As eleições se aproximam, e ainda tem muita gente indecisa, pensando em quem vai votar. O nosso apostolado não tem nenhum candidato a indicar, mas o ensinamento da Igreja leva em conta alguns aspectos que vale a pena sublinhar. É o que vamos fazer nesta postagem. Afinal, quais são os valores pregados pela Igreja e dos quais não podemos, em situação alguma, abrir mão?
Durante um Congresso organizado pelo Partido Popular Europeu, ainda em 2006, no início de seu pontificado, Bento XVI lembrou os católicos dos valores inegociáveis na vida política – e que devem ser considerados por todos os cidadãos (especialmente os cristãos) na hora de votar. Destacamos:
“No que se refere à Igreja Católica, o interesse principal das suas intervenções no campo público é a tutela e a promoção da dignidade da pessoa e, por conseguinte, ela chama conscientemente a uma particular atenção aos princípios que não são negociáveis. Entre eles, hoje emergem os seguintes:”“tutela da vida em todas as suas fases, desde o primeiro momento da concepção até à morte natural;”“reconhecimento e promoção da estrutura natural da família, como união entre um homem e uma mulher baseada no matrimônio, e a sua defesa das tentativas de a tornar juridicamente equivalente a formas de uniões que, na realidade, a danificam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu caráter particular e o seu papel social insubstituível;”“tutela do direito dos pais de educar os próprios filhos.”“Estes princípios não são verdades de fé mesmo se recebem ulterior luz e confirmação da fé. Eles estão inscritos na natureza humana e, portanto, são comuns a toda a humanidade. A ação da Igreja de os promover não assume, por conseguinte, um caráter confessional, mas dirige-se a todas as pessoas, prescindindo da sua filiação religiosa. Ao contrário, esta ação é tanto mais necessária quanto mais estes princípios forem negados ou mal compreendidos porque isto constitui uma ofensa contra a verdade da pessoa humana, uma grave ferida infligida à própria justiça.”- Papa Bento XVI, Discurso durante Congresso do Partido Popular Europeu
30 de março de 2006
Os princípios apresentados pelo Santo Padre são três: o primeiro diz respeito à “tutela da vida em todas as suas fases”; condena, portanto, a descriminalização do aborto, da eutanásia, ou o uso arbitrário da vida humana para manipulação genética. Este ponto se sobressaiu durante as eleições de 2010, quando o compromisso político do Partido dos Trabalhadores com a legalização do aborto no Brasil foi trazido a público. Os debates intensos em torno do abortismo da então candidata Dilma Rousseff foram importantes para mostrar aos políticos brasileiros que o povo brasileiro é majoritariamente contrário à prática do aborto. Este ano, continua valendo a regra de votar em candidatos comprometidos com a vida. – São só representantes municipais do Legislativo e Executivo! – Não há problema. Interferem diretamente na vida pública de nossas cidades. Se não conseguem sequer valorizar a dignidade da vida nascente, como vão lutar pelos demais interesses da população? Estes candidatos comprometidos com a morte não merecem a nossa aprovação, muito menos o nosso voto.
O segundo princípio inegociável apresentado por Bento XVI diz respeito à integridade da família tal como ela foi idealizada por Deus, ou seja, “como união entre um homem e uma mulher”. Condena-se, aqui, o reconhecimento das uniões homossexuais – ou mesmo as ingerências de alguns para facilitar o processo do divórcio civil. Mas as palavras do Papa neste discurso dirigem-se especificamente ao tópico dos relacionamentos homoafetivos. Não se trata – o Papa é claro – de uma posição religiosa, de uma “verdade de fé”; trata-se de um princípio inscrito na natureza humana. Daí a possibilidade prática de que todos a defendam, independente de sua profissão religiosa. De fato, a maioria da população brasileira tem consciência de que a família não pode ser “redefinida” ou modelada de acordo com os interesses de um grupo ou movimento social. E ninguém precisa ser católico para saber que confusão isto poderia provocar futuramente.
Por fim, o Papa fala do “direito dos pais de educar os próprios filhos”. Segundo os seus próprios princípios! Contrasta com a situação de nosso país, quando o Estado deseja ensinar às crianças o estilo de vida homossexual, por meio de programas educacionais estranhamente arbitrários.
Qualquer campanha política que apresente propostas que, de alguma forma, firam estes três princípios inegociáveis, precisa ser rechaçada, especialmente pelos católicos. Afinal, é este o interesse da Igreja na vida pública: “a tutela e a promoção da dignidade da pessoa”. Este deve ser o nosso interesse fundamental no debate político: o apreço pela vida humana – seja pela vida do nascituro, seja pela vida dos mais fracos, que pelejam em leitos de hospital. O direito à vida é irrenunciável. Como ensinava o bem-aventurado João Paulo II, “sobre o reconhecimento de tal direito é que se funda a convivência humana e a própria comunidade política” (Evangelium Vitae, n. 2).
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Salve Maria Santíssima!
26/09/2012 por Everth Queiroz Oliveira
Fonte: Ecclesia Una
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