Natalia Martone
“O que seria de nós sem a ajuda daquele que não existe?”. Paul Valéry se fez esta pergunta em 1928, na Pequena Carta sobre os Mitos.
Em 13 e 14 de setembro, o Átrio dos Gentios, espaço de encontro e de diálogo entre crentes e não-crentes, desenvolvido pelo Conselho Pontifício para a Cultura sob a presidência do cardeal Ravasi, se reúne para uma nova sessão de diálogo em Estocolmo.
O tema principal será justamente a espinhosa questão que talvez seja o centro das discussões entre humanistas crentes e ateus: “O Mundo com ou sem Deus”.
O Átrio dos Gentios foi acolhido positivamente por importantes personalidades da confissão luterana, como Antje Jackelén, professor na universidade de Lund e bispo daquela cidade.
A escolha de Estocolmo para esta edição é um sinal claro da importância do encontro. A Suécia é um país de secularização profunda, que toca as raízes da própria sociedade, alicerçada no conceito de indivíduo que prevalece sobre a coletividade. Mais de 60% da população se declara ateia e concebe a religião como pertencente à esfera privada.
Na Suécia, a secularização tem andado de mãos dadas com o progresso científico e tecnológico que fez do pequeno país uma potência mundial, tecnologicamente muito avançada.
Em muitos países, a evolução científica se vê acompanhada por um fenômeno cada vez mais desenfreado, que Jacques Ellul chamou de “derrapagem moral”: a tendência, típica das sociedades tecnológicas, de aceitar acriticamente as inovações técnicas, mesmo se inicialmente rejeitadas.
Essa tendência, que amadurece em geral cinco ou dez anos depois do aparecimento da novidade, vem acompanhada da propensão a transformar a ciência em uma ideologia, confiando à técnica a tarefa de criar novos valores. É um processo histórico que tem raízes profundas e que levou a religião a ser vista como uma experiência subjetiva, em vez de um sentimento coletivo de partilha.
Organizar um Átrio dos Gentios em Estocolmo, e em parceria com uma mulher brilhante como a embaixadora sueca junto à Santa Sé, Ulla Gudmundsson, é um forte indício da necessidade desse país de se questionar coletivamente sobre os “assuntos elevados”. Muito elevada, aliás, foi a decisão de dialogar sobre “um mundo com ou sem Deus”: significa dar um passo para trás, antes de olhar e avançar rumo ao amanhã.
Neste diálogo temporal, os lugares de Estocolmo escolhidos para sediar o encontro se tornam uma metáfora de um significado mais profundo. As magníficas salas da Academia Real de Ciências, que há mais de 100 anos hospedam a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, a maior honra concedida às pessoas que “trazem benefícios consideráveis para a humanidade”, se unem com o Fryshuset, um dos principais centros europeus de reabilitação de jovens em dificuldades, símbolo concreto da educação e do apoio à geração que, esperamos, também “trará grandes benefícios para toda a humanidade”.
São previstos dois dias de intenso diálogo, presididos conjuntamente pelo cardeal Gianfranco Ravasi, pelo professor e escritor Georg Klein e pelo ex-comissário do Conselho da Europa sobre os Direitos Humanos, Thomas Hammarberg.
O diálogo será realizado, como de costume, em duetos, e, em relação com o tema geral, “O Mundo com ou sem Deus”, pretende responder a perguntas como “O que significa acreditar e não acreditar?”, “Há um mundo não material?”, “A religião torna o mundo melhor ou pior?” e “O que é um homem?”. Serão debatidas ainda questões como esta: “A religião é acusada de impor seus valores aos não-crentes, mas a sociedade secular também não procura impor os dela?”.
Nos dias seguintes, o evento ficará disponível na íntegra nos canais sociais do Átrio dos Gentios no Google+ e no YouTube, além de na seção Átrio TV, do site do projeto.( imperdível!)
A próxima reunião será realizada em Assis, Itália, nos dias 5 e 6 de outubro. Entre os convidados, está o presidente italiano Giorgio Napolitano.
Para mais informações (em italiano):http://www.cortiledeigentili.com/it/
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/31414
Em 13 e 14 de setembro, o Átrio dos Gentios, espaço de encontro e de diálogo entre crentes e não-crentes, desenvolvido pelo Conselho Pontifício para a Cultura sob a presidência do cardeal Ravasi, se reúne para uma nova sessão de diálogo em Estocolmo.
O tema principal será justamente a espinhosa questão que talvez seja o centro das discussões entre humanistas crentes e ateus: “O Mundo com ou sem Deus”.
O Átrio dos Gentios foi acolhido positivamente por importantes personalidades da confissão luterana, como Antje Jackelén, professor na universidade de Lund e bispo daquela cidade.
A escolha de Estocolmo para esta edição é um sinal claro da importância do encontro. A Suécia é um país de secularização profunda, que toca as raízes da própria sociedade, alicerçada no conceito de indivíduo que prevalece sobre a coletividade. Mais de 60% da população se declara ateia e concebe a religião como pertencente à esfera privada.
Na Suécia, a secularização tem andado de mãos dadas com o progresso científico e tecnológico que fez do pequeno país uma potência mundial, tecnologicamente muito avançada.
Em muitos países, a evolução científica se vê acompanhada por um fenômeno cada vez mais desenfreado, que Jacques Ellul chamou de “derrapagem moral”: a tendência, típica das sociedades tecnológicas, de aceitar acriticamente as inovações técnicas, mesmo se inicialmente rejeitadas.
Essa tendência, que amadurece em geral cinco ou dez anos depois do aparecimento da novidade, vem acompanhada da propensão a transformar a ciência em uma ideologia, confiando à técnica a tarefa de criar novos valores. É um processo histórico que tem raízes profundas e que levou a religião a ser vista como uma experiência subjetiva, em vez de um sentimento coletivo de partilha.
Organizar um Átrio dos Gentios em Estocolmo, e em parceria com uma mulher brilhante como a embaixadora sueca junto à Santa Sé, Ulla Gudmundsson, é um forte indício da necessidade desse país de se questionar coletivamente sobre os “assuntos elevados”. Muito elevada, aliás, foi a decisão de dialogar sobre “um mundo com ou sem Deus”: significa dar um passo para trás, antes de olhar e avançar rumo ao amanhã.
Neste diálogo temporal, os lugares de Estocolmo escolhidos para sediar o encontro se tornam uma metáfora de um significado mais profundo. As magníficas salas da Academia Real de Ciências, que há mais de 100 anos hospedam a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, a maior honra concedida às pessoas que “trazem benefícios consideráveis para a humanidade”, se unem com o Fryshuset, um dos principais centros europeus de reabilitação de jovens em dificuldades, símbolo concreto da educação e do apoio à geração que, esperamos, também “trará grandes benefícios para toda a humanidade”.
São previstos dois dias de intenso diálogo, presididos conjuntamente pelo cardeal Gianfranco Ravasi, pelo professor e escritor Georg Klein e pelo ex-comissário do Conselho da Europa sobre os Direitos Humanos, Thomas Hammarberg.
O diálogo será realizado, como de costume, em duetos, e, em relação com o tema geral, “O Mundo com ou sem Deus”, pretende responder a perguntas como “O que significa acreditar e não acreditar?”, “Há um mundo não material?”, “A religião torna o mundo melhor ou pior?” e “O que é um homem?”. Serão debatidas ainda questões como esta: “A religião é acusada de impor seus valores aos não-crentes, mas a sociedade secular também não procura impor os dela?”.
Nos dias seguintes, o evento ficará disponível na íntegra nos canais sociais do Átrio dos Gentios no Google+ e no YouTube, além de na seção Átrio TV, do site do projeto.( imperdível!)
A próxima reunião será realizada em Assis, Itália, nos dias 5 e 6 de outubro. Entre os convidados, está o presidente italiano Giorgio Napolitano.
Para mais informações (em italiano):http://www.cortiledeigentili.com/it/
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/31414
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