“Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem” (Mateus 2:18)
Por Brian McCall – The Remnant | Tradução: T. M. Freixinho – Fratres in Unum.com: A vinda do Salvador traz não somente alegria, mas sofrimento. Após o Dia de Natal segue-se imediatamente a Festa de Santo Estevão, primeiro mártir. Dois dias depois, comemoramos o massacre dos Santos Inocentes no lugar do Divino Infante. Herodes, um usurpador da autoridade legítima na Judeia, está cheio de ódio e raiva quando ouve a respeito da possível chegada da verdadeira autoridade dentro de seu domínio. Ele não pode encontrar O Santo, a fim de colocar suas mãos Nele e, assim, descarrega sua fúria nos Santos Inocentes, aqueles recém-nascidos incapazes de se defender. Todos os tiranos ilegítimos por fim atacam com injustiça, porque, no fundo, eles sabem que sua posição é insustentável.
Há cinquenta anos, uma autoridade tirana usurpou a governança do corpo de Cristo. Esta autoridade não é um único homem, papa ou bispo. Chama-se modernismo.[1] Ele se instalou nos mais altos postos da Igreja, cuja função é guardar e transmitir o Depósito da Fé. Ele tem exercido, de maneira injusta e ilícita, a mais alta autoridade na Igreja, agindo através dos ocupantes desses cargos — não nos cabe julgar se eles são ou não colaboradores voluntários do modernismo — não para as finalidades para as quais esses cargos foram criados, mas para injetar vírus mortais de novidade e confusão no Corpo de Cristo. Ainda assim, não obstante toda essa inovação injusta, o Corpo conserva uma pulsação fraca. A Tradição não apenas sobrevive ao ataque viral, mas cresce de maneira constante, ainda que vagarosamente, atraindo novas gerações para a beleza da Fé e da Liturgia verdadeiras.
Os Franciscanos da Imaculada (denominados FIs) não foram e não são tradicionalistas. Eles não foram fundados pelo Arcebispo Lefebvre nem jamais tiveram um relacionamento formal ou informal com a Fraternidade São Pio X. Desde a sua fundação, eles aceitaram e usaram o Novus Ordo Missae. Ainda assim, os FIs adotaram uma adesão fiel à espiritualidade de São Maximiliano Kolbe. A lealdade ao autêntico espírito de São Maximiliano inevitavelmente deve conduzir a um conflito com a tirania modernista reinante na Igreja.
O modernismo pretende sintetizar tudo, a fim de negociar um armistício com os inimigos da Igreja, especialmente, o espírito da Maçonaria. Recentemente, em um momento de verdadeira clareza, Dom Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, um Cardeal pessoalmente próximo ao Papa Francisco e escolhido por ele para liderar o seu Conselho de Oito Cardeais, explicou que essa reconciliação com o modernismo estava no centro dos [acontecimentos] de “1789 na Igreja,” conforme o Vaticano II foi descrito pelo Cardeal Suenens:
O Concílio Vaticano II foi o principal evento na Igreja no século XX. A princípio, ele significou um fim às hostilidades entre a Igreja e o modernismo, que havia sido condenado no Concílio Vaticano I. Ao contrário: nem o mundo é o reino do mal e do pecado – essas são conclusões claramente conquistadas no Vaticano II—nem a Igreja é o único refúgio do bem e da virtude. O Modernismo foi, em grade parte, uma reação contra as injustiças e abusos que menosprezavam a dignidade e os direitos da pessoa.[2]
Uma vez que o Modernismo foi uma reação ao ensinamento e a práxis tradicionais da Igreja, o Cardeal considera claramente essas coisas como “injustiças” e “abusos.” Aqui temos uma avaliação honesta por parte do Cardeal mais influente neste Pontificado, deixando claro que o último século envolveu um combate entre o Modernismo e a Igreja antes do Vaticano II, em seu ponto de vista, o Modernismo triunfando sobre o Concílio. Os FIs não depuseram suas armas e não uniram-se a esse cessar-fogo profano. O resultado tem sido a sua perseguição permanente.
O combate de São Maximiliano foi claramente uma parte dessa luta. Ele direcionava seus esforços particularmente contra o adjutório do Modernismo na esfera temporal, a Maçonaria. A Maçonaria se alegrou com o resultado do Vaticano II, que os maçons abertamente proclamaram como uma vitória para a Maçonaria. Assim, um compromisso com o combate da Imaculada inevitavelmente levará a um confronto com o Modernismo. O engajamento em um combate assim, ao final, nos levará a enxergar as armas perenes que têm logrado êxito nessa batalha, a Missa de Sempre e a doutrina imutável da Igreja preservada há séculos e somente obscurecida sob uma nuvem de ambiguidades no Vaticano II. Ainda assim, o encontro da Missa e da Doutrina Tradicional, inevitavelmente, conduzirá a um confronto com os inimigos internos da Igreja.
Recentemente, Dom Bernard Fellay comentou que a lealdade dos FIs a São Maximiliano é o que os aproximou dos tradicionalistas e os puseram em conflito com as forças que ocupam as mais altas posições na Igreja.
Isso é muito interessante, porque Maximiliano Kolbe deseja um combate pela Imaculada, a vitória de Deus sobre os Seus inimigos — podemos realmente usar essa expressão — ou seja, os maçons. É muito interessante constatar isso. Esse combate contra o mundo, contra o espírito do mundo aproximou os FIs de nós, quase por natureza, alguém poderia dizer, porque alistar-se em um combate contra o mundo implica, em algum momento, a Cruz. O que implica os princípios eternos da Igreja: que se chama o espírito cristão. Esse espírito cristão é expresso de maneira magnífica na Missa Antiga, na Missa Tridentina. De tal maneira que quando Bento XVI publicou o seu Motu Proprio, que novamente disponibilizou amplamente a Missa, essa congregação decidiu em seu Capítulo, ou seja, uma decisão tomada por toda a congregação, retornar à Missa antiga, e realmente fazê-lo em todos os sentidos, percebendo que viriam a ter muitos problemas, uma vez que eles têm paróquias, porém, todavia, esses problemas não eram intransponíveis. Alguns deles também começaram a fazer certas indagações sobre o Concílio.
Consequentemente, alguns insatisfeitos, uns poucos se considerarmos o seu número (há cerca de 300 padres e irmãos no total), talvez uma dúzia, protestaram a Roma, dizendo: “Eles estão tentando nos impor a Missa antiga, eles estão atacando o Concílio.”[3]
As forças do Modernismo não podem destruir a Igreja e a Sagrada Tradição. A promessa de indefectibilidade de Nosso Senhor os impede de fazer isso. Igualmente, foi impossível que o usurpador Herodes matasse Nosso Senhor antes da consumação do tempo para o Seu sacrifício redentor. Sim, Herodes poderia desferir a sua raiva nos inocentes e desamparados que estavam “próximos” de Nosso Salvador, ou seja, na região de Belém.
Os FIs são, em certo sentido, como os Santos Inocentes. Eles não são tradicionalistas, mas, como observou Dom Fellay, são “próximos” por defender a Tradição de maneira inequívoca e coerente. Nos últimos anos, os FIs podiam ser vistos caminhando em direção a um “renascimento” como uma comunidade plenamente tradicionalista. Eles estão potencialmente nos estágios iniciais dessa transição, encorajando e permitindo o uso amplo da liturgia tradicional e mantendo a mente aberta para considerar o lugar que o Vaticano II e seus frutos ocupam no combate da Imaculada. Ainda assim, como é claro, eles ainda conservaram o uso doNovus Ordo Missae.
As forças do Modernismo, incapazes de acabar com a Tradição na Igreja e incapazes de armar o que, em retrospectiva, pode ter sido uma armadilha prática para a FSSPX em um reconhecimento canônico, estão tentando destruir a essência dos FIs caso isso possa ser uma fonte de derrota derradeira do Modernismo.
Os FIs foram fundados em 1970, curiosamente, no mesmo ano que a FSSPX, e têm crescido de modo a incluir padres, freiras, terciários, membros da ordem terceira, casas de estudo, editoras e distribuidoras, além de apostolados leigos. Os FIs foram elevados ao nível de direito diocesano em 1990 e o Papa João Paulo II os elevou a direito pontifício. Hoje em dia, contam com mais de 500 membros em seis continentes. Embora aceitem o Novus Ordo Missae como forma normativa antes do Summorum Pontificum, os FIs mantiveram-se fiéis ao carisma franciscano, conforme expresso por São Maximiliano. Eles falam frequentemente e de maneira apaixonada sobre Nossa Senhora Mediadora de Todas as Graças (uma doutrina esnobada no Vaticano II) e sua Co-redenção. Após o Summorum Pontificum, os FIs deliberaram, e, de acordo com as regras que regem o seu processo de tomada de decisões, votaram esmagadoramente no sentido de promover e facilitar o uso amplo e generoso da liturgia tradicional, embora permitindo que padres individuais celebrem o Novus Ordo Missae. Ainda assim, mesmo essa posição prudente e moderada foi demais para o Modernismo, e, após a eleição do Papa Francisco, o Vaticano agiu segundo as reclamações de uma meia dúzia de descontentes (assim como o Vaticano agiu contra a FSSP em 1999, após as reclamações de uma meia dúzia de membros desejosos de celebrar a Missa Nova, e que acabaram saindo da FSSP).
Agora recordaremos que durante décadas a hierarquia fez ouvidos moucos às graves acusações de abuso homossexual de crianças por parte de padres. Os criminosos foram mimados, protegidos e enviados disfarçadamente para novas atribuições. O Cardeal Law, que protegeu criminosos por décadas, não foi destituído como bispo, mas voluntariamente renunciou a uma promoção para um cargo confortável em Roma (onde ele está livre de qualquer possível prisão nos Estados Unidos).
A Congregação para a Doutrina da Fé investigou as ordens religiosas femininas nos Estados Unidos e descobriu evidências chocantes de heterodoxia e, embora algumas discussões tenham sido realizadas com o conselho de liderança, nenhuma ordem religiosa foi assumida, nenhum superior foi destituído.
Nenhum Comissário Apostólico foi nomeado para assumir a Arquidiocese de Los Angeles quando ela faliu devido aos pagamentos multimilionários de dólares às vítimas de abusos.
Ainda assim, agora, depois que alguns padres dos FIs, que não gostam da decisão tomada por toda a congregação, por amplo consenso, reclamaram que estão sendo forçados a sentir que devem celebrar a Missa Tradicional, embora sejam perfeitamente livres para fazer o contrário, qual é a reação do Vaticano? Intervir com uma arma nuclear.
Considere as seguintes medidas disciplinares que só podem ser descritas como perseguição imoral e injusta e que foram tomadas até a presente data.
1) Os superiores devidamente eleitos dos FIs, incluindo o fundador e Superior Geral Padre Stephano Maria Manelli, foram sumariamente destituídos e substituídos por um Comissário nomeado pelo Vaticano, Padre Fidenzio Volpi.
2) Dizem que o velho padre Manelli, de 80 anos de idade, foi colocado efetivamente sob prisão domiciliar, tendo sido proibido de receber visitantes ou sair para encontrar qualquer pessoa.
3) Em contradição direta não somente com a lei natural e divina, mas também com a lei positiva da Igreja, conforme expresso no Summorum Pontificum, o padre Volpi proibiu a celebração da Missa Tradicional pelos membros dos FIs.
4) Os recursos temporais dos FIs foram confiscados pelo padre Volpi.
5) O padre Volpi fechou o seminário/casa de estudos até segunda ordem.
6) Aqueles no curso de estudo, se e quando o padre Volpi decidir que podem retornar aos seus estudos, serão enviados para instituições específicas não afiliadas aos FIs. A Casa Mariana, [editora] vinculada à casa de estudos, recebeu ordem do padre Volpi para fechar.
7) O padre Volpi cancelou as ordenações para o diaconato e sacerdócio marcadas para este ano.
8) Uma vez que as ordenações tiverem permissão para se realizarem, o padre Volpi ordenou que todos os candidatos às Ordens que atualmente estejam em formação devem subscrever pessoalmente uma aceitação formal:
a. do Novus Ordo como uma autêntica expressão da tradição litúrgica da Igreja e, portanto, da tradição franciscana (sem prejuízo daquilo que é permitido pelo Motu Proprio Summorum Pontificum, se a proibição ilegal à Missa Tradicional atualmente imposta pelo padre Volpi for revogada), e
b. dos documentos do Concílio Vaticano Segundo, em conformidade com a autoridade que lhes for conferida pelo Magistério.
9) Qualquer candidato que não aceitar essas disposições será imediatamente demitido do Instituto.
10) Todo religioso no Instituto deve expressar clara e formalmente por escrito a sua disposição em continuar a sua jornada no Instituto dos Freis Franciscanos da Imaculada, de acordo com o carisma Mariano-Franciscano, no espírito de São Maximiliano M. Kolbe, de acordo com as diretrizes relativas à vida religiosa contidas nos documentos do Concílio Vaticano Segundo.
11) O padre Volpi suspendeu os grupos de Missão Imaculada Mediadora na Itália até que esses grupos façam uma declaração formal de adesão à nova autoridade, presumivelmente o padre Volpi.
12) O padre Volpi suspendeu a Ordem Terceira de São Francisco sem garantia de restabelecimento, mas somente uma declaração de que o padre Volpi irá nomear três religiosos a quem os membros desses grupos poderão consultar relativamente a quaisquer esclarecimentos.
13) O padre Volpi suspendeu a distribuição ao público das publicações da “Casa Mariana Editrice”, que inclui muitos livros e artigos simpáticos a um ponto de vista Católico Tradicional moderado sobre a liturgia, teologia e o Vaticano II.[4]
Esta lista é de tirar o fôlego. Quando os padres e bispos facilitaram o abuso de crianças pequenas, por acaso as propriedades de uma única diocese foram confiscadas? Após inúmeros relatórios de encorajamento e até mesmo exaltação de homossexualidade nos seminários (Veja livro Good Bye Good Men de Michael Rose, por exemplo), por acaso quaisquer dos seminários criminosos foram fechados? Alguma ordenação foi cancelada para garantir que os candidatos não eram pedófilos? Por acaso Hans Küng ou qualquer um do tipo dele foi proibido de distribuir livros questionando os ensinamentos perenes da Igreja, como, por exemplo, a ressurreição física de Nosso Senhor?
Obviamente, a resposta a essas perguntas é um inequívoco não. Ainda assim, um instituto religioso está sendo submetido à perseguição mais severa simplesmente por reverenciar a Tradição Católica.
Quando o ultraje dessa perseguição tão injusta foi contestado na imprensa italiana, o padre Volpi respondeu por carta defendendo a sua dura perseguição. Que crime ele invoca para justificar essas medidas extremas? Alguns “religiosos” não especificados reclamaram “de uma tendência cripto-lefebvriana e, definitivamente, tradicionalista” na comunidade dos FIs, e o padre Manelli “já tinha evitado o diálogo construtivo com” esses religiosos não especificados. Há também uma reclamação ex post facto sobre uma tentativa não especificada e sem comprovação de reter alguns bens após a instalação do ditador comissário. (Obviamente, mesmo se alguma coisa acontecesse após a tomada de controle, logicamente, isso não pode ser um motivo para a tomada de controle.)
Então, aí você chegou ao ponto que eu queria! Os únicos crimes na Igreja que produzem diversas medidas criminais graves hoje em dia são ser “cripto-lefebvriano” (seja lá o que isso significa), ter uma tendência “tradicionalista” e recusar o engajamento em um “diálogo construtivo” com inferiores que reclamam sobre as decisões legítimas de suas congregações. O direito penal da Igreja nos últimos cinquenta anos é efetivamente reduzido a “Não te aproximarás de um Tradicionalista.” Você pode abusar de crianças, escrever e pregar heresias, encobrir crimes seculares e então você é promovido e continua sendo um padre em situação canônica regular. Mas ouse ter uma “tendência tradicionalista” e você estará acabado. Isso é tão insano que parece irreal, mas é real — uma perseguição real dos inocentes pelas autoridades na Igreja que alegam agir sob a aprovação expressa da “mais alta autoridade,” o Papa Francisco.
É interessante observar que todas as ações do padre Volpi desde a sua nomeação correspondem exatamente àquilo que o Arcebispo Lefebvre previu que iria acontecer se ele concordasse com a exigência do Papa Paulo VI, em 1974, de entregar toda a FSSPX, seu seminário em Ecône, e seus priorados a um Comissário nomeado por Paulo VI. Dom Lefebvre recusou alegando que o seminário seria fechado, os seminaristas seriam forçados a entrar nos seminários [modernistas] após a nova orientação, a Missa seria suspensa e os fiéis que dependiam da FSSPX seriam abandonados.
Mais uma vez a previsão do Arcebispo se justificou. O que aconteceu aos FIs teria acontecido à FSSPX em 1974 se o Arcebispo tivesse vacilado. Onde a Missa Tradicional estaria hoje se isso tivesse acontecido? Provavelmente, não haveria nenhum indulto em 1984, nenhum Indulto em 1988, nenhum Summorum Pontificum, nenhuma Fraternidade de São Pedro (uma vez que não haveria nenhuma FSSPX de onde eles pudessem sair), etc.
O que os FIs devem fazer? O que qualquer pessoa sob opressão devido a perseguição injusta pode fazer, especialmente, quando a honra de Deus ou a nossa própria salvação ou a salvação de outra pessoa assim o exigir? Respeitosamente recusar-se a cumprir ordens injustas e ilícitas. Os FIs deveriam todos recusar essa exigência ultrajante de um juramento de obediência à Missa Nova e ao Vaticano II. Por acaso Hans Küng alguma vez foi forçado a fazer um juramento de fidelidade a Trento ou ao Vaticano I sob pena de perder suas faculdades? Nunca! Nenhum católico é obrigado a fazer um juramento ao Vaticano II e à Missa Nova para obter a salvação. Por outro lado, todo santo diante dessas anomalias teria se perdido. Os FIs deveriam simplesmente continuar o seu trabalho, que foi aprovado por ninguém menos que o Papa João Paulo II. Os FIs são uma congregação aprovada na Igreja. O golpe que se abateu sobre eles é injusto e ilegal, uma vez que não cometeram crime algum. Continuar vivendo o combate da Imaculada e celebrando a Missa Tradicional, confiando na autoridade do Papa Bento XVI em Summorum Pontificum quando este afirma:
Em Missas celebradas sem o povo, qualquer sacerdote de Rito Latino, seja secular ou religioso, pode usar o Missal Romano publicado pelo Beato João XXIII em 1962 ….Com a devida observância da lei, inclusive os fiéis Cristãos que espontaneamente o solicitem, podem ser admitidos à Santa Missa mencionada no art. 2 (Artigos 2 e 4).Se Comunidades ou Institutos de Vida Consagrada ou Sociedades de Vida Apostólica de direito pontifício ou diocesano desejam ter uma celebração da Santa Missa segundo a edição do Missal Romano promulgado em 1962 em uma celebração conventual ou comunitária em seus próprios oratórios, isto está permitido. Se uma comunidade individual ou todo o Instituto ou Sociedade desejar ter tais celebrações frequente ou habitualmente ou permanentemente, o assunto deve ser decidido pelos Superiores Maiores segundo as normas da lei e das leis e estatutos particulares. (Artigo 3)
Mesmo se os FIs tivessem decidido adotar a Missa Tradicional em caráter permanente, eles tinham a permissão para fazê-lo se a decisão fosse tomada por seus superiores de acordo com a sua lei interna de governo. Eles somente decidiram facilitar e encorajar, mas não adotar a Missa Tradicional em caráter permanente.
Os FIs não cometeram crime algum que justificasse o término de seus estudos e formação religiosa. Eles são um instituto aprovado pela mais alta autoridade da Igreja, e, uma vez que essa aprovação é concedida, ela não pode ser revogada por uma justa causa. Ser um “cripto-lefebvriano” ou ter uma “tendência tradicional” equivale a uma acusação inventada do nada, uma técnica digna de um grande número dos regimes seculares totalitários que dominaram o século passado. Todas essas penalidades são nulas segundo a lei natural, divina e até mesmo eclesiástica. Como Santo Tomas, citando Santo Agostinho, nos recorda, uma lei injusta não é lei de maneira alguma, mas sim um ato de violência. Continuem os seus estudos e formação como vocês sempre fizeram. Aquilo que era perfeitamente legal no ano passado deve ser legal hoje em dia.
Talvez os bens temporais dos FIs estejam perdidos para sempre para o padre Volpi, mas talvez este seja um sacrifício que a Imaculada esteja pedindo de seus filhos para provar a sua fidelidade ao seu combate contra a Maçonaria e o Modernismo. Afinal de contas, eles são Franciscanos! Eles devem estar dispostos a perder os bens e confiar na generosidade dos fiéis para apoiá-los no combate, mas não devem deixar de combater. Pergunte-se, será que a mãe de um dos Santos Inocentes teria pecado se ela tivesse evitado a ordem injusta de Herodes e tirado seu filho de Jerusalém? Seria ela culpada de desobediência? Obviamente que não. Ela não teria qualquer obrigação de cumprir a sua perseguição injusta. Nós ordens, grupos, associações e católicos ordinários tradicionais, temos o dever de vir em auxílio dos FIs. Se eles se mostrarem dispostos a continuar o combate da Imaculada usando as armas invencíveis do passado, temos o dever de auxiliá-los no âmbito temporal. Se os FIs tomarem uma posição a favor da Imaculada, da Igreja e da Missa de Sempre devemos estar prontos na medida de nossas possibilidades a auxiliá-los no âmbito temporal.
Essa perseguição aos FIs pode sinalizar uma batalha final, uma ofensiva final do Modernismo contra a Igreja a partir de dentro. A Irmã Lúcia nos disse décadas atrás que o demônio estava disposto a uma batalha decisiva contra as forças da Imaculada. Ela também advertiu que os religiosos e religiosas estavam no centro dessa batalha. Talvez esse pontificado marque as etapas mais difíceis dessa batalha final pela alma da Igreja. Se tiver que ser assim, devemos estar dispostos a sacrificar tudo pela Imaculada, por seu Divino Filho e seu Corpo Místico.
As palavras de Winston Churchill à ilha sitiada da Grã Bretanha, em setembro de 1940, poderiam se aplicar com analogia adequada à posição na Igreja no momento. Que os membros dos FIs e todos envolvidos na causa da Tradição prestem atenção a este chamado de cada um a tomar sua posição, chamado esse que não procede de um primeiro ministro, mas da própria Imaculada:
Portanto, todos os homens e mulheres se prepararão para cumprir o seu dever, seja lá qual for, com orgulho e zelo especial. Nossas frotas e flotilhas são muito poderosas e numerosas; a nossa Força Aérea chegou ao máximo de força que poderia ter alcançado e está consciente de sua superioridade comprovada, não certamente em números, mas em homens e máquinas. Nossas costas estão bem fortificadas e firmemente guardadas por homens, e atrás delas, prontas ao ataque dos invasores, temos um Exército móvel muito maior e melhor equipado do que jamais tivemos antes. Além disso, temos mais de um milhão e meio de homens da Guarda de Defesa Interna, que são tantos soldados do Exército Regular quanto Guardas Granadeiros, e que estão determinados a lutar por cada centímetro do solo em cada bairro e em cada rua. É com confiança devota, mas também com confiança segura, que digo: Que Deus defenda os Justos.
Que os Santos Inocentes roguem por nós e, em particular, intercedam para a solução do caso dos Franciscanos da Imaculada perseguidos nesta época de Natal!
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