Primeiro, a matéria da sessão brasileira da Rádio Vaticano:
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco na missa desta segunda-feira, na Casa de Santa Marta, denunciou o espírito mundano que tudo negocia e reafirmou que só o Senhor nos pode salvar do pensamento único globalizado.Partindo da Leitura do Livro dos Macabeus, o Santo Padre refletiu sobre a raiz perversa do mundano.Os chefes do povo – explicou – não queriam que Israel fosse isolada das outras nações e, assim, abandonaram as suas próprias tradições para negociarem com o rei. Ou seja, não negociam os seus valores, mas acabam por negociar aquilo que é ainda mais importante, que é a sua fidelidade ao Senhor:Esta é uma contradição: não negociamos os valores, mas a fidelidade. E este é mesmo o fruto do demônio, do príncipe deste mundo, que nos faz avançar com o espírito do mundano. E depois temos as consequências. Tomaram os hábitos dos pagãos e, mais à frente, o rei prescreveu que em todo o seu reino todos fossem um só povo e cada um abandonasse as suas tradições. Não é a bela globalização da unidade de todas as nações, em que estão unidas e cada uma tem as suas tradições, mas é a globalização da uniformidade hegemônica, é precisamente o pensamento único. E este pensamento único é fruto do mundano.E foi assim que o povo – continuou o Santo Padre – adequou-se às ordens do rei, aceitou o seu culto e profanou o sábado. Negociaram a sua fidelidade… Mas o Senhor é fiel ao seu povo e salva-nos deste espírito:Esta gente negociou a fidelidade ao seu Senhor; esta gente movida pelo espírito do mundo, negociou a própria identidade, negociou a pertença a um povo que Deus ama tanto, que Deus quer como seu povo.Mas aquilo que nos consola é que perante este caminho que faz o espírito do mundo, o caminho de infidelidade… está sempre o Senhor, que não pode renegar a si mesmo, o Fiel: Ele sempre nos espera e nos perdoa quando nós, arrependidos por qualquer passo, O procuramos. Com o espírito de filhos da Igreja, rezemos ao Senhor para que com a Sua bondade, com a sua fidelidade nos salve deste espírito mundano que negocia tudo; que nos proteja e nos faça andar para a frente, como fez caminhar o Seu povo no deserto, levando-o pela mão, como um pai leva o seu menino. Na mão do Senhor estamos seguros.
Agora, trechos da mesmíssima matéria em sua versão original italiana, traduzidos por Fratres in Unum, e que a sessão brasileira da Rádio Vaticano fez questão de omitir aos seus ouvintes e leitores:
É como, observa [o Papa], se dissessem, “somos progressistas, andamos com o progresso para onde vai todo mundo”. Trata-se, adverte, do “espírito do progressismo adolescente” que “crê que andar adiante em qualquer escolha é melhor que permanecer nos hábitos da fidelidade”. Esta gente, portanto, negocia com o rei “a fidelidade ao Deus sempre fiel”. “Isso — é a advertência do Papa — se chama apostasia”, “adultério”. [...]“Mas, Padre, isso acontece também hoje? Sim, porque o espírito da mundanidade existe também hoje, também hoje nos leva com esta vontade de ser progressistas no pensamento único. Se fosse encontrado junto a alguém o Livro da Aliança e se alguém obedecesse à Lei, a sentença do rei o condenava à morte: e isso temos lido nos jornais, nestes meses. Essas pessoas negociam a fidelidade ao seu Senhor; essa gente, movida pelo espírito do mundo, negociou a própria identidade, negociou a pertença a um povo, um povo que Deus ama tanto, que Deus quer como seu povo”.O Papa, então, faz referência ao romance do início do século XX, “Il padrone del mondo”, que se concentra exatamente sobre “este espírito de mundanidade que nos leva à apostasia”. Hoje, adverte o Papa, se pensa que “devemos ser como todos, devemos ser os mais normais, como fazem todos, com este progressismo adolescente”. E depois, observa com dor, “a história prossegue”: “as condenações à morte, os sacrifícios humanos”. “Mas vocês — é a pergunta do Papa — pensam que hoje fazem sacrifícios humanos? Ocorrem tantos, tantos! E há leis que os protegem”.
E, assim, o departamento brasileiro da Rádio Vaticano, escancaradamente aliado do “progressismo adolescente” em voga nos meios ditos católicos, acrescenta mais um feito ao seu longo histórico de “isenção jornalística” — dos quais nos limitamos a citar o sumiço post na página do Facebook sobre a Missa “versus Deum” celebrada por Francisco, depois de uma justificativa sem vergonha sobre “uma missa normal, com eucaristia”, e a defesa do celibato pelo Papa em Assis.
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