O Vaticano apresentou , em conferência de imprensa, o instrumento de trabalho (instrumentum laboris) da 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, alertando para sinais de “desconfiança” nas sociedades ocidentais face à religião.
O documento sublinha a existência de “uma desorientação que se traduz em formas de desconfiança relativamente a tudo o que foi transmitido “acerca do sentido da vida” e numa “relutância para aderir total e incondicionalmente” àquilo que foi dado como “revelação da verdade profunda” do ser humano.
Neste contexto, assinalam-se “transformações sociais e culturais” que estão a “modificar profundamente a perceção que o homem tem de si e do mundo”, gerando repercussões também sobre “o seu modo de acreditar em Deus”.
“É necessário procurar novos métodos e novas formas expressivas para transmitir ao homem contemporâneo a perene verdade de Jesus Cristo, sempre novo, fonte de toda a novidade”, indica o texto preparatório para o próximo Sínodo, que vai decorrer entre 7 e 28 de outubro, sobre o tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’.
Este documento é o resultado da síntese das respostas ao texto preparatório (lineamenta) desta reunião magna, divulgado em março de 2011, vindas dos vários episcopados, da Cúria Romana e da União dos Superiores Gerais dos institutos de religiosos e religiosas.
Os responsáveis católicos manifestam preocupações face ao “fenómeno do distanciamento da fé que progressivamente se manifesta nas sociedades e nas culturas que desde há muito apareciam impregnadas pelo Evangelho”.
A assembleia sinodal, acrescentam, deve procurar “repostas concretas às muitas perguntas que surgem hoje na Igreja, no que diz respeito à sua capacidade de evangelizar”.
“A Igreja sente como seu dever ser capaz de imaginar novos instrumentos e novas palavras para tornar audível e compreensível também nos novos desertos do mundo a palavra da fé que nos regenerou para a vida verdadeira em Deus”, pode ler-se.
Na introdução ao documento, o secretário-geral do Sínodo, D. Nikola Eterović, observa que muitas respostas enviadas ao Vaticano sublinharam a “urgência” de “discernir como a Igreja vive hoje a sua originária vocação evangelizadora”, para evitar “o risco da dispersão e da fragmentação”.
A este respeito, observa-se que os vários episcopados têm publicado e promovido diversas atividades, no campo da nova evangelização, frisando que “nem todas as iniciativas produziram o êxito esperado”.
“Várias Igrejas particulares conhecem não só o afastamento dos fiéis, por causa da pouca fé, da vida sacramental e da prática cristã”, indica o instrumento de trabalho do Sínodo, acrescentando que “algumas até poderiam ser inseridas na categoria dos não-crentes”.
O documento traça uma análise a sete cenários: cultural, migratório, económico, político, pesquisa científica e tecnológica, comunicativo e religioso.
D. Nikola Eterović, e o seu subsecretário, D. Fortunato Frezza, marcaram presença esta manhã no encontro com os jornalistas, dando a conhecer o documento, com versões em oito línguas, incluindo o português.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
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