leva ninguém para o inferno, pergunto: porque a porta do céu é tão estreita? Porque N. Senhor insiste com essa idéia, ao dizer que é mais fácil um camelo entrar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no céu? É claro que não se trata aqui, apenas de um homem que possui muitos bens. Rico é aquele apegado às coisas, aos bens materiais, ao conforto, ao mundo. Um homem que centraliza sua vida nas coisas desse mundo. Fica, de fato, quase impossível entrar no céu carregado de tantos apegos, vaidades, orgulhos e vícios.
Do seu lado, os santos insistem sempre: levem uma vida piedosa; o católico deve guardar sua vista, seus sentidos para evitar todo pecado; vivam com modéstia, na castidade.
Não é bem esta a prática atual, onde os católicos não diferem em nada dos mundanos. Assistem aos mesmos programas de televisão, freqüentam os mesmos shows, as mesmas festas; gastam seu dinheiro no mesmo comércio anunciado pela mídia: Natal com Papai Noel, Páscoa com ovos e coelhinhos, e essa gama impressionante de festas inventadas para ocupar o lugar das tradicionais festas religiosas e dos santos: dia das mães, dia dos pais, dia dos namorados, dia da criança, dia do zumbi, dia do black power, dia das bruxas...  Quando acabaram com os feriados nos dias santos de guarda, diziam que atrapalhava o trabalho. Como mentem! Mentem e manipulam as cabeças de todos, mesmo daqueles que lêem jornais cults todos os dias e compram o "Código da Vinci". Grandes culturas! São porquinhos mansos indo pelo curral em direção à morte. E não percebem nada.
Naquele tempo se praticava virtudes
Houve época em que o mundo se pautava pela prática das virtudes. Que o homem fosse católico ou não, o critério de sua vida seria o mesmo: cada qual trabalhava para ser reconhecido pela sociedade como pessoa honesta, honrada, homem de palavra, fiel. Virtudes como a coragem, a castidade, a piedade estava na pauta do dia. Se era católico, praticava essas virtudes voltadas para a vida eterna, virtudes sobrenaturais. Se não era católico, praticava essas mesmas virtudes sem a marca divina, eram as virtudes naturais. Não diferem em si das primeiras, apenas nessa qualidade divina que dá à virtude sobrenatural uma nova força, vinda de Deus, que conduz o homem ao seu fim último, em Deus. Que ele fosse um médico ou um jurista, soldado ou quitandeiro, dono de terras ou colono, todos se gabavam de dar a seus filhos a boa educação, de corrigir seus filhos malcriados, de ensinar aos filhos a prática das virtudes. Qual o pai que não se orgulhava de ver sua filha prendada tomar bom marido, recomeçando assim o ciclo virtuoso da família decente? Não eram santos, por certo. Mas quando pecavam ficavam com a consciência culpada diante de Deus e tinham medo de serem mal-vistos na sociedade.
O drama que estamos vivendo vem do fato de que o mundo atual não se pauta por estes critérios de vida. Homens "iluminados" introduziram um novo eixo no pensamento da humanidade. Este novo eixo levou Gustavo Corção a entender o mundo moderno como "antropo-excêntrico", ou seja, um mundo que trocou o seu eixo[1]
Hoje se pratica a liberdade
O pólo desarticulador do mundo veio da falsificação da liberdade. A prática da virtude passou a ser vista como obstáculo à liberdade. No pensamento greco-católico, a liberdade é uma faculdade do espírito inteligente que o faz mover-se para o bem por um movimento interior da própria pessoa, e não empurrada por alguma outra força. Ora, só existe verdadeira liberdade quando nos inclinamos para o bem. Quando os homens passam a ensinar que a inclinação para o mal também é válida, estabelecem as bases para uma nova civilização: o mundo sem Deus, o mundo sem virtudes, sem piedade.
O resultado é catastrófico. Nada ficou de pé na nova civilização. Não somente a Igreja Católica foi alijada de qualquer influência no pensamento moderno[2], como a simples prática das virtudes naturais perdeu qualquer respaldo. Se perguntarmos como vivem os homens deste nosso século, logo teremos uma lista das novas atitudes:
- o reino do sexo  livre, sem qualquer tipo de limite tanto pela natureza quanto pela cultura. Forma-se uma pressão sobre todos para que se acostumem a romper com os limites da própria consciência. Esta pressão vem pelos programas de televisão, pelos filmes, pela presença constante diante dos olhos, de imagens sensuais espalhadas pelas cidades. É um dado positivo (no sentido de afirmativo) que vem somar a uma impressionante propaganda negativa que há décadas faz uma verdadeira lavagem cerebral, convencendo a todos que a castidade seria uma doença.
- o reino do erro livre, onde todos têm razão e ninguém é dono da verdade porque expulsaram a verdade. Expulsaram das suas vidas a autoridade divina, pois todas as religiões passam a se valer; expulsaram a autoridade paterna, pois um pai não pode mais corrigir seu filho, educá-lo na prática das virtudes condenando seus erros. O mundo onde cada qual constrói sua própria verdade é um mundo esquizofrênico. Como a inteligência humana se alimenta da verdade dos objetos que conhece, entra em colapso quando é forçada a criar verdades de dentro para fora, sua própria consciência passando a dar vida às coisas, o que é propriamente “tornar-se como deuses”.[3]
- o reino da desonestidade livre, pois é evidente que não cabe no mundo tantas verdades individuais opondo-se umas às outras. Por isso o colapso da verdade gera o ódio, a guerra, inimizades. Não pensem que algum tipo de governo ou de partido poderá escapar da corrupção. Ela é endêmica, faz parte essencial da vida onde a liberdade é deusa. Lá onde a verdade movia os homens ao amor, temos hoje o erro movendo os homens ao ódio. Na política como dentro das empresas, nas famílias como no mundo jurídico.
- o reino da infidelidade livre, pois a falsa noção de verdade e o falso amor geram uma relação social evolutiva, chacoalhante, em constante movimento. Nada fica de pé, nada tem aparência de duração, de solidez, de eternidade. Neste mundo não há lugar para a família. Por isso podemos dizer que o Divórcio foi a bomba de retardo lançada no mundo todo, que detonou a seu tempo sobre os alicerces da família, base da antiga sociedade.
Tudo isso está invadindo as casas há mais de cinqüenta anos, sem que os católicos reajam. O liberalismo já tinha minado as bases da família. Poderíamos dizer que o liberalismo fez o trabalho de sapa e a liberdade enlouquecida fez o trabalho de restauração da casa destruída, com novas bases. O pior de tudo não é o mundo ser assim; o pior é ver os católicos vivendo no meio disto sem enxergar; cegos, surdos, sem forças, marionetes burrificadas por cinqüenta anos de estupidez televisiva.
Na formação deste impressionante “Reino” do mal, algumas armas foram usadas de modo mais constante:
- a imagem, essa rainha da falsidade que escraviza a nossa imaginação, marca, fere, choca, tirando dela toda reação possível.
- o som, que trouxe ao mundo vários tipos de música que simplesmente destrói na alma qualquer capacidade de raciocínio, de concentração.
- a ocupação, escravizando o homem numa avalanche de preocupações, de trabalhos, de excitações que o obriga a estar 24 horas por dia "ligado" na coisa material. Ao mesmo tempo, através de décadas de mentiras, arrancaram a mulher do seu trabalho materno, do seu lar, onde sua presença era a maior garantia da boa educação dos filhos.
- a diversão, que vem preencher o resto de tempo que os pobre-coitados ainda poderiam dispor: agora é hora de malhar, de correr, de praticar esportes cada dia mais exigentes. E tem o show alucinante, a festa que termina pela manhã, a praia, a viagem, o carnaval.
Pobre gente. Já não conseguem entender as coisas mais banais. Já não percebem que os frutos dessa nova civilização já estão estabelecidos como práticas consagradas:
- o aborto que mata a criança inocente, contraponto dos famigerados "estatutos" da criança que protege o marginal de baixa idade.
- a eutanásia, que é o aborto dos velhos, tão indesejados pelo "custo" quanto os filhos. Temos como exemplo gritante desta prática o assassinato de Terri Schiavo no início de 2005, executada pela fome e pela sede com carimbos dos juizes e da polícia.
- o casamento homossexual, que choca a natureza, contraponto das vantagens que a lei outorga aos concubinatos. Chegamos ao ponto mais baixo na destruição da sociedade.
- vários detalhes da chamada bio-(sem)ética, onde homens levam o delírio até experimentos com genética humana, verdadeiros alucinados brincando de Deus. Seria o caso de perguntarmos: porque querem matar as crianças inocentes e, ao mesmo tempo, gerar artificialmente seres humanos? Não podemos deixar de incluir aqui a aberração dos embriões congelados que ninguém quer, seres humanos que sofrem sem piedade e que serão destruídos cruelmente.
Em todos esses exemplos a família aparece destruída. Já não é mais a base da sociedade. Os homens que construíram isto que está aí detestam a família, odeiam qualquer cheiro de tradição familiar, de fidelidade conjugal, de casa cheia de crianças.
Ora, se esses são os critérios e as práticas da nova civilização anti-cristã, então somos obrigados a constatar: o mundo está pronto para o Anti-Cristo!
O mundo  está pronto para o Anti-Cristo
Sempre me pareceu impressionante a facilidade com que a humanidade segue apaixonadamente o Anti-Cristo, que é uma das bestas, no relato divino do Apocalipse.[4] Dizia-me: como pode ser que os homens se entreguem a uma vida completamente enganadora e destruidora de tudo? Hoje ficou mais claro para mim. E muito me impressionou ao encontrar no Pe. Castellani, grande pensador argentino, uma descrição feita em 1953 disso tudo que só hoje estamos vivendo:
“... porque o Homem do Pecado tolerará e se aproveitará de um cristianismo adulterado...Imporá por todas as partes o reino da iniqüidade e da mentira, o governo puramente exterior e tirânico, a “Liberdade” desenfreada dos prazeres e diversões, a exploração do homem; e seu modo de proceder hipócrita e sem misericórdia. Haverá em seu Reino uma estrondosa alegria falsa e exterior, cobrindo o mais profundo desespero.
Em seu tempo acontecerão os mais estranhos distúrbios cósmicos, como se os elementos se houvessem revoltado. A humanidade estará numa grande expectativa e reinará grande confusão e dissipação entre os homens. Rompidos os laços de família, de amizade, de lealdade e bom relacionamento, os homens não poderão confiar em ninguém, e correrá no mundo como um tremor frio, um universal e ímpio “salve-se quem puder”. Será atropelado o que há de mais sagrado e nenhuma palavra terá mais fé, nem pacto algum terá vigor, senão pela força. A caridade heróica de alguns fiéis, transformada em amizade até a morte, manterá no mundo ilhotas de fé; porém mesmo ali, ela estará continuamente ameaçada pela traição e pela espionagem. Ser virtuoso será um castigo em si mesmo e como uma espécie de suicídio”.[5]
Parece-me evidente que os processos políticos atuais geraram um mundo sem lideranças. Não há verdadeira liderança nos atuais países porque todo o jogo político local obedece a ordens que não entendemos nem ouvimos. E não há, também, uma liderança mundial, porque o lugar ainda está vago. É o lugar dele, do Anti-Cristo. Quando este homem do pecado determinar que chegou a hora de aparecer, será certamente ovacionado por toda a humanidade, pois falará a mesma linguagem, terá o mesmo pensamento de todos, sobre tudo isso que citei acima. Sua ideologia, sua política, sua ciência, tudo corresponderá ao que os homens pensam e praticam já hoje. Por isso podemos dizer sem medo de errar. O mundo está pronto.
Não estou aqui a dizer que o fim do mundo está próximo, ou que o Anti-Cristo seja tal ou tal pessoa. O que me interessa nestas linhas é que os verdadeiros católicos tenham consciência do perigo que correm se mergulharem no mundo. Se acharem que podem viver com estes critérios que lhes são impostos, correm o grave risco de serem enganados pelo grande líder, quando este chegar. Algumas pessoas poderiam objetar que podemos conviver com todos e permanecermos católicos. Mas eu os alerto para essa diferença radical entre o mundo de hoje e o mundo de cinqüenta anos atrás: lá, no final da civilização cristã, ainda era possível viver assim porque os homens tinham aquele critério da prática das virtudes, para suas próprias vidas e para os seus filhos. Mas hoje já não é assim. Portanto, estejam armados, de espada em punho, pois aquele que não combater, que não desviar seu pensamento das falsas idéias, que não fugir das práticas absurdas, blasfematórias, ultrajantes para Deus e sua Igreja, pode enredar-se na fina malha que já foi lançada sobre os homens e que os arrasta para o reino do Anti-Cristo, que não é outro que o reino das trevas. Está na hora de reler algumas páginas dos santos e doutores da Igreja:
“Estas são as marcas da vinda do Anti-Cristo:
Quando os velhos não tiverem nem bom senso nem prudência,
Quando os cristãos estiverem sem fé,
Quando o povo estiver sem amor,
Quando os ricos forem sem misericórdia.
Quando os jovens não tiverem respeito,
Quando os pobres forem sem humildade,
Quando as mulheres tiverem perdido o pudor,
Quando, no casamento, não houver mais continência,
Quando os clérigos forem sem honra e sem santidade,
Quando os religiosos não tiverem verdade nem austeridade,
Quando os bispos não se inquietarem de sua administração e não tiverem piedade,
Quando os mestres da terra não tiverem misericórdia nem liberdade”.[6]
E o Padre Emmanuel, grande espiritual do sec. XIX:
“Apresentar-se-á como cheio de respeito pela liberdade dos cultos, uma das máximas e uma das mentiras da besta revolucionária. Dirá aos budistas que é um Buda; aos muçulmanos, que Maomé é um grande profeta... Talvez até irá dizer, em sua hipocrisia, como Herodes seu precursor, que quer adorar Jesus Cristo. Mas isso não passará de uma zombaria amarga. Malditos os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável Salvador seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteon de falsos deuses”[7]
Impotentes que somos diante de tal situação, só podemos olhar para a Virgem Maria, para seu Coração Imaculado, e suplicar a ela que nos proteja contra toda influência do maligno. Que nos dê a mão, que nos acolha em seu Coração. É preciso fincar o pé, recusar ser arrastado como um cordeirinho para a destruição de nossa personalidade, de nossa fé, de nosso espírito. É preciso ler, estudar, conhecer a verdade objetiva, clara, de Deus, do mundo, do pensamento. É preciso amar. Amar na ordem da Caridade, ou seja, amar como Deus nos ordena, praticando os mandamentos, cumprindo nosso dever. E nossos deveres são de três ordens: para com Deus, para nós mesmos, para com o próximo.
É preciso, com toda urgência, praticar a devoção reparadora dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Fazer os Primeiros sábados do mês, rezar o Terço todos os dias, para que, ao chegar o Anti-Cristo, estejamos recolhidos e protegidos por nossa Mãe do Céu. Com a espada em punho, lançaremos contra o rosto tenebroso do homem do pecado o grito de Viva Cristo Rei! Imaculado Coração de Maria, salvai-nos! E Jesus Cristo o vencerá “com o sopro da sua boca”.

Autoria: Dom Lourenço Fleichman OSB


[1] Corção, Gustavo, Dois Amores, Duas Cidades, Agir, 1967, Tomo II, parte 3 – A civilização do Homem-Exterior.
[2] Diga-se de passagem que o Concílio Vaticano II amordaçou a Igreja, retirando o último obstáculo para conter a avalanche.
[3] Foi a primeira mentira proferida na face da terra, do demônio a Eva. “Sereis como deuses” se desobedecerem a Deus.
[4] “E toda a terra, cheia de admiração, seguiu a besta” (Apoc. XIII, 3
[5] Castellani, Leonardo, Los Papeles de Benjamin Benavides, Buenos Aires, 1953,  Caderno 4, cap. 2.
[6] São Boaventura
[7] Pe. Emmanuel-André, O drama do fim dos tempos, Revista Permanência 198-199.
Fonte: www.permanencia.org.br