sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

“Não é Francisco”: o livro de Socci sobre o Papa agita o Vaticano.

Por Libero Quotidiano | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: “A Joseph Ratzinger, um gigante da esperança”. É com essa declaração de fé e de pertença que se inicia o livro “Não é Francisco” do intelectual católico e colaborador do jornal Libero, Antonio Socci, publicado pela editora Mondadori e disponível nas livrarias a partir do dia 03 de outubro. Dedicado também aos cristãos perseguidos no Iraque, o livro já levantou polêmica antes mesmo de ter chegado às livrarias. Nada que Socci não quisesse. O objetivo, escreve ele, é levantar questões sobre pontos “tão desestabilizadores e ‘proibidos’ pelo mainstream que todos evitam dizer em público”. Não são palavras exageradas. “Quais são, na verdade- pergunta Socci-, os motivos até agora desconhecidos da renúncia histórica de Bento XVI ao papado? Alguém o forçou a se afastar? Mas, acima de tudo, foi uma renúncia verdadeira? Por que não voltou então a ser apenas um cardeal, mas permaneceu como ‘Papa Emérito'”? Socci também aborda outra questão perturbadora: se, durante o Conclave que elegeu Bergoglio foram violados – como parece – as normas da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis.  A jornalista argentina Elisabetta Piqué, de fato, revelou que Bergoglio foi eleito na quinta votação do dia 13 de março (a sexta no total), com uma série de procedimentos que teriam violado as disposições da Constituição Apostólica, que tornavam assim “nula e sem efeito a própria eleição”. Questões graves que merecem explicações aprofundadas. Aqui, os leitores do Libero encontrarão trechos grátis tomados a partir da premissa do livro, onde Socci relata sua decepção por um papa, Francisco, que ele também tinha acolhido “com os braços abertos, como era a coisa certa a ser feita, considerando que o Papa foi legitimamente eleito.”

nonina_560x280Eu admito ter sido um dos muitos que acolheram Bergoglio –  no 13 de março de 2013 – com os braços escancarados, como era a coisa certa a ser feita, considerando que o Papa foi legitimamente eleito. E também por causa de uma série de amigos comuns (que me são muito caros), que me levaram a alimentar esperanças benevolentes pelo novo Pontífice. Cheguei a lhes comunicar com muita convicção que, entre outras coisas, ele poderia contar com as minhas orações e da minha família, e com a oferta de nossas cruzes cotidianas para o cumprimento da sua elevada missão.
Me agradava o seu estilo desapegado. Os jornais o apresentavam como o bispo que rodava por Buenos  Aires em transporte público, que morava em um apartamento modesto ao invés do palácio episcopal, que frequentava pobres bairros de periferia como um bom pai ansioso em levar aos mais desafortunados a carícia do Nazareno.
Tudo isso poderia ser uma tremenda lufada de ar fresco para o Vaticano e para toda a Igreja.
Apoiei Papa Francisco no que pude durante meses, como jornalista, na imprensa. Ele me parecia um apóstolo do confessionário, devoto de Nossa Senhora. Eu o defendi das críticas prematuras de alguns tradicionalistas e até hoje ainda continuo a achar absurdas certas polêmicas daqueles que tomam como pretexto as declarações do Papa Francisco para, na realidade, atacar o Concílio Vaticano II, Joseph Ratzinger e João Paulo II, ( …) que nenhuma responsabilidade têm pelas escolhas de Bergoglio.
A partir deste ponto de vista, me considero bem satisfeito por estar entre aqueles que Roberto De Mattei considera “os mais ferozes defensores do Concílio Vaticano II.”
Assim como o Papa Bento XVI (como João Paulo II e Paulo VI), estou convencido de que o Concílio foi um evento muito valioso. Mas sim o verdadeiro Concílio, aquele que está nos documentos e faz parte do Magistério da Igreja. Outra coisa (oposta) é o Concílio “virtual”, construído pelos meios de comunicação, ou aquele, por exemplo, que é teorizado por historiadores progressistas. (…)
Sustentar hoje que as declarações de Bergoglio a Scalfari (por exemplo), no final das contas, estão em continuidade com o Papa Bento XVI, João Paulo II e Paulo VI, ou seja, que Bergoglio “encarna a essência do Concílio Vaticano II” (De Mattei ), é um absurdo. (…).
Infelizmente, hoje eu sou um dos muitos desiludidos (um sentimento que está se espalhando cada vez mais entre os católicos, embora não publicado nos jornais). (…).
Vários cardeais haviam votado em Bergoglio com a esperança de que ele iria continuar o trabalho de renovação e purificação realizada pelo Papa Bento XVI, esperava-se que ele irrompesse na Cúria do Vaticano e (metaforicamente) a demolisse quase como pelo fogo de João Batista. Em vez disso, temos que admitir que, infelizmente, pouco ou nada foi feito (apenas algumas remoções e, em alguns casos, até mesmo injustas).
Não há problema que tenha escolhido viver na residência de ‘Santa Marta’, isso também poderia ser um sinal positivo, apesar de estar muito longe de ser apenas uma pobre cela monástica . Em um dos meus livros, eu havia chegado a sonhar com um Papa que iria viver numa paróquia do município. De qualquer modo, eu apreciei a mensagem.
Mas, depois tem o problema que é o governo dessa coisa complexa que é o Vaticano e, por exemplo, o IOR, que alguém propôs que fosse fechado, já que não está bem clara a sua utilidade para a Igreja, mas que Bergoglio até agora não fechou. Muito pelo contrário! Segundo os observadores mais informados, Bergoglio multiplicou departamentos, burocracias e despesas. (…)
Esperávamos uma onda de rigor moral contra a “sujeira” (também no âmbito eclesiástico) denunciada e combatida pelo grande Joseph Ratzinger. Mas como deveríamos interpretar o sinal dado ao mundo de frouxidão e rendição aos novos costumes sexuais da sociedade e da quebra de princípios morais e das famílias?
Como interpretar a recusa do Papa Bergoglio de se opor às questões éticas, como fizeram seus antecessores heroicamente, ou também apenas “julgar”, ou seja combater a revolução cultural dos relacionamentos afetivos que destroem qualquer relacionamento sério e deixa tantos cada vez mais solitários, infelizes e escravos dos instintos? São Paulo disse: “O homem espiritual julga todas as coisas” (1 Co 2:15), e não “quem sou eu para julgar?”.
E por que não se opor à cultura da morte que não reconhece nada de sagrado no ser humano ou à onda de anti-cristianismo e anti-humanismo que, sob diferentes bandeiras, agora permeiam o mundo? (…).
Era para ter confrontado aqueles que na Igreja jogam às urtigas a reta doutrina Católica e que, das cátedras mais poderosas, demolem o coração da fé. Ao  invés, o que se viu foi cacetadas nos bons católicos, aqueles mais ortodoxos que vivem verdadeiramente na pobreza, castidade, oração e caridade.
De fato, o Papa Bergoglio só ataca aqueles que usam “uma linguagem completamente ortodoxa” porque essa não corresponde ao Evangelho (Gaudium Evangelii n. 41). Algo jamais visto ou ouvido falar em toda a  história da Igreja.
Isso para não dizer quando o próprio Bergoglio se aventura em suas desconcertantes afirmações, do tipo “se alguém não peca então ainda não é um homem”, uma tese surpreendente em que nem se dá por conta de estar negando a humanidade de Jesus e Maria, que foram isentos do pecado, e por causa disso são os modelos do ideal supremo para o homem e a mulher.
Ou quando ele erroneamente atribuiu a São Paulo a frase “Eu me glorio dos meus pecados” (Homilia em Santa Marta, 04 de setembro de 2014), algo enorme sobre o qual o site do Vaticanowww.news.va chegou mesmo a elaborar um título: “Por que vangloriar-se dos pecados”. Evidentemente, que tanto no  Vaticano, como em Santa Marta, em particular, se desconhece o que São Tomás de Aquino diz: “É pecado mortal quando alguém se vangloria de coisas que ofendem a glória de Deus”.
Esperava-se que ele socorresse as vítimas mais indefesas e desarmadas nas periferias mais remotas do mundo, ao invés, eu me recordo -com dor- que o Papa Bergoglio obstinadamente evitou levantar a voz, no verão de 2014, em prol dos cristãos massacrados pelo Califado Islâmico no Norte do Iraque, limitando-se apenas a fazer algumas declarações, sem jamais proferir um discurso vibrante (como aqueles que ele fez quando se tratava de temas politicamente corretos [nota do Fratres: como em Lampedusa]) ou um vigoroso apelo à comunidade internacional para que interviesse e desarmasse os carnífices e protegesse os indefesos massacrados.
Jamais esse Papa se voltou contra o mundo islâmico que, geralmente, humilha toda minoria, nunca uma reação contra o terrorismo islâmico, jamais pediu explicitamente uma “intervenção humanitária” (concebida especialmente por João Paulo II) que desarmasse, mesmo pela força, os carnífices e impedisse os massacres como lhe imploravam os bispos do Iraque.
E quantos patriarcas gritaram alto para que suas próprias comunidades fossem defendidas pela força do massacre iminente e fizeram uma crítica explícita à relutância do Papa pedindo-lhe para “usar sua influência de forma mais ousada na defesa dos cristãos iraquianos”.
Mas Bergoglio foi cauteloso e reticente, fazendo de tudo para não se expor. Será que estamos realmente seguros que, de frente à tragédia dos cristãos (e outras minorias) no Iraque ele não poderia assumir um comportamento mais decisivos como de seus antecessores ou como ele faz quando se trata de outras questões? (…).
Não vi sequer uma obra de verdadeira sensibilização de toda a Igreja, que mobilizasse todos à oração, que prescrevesse vigílias, novenas, jejum (estas são as armas dos cristãos) e um grande auxílio humanitário. Que contra-indicações poderiam haver para isso? Não existem, realmente.
Era necessário que se desse conforto e ajuda concreta a tantos cristãos perseguidos, humilhados, presos, mortos, massacrados, mas o papa Bergoglio, ao invés, continuou a confiar num diálogo sem condições e sem precauções, expondo-se a incidentes dolorosos como aquele de 8 de Junho de 2014, quando convidou para rezar no Vaticano, entre outros, um imã,  que ali, no solo banhado pelo sangue de tantos mártires cristãos, ignorando os discursos previamente acertados, invocou Alah para que ajude os muçulmanos a esmagar os infiéis (“dá-nos a vitória sobre os incrédulos”). (…).
Era necessário que se dissesse pelo menos uma palavra de conforto em defesa das jovens mães – como Meriam ou Asia Bibi – condenadas à morte em regimes islâmicos por sua fé cristã, ou, pelo menos se podia pedir que se orasse [publicamente] por elas, algo que o Papa Francisco nunca fez. Ele nem sequer respondeu ao apelo que lhe foi enviado por Asia Bibi, enquanto escreveu pessoalmente uma longa mensagem de saudação aos muçulmanos que jejuavam pelo o Ramadã desejando-lhes que esse possa trazê-los “abundantes frutos espirituais”. (…).
Depois viemos a descobrir que na época em que Bento XVI pronunciou o famoso discurso de Regensburg (aquele que entrou para a história por ter irritado os muçulmanos), o porta-voz do então Cardeal Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, criticou publicamente o papa Ratzinger. Newsweek publicou suas palavras, sob o título: “A Arquidiocese de Buenos Aires contra Bento XVI.”
O tal porta-voz depois de algum tempo foi dispensado de suas funções, mas muitos se perguntam se e quando houve um repúdio público do que foi dito pelo bispo Bergoglio e seu apoio aberto ao discurso de Ratzinger em Regensburg. (…).
À luz desses fatos, explica-se o comportamento do atual Papa Francisco para com o Islã e os islamitas do Califado do Iraque (carrascos de cristãos e outras minorias).
Bergoglio, sempre tão crítico com os católicos, não se opõe jamais nem menos contra o lobby secularista sobre temas como vida, sexo, gênero, enfim, os princípios não-negociáveis que o Papa Bento identificou como os pilares da “ditadura do relativismo”. (…).
Era e é necessário acender uma luz para uma geração que foi jogada na escuridão do niilismo, que já não consegue sequer distinguir o bem do mal, porque lhes foi ensinado que tal distinção não existe e que todo mundo pode fazer o que quiser. Infelizmente, papa Bergoglio corre o risco de deixar-se levar por essa trágica corrente já que foi ele mesmo que disse que “cada um tem sua própria idéia do bem e do mal” e “nós devemos incitá-lo a proceder em direção ao que ele pensa que seja bom.”
Havia e há a necessidade de anunciar Cristo, nossa esperança e verdadeira felicidade na vida, a uma geração que não sabe nem menos quem é Jesus e que não sabe o que fazer da sua juventude e existência. E ela corre o risco de ser enganada ao ouvir do Papa Bergoglio que “o proselitismo é um absurdo solene” e que ele não tem “nenhuma intenção” de converter os seus interlocutores.
É claro que ele tem razão quando lembra que o cristianismo é comunicado “por atração”, mas o zelo missionário nos foi testemunhado pelos santos e “proselitismo” é o mandamento de Jesus aos seus apóstolos: “Ide, portanto, fazei discípulos entre todas as nações , batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado “(Mt 28,19-20).
Não é possível esquecer o preceito evangélico que indica a verdadeira, a grande tarefa da vida, apenas para receber os aplausos dos ricos, poderosos esnobes e anti-católicos do jornal La Repubblica, o que faz com que agora muitos se alegrem ao dizer que finalmente que temos um Papa “scalfariano.”
Há uma grande necessidade de levar a carícia do Nazareno a quem está sozinho, doente, sofrendo ou no desespero e é muito doloroso ver “cancelada” de última hora a visita do Papa ao hospital Gemelli com pessoas doentes esperando sob o sol (cujas feridas são as chagas de Cristo), enquanto ele facilmente encontra horas para se dedicar a Scalfari, ou para telefonar a Maradona  ou Marco Pannella e ir pessoalmente a Caserta apenas para se encontrar com o amigo pastor protestante. (…)
Bergoglio – de acordo com seus fãs  mais ardorosos – seria um revolucionário que visa subverter a Igreja Católica, eliminando os dogmas da fé e jogando às urtigas séculos de magistério.
O que significaria tudo isso? Se for verdade, a Igreja estaria à beira de uma explosão dramática. É assim mesmo? Vai negá-lo Padre Bergoglio? Quer tomar de volta aquela estrada, onde um dia, um jovem (ele mesmo o disse certa vez e me comoveu), encontrou os olhos de Jesus? Vai querer buscar novamente aquele olhar e Nele encontrar todos nós?
Antonio Socci

A Igreja virada de cabeça para baixo.

Por que os inimigos da Igreja são os principais defensores do Papa Francisco? Aqueles que atacaram o pontificado do Papa Bento XVI agora se encontram em defesa do de Francisco, enquanto escritores católicos como Messori e Socci são estrilados pelo Avvenire (jornal diário da conferência dos bispos italianos).

Por Matteo Carnieletto, Il Giornale – 3 de janeiro de 2015 | Tradução: Thiago Porto – Fratres in Unum.com: Sejamos sinceros: a ala mais progressista da Igreja gosta de Francisco. Esta é a ala que durante o pontificado de Bento XVI mantinha-se atacando o Papa, e agora eles estão vestidos como garotas-de-torcida papais que estão sempre em punho para defender o Papa – o Papa, por favor perceba, que é Francisco, não o Papado como uma instituição. Exatamente desde a publicação de Non è Francesco de Antonio Socci, os novos defensores da “Igreja pobre e para os pobres” não têm hesitado sair em defesa do Papa atacando duramente aquele jornalista de Siena. O mesmo ocorreu por ocasião da publicação do artigo de Vittorio Messori no passado dia 24 de dezembro. Na verdade, Paolo Farinella, um sacerdote e escritor de Il Fatto Quotidiano, que definiu o pontificado de Bento XVI como “um desastre para a Igreja”, lançou um apelo para que se encerrem os ataques ao Papa Francisco. Teria Farinella se convertido ao catolicismo ortodoxo? Nem tanto. Ele simplesmente encontrou em Francisco seu porta-voz ideal.
Entre aqueles que fizeram o apelo está o grupo “Nós somos a Igreja”, que com grande gosto expressou sua apreciação pelo ato de renúncia de Bento XVI: “o ato mais inovador do seu pontificado”; Alex Zanotelli, o missionário pacifista que disse que ele apenas veio a entender quem foi Cristo graças a Ghandi, Martin Luther King, Dom Milani e Dom Mazzolari; as comunidades-cristãs de base que, em seu sítio eletrônico, postaram a resenha de um livro intitulado The Queer God*, preferencialmente the poof God, the faggot God*, publicado por Claudiana, uma editora valdense; e finalmente (mas a lista poderia seguir adiante) está a assinatura de Dom Aldo Antonelli, “um sacerdote perturbador e vermelho” que, com candura, escreveu em 1 de novembro de 2007: “Querido Papa Bento, eu não o entendo”. E após longa série de recomendações que não lhe foram pedidas, ele concluiu: “Em meus estudos teológicos aprendi que nós sacerdotes devemos nos direcionar aos pobres pedintes desta terra como Lázaro (Lucas 16:19-31). Mas eu tenho a impressão de que você prefere ter conversações com homens comoDives”, isto é, com os ricos e poderosos.
Desse modo, esses partidos estão o inverso. Os apologistas como Messori e Socci, que sempre defenderam a fé católica, agora se encontram no papel de “adversários”, que são atacados por aqueles que, arremessando fora as vestes sacerdotais, vestem agora os trajes pontificais.
*O blasfemo título do livro publicado por uma editora valdense poderia ser traduzido pelo que se segue no texto, uma tentativa do próprio autor de traduzir “The Queer God”, que seria em português: “o deus bicha”.

Acusam as Franciscanas da Imaculada por rezar em latim, viver a pobreza, ignorar a teologia de gênero e por seu voto mariano.

Segundo o que revelou Maria Virginia Oliveira de Gristelli à InfoCatólica, o ramo feminino dos Franciscanos da Imaculada tem sido objeto de peculiares acusações por parte dos atuais responsáveis da congregação, designados pela Santa Sé. Acusam as religiosas de não compreender o que rezam, pois rezam em latim, o tipo de pobreza que praticam, de não receber formação na “teologia do gênero” e seu voto mariano.

Por InfoCatólica | Tradução: Marcos Fleurer – Fratres in Unum.comEstas seriam as recentes acusações feitas contra as religiosas:
  • «as irmãs não compreendem o que rezam», referindo-se à escolha do rito tradicional para a oração do Ofício Divino, em latim.
  • «É inconveniente a prática da pobreza tal como as Irmãs vivem», ou seja, segundo a Regra original de S. Francisco – aprovada e louvada pela Tradição e reiterada pelo Magistério muitas vezes, renunciando absolutamente a toda posse, pois seus bens são daqueles que lhes acolhem (bispos e benfeitores). O argumento que se utilizou é que contribuem ao enriquecimento de familiares e amigos que deixam em seu favor.
  • «As irmãs são mantidas na ignorância», pois em sua formação não se inclui a “teologia do gênero”.
  • Formulou-se que é inadmissível seu «voto mariano» (quarto voto da Congregação), alegando a elas que «não se pode obedecer a Nossa Senhora, senão a Deus».
Esta última acusação é ligada ao surpreendente desgosto manifestado pela Ir. Fernanda Barbiero (ex-diretora do Inst. Pontifício Regina Mundi), a Comissária designada para as Franciscanas,que referindo-se à imagem da Imaculada Conceição que estava sobre a mesa para presidir uma de suas visitas, disse às Irmãs «por favor, tirem “Esta” da aqui» para começarmos a conversar…

Segredos do Vaticano: jornal dos Bispos Italianos “Avvenire” revela que “houve uma conspiração para forçar a renúncia de Ratzinger”.

Por Antonio Socci | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Ontem, ficamos sabendo – nada menos a partir das páginas de “Avvenire”, o jornal da Conferência Episcopal Italiana (CEI) – algo que nem mesmo eu cheguei a escrever no meu livro “Não é Francisco”, sobre a (até agora) misteriosa “renúncia” de Bento XVI.

De fato, na página 2 do jornal da Conferência Episcopal se podia ler, na íntegra, que houve “ambientes que, pelas razões habituais de poder e opressão, traíram e conspiraram para eliminar o Papa Ratzinger, apesar de reconhecê-lo como um excelente ‘teólogo’, e o “forçaram à renúncia”.
Você leu bem. É uma notícia perturbadora. Afirma-se – sem nenhuma condicional – que existem “ambientes” que “traíram e conspiraram para eliminar o Papa Ratzinger” e até mesmo “levá-lo à renúncia.”
A este ponto se torna absolutamente obrigatório citar nomes e dizer abertamente quem são eles.
Pois isso não se trata de coisa de pouca monta. Cabe aqui ressaltar que, se tudo aconteceu exatamente assim, aquela “renúncia” é inválida porque – para ser válida, sob o direito canônico – deve ser totalmente livre de condicionamentos e restrições de qualquer tipo (e, portanto, o sucessivo conclave também teria sido inválido).
O aspecto surpreendente da controvérsia é que essas linhas estão contidas em um artigo juntamente com outro e são expressamente confirmadas pelo diretor de “Avvenire”, Marco Tarquinio, que, sobre os dois artigos, escreve que eles “oferecem pensamentos e colocam questionamentos sérios”.
Nas palavras de Tarquinio, não há o menor distanciamento da notícia – dada como algo certo – sobre a “conspiração” que levou à “renúncia” de Ratzinger.
Evidentemente que Tarquinio foi também levado pela onda de ataques a Vittorio Messori – o qual  foi o alvo direto dos dois artigos – e assim, na página 2, acabou publicando esta “bomba” com a qual querem que acreditemos, com grande descaso pelo ridículo, que os “inimigos” de Francisco são exatamente os mesmos “inimigos” de Bento XVI.
De fato, esse foi o título que “Avvenire” deu ao artigo: “Messori: Inimigos de Francisco e de Bento”.
Caso Messori
Ora, o excesso de zelo de vez em quando prega umas peças bem feias, pois até as crianças estão cansadas de saber que aqueles que boicotaram incessantemente Papa Ratzinger hoje são todos defensores ardorosos de Bergoglio.
E é o que demonstra as notícias e crônicas publicadas atualmente. Tudo isso é de uma evidência solar, não apenas no mundo católico, mas também no secular, onde, entre os partidários do Papa Bergoglio, estão na linha da frente Eugenio Scalfari e Marco Pannella. Além do mais, se é ridículo afirmar que os “inimigos” de Ratzinger são os mesmos opositores de Bergoglio, mais inaceitável ainda é insinuar que Vittorio Messori poderia ser contado entre os “inimigos” de Bento XVI. Isso é realmente uma piada.
A parceria intelectual que o liga a Ratzinger é de longa data e começa com o livro que marcou época “Rapporto sulla fede”, um livro-entrevista com o então cardeal bávaro que marcou um ponto de virada na Igreja pós-conciliar porque pôs um freio na onda de “autodemolição” progressista e modernista dos anos 70 e expôs os fundamentos da reconstrução da era Wojtyla, que é a redescoberta da fé de todos os tempos.
Esse livro, entre outras coisas, fez com que ambos, tanto o cardeal como o jornalista, se tornassem alvos dos furiosos ataques dos círculos progressistas habituais. Eis como lembrou Messori em um de seus artigos: “O ‘Rapporto sulla Fede’ saiu em 1985.  Faltavam apenas quatro anos para a queda do Muro de Berlim, mas, apesar disso, dentro da Igreja vastos setores estavam ainda vivendo uma fase de enamoramento por um comunismo que haviam descoberto com paixão, igualmente tardia. Tudo naquele livro provocou a indignação de quem se dizia ‘progressista’ (e que estava prestes a acabar na contra-mão da história). Tudo, mas antes de qualquer outra coisa, a nova definição do marxismo segundo Ratzinger: ‘Não esperança, mas a vergonha nosso tempo'”.
A associação intelectual entre Ratzinger e Messori é de uma sincera estima recíproca e, com o tempo, eu creio que se tornou também uma amizade profunda.
Se tem um intelectual que podemos indicar como um símbolo da época Ratzinger (ou seja, do renascimento e reconstrução da ortodoxia) é justamente Messori. Assim, o fato de que hoje, o jornal da Conferência Episcopal Italiana ter como alvo Messori (pela enésima vez), além do mais por meio de artigos publicados (com a covarde estratégia de jogar a pedra e esconder a mão) com esse título:”Messori: ‘inimigos’ de Francisco e Bento”, me deixa literalmente indignado.
De resto, tenho certeza que Messori não se sente e não é “inimigo” nem mesmo de Francisco, pelo qual – juntamente com alguma apreciação – se limita a expor algumas de suas perplexidades.
Nas últimas décadas, os papas (de Paulo VI a João Paulo II e Bento XVI) foram “bombardeados” sem que ninguém reclamasse. Hoje, ao invés, chegamos então a um ponto de intolerância tão forte que um grande intelectual católico como Messori é jogado na fogueira, por uma nova Inquisição ideológica, apenas por expressar suas pacatas e respeitosas “perplexidades”?
Outras revelações
Além de tudo, aquele artigo — credenciado pelo diretor de “Avvenire” – antes das linhas explosivas sobre a “conspiração”, diz outra coisa que causa surpresa ao ler no jornal da CEI: “uma pessoa simples como eu tem a nítida sensação de que há uma luta de poder em ação na igreja e em torno dela, e que o ataque contra o Papa é dirigida por freqüentadores de ‘certos salões’ (…). Temo que se trate dos mesmos ambientes que, pelas razões habituais de poder e opressão, traíram e conspiraram para eliminar o Papa Ratzinger (…) e o forçaram à renúncia.”
A este ponto, seria o caso de exigir de Tarquinio, que publicou e aprovou tal artigo, que ele nos explique finalmente que “conspiração” foi essa da qual foi vítima Papa Bento XVI, que ilustre a atual “luta de poder na Igreja” e que, finalmente, revele claramente o que são esses “salões” e seus “frequentadores”.
Esta última referência, além de vaga, é absurda. Por que os “bons salões” dos poderes mundanos – como demonstra a cada dia seus jornais e diários – são todos de fãs ardentes do Papa Bergoglio.
Provavelmente, o zelo excessivo de Tarquinio ao querer exibir para qualquer poderoso da Cúria sua oposição a Messori acabou por fazê-lo escorregar numa casca de banana.
O diabo, dizem, faz as panelas, mas não as tampas. E agora nos deparamos com um jornal da CEI que afirma claramente que Bento XVI renunciou na sequência de uma “traição” e de uma “conspiração” e que hoje, na Igreja, está em ação uma “luta de poder”. Peço que Tarquinio tente colocar uma tampa nessa panela.
Talvez ele poderia fazê-lo através da publicação de outra entrevista, como aquela de alguns dias atrás, na “Radio Radical”, onde ele teceu um diálogo amigável e promissor com os radicais (saudações!) e voltou a defender o líder radical Pannella e a repetir suas críticas injustas e incoerentes contra Messori.
Até mesmo os líderes da CEI deveriam se ocupar dessa denúncia  e dar explicações sobre a “conspiração” contra Bento XVI que o “empurrou para a renúncia”, segundo o que podemos ler em “Avvenire”.
E, no Vaticano, o padre Federico Lombardi, diretor da imprensa, o que  tem a nos dizer sobre a notícia explosiva de “Avvenire” sobre a “conspiração” que levou à “renúncia” do Papa Bento XVI?
Antonio Socci
Do “Libero” 08 de janeiro de 2015