quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Movimento polêmico propõe criar crianças sem definir o sexo Fuga dos padrões de gênero “convencionais” pode formar uma nova sociedade no futuro.



por Jarbas Aragão

Movimento polêmico propõe criar crianças sem definir o sexoMovimento polêmico propõe criar crianças sem definir o sexo
O “gender neutral parenting” [criação de gênero neutro] é um movimento contrário aos padrões de gênero que ganha espaço no mundo todo.  A proposta é não mais fazer distinção entre meninos e meninas, enxergando apenas uma criança que seria “de gênero neutro”.
Essa filosofia de ensino acredita ser saudável permitir às crianças vivências ligadas ao gênero oposto. Ou seja, meninos dançarem balé e meninas brincarem de luta. Não se faz referências sobre o sexo da criança nem para parentes e amigos próximos, para que ela não seja tratada dentro dos chamados “padrões convencionais”.
Os pais que optam por esse método de criação de filhos dizem que visam ampliar as experiências de vida dos filhos e permitir que eles escolham, na hora certa, como querem viver.
Um dos casos mais famosos foi o de Sasha Laxton. Durante cinco anos, seus pais se recusavam a revelar o sexo da criança. Somente agora, quando precisou ir para a escola, o casal contou que Sasha é um menino. Curiosamente, no cartão de Natal enviado pela família nas últimas festas, ele aparece vestido de fada. Seus pais justificam que nunca bloquearam ou forçaram qualquer desejo do menino ao escolher roupas, cortes de cabelo e outros artigos do cotidiano.
Por outro lado, Shiloh, a filha de 6 anos de Brad Pitt e Angelina Jolie, se veste frequentemente  como menino. “Ela quer ser um garoto, então tivemos que cortar o cabelo dela”, declarou a mãe famosa numa entrevista em 2010. Mas a atriz acrescenta: “Eu era como ela quando pequena”, completou.
Para os críticos dessa filosofia, a falta de modelos definidos causa uma grande confusão nas crianças e pode ter efeitos maléficos mais tarde. O psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade, de Gênero e Orientação Sexual do Hospital das Clínicas, em São Paulo, defende que dar opções à criança é válido, mas o exagero não é saudável.
“Permitir experiências de meninas e meninos ‘no campo do outro’ é saudável, mas forçar 100% uma situação de gênero neutro é irreal. Isso pode causar o efeito completamente contrário e gerar um adolescente e um adulto muito confuso, que culpa os pais por isso”, ressalta.
A psicopedagoga Irene Maluf Irene afirma que, mesmo de modo inconsciente, as crianças tendem a formular suas distinções de gênero observando o pai e a mãe. “É quase impossível, portanto, que uma criança seja criada completamente assexuada. E isso é bom, pois diferenciar gêneros é uma das bases do desenvolvimento”.
O psiquiatra Alexandre Saadeh acredita que “Deixar as crianças se expressarem é positivo, mas para isso não é necessário ignorar a existência de uma polaridade de gêneros”.
A discussão desse tema inspirou vários fóruns sobre o assunto na internet, onde muitos optam por dicas de práticas simples, como vestir a criança com roupas intermediárias (nem tão cheias de babados para meninas, nem de estampas violentas para meninos) e decorar o quarto de modo neutro (com referências à natureza, por exemplo).  Frases como “isso é só para meninos” ou “isso não é jeito de uma menina se comportar” são obviamente evitadas.
Muitos desses pais afirmam que promovem entre si um revezamento não só ao volante, para abandonar o mito de que os homens são os líderes, mas também na troca de fraldas, na hora do banho, na preparação do jantar. Alguns casais contam que sempre revezam os canais na hora das transmissões de esportes, assistindo jogos de basquete ou futebol feminino na mesma proporção que o masculino.
Com informações Delas – IG

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