Eu sei que nem todos dão importância para este concurso que o SBT está promovendo, tentando eleger a personalidade que seria“O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”. No entanto, é digno de nota que, no “maior país católico do mundo” (com as ressalvas que todos já conhecem bem), o médium espírita Francisco Cândido Xavier venceu, com 50,5% dos votos, a bem-aventurada Irmã Dulce dos pobres. O resultado da primeira eliminatória da competição foi divulgado nesta quarta-feira (1º).
Antes de qualquer coisa, é sempre bom lembrar o óbvio: independente desta ou de qualquer votação, os bem-aventurados – ou seja, aqueles que estão no Céu, contemplando a face do Altíssimo -, estes são os maiores em todos os sentidos. Alcançaram a coroa da glória, conquistaram o prêmio imperecível, atingiram o fim ao qual todos os homens são chamados.
Façamos, à luz disto, um paralelo. Irmã Dulce, em vida, foi fiel ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, ornou sua alma com a virtude da fé, e foi elevada aos altares especialmente por seu exemplo de dedicação e amor aos pobres. Esta santa mulher viveu a caridade e foi beatificada pela Igreja Católica; ou seja, a Igreja reconheceu que a Irmã Dulce goza da visão beatífica, sendo, assim, uma intercessora fiel dos homens junto a Deus. Chico Xavier, por outro lado, era espírita, não aceitava sequer a divindade de Jesus, era constantemente procurado por sua fama de evocar os mortos – prática severamente proibida por Deus já no Antigo Testamento (cf. Lv 19, 31; 20, 27). Ou seja, trazia às pessoas um suposto “conforto”, desobedecendo, antes, à lei de Deus: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo (…) ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas” (Dt 18, 10-12). Colocando o “anjo bom da Bahia” ao lado de Chico Xavier, percebemos a enorme discrepância entre os dois. É praticamente um abismo – muito provavelmente o mesmo abismo que separava o pobre Lázaro do rico epulão.
Sim, mas e a “caridade” praticada pelo médium mineiro? Afinal – poderiam indagar alguns –, lembrando São Tiago, “a fé sem obras é morta” (Tg 2, 26)… Sim, é verdade. A fé sem obras é morta. Mas, do mesmo modo, de nada valem as obras, sem a fé. Como explicou muito acertadamente o frei Boaventura Kloppenburg,
“É sem dúvida certo: sem a caridade cristã, não há salvação; e quem não tiver a caridade, não é verdadeiro discípulo de Jesus Cristo. E a Igreja seguramente não rejeita o espiritismo por causa deste princípio. A Igreja Católica tem sido sempre e ainda hoje continua sendo a pregoeira máxima da caridade cristã. (…) O erro dos espíritas não consiste na pregação da caridade (nisso, pelo contrário, eles são dignos de aplauso e louvor); seu erro está em dizer que basta a caridade somente. Jesus Cristo nunca ensinou isso. Pois Jesus, o evangelista da caridade, foi também o evangelista da fé.”- Espiritismo – orientação para católicos, VII, art. 3
“Jesus, o evangelista da caridade, foi também o evangelista da fé.” Nem todos os católicos se importam com este fato relevante. Renunciam, então, à veneração de uma religiosa autenticamente católica, para prestar culto a um homem que sequer acreditava nos princípios mais basilares da fé cristã – como a fé na Trindade ou na infalibilidade das Escrituras. Foi graças a estes católicos – que preferem o sincretismo a obedecer a doutrina de sua Igreja – que Chico Xavier venceu esta competição. É graças a estes cristãos self-service – que escolhem seguir os preceitos evangélicos que lhe agradam – que um líder espírita é mais popular que um Frei Galvão ou que uma Beata Irmã Dulce dos pobres. É forçoso reconhecer, mas a história de que somos a nação “mais católica do mundo” não passa de uma grande farsa. Estamos mais para a nação mais incoerente, ou mais hipócrita.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Salve Maria Santíssima!
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