L’Osservatore Romano – A proibição de adorar a Deus é o sinal de uma «apostasia geral», é a grande tentação que procura convencer os cristãos a empreender «um caminho mais racional e tranquilo», obedecendo «às ordens dos poderes mundanos» que pretendem reduzir «a religião a um facto particular». Não querem sobretudo que Deus seja adorado «com confiança e fidelidade». Foi precisamente contra esta tentação que o Papa Francisco advertiu na missa celebrada na quinta-feira 28 de Novembro, na capela de Santa Marta.
De resto, prosseguiu, «com Jesus o demónio começou a fazer esta experiência no início da sua vida, no deserto, procurando convencê-lo a empreender outro caminho, mais racional e tranquilo, e menos perigoso. No fim fê-lo ver a sua intenção: se tu me adorares dar-te-ei isto! Procurava ser o deus de Jesus». E o próprio Jesus, afirmou o Papa, depois «teve muitas provações na sua vida pública: insultos, calúnias» ou quando se apresentaram diante dele de modo hipócrita «para o pôr à prova». Também «no final da sua vida foi posto à prova na cruz pelo príncipe deste mundo: “mas se és o Filho de Deus desce e acreditaremos!”». Eis que, continuou o Pontífice, Jesus se depara «outra vez com a prova de optar por outra via de salvação». Mas, a ressurreição de Jesus chegou através da via «que o Pai queria e não por aquela que o princípe deste mundo desejava».
Na liturgia de hoje, disse o Papa, «a Igreja faz-nos pensar no fim deste mundo, porque ele acabará. A fachada deste mundo desaparecerá». E há uma palavra no Evangelho «que nos impressiona bastante: todas estas coisas acontecerão». Mas até quando devemos esperar? A resposta que o Evangelho de Lucas (20, 21-28) nos dá é: «enquanto os tempos dos pagãos não se realizarem». E de facto, disse o Papa, «também os pagãos têm um tempo de plenitude»: o kairós dos pagãos. «Eles – repetiu – têm um kairós que será este, o triunfo final: Jerusalém espezinhada» e, lê-se no Evangelho, «haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra angústia dos povos em ansiedade pelo fragor do mar e das ondas, enquanto os homens morreram por causa do medo e pela expectativa do que acontecerá na terra. Os poderes dos céus de facto estarão invertidos».
Praticamente «é a calamidade», frisou o Papa. «Mas quando Jesus fala desta calamidade noutro trecho,diz-nos que será uma profanação do templo, da fé e do povo. Será a abominação, a desolação da abominação (Daniel 9, 27). O que significa? Será como o triunfo do príncipe deste mundo, a derrota de Deus. Parece que ele, naquele momento final de calamidade, apoderar-se-á deste mundo», tornando-se assim o «dono do mundo».
A palavra de Deus recorda-nos, prosseguiu o Papa, como «os cristãos que sofrem tempos de perseguições, de proibição de adoração, são uma profecia daquilo que acontecerá a todos». Mas precisamente em momentos como este, isto é quando os tempos dos pagãos se realizarem, «erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima». Com efeito, explicou o bispo de Roma «o triunfo, a vitória de Jesus Cristo é levar a criação ao Pai no final dos tempos».
Mas não devemos temer. O Papa repetiu a promessa de Deus que «nos pede fidelidade e paciência. Fidelidade como Daniel, que foi fiel ao seu Deus e adorou a Deus até ao fim. E paciência, porque os cabelos da nossa cabeça não cairão, assim prometeu o Senhor». E concluiu exortando a reflectir, sobretudo esta semana, sobre «esta apostasia geral que se chama proibição de adoração». E a perguntarmo-nos: «Eu adoro o Senhor? Adoro Jesus Cristo o Senhor? Ou faço o jogo do príncipe deste mundo e adoro a meias? Adorar até ao fim com confiança e fidelidade é a graça que devemos pedir».
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