Wendy Wright
LONDRES, Inglaterra, 13 de julho (C-FAM) “Quais são as atitudes das mulheres para com crianças”, perguntei a um representante de uma organização de planejamento familiar de Serra Leoa.
“Antes da guerra, elas tinham atitudes negativas. Agora têm positivas”.
“Elas querem filhos?” expliquei.
“Sim, elas querem filhos. Elas precisam aprender seus direitos. Quando aprenderem seus direitos, elas não vão querer filhos”.
Ele estava entre os convidados selecionados para estarem em Londres para testemunhar o desfile de presidentes africanos, líderes asiáticos e europeus e empresas farmacêuticas fazerem promessas na Cúpula de Planejamento Familiar em Londres na quarta-feira.
A Fundação Bill e Melinda Gates e o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, junto com a Federação Internacional de Planejamento Familiar e o Fundo de População da ONU, realizaram a Cúpula como plataforma para líderes governamentais e empresas farmacêuticas fazerem o compromisso de suprir financiamento e acesso à contracepção.
Boa parte da audiência era composta daqueles que vão se beneficiar muito do golpe de sorte de bilhões de dólares. As organizações de planejamento familiar estavam em parceria na organização do evento e implementarão a visão de Melinda Gates. Muitos dos grupos têm uma ligação sórdida com o aborto e controle populacional.
Gates fez a abertura da conferência com um vídeo de sua recente visita às mulheres do Senegal. Grupos de planejamento familiar organizaram as visitas e forneceram tradução das reuniões. “Centenas de milhões de mulheres exigem nossa ação”, declarou ela. Essa campanha “será um novo começo para trazer bem mais recursos do que antes” para o planejamento familiar e estabelecer novas iniciativas do setor privado, tais como empresas farmacêuticas e líderes locais. Ela disse que outra meta é “aumentar a demanda” para a contracepção.
A Fundação Gates tem mirado a África subsaariana e o sudoeste asiático para sua campanha de contracepção porque notam que essas regiões têm os mais elevados índices de mortalidade materna. Essa região também tem os mais elevados índices de fertilidade do mundo.
O ministro da saúde da Etiópia disse à Cúpula acerca da necessidade de seu país de aumentar a educação, atendentes profissionais de parto e melhorar o atendimento obstétrico — as medidas comprovadas para reduzir a mortalidade materna — e melhorar a sobrevivência infantil.
A Etiópia acelerará o acesso à contracepção, declarou ele. “Contracepção moderna gratuita é a chave para aumentar a demanda para a contracepção”.
As promessas de outros países ecoaram uns aos outros — fornecer informações sobre contracepção, treinar fornecedores de saúde, fornecer diferentes métodos de contracepção moderna, melhorar cadeias de suprimento de modo que as clínicas fiquem com estoque lotado de contraceptivos e acesso universal. Cada nova promessa foi recebida com aplauso da multidão.
A Coreia do Sul tem um índice de prevalência contraceptiva de 100%, declarou seu embaixador na Inglaterra. A nação começou a reduzir seus índices de natalidade na década de 1960 e é “um modelo para o mundo”. “Agora sofremos de um índice muito baixo de natalidade”, admitiu ele. “Seguimos exageradamente a opinião de alguns especialistas”.
Alguns palestrantes mencionaram preocupações religiosas e culturais sobre o planejamento familiar como barreiras a serem vencidas. Um elemento chave dessa nova iniciativa é envolver os líderes locais e religiosos, pessoas em quem as mulheres confiarão e crerão.
Heikki Holmas, ministro de desenvolvimento da Noruega, e David Cameron, primeiro-ministro da Inglaterra, falaram sobre a oposição à conferência e ao programa.
Holmas “se indignou com as vozes conservadoras que trabalham contra os direitos sexuais e reprodutivos”. A Noruega era outrora um país pobre, mas agora é rico, observou ele. Os países em desenvolvimento deveriam seguir seu exemplo. “E se você não tem petróleo”, aconselhou ele, “seu futuro está no planejamento familiar”.
“Temos o argumento moral”, disse Cameron. Seu conselho para lidar com os oponentes — aqueles que questionam se isso é uso devido de assistência ou é ofensivo às convicções culturais e religiosas — é “confiar na força de nossos argumentos”.
Os organizadores da cúpula esperavam levantar 4 bilhões de dólares. No fim, houve a promessa de 4,6 bilhões de dólares. A Fundação Gates aumentou sua quantia total nos programas contraceptivos para 1 bilhão de dólares durante os próximos oito anos.
Melinda Gates declarou que acesso à contracepção é sua marca pessoal, o trabalho de sua vida inteira.
Tradução: www.juliosevero.com
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