A Voz da Família (“Voice of the Family”), uma coalizão leiga internacional formada pelas principais organizações pró-vida e pró-família, alertou para o fato de que o documento preparatório do Vaticano para o Sínodo de outubro sobre a Família “ameaça toda a estrutura da doutrina católica sobre o matrimônio, a família e a sexualidade humana.” Em uma análise abrangente do documento Instrumentum Laboris, de 77 páginas, do Vaticano, a Voz da Família aponta diversos pontos em que omissões e ambiguidade na redação do texto estão conduzindo para um caminho perigoso para a fé e para a família.
A estratégia de introduzir ambiguidades nos textos foi revelada pelo Cardeal Walter Kasper, figura central do Sínodo, que lançou a polêmica com suas propostas para a comunhão a católicos divorciados e recasados. Em uma entrevista na EWTN com Raymond Arroyo, em junho, ele divulgou uma abordagem para superar a oposição crescente aos seus planos heterodoxos.
“Recebo muitas anuências, mas também muitas críticas, e há tensões”, Kasper reconheceu. “Agora, proponho aos que prepararam o Sínodo que elaborem um texto que obtenha a aceitação de todo mundo, da grande maioria. É o mesmo método que tivemos no Concílio [Vaticano II]”. Posteriormente, ele repetiu: “Minha sugestão é encontrar agora uma fórmula em que a grande maioria possa aderir”.
O Concílio Vaticano II também se deparou com desafios tanto à doutrina quanto à prática católica tradicional, que foram contestadas por grande número de bispos. Apesar da oposição, muitos itens da ordem do dia dos bispos ultraliberais foram contemplados pelo uso de linguagem frequentemente vaga, ambígua e até mesmo aparentemente conflitante, que parece agradar a ambos os lados. Mais tarde, essas expressões foram chamadas de “bombas relógio”, que alguns teólogos puderam explorar após o Concílio com a finalidade de minar a doutrina tradicional da Igreja.
A análise da Voz da Família explica que “está claro que o Instrumentum Laboris deixa de afirmar claramente a doutrina católica, mas, antes, através de termos ambíguos a mina gravemente.”
John Smeaton, co-fundador da Voz da Família, disse: “O documento mina a doutrina da Humanae Vitae sobre contracepção.” A análise crítica de 19 páginas do Instrumentum Laboris escrita por Matthew McCusker, da Voz da Família, observa que o documento preparatório do Vaticano para o Sínodo “recusa-se a utilizar a palavra ‘contracepção’ ou a fazer qualquer referência a qualquer método contraceptivo, apesar das consequências devastadoras do uso de contraceptivos em muitas áreas da vida humana, não menos importante que o assassinato de crianças nascituras por métodos abortivos.”
Mais do que isso, o Instrumentum Laboris deturpa a Humanae Vitae, deixando de fora o fato de que ela condena a contracepção. O documento sinodal declara que os “dois pontos principais” da encíclica são primeiramente sobre o papel de consciência e, em segundo lugar, “uma norma moral objetiva”, sem nunca definir essa norma moral – ou seja, a Humanae Vitae declara moralmente inadmissível “qualquer ação — antes, durante ou depois da relação sexual –especificamente destinada a impedir a procriação – seja como fim ou como meio.”
“O Instrumentum Laboris também ressuscita as propostas desacreditadas de Kasper sobre a Sagrada Comunhão aos adúlteros não arrependidos, reduz a indissolubilidade do matrimônio a um simples ‘ideal’ e mina a posição dos pais como primeiros educadores de seus filhos “, acrescentou Smeaton.
No que diz respeito à doutrina da Igreja de que os pais são os primeiros educadores dos filhos, o Instrumentum Laboris insinua o contrário. O parágrafo 86 afirma que “a família, ao passo que mantém a sua posição privilegiada na educação, não pode ser o único lugar para ensinar sexualidade”. A análise da Voz da Família observa que a “declaração é diretamente contrária à doutrina católica”, citando o ensino de Papa São João Paulo II na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, onde o papa deixa em aberto a possibilidade de que a educação sexual possa ser feito exclusivamente em casa. Ele escreveu: “A educação sexual, que é um direito e dever fundamental dos pais, deve ser realizada sempre sob a sua orientação solícita, seja no lar, seja nos centros educativos escolhidos e controlados por eles.”
“A Voz da Família exorta os católicos a não serem complacentes ou cederem a um falso senso de obediência, em face dos ataques aos princípios fundamentais da lei natural”, concluiu Smeaton. “Os católicos têm o dever de se opor à direção que está sendo tomada no Sínodo. Se essa direção não for revertida, as maiores vítimas serão os mais vulneráveis, especialmente, as crianças, nascidas e nascituras.”
Fonte: http://fratresinunum.com
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