Apesar do frio na capital paranaense, muitas mulheres tiraram a camiseta como forma de protesto. Entre os temas abordados estão a legalização do aborto e a valorização da mulher como "ser humano, não objeto". Lutar contra a discriminação, a vulgarização e a violência sexual eram as principais frases que estampavam os cartazes.
De acordo com uma das organizadoras da Marcha curitibana, a professora e historiadora Máira Nunes, a manifestação tem o objetivo também de chamar a atenção da sociedade sobre a descriminação do aborto e buscar um tratamento mais igualitário às mulheres. “O mais importante a gente conseguiu: o apoio do poder público. Neste ano podemos fazer a divulgação em espaços públicos e o apoio da Polícia Militar e da Prefeitura para acompanhar a Marcha”, diz.
A manifestante Jussara Cardoso estava com os seios de fora e com o escrito no corpo "sou livre e o corpo é meu". "Sou uma mulher e estou assim porque eu quero. Não é para erotizar nem para alguém que quis", disse.
Durante o discurso de abertura, Máira chamou atenção à realidade paranaense que é o terceiro estado onde mais morrem mulheres assassinadas, de acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo Instituto Sangari. A incidência é de 6,3 mulheres mortas para cada 100 mil pessoas do sexo feminino, contra 4,4/100 mil no país.
Após a concentração, a Marcha das Vadias caminhou até a Praça do Homem Nu onde os participantes lavaram a estátua da mulher nua como um ato simbólico. Os manifestantes também lembraram dos direitos das transexuais enquanto mulheres. A passeata percorreu os principais pontos do Centro da capital paranaense: a estátua de Nossa Senhora da Luz, ao lado da Catedral, o Paço Municipal e finalizou na Boca Maldita. Em todos os pontos, atos simbolizaram a violência contra a mulher.
Como surgiu a marcha
A Marcha das Vadias começou a partir de 2011, em Toronto, no Canadá, em protesto a afirmação de um policial durante uma palestra que se as mulheres quisessem evitar um estupro elas não deveriam se vestir como vadias. A manifestação já foi realizada em diversos países e no Brasil passou pelas capitais Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), São Paulo, Rio de Janeiro e Recife (PE), entre outras.
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