“Um acontecimento particularmente significativo”. Assim Padre Francesco Bamonte comentou o reconhecimento jurídico da Associação Internacional de Exorcistas por parte da Congregação para o Clero. O sacerdote, dos Servos do Coração Imaculado de Maria, exorcista da Diocese de Roma e Presidente da Associação, foi entrevistado pela Rádio Vaticano:
Pe. Bamonte: “Na longa história da Igreja, ainda não havia sido constituída uma Associação Internacional de Exorcistas. Também isto é um sinal dos tempos! O Espírito Santo, em resposta às particulares exigências da nossa época, suscitou uma tomada de consciência sempre mais viva na Igreja que entre os mandatos que Cristo Jesus deu à própria Igreja, está também o de expulsar os demônios em seu Nome. Ao mesmo tempo o mesmo Espírito Santo inspirou e instituiu na Igreja tal associação de sacerdotes exorcistas para que experimentassem a força que vem ao pertencer a ela, sentindo-se em comunhão com outros irmãos que desenvolvem o mesmo ministério e para que, encontrando-se periodicamente e partilhando as próprias experiências, pudesse oferecer uma ajuda mais concreta e eficaz aos que se dirigem a eles”.
RV: Quais são os objetivos a que se propõe esta Associação na Igreja?
Pe. Bamonte: “Justamente para que os exorcistas possam desenvolver bem a própria missão, a nossa Associação propõe-se como objetivos específicos:
Promover a primeira formação de base e a sucessiva formação permanente dos exorcistas;
Favorecer os encontros entre os exorcistas, sobretudo a nível nacional e internacional, para que compartilhem as próprias experiências e reflitam juntos sobre o ministério a eles conferido;
Favorecer a inserção do ministério de exorcista na dimensão comunitária e na pastoral ordinária da Igreja local;
Promover o reto conhecimento deste ministério no povo de Deus; promover estudos sobre exorcismo nos seus aspectos dogmáticos, bíblicos, litúrgicos, históricos, pastorais e espirituais;
Promover uma colaboração com pessoas e experts em medicina e psiquiatria que tenham competência também nas realidades espirituais”.
RV: Quão importante e necessária é a presença de sacerdotes exorcistas nas dioceses?
Pe. Bamonte: “A presença de um sacerdote exorcista em uma diocese é importantíssima. A sua falta, de fato, induz frequentemente as pessoas a dirigirem-se a magos, cartomantes, feiticeiros, seitas. Depois, deve-se levar em consideração que é um medo infundado considerar que se as pessoas sabem da existência e da atividade de um exorcista em uma diocese, são induzidas mais facilmente a acreditar serem vítimas de possessões diabólicas.
A primeira preocupação de todo exorcista de bom senso é a de evitar criar ou manter ilusões de uma possessão, quando esta não existe. O exorcista é, antes de tudo, um evangelizador e um sacerdote, pelo qual, qualquer que seja a origem do mal que faz sofrer quem o procura, que seja ou não uma autêntica ação extraordinária do demônio, este se empenha em infundir serenidade, paz, confiança em Deus e esperança na sua graça. E lá onde realmente existir um caso de possessão diabólica, acompanhará aqueles irmãos e irmãos sofredores por causa do maligno, com humildade, fé e caridade, para apoiá-los na luta, para encorajá-los no duro caminho da libertação e para reavivar neles a esperança”.
RV: É grande o sofrimento das pessoas que sofrem realmente o estado de possessão diabólica?
Pe. Bamonte: “Na minha experiência, como naquela de tantos outros exorcistas – naturalmente relativa a pessoas verdadeiramente possuídas – encontro homens e mulheres perfeitamente sãos de mente, expostos, porém, a um nível de sofrimento dificilmente imaginável. Diante de tanta dor, é impossível permanecer indiferente: auguro, sinceramente, que tantos outros irmãos sacerdotes dêem-se conta desta dramática realidade, frequentemente ignorada ou subestimada. O exorcismo é uma forma de caridade, em benefício de pessoas que sofrem; isto tem a ver, sem dúvida, com as obras de misericórdia corporal e espiritual”.
RV: O Papa Francisco citou não poucas vezes o demônio em suas homilias, chamando a atenção para a real existência e atividade do demônio; além disto, enviou uma mensagem em setembro passado aos exorcistas italianos reunidos num seminário…
Pe. Bamonte: “Sem dúvida o fundamento da pregação e do ensinamento do Papa Francisco é Jesus Cristo, todavia frequentemente o Papa Francisco nos exorta a não esquecer o que a Sagrada Escritura mesmo nos diz, isto é, que os demônios existem: são anjos criados bons por Deus, que se transformaram em malvados, porque, com livre escolha, rejeitaram Deus e o seu Reino, dando origem assim ao Inferno. Eles agem na história pessoal e comunitária dos homens procurando propagar entre os homens a sua própria escolha pelo mal e, portanto não basta para nós saber que eles existem, mas é necessário também conhecer como agem para prevenir e repelir os seus ataques e não cair nas suas armadilhas.
Frequentemente o Papa deteve-se em descrever como os demônios agem por meio das tentações, para separar os homens de Cristo. Eles, de fato, querem que nos tornemos como eles; não querem a santidade de Cristo em nós, não querem o nosso testemunho cristão, não querem que nós sejamos discípulos de Jesus. O Papa também sublinhou mais vezes, como eles – que são repulsivos e repugnantes – se travestem de anjos da luz para tornarem-se atraentes e assim melhor enganar aos homens. Jesus no Evangelho nos ensina como lutar, e com a sua graça vencer os demônios.
O Papa, porém, não falou somente daquela que é a ação ordinária do demônio, mas tomando passagens do Evangelho onde são descritos os exorcismos de Jesus, também falou em alguma homilia sua das possessões diabólicas. Uma realidade que nós exorcistas enfrentamos neste ministério que o próprio Cristo confiou à Igreja e que nós exercitamos no seu Nome. A imagem da Igreja “como hospital de campanha, que cuida as feridas de todos”, como representado pelo Papa Francisco, parece particularmente adequada à missão que foi confiada aos exorcistas, que de fato, são chamados a serem os bons samaritanos que Jesus descreve detalhadamente na parábola, socorrendo os irmãos dilacerados ou oprimidos pelo maligno. Em setembro passado eu havia pedido ao Papa Francisco uma mensagem de encorajamento aos exorcistas italianos reunidos em uma convenção e ele, prontamente, com a sua bênção apostólica, enviou a eles também uma mensagem expressando ‘apreço pelo serviço eclesial oferecido por todos que, com o ministério do exorcismo -, exercitam uma forma de caridade em benefício de pessoas que sofrem e são necessitadas de libertação e de consolação”.
RV: Armas poderosas contra o diabo são o Rosário, a Confissão…
Pe. Bamonte: “A arma poderosa, antes de tudo, como nos diz o Papa Francisco, que nos convida a levar sempre no bolso um Evangelho, é a leitura, a meditação da Palavra de Deus. Dentro de nós, esta Palavra, quando desce, vive e age, nos enche da graça do Espírito Santo. E depois o Rosário, a entrega a Nossa Senhora, que é particularmente odiosa ao demônio. A Confissão freqüente: reconhecer-se humildemente pecador, confessar os nosso pecados e pedir a Deus a força de não cometê-los mais. A participação na Santa Missa nos dias festivos. E depois a luta contra os nossos vícios, a luta contra tudo aquilo que o pecado original deixou dentro de nós para fazer triunfar o homem, novo em Cristo”. (JE)
Fonte: http://blog.comshalom.org/carmadelio
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