O Papa Francisco gravou uma videomensagem por ocasião da iniciativa “Dez Mandamentos, Dez Praças” realizada em várias praças italianas. A iniciativa fez sua etapa em Milão.
“Os Dez Mandamentos não são restrições à liberdade, mas um sim ao Amor para defender o ser humano e guiá-lo para a verdadeira liberdade”, disse o Papa Francisco, neste sábado, através da videomensagem transmitida por volta das 21h40 locais, às pessoas que se encontravam na Praça da Catedral de Milão.
Por ocasião do 40º aniversário de nascimento da Renovação Carismática na Itália, o movimento eclesial promoveu esse evento junto com o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e a Conferência Episcopal Italiana.
O projeto faz parte de uma releitura dos Dez Mandamentos e foi inaugurado em setembro passado às vésperas do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização e por ocasião do Ano da Fé, envolvendo milhares de pessoas nas praças de Roma, Nápoles, Verona e Milão.
A mesma viodeomensagem será retransmitida nas praças de Bari, Gênova, Cagliari, Florença, Palermo, Bolonha e Turim, nos eventos previstos até outubro.
Segue, na íntegra, o texto da vídeomensagem do Papa Francisco.
Mensagem do Papa Francisco à iniciativa “Dez Mandamentos – Dez Praças”
Boa noite a todos!
Estou contente em unir-me a vocês que participam nas principais praças da Itália, desta releitura dos Dez Mandamentos. Um projeto denominado “Quando o Amor dá sentido á tua vida…”, sobre a arte de viver seguindo os Dez Mandamentos dados por Deus não apenas a Moisés, mas também a nós, aos homens e às mulheres de todos os tempos.
Graças aos responsáveis pela Renovação no Espírito Santo – são notáveis os da Renovação no Espírito Santo, parabenizo-os – que organizaram esta louvável iniciativa em colaboração com o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e com a Conferência Episcopal Italiana.
Obrigado a todos aqueles que com generosidade contribuíram para a realização deste projeto especial no Ano da Fé. Perguntemo-nos também: Que sentido tem para nós estas Dez Palavras? Que coisa falam ao nosso tempo agitado e confuso que parece querer diminuir a importância de Deus?
1 – Os Dez Mandamentos são um dom de Deus. A Palavra “mandamento” não está na moda; parece, ao homem de hoje, algo negativo, a vontade de alguém que impõe limite, que coloca obstáculos à vida. E infelizmente a história, também recente, está marcada por tiranias, por ideologias, por lógicas que impuseram opressão, que não procuraram o bem do homem, mas o poder, o sucesso, o proveito.
Mas o Dez Mandamentos vêm de um Deus que nos criou por amor, por um Deus que estreitou uma aliança com a Humanidade, um Deus que quer apenas o bem do homem. Tenhamos fé em Deus! Confiemos Nele! Os Dez Mandamentos nos indicam um caminho para realizar, e constituem também uma espécie de “código ético” para a construção de sociedade justa, à medida do homem. Quantas desigualdades no mundo! Quanta fome de comida e de verdade! Quanta pobreza moral e material se originam da recusa de Deus e do colocar no seu lugar tantos ídolos! Deixemo-nos guiar por estas Dez Palavras que iluminam e orientam quem procura paz, justiça e dignidade.
2 – Os Dez Mandamentos indicam um caminho de liberdade, que encontra plenitude na lei do Espírito escrita não em taboas de pedra, mas no coração (cfr 2 Cor 3,3): ali estão escritos os Dez Mandamentos! É fundamental recordar quando Deus quando Deus deu ao Povo de Israel, por meio de Moisés,os Dez Mandamentos. No Mar Vermelho o povo havia experimentado a grande libertação; havia tocado com a mão o poder e a fidelidade de Deus, do Deus que os tornou livres. Agora, o mesmo Deus, sobre o Monte Sinai, indica a seu povo e a todos nós o percurso para permanecer livres, um percurso que é impresso no coração do homem, como uma Lei moral universal (cfr Ez 20, 1-17; Dt 5, 1-22). Não devemos ver os Dez Mandamentos como limitações à liberdade, não, não é isso, mas devemos vê-los como indicação para a liberdade! Eles nos ensinam como evitar a escravidão à qual nos reduzem tantos ídolos que nós mesmos construímos – experimentamos isso tantas vezes na história e ainda hoje o experimentamos – ; eles nos ensinam a nos abrir a uma dimensão mais ampla que a material, a viver o respeito pelas pessoas, vencendo a avidez do poder, do possuir, do dinheiro, e ser honestos e sinceros em nossas relações, a proteger toda a criação e nutrir nosso planeta com ideais elevados, nobres, espirituais.
Seguir os Dez Mandamentos significa sermos fiéis a nós mesmos, à nossa natureza mais autêntica e caminhar para a liberdade verdadeira que Cristo ensinou nas Bem-Aventuranças ( cfr MT 5, 3-12.17; Lc 6, 20-23).
3 – Os Dez Mandamentos são uma lei de amor. Moisés subiu ao monte para receber de Deus as taboas da Lei. Jesus realiza o percurso oposto: o Filho de Deus se abaixa, desce em nossa humanidade para nos indicar o sentido profundo destas Dez Palavras: Ama o Senhor com todo o coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e o próximo como a si mesmo (cfr Lc 10,27). Isto é o sentido mais profundo dos Dez Mandamentos: o mandamento de Jesus que contem em si todos os mandamentos, o Mandamento do Amor. Por isso eu digo que os Dez Mandamentos são Mandamentos de Amor.
Aqui está o coração dos Dez Mandamentos: o Amor que vem de Deus e que dá sentido à vida, amor que nos faz viver não como escravos, mas como filhos verdadeiros, amor que anima todas as relações: com Deus, com nós mesmos – muitas vezes nos esquecemos – e com os outros. A verdadeira liberdade não é seguir nosso egoísmo, nossas paixões cegas, mas é a de amar, de escolher o que é bem e todas as situações. Os Dez Mandamentos não são um hino ao “não”, mas ao “sim”. Um “sim” a Deus, o “sim” ao Amor, e porque digo “sim” ao Amor, digo “não” ao não Amor, mas o “não” é uma conseqüência daquele “sim” que vem de Deus e nos faz amar.
Redescubramos e vivamos as Dez Palavras de Deus! Digamos “sim” a estas “dez vias de amar” aperfeiçoadas por Cristo, para defender o homem e conduzi-lo á verdadeira liberdade! A Virgem Maria nos acompanhe neste caminho. De coração concedo minha Bênção sobre vocês, sobre suas famílias, sobre vossas cidades.
Obrigado a todos! (MJ/CAS)
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