Você já imaginou implantar um microchip sob sua pele?
Pois os frequentadores da discoteca Baja Beach Club [www.bajabeach.es] em Barcelona na Espanha, já estão vivendo com um microchip implantado no braço.
A grande ?vantagem? em implantar o chip estaria na facilidade de acesso e na praticidade no atendimento. Os portadores do microchip não precisam mais mostrar a carteira de identidade na portaria nem levar a carteira ou dinheiro para o clube. Além de armazenar os dados pessoais para identificação do cliente o chip serve para anotar as despesas de consumo para depois serem debitadas em cartão de crédito.
O Baja Beach Club foi o primeiro empreendimento no mundo a implementar o uso dos microchips em março deste ano. Os clientes que aderem ao sistema desembolsam 125 Euros ( mais de R$ 375,00 ). A aplicação do chip é feita sob anestesia local, por médicos em uma sala apropriada na própria discoteca e dura poucos minutos. O clube garante que o chip não traz nenhum risco à saúde nem efeitos colaterais.
O Chip utilizado em Barcelona foi desenvolvido pela empresa americana Applied Digital Solutions [www.4verichip.co], que há anos vem trabalhando no desenvolvimento desta tecnologia.
A esta altura os defensores da privacidade já estão de cabelo em pé?.
Na Inglaterra um projeto para utilização de implantes de chips GPS como proteção anti-sequestro para crianças foi barrado por pressão de organizações de defesa dos direitos das crianças. Entretanto, a discussão sobre a legitimidade ética desta e de outras tecnologias ainda está longe de terminar. Uma recente pesquisa na Inglaterra mostrou que 2/3 dos pais estariam de acordo com a vigilância e controle biométrico de seus filhos.
A mesma discussão acerca da ameaça que estas tecnologias possa representar para as nossas garantias individuais envolve a utilização das chamadas ?etiquetas inteligentes?. Muitos ?evangelizadores? afirmam que a questão será facilmente resolvida, pois as pessoas serão ?conquistadas? pela conveniência que estas tecnologias irão proporcionar. Me pergunto se teremos alguma escolha. Hoje, quem não tem celular já é olhado no mínimo como um ?estranho?.
Este discurso entretanto se utiliza de um truque para causar confusão no debate: Debater uma questão ética com argumentos mercadológicos.
Ao abrirmos mão de nossa privacidade estamos abrindo mão de nossa soberania individual e abrimos o caminho para que 1984, Gattaca, Minority Report e tantas outras ficções se tornem realidade. A questão não é um embate entre ?modernos? e ?antiquados?. Não se trata de escolher entre o desenvolvimento tecnológico e a estagnação econômica. Se trata sim de manter o equilíbrio entre Lei e Ordem. Entre um sistema ético/filosófico/jurídico/político e um sistema técnológico/econômico/mercantil.
- Dando uma escapada para outra discussão quente: A mesma confusão acontece na questão do software livre. Uma questão tecnológica ( software com códigos abertos e compartilhados ), uma questão econômica/mercadológica ( licenciamento de software, domínio de mercado por um grande ?player?, no caso a Microsoft ) e uma questão filosófica/política ( liberdade ), que por definição não tem nada uma a ver com a outra, se misturam nem sempre dando resultados muito racionais ou algo que se aproxime de um avanço.
Voltando à Barcelona, acredito que em termos práticos um dos argumentos mais fortes a serem analisados é com relação aos riscos à saúde. Faltam pesquisas conclusivas sobre os efeitos a longo prazo dos implantes. Mas acho que esta incerteza não preocupa os frequentadores da discoteca. Afinal, não seria esta a primeira ?moda? cujas consequências só vieram a ser conhecidas mais tarde. (Fonte: Brasil Medicina)
Por Werner Adler*
* Werner Adler é Diretor da New Economy.
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