quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A teologia da libertação precisou distanciar-se do marxismo, afirma cardeal Müller

Cardeal Gerhard Müller (Foto News.va)
ROMA, 26 Fev. 14 / 12:55 pm (ACI).- Em uma conferência de imprensa onde apresentou seu recente livro sobre a realidade dos pobres e sua relação com a Igreja, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o recentemente criado Cardeal Gerhard Müller, esclareceu que a Igreja teve a necessidade de esclarecer uma problemática Teologia da Libertação que sofreu “pressões” do marxismo.

Na conferência de imprensa da apresentação do livro “Pobres pelos pobres: A Missão da Igreja” também participou o controvertido teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, autor de dois artigos que aparecem na terceira parte do livro.

Afastando-se das suas ideias radicais expressas em sua obra “Teologia da Libertação, Perspectivas”, onde advogava pela luta de classes, Gutiérrez assinalou na apresentação que “a ideia do serviço vem diretamente do Concílio Vaticano II” já que os cristãos estão chamados “a servir e a procurar a imagem de Cristo em cada homem e ir aos limites do mundo e às periferias, como nos convida o Papa Francisco”.

Logo depois da apresentação do livro cujo prólogo foi escrito pelo Papa Francisco, o Cardeal Müller disse ao grupo ACI que a Teologia da Libertação começou como uma aplicação da Gaudium et Spes, um documento do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo atual, ao cenário da América Latina.
Mas precisou que, “quando uma nova teologia está em desenvolvimento, há assuntos que devem esclarecer-se”.

Esta necessidade de esclarecimento fez que a Congregação para a Doutrina da Fé, presidida nesse então pelo Cardeal Joseph Ratzinger (depois Bento XVI), emitisse duas instruções: A Libertatis Nuntius, de 1984, que condenava a orientação marxista da teologia da libertação; e a Libertatis Conscientia, de 1986.
“Nesta parte da história, a ideologia do comunismo soviético pressionou muito à Teologia da Libertação”, disse o Cardeal.

O Cardeal não quis entrar em polêmica sobre o distanciamento da Teologia da Libertação da ortodoxia, afirmando que “mais que uma purificação, houve um esclarecimento”.

“Tivemos um diálogo, um debate sério, porque cada tema pode tratar-se desde uma perspectiva distinta, mas cada um de nós está enraizado na doutrina da fé. A Teologia é realmente necessária para a atualização da doutrina da fé, mas a doutrina da Igreja sempre é a mesma, dado que a doutrina da Igreja é a profissão da fé revelada pela Palavra de Deus”.

O Cardeal disse também ao Grupo ACI que ele e Gutiérrez “conversaram muito sobre alguns, digamos problemáticos, assuntos da Teologia da Libertação” que sempre estão “divididos em três passos: ver, julgar e atuar”.

O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé disse também aos jornalistas presentes na apresentação do livro que “talvez tenha tido algo de influência” em aprofundar o diálogo de Gutiérrez com a filosofia medieval, latina e grega, e não tanto com a filosofia moderna.

Nesse sentido, “houve certo desenvolvimento em modelar a missão da Igreja pelo bem comum e pela missão da unidade”.

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