domingo, 27 de maio de 2012

Você é uma pessoa de “Caráter”?


 


E o que significa quando dizemos de alguém: eis um caráter?

A palavra caráter designa a vontade humana firmemente orientada para o bem; e um jovem é um caráter, se tiver princípios nobres a orientar a sua conduta, não se afastando deles, mesmo se esta constância lhe impõe sacrifícios. Aquele que, pelo contrário, muda de princípios conforme as circunstâncias, a sociedade ou os amigos, que abandona uma maneira de proceder, reconhecida até então como boa, sob pretexto de que por ela não deve sofrer o menor desgosto, - esse tal é versátil e pouco seguro, não passa de um caráter frouxo, ou, caso mais grave, é um jovem sem caráter. Isto basta já para te mostrar em que consiste a educação do caráter. Primeiramente é preciso que possuas princípios nobres; depois, por um exercício contínuo, é preciso habituar-se a agir em todas as circunstâncias segundo esses princípios. A vida moral de um homem sem princípios é assim como uma cana agitada pelo vento. Este homem procede hoje de uma maneira e amanhã de outra. A primeira necessidade é, pois, formar a força de que temos necessidade para seguir sem tropeçar o caminho que reconhecemos bom.
Repito: o teu primeiro cuidado deve ser formar em ti princípios justos. Ora, qual é o princípio justo quanto a estudos, por exemplo? "É preciso estudar com aplicação constante, porque Deus quer que eu cultive as faculdades que Ele me deu". - Qual é o princípio justo quanto aos colegas? "Devo fazer-lhes o que gostaria que me fizessem". E assim por diante... É indispensável que tenhas princípios justos em todas as coisas. A tua segunda preocupação é muito mais difícil: é seguir esses justos princípios, isto é, submeteres-te às exigências do caráter.
Um belo caráter não se recebe de presente; consegue-se por meio de labor árduo e contínuo, trabalhando para ele durante longos anos, dezenas de anos, muitas vezes. A influência do meio, as boas ou más tendências transmitidas por herança, podem produzir certa impressão no nosso caráter, mas, em última análise, o nosso caráter é obra nossa pessoal, o resultado do nosso trabalho de auto-educação. É dupla a educação que recebemos: a primeira é-nos dada pelos nossos pais e pela escola; a segunda - e é a mais importante - vem-nos dos nossos próprios esforços.
Sabes o que é a auto-educação? É a influência da nossa vontade sobre nós próprios, incitando-nos a seguir o bom caminho em qualquer circunstância, sem hesitar e com alegria.
Sabes o que é caráter? É proceder em conformidade com os nossos princípios fundamentais; - é o esforço exercido pela nossa alma na realização da nobre concepção que fizemos da vida.
Já agora podes compreender que i mais difícil nesta auto-educação não é a construção do princípio vital, mas sim o esforço que deve ser realizado, dia a dia, para proceder de harmonia com ele. "Este é o meu princípio e dele não me desviarei; ser-lhe-ei fiel, custe o que custar". Mas isto exige muitos sacrifícios e eis a razão porque há, no mundo, tão poucos homens de caráter.
"Permanecer fiel aos seus princípios", "nunca se afastar da verdade", - quem não se orgulharia destes belos pensamentos...?
Ah! se não fosse tão difícil converter estes pensamentos em ações!
Se estes admiráveis intentos não esmorecessem no nosso espírito tão facilmente sob a perniciosa influência da sociedade, dos amigos, da moda... do nosso próprio eu que não gosta de ser incomodado a cada passo!...

Ouve o que, a tal respeito, diz o poeta:
Atentai no que fazeis;
não queirais ser cata-vento.
Bom caminho começado,
não deixeis um só momento.
(Reinick)
Eis o que a auto-educação te ensinará.

*Extaído do livro: TOHT, Tihámer. O jovem de caráter. [S.L]: Coimbra, 1963.

**Nasceu em Szolnok (Hungria) em 1889. Estudou na Universidade de Pázmány, em Budapeste, e foi ordenado sacerdote em 1912.Foi capelão do exército austro-húngaro na Primeira Guerra Mundial, quando teve a ocasião de conhecer a profunda miséria moral em que estava a juventude do seu tempo. Desde aquele momento, fez o prpósito de atrair a juventude para Cristo.Em 1916, começou um programa de rádio famoso que se tornou famoso no país. Em 1924, foi nomeado professor de Pedagogia na Universidade de Pázmány e, em 1931, foi escolhido para ser diretor do seminário de Budapeste. Foi sagrado bispo em 1938, mas faleceu pouco depois, em 1939. Em 1943, iniciou-se o processo para a sua beatificação.

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