02.03.2013 - Igreja localizada em Biguaçu, na Grande Florianópolis, Santa Catarina.
Ninguém sabe explicar, mas das poucas coisas que resistiram às chamas, após o raio que atingiu a capela São Sebastião da Limeira, em Três Riachos, Biguaçu, duas são as que mais impressionam: a Bíblia, aberta sobre um suporte destruído pelo fogo, e a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Ao lado de um bebedouro completamente derretido, a santa permaneceu de pé sem abalo algum – na escultura, apenas as marcas do terço derretido que estava envolto.
– O que é sagrado permaneceu. Estou arrepiada – dizia a aposentada Ini Costa, 63
A Bíblia, aberta sobre um suporte destruído pelo fogo,
Em 13 de julho, um sábado, Maria Alzira Ferreira, 68 anos, colocaria novamente o vestido de noiva e voltaria à Igreja São Sebastião da Limeira. Naquele dia, a mesma capela que, há 50 anos celebrou o seu casamento, iria servir mais uma vez de palco para um dia especial: a renovação dos votos pelas Bodas de Ouro do casal.
Mas, um telefonema na última segunda-feira mudou todos os planos: a igreja não havia resistido à força de um raio e pegara fogo.
– A minha igrejinha queimou, não dá para acreditar – disse Maria, do outro lado da linha.
O incêndio que fez ruir a pequena capela que fica no ponto mais alto de Três Riachos abalou a localidade. Em meia hora, tudo estava no chão: telhado, santos, o altar e a via sacra. E a igreja que já foi motivo de tantos encontros alegres de domingo virou um triste ponto de peregrinação de fiéis e curiosos ao longo de todo dia de ontem.
Ao acordar com a notícia, o aposentado Pedro Antônio Alves, 73 anos, pegou o ônibus em Barreiros, São José. Ao chegar ao topo do morro íngreme, em silêncio, pôs a mão no peito e suspirou. Diante dele, o local onde havia sido batizado, fizera a Primeira Comunhão e a Crisma e se casara estava em ruínas.
– Não sobrou nem a sacristia.
Levadas ao salão da comunidade na noite do incêndio, as peças que se salvaram foram distribuídas ontem aos moradores. Maria de Lourdes de Campos, 70, passou o dia limpando quatro suportes de vela e lavando toalhas e roupas. Agora, todos os fiéis da comunidade pretendem se unir para, juntos, reerguer a capela.
– É como perder a própria casa. – lamenta o pároco José de Sousa.
Igreja tinha para-raios instalado há cinco anos
Instalado há cerca de cinco anos, o para-raios da torre da igreja não conseguiu dar conta da força da descarga que atingiu o prédio. Segundo o diretor da Defesa Civil da cidade, Pedro Cardoso, esse tipo de equipamento não costuma ter limite de carga e, por isso, deveria ter funcionado. Há duas hipóteses: ou o aparelho não estava instalado corretamente, ou foi desativado na última reforma do prédio, no ano passado.
Fonte: Diário Catarinense - www.rainhamaria.com.br